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O Detetive Zé Maria E O Assassinato Do Faxineiro
O Detetive Zé Maria E O Assassinato Do Faxineiro
O Detetive Zé Maria E O Assassinato Do Faxineiro
E-book144 páginas1 hora

O Detetive Zé Maria E O Assassinato Do Faxineiro

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Sobre este e-book

Na periferia da cidade, o assassinato de um cidadão de origem humilde, que trabalhava no setor de limpeza de uma grande empresa estatal, leva o simplório detetive Zé Maria a descobrir um intrincado esquema de fraude.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento26 de fev. de 2018
O Detetive Zé Maria E O Assassinato Do Faxineiro

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    O Detetive Zé Maria E O Assassinato Do Faxineiro - Marcio Porto Feitosa

    MARCIO PORTO FEITOSA

    O DETETIVE ZÉ MARIA

    E

    O ASSASSINATO DO FAXINEIRO

    1ª edição

    São Paulo

    Edição do Autor

    2017

    1ª edição

    São Paulo

    Edição do Autor

    2017

    isbn_Ze_Maria_e_o_assassinato_do_faxineiro.jpg

    As pessoas, nomes e lugares citados neste livro são fictícios. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

    Frases e citações de autores desconhecidos são anotadas com AD.

    PARTE I - O crime (dias atuais)

    CAPÍTULO I

    - Ôh Zééééé!!!

    O chamado ecoou pelos corredores da delegacia escura e mal cheirosa. José Maria, detetive de plantão, estava sendo chamado pelo chefe. Embora não gostasse de ser chamado daquela maneira, já havia se acostumado. Seu chefe atual, sujeito grandalhão e abrutalhado, não trazia nenhum refinamento do berço e não hesitava em armar um barraco. De forma que Zé Maria adotava, para esse e outros casos do gênero, a filosofia do cocô na calçada. Cocô avistado, desvia e segue em frente.

    Levantou-se da sua mesa e dirigiu-se para a sala do delegado chefe. A conversa foi curta.

    - Zé, acharam um corpo na Viela das Beldades. Vai ver o que foi. A PM está lá.

    José Maria Uilssom dos Santos, de origem humilde, resultado da mistura de quase todas as etnias existentes no nordeste brasileiro, nasceu na favela. Seus pais, gente muito esforçada, trabalharam duro e ensinaram ao menino Zé, como era chamado, os valores da vida. Sua mãe, dona Maria Aparecida, faxineira diarista, tinha problemas na gravidez e perdeu três filhos. Quando Zé nasceu, na quarta tentativa, ela e seu pai, seu José Antônio, auxiliar de pedreiro, decidiram que não teriam mais filhos e fariam de tudo para criá-lo da melhor maneira possível. Tinham vindo do sertão nordestino em busca de melhores oportunidades, em viagem sofrida, em que haviam colocado todos os valores que possuíam e ainda assim faltou dinheiro para os últimos 300 quilômetros até chegar à cidade grande e precisaram fazer uma escala forçada para arrecadar o que faltava. A sorte deles é que havia ocorrido uma enchente há dois dias atrás, causando uma série de problemas em diversos imóveis que ficavam próximos às margens do rio e serviços de limpeza, entre outros, havia de sobra. Os dois, sem nenhuma qualificação, além da lavoura nordestina e a criação de cabras, se ofereceram para ajudar na limpeza. Não foi muito fácil, pois havia dois problemas - onde dormir e o que comer.

    Seu José Antônio acabou achando um beco sem saída, sujo e sem iluminação, que tinha uma grande árvore no final, por detrás do muro, talvez uma mangueira, não lembrava. O beco parecia dividir as duas propriedades lado a lado e, ao fundo, onde ficava a mangueira, parecia uma terceira propriedade em que o beco, em épocas passadas, provavelmente dava acesso. Atualmente fechado por um muro ao fundo, era um espaço morto que devia estar escriturado como viela de acesso público. Dormiram por três noites nesse beco, deitados no chão de cimento e comeram restos de uma padaria, que também funcionava como restaurante, que jogava no lixo pães, restos de pizza e outras coisas aproveitáveis. Dessa forma o pouco do dinheiro que conseguiram ganhar com as limpezas não precisou ser gasto em hospedagem nem em alimentação. Apesar das condições precárias, em princípio, tiveram sorte. Não choveu nenhum dia e, dada a confusão que a enchente havia causado na cidade, ninguém notou a movimentação noturna daquele casal de moradores de rua e, portanto, não houve nenhum tipo de notificação às autoridades de segurança pública. Conseguido o dinheiro básico para o ônibus chegar até a Cidade Grande, se foram.

