Pacto De Sangue
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Pacto De Sangue - Paulo Siqueira De Souza
Paulo Siqueira de Souza Pacto de sangue
2ª Edição
São Paulo - 2021
Pacto de Sangue Copyright © Paulo Siqueira de Souza
Produção Editorial:
Nenhuma parte desta publicação
Elder Prates
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Diagramação:
Elder Prates
Contato com o autor:
Capa:
Manoela Calado Siqueira
psiq04@yahoo.com.br
SOUZA, Paulo Siqueira de
Pacto de Sangue – Paulo Siqueira de Souza – São Paulo – 2021.
1. Literatura Brasileira
2. Romance
ISBN: 978-65-00-20121-5
2ª Edição
São Paulo - 2021
Pacto de Sangue
Para
Raimundo Aureliano de Souza, meu pai.
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Pacto de Sangue
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Pacto de Sangue
Prefácio
Aquele em que os pactuantes dão em si mesmo um corte e fazem depois, que se lhes misturem os sangues, em penhor do pacto; juramento de sangue.
Durante a vida, fazemos vários pactos - acordos – com as pessoas que nos cercam, pactos com a vida, com DEUS, outros com o diabo e o último com a morte.
Pactos que mantemos ou quebramos conforme nossa ética, nossas fraquezas ou necessidades.
Quando os dois jovens amigos fizeram o seu pacto de sangue, tinham certeza de ser para sempre.
Mas a vida não é um simples caminhar em uma estrada reta e florida. O caminho é minado e espinhoso, qualquer vacilo e podemos nos ferir e ferir a quem amamos.
As esquinas, encruzilhadas, precipícios e oceanos profundos, são todos perigosos...
A vida nos chama para dançar; fazer escolhas...
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Pacto de Sangue
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Pacto de Sangue
Capítulo 1
Dois homens, duas vidas que se cruzam, destinos que se entrelaçam num jogo mortal. Armas em punhos, frente a frente, olho no olho. Algumas palavras são trocadas tensamente.
– Largue essa arma, ainda dá tempo de voltar atrás –
fala o homem de farda, quase implorando ao outro.
– Não dá mais, aqui é o fim da linha, meu camarada.
As palavras ecoam pela casa como um mau presságio no ar; o barulho da chuva caindo no telhado e o vento uivando feito lobo no cio, aumentam a tensão. No chão, um corpo quase sem vida; um homem ofegante, entre gemidos de dor, implora por sua vida que se esvai. Mesmo com as mãos presas, consegue alcançar com uma delas sua barriga e tenta inutilmente estancar o sangue que escorre entre seus dedos, formando uma poça rubra, um desenho, uma sinistra obra de arte abstrata.
A morte paira fria e faminta. O banquete vai ser servido e a convidada de honra aguarda sedenta por seu prêmio.
O odor adocicado do sangue e a tensão entre os homens deixam o ar carregado. A janela da sala onde estão teima em bater como os corações que pulsam forte.
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Pacto de Sangue
O tempo quase congelado, finda dolorido feito a vida do homem deitado. O cenário que o destino traçou com cores e dores latentes está montado e agora é hora dos atores se prepararem para encenar o último ato nesse teatro mortal.
Num milésimo de segundo, ouve-se um click, quase ao mesmo tempo o estampido de um tiro, só um tiro.
Outro homem tomba, caindo inerte ao solo, ferido mortalmente. Lágrimas escorrem no rosto do único que permanece de pé.
Ele corre em direção ao homem que segundos atrás lhe apontava uma arma, pega sua cabeça e a coloca com cuidado em seu colo, olha em volta, o cenário é sinistro. Pega a arma que antes estava apontada em sua direção e confirma, com uma mistura de alívio e remorso o que já sabia por intuição. A arma estava sem balas desde o início.
Ele joga o revólver longe e em desespero abraça o homem que jaz sem vida em seu colo. Um grito alucinante sai de seu peito. Ele chora compulsivamente.
Os gritos, a fumaça expelida por bombas de gás lacrimogêneo, a porta no chão. Nada importava, o homem continua sentado chorando com o outro no colo.
Os policiais não entendem a cena grotesca que se forma à frente assim que a fumaça abaixa.
O sangue, a farda, as lágrimas e as armas, nada faz sentido.
