O Pensionato
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O Pensionato - João Roberto Vargas
hotéis.
I
10h38min, marcava o relógio da rodoviária de Belo Horizonte quando o ônibus parou na plataforma. Oito minutos atrasado, pensei, já que saímos de Dores do Indaiá às 6h00. Na verdade, nunca me livrei desta obsessão por relógios e horários.
Minha mãe levantou-se para apanhar a bolsa no bagageiro acima das poltronas; saí em seguida para ajudá-la. Ainda tinham duas enormes malas no bagageiro principal do ônibus, o que nos forçaria a pegar um táxi apesar da pequena distância da rodoviária até nosso destino.
Foi durante a segunda quinzena de janeiro de 1975, não me recordo bem o dia exato. Orientação do meu pai: ir um pouco antes para reconhecer o terreno, anotar as linhas de ônibus, locais de parada, essas coisas para não ser surpreendido de véspera. Estava com 15 anos e ia terminar os dois últimos anos do Curso Científico e me preparar para o tão temido vestibular. Completaria 16 anos no mês seguinte. Minha cabeça estava um turbilhão com tantas mudanças ao mesmo tempo. Além de sair da minha zona de conforto e ir morar em uma pensão para estudantes e trabalhadores do comércio, estava contrariado porque gostaria de ficar na república de meus colegas. Mas meu pai insistiu que eu deveria manter o foco para o vestibular. Na verdade, na república o gasto dele seria bem maior.
República é quando um pequeno grupo de estudantes, normalmente amigos, se reúnem e alugam um apartamento, dividindo todas as despesas. Muito confortável, porém muito mais caro.
Às 10h55 o táxi para em frente ao número 421 da Avenida Olegário Maciel. Um prédio decadente, de um pavimento, acima de uma loja de vidros. Acho que nunca haviam pintado a fachada do prédio. Na entrada, um portão pesado, de ferro fundido, de duas folhas, pintado de verde e logo à frente uma escadaria com dois lances até chegar ao pavimento superior. Era um espaço amplo com as portas numeradas de 1 a 6. Seis apartamentos e o nosso destino era o primeiro à direita, assim que terminávamos de subir a escadaria. Apartamento nº 6.
Da mesma forma que do lado de fora, por dentro o prédio carecia de uma pintura. Sem poder me controlar, antes da porta se abrir, meu coração disparou e minhas mãos ficaram molhadas de suor. Estava em um pranto interior desesperador.
Minha mãe tocou a campainha e após ouvirmos passos de sapato salto alto, uma senhora magra, esguia, bem vestida e cheirando a perfume barato abriu a porta. Tentava demonstrar um ar sério e responsável.
– Bom dia, disse ela. Vocês devem ser Alzira e Renato.
– Bom dia, respondeu minha mãe. Dona Maria Vieira?
– Sim, por favor, vamos entrar.
Entramos e nos sentamos em um dos dois sofás que havia na sala. Dona Maria sentou-se em uma poltrona que ficava num dos cantos da sala, de frente para a televisão. Para disfarçar minha taquicardia e o suor nas mãos, enxugando-as na calça, corri os olhos pelo ambiente e notei que tudo combinava com o prédio, uma espécie de decadência organizada, com móveis velhos, mas limpos e cada um com um toque de decoração de gosto duvidoso. Muitas plantas, como trepadeiras e espadas de São Jorge. Havia uma mesa com oito cadeiras, uma cristaleira lotada de louças baratas, dois sofás que não faziam conjunto e muito menos as outras três poltronas, sendo que depois, com o passar do tempo, notei que onde Dona Maria sentou-se era a poltrona exclusiva dela, uma espécie de trono. Chamou minha atenção um velho piano de estante no canto da sala. Quem seria o pianista? Nas paredes vários quadros baratos de réplicas de pinturas famosas, mas o enorme quadro da Santa Ceia se destacava por sua beleza.
– Então o Renato veio para estudar medicina, perguntou afirmando Dona Maria, quebrando o silêncio inicial.
Quando abri a boca para responder, minha mãe já disse que eu estava lá para fazer os dois últimos anos do científico e que depois faria o vestibular para medicina, por ser meu sonho de infância. Até hoje não sei de onde ela tirou isso.
– Vai estudar no Colégio Padre Machado e somos rigorosos no que se refere ao comportamento dos nossos filhos, daí escolhemos a casa da senhora, que é muito bem recomendada pela maneira como cuida dos estudantes.
– Tenho cada um deles como um filho, afirmou Dona Maria sem conseguir esconder um certo orgulho. Hoje tenho aqui um estudante de medicina, dois de engenharia e com o Renato são dois para o vestibular, além de alguns hóspedes mais antigos que trabalham no comércio e moram aqui.
Após ela nomear cada um deles e onde trabalhavam, fiquei imaginando onde caberia tanta gente naquele apartamento. Depois explicou que tinha um quarto para dois, que seria onde eu ficaria com outro hóspede, um quarto para quatro, sendo dois beliches e o quarto maior para oito pessoas, com quatro beliches. O outro quarto era o dela. Apenas um banheiro no apartamento. Havia uma área de serviço lotada de vasos de plantas. Uma floresta!
Naquela região de Belo Horizonte, fervilhavam pensões e repúblicas e os