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O Manejo Do Discurso
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E-book98 páginas1 hora

O Manejo Do Discurso

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Sobre este e-book

Objetivo neste trabalho oferecer possibilidades de se pensar resoluções às seguintes questões: como desconstruir o estigma da doença mental? Como produzir subjetivação no processo diagnóstico da clínica em reforma? Como maximizar a potencialidade da clínica do sujeito? Como evitar que a operacionalização do Movimento da Reforma Psiquiátrica se torne um novo instituído ou se transforme em modos mais sutis de segregação do ‘louco’? Como transcender a cômoda posição de onipotente decorrente do status de doutor compartilhando este poder com o cliente que demanda atenção e cuidados? A relevância do tema resulta fundamentalmente da necessidade de se produzir estratégias alternativas para lidar com a questão da loucura que permita resgatar sua natureza intrinsecamente humana. Portanto, a importância está em poder contribuir para a elaboração de planos de ação profissional que deflagre um processo de desconstrução do discurso tecnocrata da doença mental, e em última análise colaborar por uma perspectiva que beneficie genuinamente a situação de toda uma sociedade alienada por uma instituição que, a meu ver, mais tem fabricado doença que esclarecido a miséria de seu próprio saber, o espetáculo de uma pseudociência com seus respeitosos fantoches e pantomima médica.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento8 de dez. de 2018
O Manejo Do Discurso

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    O Manejo Do Discurso - Daniel Figueira

    O Manejo do Discurso

    O Resgate da Subjetividade na Clínica

    da Reforma

    Daniel Figueira

    Sumário

    Introdução

    Capítulo 1 - Sobre as Tecnologias do Poder

    - Do poder de soberania ao biopoder

    - Sociedade de normalização e o Racismo de Estado

    - A institucionalização do poder psiquiátrico

    - O estigma da doença mental

    Capítulo 2 – Da Clínica Diagnóstica à Clínica do Sujeito

    - Sobre o diagnóstico: uma noção básica

    - A clínica do sujeito e o sujeito do diagnóstico

    - A clínica diagnóstica: uma análise do instituído

    - Diagnosticar: a jurisprudência do ato de segregar

    Capítulo 3 – Estudo de caso

    - O Caso Ishter: Apresentação

    - Discussão do caso

    - Fechamento do caso

    - O Caso Cielo: Apresentação

    - Primeiros contatos: Primeiras impressões

    - Ampliando a circulação pelo CAPS

    - Refletindo Minha experiência com Cielo no CAPS

    Capítulo 4 – Do Discurso do Sujeito ao Sujeito do Discurso

    - Quanto à noção de poder

    Uma nota sobre o Movimento de Reforma Psiquiátrica

    Notas do trabalho

    Bibliografia

    Introdução

    A relação da sociedade com um sujeito taxado

    como louco engendrou historicamente inúmeras tentativas

    de problematizá-la e compreendê-la. De maneira mais

    sistematizada a partir das mais diversas perspectivas de

    intelectuais, desde Hipócrates na antiguidade até os dias

    atuais com Foucault. Durante um vasto período histórico,

    o discurso da loucura esteve sob o domínio da instituição

    religiosa e de suas explicações místicas, incluindo a noção

    de possessão demoníaca e em alguns casos o rótulo de

    bruxaria, cujas implicações resultavam em perseguições

    às pessoas desta maneira caracterizadas, e sua devida

    punição legitimada na época pelo poder eclesiástico.

    Contudo, um marco histórico no século XIX revolucionou o

    olhar sobre a loucura. Ela tornou-se propriedade do

    discurso médico recebendo o status de doença mental,

    consagrando assim o nascimento da psiquiatria, status

    perdura até os dias atuais.

    [O Manejo do Discurso], por [Daniel Figueira]

    Esta revolução influenciou decisivamente na

    construção de todo um conjunto de crenças que passaram

    a subtrair, sob o aparato jurídico e moral da psiquiatria, o

    potencial deflagrador de transformações políticas na qual

    a expressão da suposta doença mental evidencia com

    toda sua força e valor, reduzindo-a a revelação de sinais e

    sintomas de uma abstração (doença) que acometeria o

    sujeito.

    Objetivo neste trabalho oferecer possibilidades de

    se pensar resoluções às seguintes questões: como

    desconstruir o estigma da doença mental? Como produzir

    subjetivação no processo diagnóstico da clínica em

    reforma? Como maximizar a potencialidade da clínica do

    sujeito? Como evitar que a operacionalização do

    Movimento da Reforma Psiquiátrica se torne um novo

    instituído ou se transforme em modos mais sutis de

    segregação do ‘louco’? Como transcender a cômoda

    posição de onipotente decorrente do status de doutor

    compartilhando este poder com o cliente que demanda

    atenção e cuidados?

    [ 6 ]

    [O Manejo do Discurso], por [Daniel Figueira]

    A relevância do tema resulta fundamentalmente da

    necessidade de se produzir estratégias alternativas para

    lidar com a questão da loucura que permita resgatar sua

    natureza

    intrinsecamente

    humana.

    Portanto,

    a

    importância está em poder contribuir para a elaboração de

    planos de ação profissional que deflagre um processo de

    desconstrução do discurso tecnocrata da doença mental, e

    em última análise colaborar por uma perspectiva que

    beneficie genuinamente a situação de toda uma sociedade

    alienada por uma instituição que, a meu ver, mais tem

    fabricado doença que esclarecido a miséria de seu próprio

    saber, o espetáculo de uma pseudociência com seus

    respeitosos fantoches e pantomima médica.

    [ 7 ]

    [O Manejo do Discurso], por [Daniel Figueira]

    [ 8 ]

    [O Manejo do Discurso], por [Daniel Figueira]

    Capítulo 1 - As Tecnologias do Poder

    Uma compreensão mais ampla e refinada sobre a

    evolução histórica que concedeu à loucura o status de

    instituição doença mental exige fundamentalmente a

    análise histórica de uma instância que atravessa este

    mesmo cenário: o poder. E a partir daí, posteriormente,

    delimitar como e de que forma as tecnologias do poder

    teve um papel crucial na assunção da loucura como

    patologia mental pelos primeiros psiquiatras, ocasionando

    uma série de consequências graves que se evidenciam até

    os dias atuais.

    - Do poder de soberania ao biopoder

    A partir de uma perspectiva foucaultiana pode-se

    falar de duas tecnologias do poder, desenvolvidas nos três

    últimos séculos: o poder disciplinar e o biopoder. A noção

    de poder empregada aqui é a de domínio, de um sobre

    outro, entendido como uma relação de controle. Tanto o

    [ 9 ]

    [O Manejo do Discurso], por [Daniel Figueira]

    um, que exerce o poder sobre o outro, como o próprio

    outro, que está subordinado ao poder do um são

    entendidos como indivíduo, grupo ou sistema abstrato.

    Sistema que pode ser desde uma instituição singular

    (como a escolar) até o Estado (conjunto de instituições

    que visam regular a ordem social). Para se falar sobre

    estas duas tecnologias de poder traremos à discussão a

    teoria do poder de soberania, e de como ele funcionava

    desde a idade clássica, até esta revolução do poder

    ocorrida nos séculos XVIII e XIX. (FOUCAULT, 2000)

    No caso do poder de soberania, o domínio ou

    controle do outro é representado pela figura de uma

    autoridade legitimada como soberano, como exemplo o

    rei. A lógica deste controle é o controle sobre

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