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Pacto de Sangue
Capítulo 2
O sol ardia em suas costas naquela tarde de verão, enquanto o menino Cícero corria suado pelas ruas da cidade de Petrolina.
A mistura do vento e o reflexo do sol fazia com que o amarelo de seus cabelos tremulasse feito o trigo no campo em uma suave tarde de verão.
O garoto franzino de doze anos parou ao dar de frente com o velho Chico, (apelido carinhoso que o povo ribeirinho deu ao rio São Francisco).
Cícero correu em direção à ponte que unia os estados de Pernambuco e Bahia. De um lado, a cidade de Petrolina, do outro, Juazeiro.
No alto da ponte, já se encontravam outros meninos: negros, mulatos, brancos, todos bronzeados pelo sol democrático do nordeste brasileiro que os deixavam iguais na cor.
Sorridente, Cícero cumprimentou a todos, apoiou-se na mureta de proteção, olhou para baixo e se divertiu ao ver que outros garotos nadavam displicentemente.
Antes de subir na velha mureta, o garoto colocou a mão acima dos olhos, e se virou admirado para o horizonte, 9
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onde o azul do rio se confundia com o do céu transformando as cores daquela tarde numa tela pintada pelo próprio criador.
Num ato de reverência, Cícero fez o sinal da cruz, encheu os pulmões de ar e saltou em direção ao azul infinito de seus sonhos.
Para o povo ribeirinho, o rio é mais que a fonte da vida, é ele que lhes dá o sustento e também o lazer. É na beira do rio que os poetas e menestréis escrevem e cantam sua beleza e mistério, enquanto bebericam água ardente de cana de açúcar.
Para as crianças, o rio é o local de encontro e diversão, uma extensão de suas ruas e quintais. Em Petrolina, os meninos já nascem sabendo nadar.
O rio também é mistério com as histórias dos pescadores, com suas lendas. E as embarcações com suas carrancas que os protegem de monstros imaginários, suas mentes voam livres como seus corpos ao pular da ponte.
O frio na barriga antes do salto, o vento batendo em seu rosto, enquanto seu corpo vaga solto no ar, o baque na água fria, a descida até as entranhas do rio e finalmente a volta em direção à luz. O fogo em seus pulmões e a busca de oxigênio completava a maravilhosa sensação do mergulho.
Momentos maravilhosos que Cícero levaria para sempre, guardados com carinho dentro de seu coração.
O rio São Francisco é chamado o rio da integração nacional, pois nasce no estado de Minas Gerais, serpenteia na divisa entre Bahia e Pernambuco, atravessa Sergipe e Alagoas para finalmente desaguar no Oceano atlântico, sendo assim essencial para a vida no nordeste brasileiro.
Para a maioria do povo nordestino a história daquele rio está impregnada em sua alma, eles o amam como um 10
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homem ama uma mulher, um pai ama um filho, um poeta, sua musa. Toda vida gira em torno do velho Chico.
Já estava anoitecendo quando finalmente Cícero e os outros meninos, relutantes, saíram da água e cada um tomou o caminho de sua casa, andando pelas ruas de paralelepípedos fazendo algazarra, iam ficando pelo caminho.
Quando entrou na ampla sala da antiga casa colonial com o pé direito de mais de quatro metros de altura, Cícero, como sempre, sentiu-se um pequeno ser saído de uma das histórias que sua avó lhe contava antes de dormir. Sua avó, que o esperava ansiosa, retirou-o de seus devaneios.
– Meu filho, onde é que você andava até essa hora?
– Não se apoquente, mainha, eu tavo nadando no rio; tá um calor da moléstia!
– Eita, bichinho traquina, não consegue ficar quieto no lugar, vai tomar banho pra jantar – dona Francisca fez uma pausa como se tentando lembrar-se de algo. – Cicinho, não se fala tavo
e sim Eu estava nadando
.
– Tá bom, Mainha, eu entendi, vou tomar banho.
Dona Francisca se acomodou na rústica cadeira e se apoiou com um dos cotovelos na grande mesa de madeira desgastada pelo tempo, desgaste que lhe dava aquele charme e integridade que só os móveis antigos têm.
Enquanto seu neto corria em disparada para o banheiro, lembrou-se de seu filho e de como Cicinho estava cada vez mais parecido com José, seu pai.
Ainda podia ouvir como se ele