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Sétimus
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E-book207 páginas2 horas

Sétimus

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Sobre este e-book

Agacces é um lugar situado a leste do Antigo Mundo, com uma enorme extensão de deserto e cortado por um único rio, o Hégisor. Zaci, descendente de Adus, é o rei que governa essa Nação. Seus filhos gêmeos dividem a atenção do pai e mostram e mostram suas qualidades para com o reino. Afinal, quem deles herdará o trono? O amor pela Nação e o compromisso com o povo , fazem de Zaci, um dos melhores reis que Agacces já teve, mas a ambição pode abalar totalmente as estruturas do Palácio do deserto, trazendo sérios riscos para o futuro da humanidade. Aventurem-se nesta fantástica história. J.F.A.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de out. de 2019
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    Sétimus - Jeanice França Alves

    SÉTIMUS

    O INÍCIO

    O Amuleto

    Agacces era um lugar lindo do Antigo mundo. Muito populoso, com grande extensão de deserto, mas com um rio fértil que a corta a leste de fora a fora. O rio Hégisor.

    O clima era muito seco e quente nesta região e por consequência disso, as vestes da população eram bem leves. Os homens nobres usavam saias de seda ou linho, na cor branca com detalhes em dourado. O peito quase sempre era nu. Em ocasiões especiais, usavam um manto de pele de animal todo trabalhado em ouro e pedras preciosas. As mulheres usavam vestidos com pregas ou transpassados no mesmo tecido e cor. Enfeitavam as vestes com adornos em ouro e cordas coloridas. As sandálias dos nobres eram de couro de animais enfeitados com joias. Os criados da casa usavam suas vestes em linho na cor azul claro. Os homens usavam calças ao invés de saias, presas a cintura por cordas. Suas sandálias também eram feitas de corda e pele de animais. As mulheres desta mesma classe, usavam vestidos de linho na mesma cor. A classe mais baixa, chamada servos, vestia-se com linho mais grosso num tom azul mais escuro.

    Em 1560 a.C. esta Província vivia uma calmaria. Desfrutava de sua glória. As pessoas eram felizes, tinham fartura e riquezas.

    O rei, de nome Zaci, ainda um estrangeiro no poder, era um rei forte, alto de pele escura. Descendia dos Adus. Uma Província antiga que se distanciava de Agacces a Oeste do rio Hégisor. Agora, pouco populosa, pois a maioria da população a abandonou devido a escassez de comida e muita seca.

    O rei usava uma argola de ouro na narina e era totalmente careca com apenas um tufo de cabelo no alto da cabeça. Trazia na nuca, a marca de nascênça dos que descendiam dos Adus, uma mancha clara que lembrava o contorno de um mapa. Vivia com sua esposa Nyla que estava grávida e seus dois filhos gêmeos de quatorze anos: Radamés e Zaki.

    Nyla era uma Adus, de estatura mediana com trinta e quatro tempos de idade. Tinha o rosto bem liso e pele escura e lustrosa. Não gostava de usar seus cabelos, era totalmente careca e usava perucas adornadas. Cada dia uma: Preta com adornos de ouro, azul com adornos prata e até dourada com adornos de macassita.

    Era uma mulher inteligente. Vivia na sala de estudos com os sacerdotes.

    Radamés, um dos gêmeos, era esperto e muito intuitivo. Estava atento a tudo, era muito curioso e tinha uma engenhosidade de causar inveja. Todo o objeto que encontrava, desmontava e o transformava em outra coisa. Seu pai criou até um laboratório para ele e lá Radamés passava os dias descobrindo e inventando coisas, juntamente com seu mestre e professor, o Sacerdote Arion, que costumava dizer que o menino tinha dons especiais.

    Já Zaki, era bem forte e audacioso como o pai. Gostava de passear com ele pelo povoado e sempre o acompanhava nos negócios. Seu passatempo preferido era luta corporal. Estava sempre pelos campos armando alguma estripulia ou combate.