    Lá chegando, seu José Antônio, sujeito safo, já foi procurar informações de como arranjar um serviço, e após andar para lá e para cá, nas cercanias da rodoviária, conseguiu algumas informações. Alguns pontos de suposto emprego ficavam longe e teriam que gastar com ônibus para ir até lá sem a certeza de conseguir o trabalho, de forma que selecionou três mais próximos que dava para chegar a pé. Para resumir a história, seu José Antônio conseguiu um trabalho em uma obra de construção de um galpão que tinha uma favela próxima. Na favela conseguiu dividir um barraco de um cômodo só com uma senhora mais velha que era catadora de papel. E assim começaram a vida. Seu José Antônio trabalhou duro e acabou ficando fixo na empreiteira do tal galpão. Dona Maria Aparecida conseguiu um trabalho de faxineira em uma fábrica de tijolos e assim conseguiram tocar a vida e juntar um pouco de dinheiro.

    Como já dito, Zé Maria foi a quarta gravidez de dona Maria Aparecida que, ao contrário das outras, desta vez vingou após dois anos e meio da chegada à Cidade Grande. Pequeno, de estrutura franzina, não conseguia acompanhar os colegas nas brincadeiras e, por causa disso, era vítima de chacotas e agressões físicas que muitas vezes causavam arranhões sérios em suas mãos, joelhos e cotovelos. Em razão disso passava tempo em casa lendo revistas que pegava no lixão próximo da favela. Dona Maria Aparecida, logo que Zé Maria teve idade, procurou uma escola para colocá-lo e aí este se encontrou. Sempre gostou de ler e estudava com afinco. Apesar da escola pública municipal que atendia aquela região ser de estrutura bastante precária e ter falta de professores com frequência, Zé Maria estudou com afinco e com isso passou a ser requisitado pelos colegas para dar aulas particulares. Apesar do pouco ganho, pois a população das redondezas não podia pagar muito, começou a ajudar em casa. Chegou ao final do ensino médio e sempre se interessou pela carreira de investigador policial em que lia nas histórias em quadrinhos e livros que achava no lixão. Como seus poucos colegas sabiam desse seu gosto, acabavam endereçando a ele essas publicações sempre que aparecia alguma.

    - Manda para o Zé, que ele é aficionado por essas histórias.

    Na época o curso de investigador da polícia civil não exigia curso superior e, portanto, Zé se agarrou na ideia de prestar esse concurso. Pelo seu afinco aos estudos, apesar da concorrência, conseguiu entrar e acabou se formando investigador. A essa altura seu José Antônio havia falecido e Zé, com sua mãe, já estava morando num barraco de alvenaria de três cômodos. A sua vida de policial começou em uma delegacia da periferia da cidade e como os casos eram corriqueiros, sem grandes destaques, acabou não se projetando e sua carreira se resumiu a isso: investigador de roubos, assaltos e assassinatos da periferia. Nos dias atuais, com cinquenta e alguns anos, já próximo de se aposentar, Zé Maria tocava seu trabalho com o máximo empenho, sempre agradecendo a sorte de ter tido pais que o encaminharam na vida. Sua mãe também falecera recentemente e com sua futura aposentadoria conseguiria viver razoavelmente. Vivia só. Sua esposa havia falecido pouco tempo depois de terem se casado. Além de também ser de estrutura frágil, tinha uma saúde precária. Estava sempre resfriada e com tosse. Foi diagnosticada com um tipo raro de fibrose pulmonar e acabou falecendo por insuficiência respiratória. Desgostoso, Zé Maria nunca mais se relacionou, até então, com nenhuma outra mulher.

    CAPÍTULO II

    A Viela da Beldades é um antigo ponto de prostituição daquela região. Atualmente um simples acesso, somente para pedestres, que liga duas ruas paralelas que na verdade trata-se da mesma rua que vem descendo do morro e, duzentos metros adiante, a partir da esquina da Viela das Beldades, faz uma curva em U e volta quase paralela a si mesma. A viela tem aproximadamente cento e cinquenta metros subindo em forte aclive entre uma rua e a outra.  É um ponto onde o tráfico de drogas é intenso e possivelmente esse caso tenha relação com isso.

    - Bom dia - disse Zé aos outros PMs que lá estavam.

    Não houve resposta. A velha rixa de sempre entre as polícias. No meio da viela estava um corpo coberto com jornais. Zé puxou pelas pontas para poder ver o corpo e constatou ser de um homem de indumentária humilde, com a cabeça ensanguentada, aparentando uns quarenta anos. Não conseguiu ver os ferimentos, pois o cabelo, de origem afrodescendente, era crescido e os ocultava. Teria que posteriormente ir ao IML falar com o legista para obter os detalhes. Quanto aos pertences, além da roupa do corpo, apenas uma carteira com alguns trocados, documento de identidade, crachá da empresa onde trabalhava, cartão do banco, cartão do transporte público e um papel dobrado.

    Entrou na viatura e pelo rádio solicitou que pesquisassem no sistema da polícia por João Vanguiberto Souza de Assis, o nome do morto. Sem registro. O sujeito não tinha passagem pela polícia e também não constava em nenhum outro cadastro. Fazia sentido: um camarada pobre que não tinha carro, não tinha telefone celular, devia morar de aluguel em algum casebre da periferia com contrato de boca, não devia ter crédito na praça e só comprava à vista. Para saber quem é e onde mora seria necessário ir até a empresa do tal crachá.

    CAPÍTULO III

    A empresa era uma estatal que cuidava de obras de infraestrutura.

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