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As damas de San Barcí
As damas de San Barcí
As damas de San Barcí
E-book96 páginas1 hora

As damas de San Barcí

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Sobre este e-book

Quando sua melhor amiga desaparece misteriosamente, Alis Blanco sai em uma intensa jornada, a fim de resolver o mistério que assola a cidade. Para isso, precisará se juntar ao ex-investigador da Polícia Civil, Adrian Montes, afastado da corporação por ser declarado insano.
Juntos, eles tentarão descobrir quem está por trás do desaparecimento de Samantha e, sem perceber, se colocam em um caminho sem volta.
Ninguém imagina que o pior está por vir. Muito menos na pequena cidade de San Barcí.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento29 de ago. de 2022
ISBN9786525424422
As damas de San Barcí

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    As damas de San Barcí - Nicole Annunciato

    Capítulo 1

    Alis

    É véspera de Natal.

    Alis Blanco sobe no ônibus da linha nove após um longo dia de trabalho como fotógrafa, com o único objetivo de chegar em casa e capotar na cama, mas, óbvio, isso não seria possível, porque assim que chegar em casa começa o segundo round do dia: a edição das fotos que tirou durante o dia.

    Bendito o dia que decidiu se tornar fotógrafa, mas já era esperado. Aos cinco aninhos de idade, já amava tirar fotos com uma câmera analógica emprestada pelo pai e, apesar das fotos estarem todas tremidas, sempre recebeu elogios.

    "Um dia, Alis será a melhor fotógrafa de San Barcí, isso se não for a melhor do mundo todo", recorda dessa frase dita uma vez pelo pai dela para uns amigos, em uma padaria qualquer da cidade. Na verdade, nem lembra o contexto no qual essa frase foi inserida, mas sempre ouviu as pessoas dizendo que ela era uma artista, então por que não tentar a sorte?

    Agora com 26 anos, tudo o que queria era ouvir isso vindo do pai novamente. Ele foi embora da vida dela quando tinha apenas 21 anos, antes de ter a oportunidade de ver a filha se formar, ou sequer comprar uma câmera profissional com o primeiro salário de estágio que fez como assistente de fotografia em uma daquelas agências que gerenciam modelos amadoras para arrancar dinheiro através de um book completo.

    Alis só tinha ele. A mãe, Rebeca, morreu três anos antes do pai fugir e deixar um celular para trás como presente final para a filha. Só um celular. Deixou-a para trás como quem abandona um cachorro na rua e, mesmo após várias tentativas de contato com o pai, ele nunca voltou. Não deixou nem sequer um número gravado no celular.

    Blanco nunca mais trocou de celular.

    Uma sensação de melancolia percorre o corpo de Blanco e as sobrancelhas franzem quase que automaticamente em uma demonstração de tristeza. Os olhos começam a ficar marejados ao lembrar da infância.

    Engaiolada no ônibus lotado, Alis deixa os pensamentos de lado enquanto segura a mochila com equipamento de fotografia com medo de ser assaltada, de novo. O rosto já estava oleoso pela maquiagem e o cabelo longo estava preso em um coque frouxo feito com uma caneta que achou solitária na mesa de um colega na firma.

    Exausta. Mas impossível deixar de notar pela janela da condução a beleza dessa época do ano. San Barcí está recheada de pessoas alegres nas ruas com sacolas de presentes, crianças abraçando o Papai Noel e os pais pedindo para tirar uma foto com o bom velhinho, além dos grupos de coro reunidos pelas ruas. O Natal, realmente, vem para mudar tudo.

    Para melhorar ainda mais a situação, se depara com mais de uma hora de trânsito intenso. Os passageiros ao lado, já cansados por trabalhar na véspera do feriado, ficam cada vez mais emburrados com a demora no transporte e com o barulho das buzinas do lado de fora. O Natal tem seus lados bons e ruins e um deles é quando as pessoas deixam tudo para última hora, porque é isso que acontece: trânsito.

    Depois de um tempo ouvindo as reclamações de uma senhora sentada ao lado, dizendo que precisava chegar a tempo para entregar a arminha de brinquedo que comprou para o neto, Alis caminha mais uns minutos até chegar no apartamento no Jd. Clere, zona norte da cidade.

    Na parede do lado de fora do prédio, vê alguns cartazes com rostos de mulheres desaparecidas há alguns anos. Fotos de 2017, 2018 e assim por diante. Os telefones para contato nem aparecem mais, com o papel e a tinta já desgastados pelo tempo. Mais uma vez, a polícia deixou alguém na mão, pensa Alis.

    Sobe os degraus infinitos da escada até se deparar com o número 42 escrito na porta branca de madeira, no quinto andar, enfia uma das mãos no bolso da frente da calça jeans rasgada para pegar as chaves. Enfim, em casa, diz ela.

    Joga a mochila com os equipamentos no sofá da sala, que, por sinal, já está com alguns rasgos nos braços pelo desgaste, e vai até o banheiro que fica em frente ao quarto para, enfim, lavar o rosto e tirar a maquiagem. Solta os longos cabelos loiros que estão todos danificados por terem sido presos com uma caneta. Alis franziu a testa, mas conseguiu tirar o nozinho que se formou em um dos cachos.

    Ela pega um pedacinho de algodão com demaquilante para tirar os vestígios de maquiagem que ainda restam.

    Feito o ritual, liga o chuveiro e toma um banho quente. Merecido, pensa. Em seguida, coloca um pijama e já está pronta para trabalhar de novo.

    Antes de voltar para a luta, Alis dá uma olhadinha nas redes sociais – não teve tempo de fazer isso nem um minutinho durante o dia todo, foi duro. De repente, lembra de um outro ritual muito importante que sempre faz ao chegar em casa: Avisar sua melhor amiga, Samantha, que chegou bem.

    Samantha García não era o tipo de pessoa que monitora os passos dos outros a cada momento. Trabalhava como cabeleireira desde os dezesseis anos, quando fez uma transformação radical no visual. Samantha, que antes tinha longos cabelos pretos como a noite, estava com um corte pixie loiro platinado, uma repaginada desde que se mudou para San Barcí.

    Na verdade, García seria a última pessoa na terra que adotaria esse tipo de atitude controladora, mas elas têm essa mania de sempre avisar quando uma ou outra chega em casa. Isso porque, em 2020, Sam passou por uma situação complicada e ficou traumatizada.

    Estava voltando de uma festa de Natal na república de uns amigos da universidade, na qual foi junto com Alis, quando um dos rapazes ofereceu carona à Sam para ir embora, era por volta de três e meia da manhã. No meio do caminho, ela percebeu que esqueceu a bolsa na festa, junto do celular, e o homem começou a fazer umas conversões estranhas, a encarar pelo retrovisor e a trancar as portas. Quando questionado sobre o que estava acontecendo, ele simplesmente respondia que foi mandado para fazer isso e para ela não resistir.

    Ao invés de se desesperar, Sam achou uma brecha e conseguiu

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