    Mesmo sendo gêmeos, eram bem diferentes. Radamés tinha a pele bem escura como o pai. Era magro e alto, diferente de Zaki, que tinha a pele mais clara, era um pouco mais baixo que o irmão e vigoroso.

    No ano em que as guerras cessaram, os sacerdotes prepararam uma espécie de amuleto a pedido do rei Noslen, bisavô do rei Zaci, O rei Noslen não desgrudava do amuleto. Era uma pedra branca cravada num aro dourado circular preso a uma armadura leve. Em volta da pedra, seis pontas de lanças douradas faziam-na parecer com um sol. Desde então, todos os reis a usavam como devoção e proteção.

    O rei Zaci tinha o seu ritual diário. Levantava antes de o sol nascer, tomava banho com água de pentas lanceolata (uma espécie de flor cujo nome popular é estrela-de-Agacces); colocava suas vestes com a ajuda dos sacerdotes e não deixava de usar a armadura com a pedra branca.

    O passatempo preferido do rei era contar histórias de seus antepassados a seus filhos e numa tarde calma a beira do Hégisor, o pai resolveu revelar aos filhos algo sobre o estranho objeto.

    Começou ele:

    — Estão vendo este amuleto? – disse o pai apontando para o peito. – Não é um sol, apesar de se parecer com um. É um amuleto muito importante feito pelos nossos antigos sacerdotes a pedido do tataravô de vocês, o rei Noslen, e já passou por várias gerações.

    — O que tem nele? – Perguntou Zaki.

    — Basta saber que ele precisa estar seguro e que um rei não deve se afastar dele. É como se fosse a própria pele. Enquanto estiver em poder do rei, nosso povo estará seguro. O rei que estiver usando esta armadura e por ventura a perder, com certeza perderá também o controle de si mesmo. – Explicou o pai.

    — Por que tem algo dentro dele que se move? – perguntou Zaki mordendo um damasco fresco e logo em seguida deu sua opinião sobre o objeto. - Parece uma fumaça branca e quando o sol bate nele, a fumaça fica dourada.

    — Por hoje é só o que tem para saber, Zaki. Nada mais.

    — Mas pai...

    — Zaki... É só um amuleto. O Sacerdote Arion disse que ainda não temos idade para sabermos o que ele significa. Contente-se com isso. – Disse Radamés para o irmão que incontrolavelmente partiu para cima dele e o pai teve que intervir.

    — Basta Zaki! Seu irmão tem razão. Quando for chegada a hora vocês saberão do que se trata. E só um poderá ficar com ele.

    — Quem vai ficar com ele? O senhor já escolheu? – Perguntou Zaki.

    O rei deu uma gargalhada e disse ao filho:

    — Ainda estou bem forte, Zaki. Não tenha pressa de tomar conta do que é de seu pai.

    O garoto deu um sorriso torto e não tirou os olhos do amuleto enquanto o pai explicava sobre o rio Hégisor, mas só Radamés prestava atenção:

    – Vejam as águas deste rio, - continuou o pai. - Durante milhões de anos nos alimenta e durante milhões de anos ainda alimentará o nosso povo. Sem o Hégisor não somos nada. Os sacerdotes dizem que pelo mundo a fora existem milhares de rios como este. Enquanto houver um rio, haverá sementes e enquanto houver sementes haverá alimentos. A humanidade não perecerá. O que fazemos com nossas vidas hoje, selará o nosso destino no futuro. Lembrem-se disso.

    Zaki sorriu e perguntou ao pai se ele nunca havia lutado e se não achava falta de uma boa luta já que seus antepassados foram guerreiros.

    — Não filho. Graças aos deuses estamos felizes neste lugar e não precisamos travar batalhas para conquistar outros povos há muito tempo. Enquanto essa fumaça da pedra do amuleto for branca ou dourada, estaremos seguros. Agora vamos para casa, no estado em que sua mãe se encontra é preciso estar junto dela. Ainda bem que voltamos logo de Sásis, pois acho que ela não aguentaria navegar por essas águas nas condições que está agora.

    Ao entrar no palácio com seus filhos o rei Zaci foi saudado pelos seus soldados com o Kinculê. Saudação dos súditos aos reis. Todos estendem o braço direito em direção ao rei e com o punho fechado voltam o braço tocando o coração, enquanto o esquerdo estendido ao longo do corpo segura uma grande lança. Ao mesmo tempo gritam com voz de tremer o chão:

    — Rei Zaci!

    Ao por do sol todos recolheram-se aos aposentos. Zaki foi até o grande salão do palácio e ficou observando os afrescos nas paredes. Eram poucos os que mostravam as batalhas de seus antepassados, mas isso sempre o fascinava. Um dos afrescos, o maior de todos que pegava praticamente uma parede inteira, era o que mais o atraía. Era o rei Noslen, seu tataravô. Um Adus alto assim como o seu pai, com as mesmas características só que mais forte. Usava uma pele de animal presa no pescoço e que cobria suas costas. Uma lança grande com uma estrela de sete pontas na mão esquerda e um escudo na direita que tinha configurado ao centro a cabeça de um rinoceronte branco com três chifres. Estava montado no mesmo animal que tinha proporções agigantadas. Aos pés do grande animal, vários corpos minúsculos jaziam.

    Esse afresco sim, o fascinava. Zaki saia totalmente de si e se imaginava no lugar do tataravô.

    ***

    O rei estava dormindo quando o Sacerdote Arion, um homem de meia idade que usava uma túnica larga branca e laranja, o chamou. Zaki saiu do transe, viu o movimento nos aposentos de seu pai e ficou escondido.

    O rei antes mesmo de colocar suas vestes e a armadura com o amuleto comentou assustado:

    — O que aconteceu? É algo com os meninos?

    — Não Meu senhor, - explicou o sacerdote - mas é urgente! Preciso mostrar-lhe uma coisa.

    O rei acompanhou o sacerdote até a Sala Sagrada, onde eles preparavam suas poções, cultuavam os deuses e faziam suas orações. Lá estavam mais dois sacerdotes. Usavam túnicas largas e claras e um chapéu no formato de um cilindro. Por cima da túnica usavam uma estola. As cores das estolas significavam a hierarquia entre os sacerdotes. Arion usava a estola dourada, pois ele era o mestre entre os outros. As estolas dos outros dois eram na cor cinza. Significava que ainda eram aprendizes.

    Aproximaram-se da mesa. O sacerdote pegou um frasco contendo um líquido, virou noutro que também continha um líquido e derramou sobre a areia que se transformou em um algo vermelho.

    — Cheire e prove Meu senhor.

    — Isso é sangue vivo e ainda quente! – Gritou o rei.

    — Cairá sobre nós uma desgraça! Temos que nos preparar. – Alertou o sacerdote.

    — Impossível! O amuleto... O amuleto nos protegerá. Ele tem a força do sol. Nada de mal nos acontecerá.

    Olhou para o seu peito e os sacerdotes ficaram assustados ao verem o amuleto. A fumaça branca estava ficando rosada e movimentava-se com mais rapidez sobre a pedra. Zaki estava escondido, mas ouvira tudo o que falavam.

    A missão

    A poucos metros dali, numa pequena aldeia, morava Mikhael, filho único de Mathyah e Sarah. Ambos, descendentes direto de Adon, portanto estrangeiros. Ninguém sabia ao certo, de qual parte do Antigo Mundo vieram. Tinham a pele um pouco mais clara que os Adus, cabelos negros ondulados e olhos castanhos.

    Depois do governo de Adon, seu único filho sendo agricultor não quis sucedê-lo forçando o pai a escolher seu braço direito nos negócios. Noslen, um Adus.

    O pai de Mikhael trabalhava na lavoura, assim como seus antepassados, era muito inteligente, por isso, ele mesmo instruía o filho. A mãe tecia roupas para a família real e sempre levava o filho ao palácio para brincar com os meninos. Entre uma brincadeira e outra, Zaki contou para Mikhael sobre a noite da previsão e pediu segredo ao amigo, pois nem mesmo seu irmão gêmeo sabia da história.

    Numa determinada tarde, a mãe não pode levar as roupas e pediu que seu filho levasse. Ao voltar para casa Mikhael observou o rio Hégisor e avistou ao longe uma vermelhidão na água. Isso o fez estremecer, pois lembrou-se nitidamente do que o amigo havia lhe contado.

    Na hora do jantar os três sentados num tapete, comiam frutas secas e pão.

    Quando Mikhael pegou sua taça de água viu que esta ficou vermelha. Insistiu e tocou de leve os lábios. Jogou a taça longe e deu um grito de horror, pois percebera que era sangue. A mãe e o pai assustados, perguntaram o que havia acontecido, mas o menino não respondeu. Pediu desculpas e foi para a cama sem comer.

    A noite de sono de Mikhael foi bastante conturbada e nesta mesma noite o sacerdote Arion chamou o rei para mais uma reunião secreta. Desta vez outras pessoas estavam presentes, inclusive uma mulher idosa com roupas coloridas adornadas com muito ouro. Eram todos representantes espirituais dos povoados vizinhos. Todos tiveram a mesma premonição, ou seja, uma guerra sangrenta estava por vir e o mundo, jamais seria o mesmo. O que o rei Zaci não sabia, é que seu filho Zaki estava escondido e ouvira tudo.

    ***

    Na aldeia, Mikhael ao acordar, tomou seu desjejum em silêncio e caminhou aos arredores do Hégisor pensando no sonho que tivera na noite anterior. Ao voltar para casa, viu no rosto da mãe o sorriso doce e desabafou com ela:

    — Mãe! Preciso viajar.

    — Para onde vai, meu querido? – Perguntou a mãe achando graça nas palavras do filho.

    — Deus incumbiu-me de uma missão.

    — Do que você está falando? – Desta vez voltou-se a ele com preocupação.

    — Sabe a história que papai sempre conta sobre Adon, o rei das previsões?

    -— Sei... O homem estrangeiro que governou Agacces trazendo fartura e prosperidade!

    — Então a senhora acreditará, quando eu contar que sonhei com uma missão que tenho que cumprir.

    A mãe sentou-se ao lado do filho.

    — Conte-me! O que deve fazer?

    — Preciso procurar algo raro. Deus e todos os deuses irão me guiar.

    — O que você tem que procurar?

    — Ainda não sei... Só sei que é muito valioso e se eu não encontrar, a humanidade será extinta. Tenho sonhado repetidamente a mesma coisa todas as noites. Caminho às margens do Hégisor, e quando estou perto de ver o que é, eu acordo.

    — Falaremos com seu pai assim que ele voltar da lavoura. Não deve demorar. Devemos partir imediatamente! – levantou-se a abraçou o filho. — Somos descendentes de Adon e se Deus falou com você em sonho, não devemos ignorar.

    ***

    Passado alguns dias a mãe preparou a manta com algumas frutas da época e pão. O pai arrebanhou alguns animais e pegou os poucos pertences que possuíam e partiram beirando o Hégisor, deixando a aldeia, os poucos amigos e todo o resto para trás.

    No dia da partida de Mikhael e sua família, Zaki e Radamés brincavam nas proximidades do rio e perguntaram para onde iriam. O pai do amigo respondeu que ficassem tranquilos, pois a partida não era para sempre e que logo estariam de volta.

    Enquanto isso no palácio, os sacerdotes faziam poções, unguentos, oferendas, orações aos deuses; tudo para que a nuvem negra que pairava por Agacces se difundisse, mas o rei Zaci estava cada vez mais preocupado e a fumaça de seu amuleto já não clareava mais. Ficava sempre num tom rosado.

    A vida seguia normalmente apesar das preocupações e nesse meio tempo Nyla deu à luz a Iori, filha do rei Zaci. Como o nome mesmo diz, trouxe um pouco de luz e doçura para a vida do rei, já que depois daquela primeira noite de previsões em que provara um pouco de sangue, nunca mais saíra de sua boca o gosto de fel.

    O rei pegou a filha nos braços, saiu na sacada de seu quarto e a apresentou a todos que estavam de vigília no pátio. Criados,

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