Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Sensível
Sensível
Sensível
E-book291 páginas2 horas

Sensível

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Isabela Watson é uma garota que prefere ficar sozinha em seu quarto, na calmaria de seus livros. Quando sai, se não for para ir para a escola, é para ver os gêmeos — dois amigos seus que só sabem aprontar, e umas das poucas pessoas com as quais ela se relaciona. Enquanto todos comem churrasco num belo domingo sol e Bela leva advertências de Dona Gabriela, cuidadora da Casa Acolhedora — apelido dado ao orfanato aonde vive —, sua atenção é fisgada por um garoto que, aparentemente, só ela pode ver. Com encontros e desencontros no balanço de um parquinho, como ela poderá saber se ele é ou não real? + A história trata dos seguintes temas: - distúrbio alimentar; - bullying; - agressões físicas e psicológicas; + Sempre que um personagem comete um erro, ele é corrigido ao longo da trama;
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de abr. de 2020
Sensível

Relacionado a Sensível

Ebooks relacionados

Artes Cênicas para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Sensível

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Sensível - Evellyn Mayra

    Sensível

    EVELLYN MAYRA

    Sensível

    EVELLYN MAYRA

    Copyright © 2020 by Evellyn Mayra

    Diagramação Evellyn Mayra

    Capa Evellyn Mayra

    Revisão Evellyn Mayra

    M474s Evellyn Mayra

    Sensível / Evellyn Mayra. 2ª Edição — Itaúna, MG

    Esta obra é uma produção independente.

    Copyright [2020] by Evellyn Mayra

    Todos os direitos desta edição reservados à autora da obra.

    ISBN: 978-65-00-01409-9

    1. Literatura

    2. Literatura juvenil

    Índice para catálogo sistemático:

    1. Literatura 800

    2. Literatura juvenil 028.5

    As flores que crescem no campo, onde um dia fora um vulcão, estas têm o poder do fogo e da sua destruição.

    As chamas não queimam, desde que estas não encontrem o coração.

    Os batimentos são o gás, que causa a explosão.

    sensível

    Capítulo 1

    — Saia deste quarto, garota! — Sra. Gabriela, dona da casa, gritou pela milésima vez neste dia que mal acabara de começar. Não entendia a im-plicância comigo. Os gêmeos estavam a dormir no quarto ao lado em pleno domingo ao meio-dia. Os outros faziam churrasco no quintal e se divertiam na piscina improvisada. No total eram 15 crianças, contando os adolescentes, na Casa Acolhedora, como Hugo chamava. A maioria tinha entre 7 e 14, enquanto Nathan e Hugo, os gêmeos, tinham 18 e eu, 17.

    — Eu irei, Dona Gabriela. Mais tarde — ela sabia que eu preferia ficar afastada. Dentro de um quarto escrevendo minhas histórias ou em meu diá-rio. Também gostava de ler, e de refletir.

    — Você não comeu nada esta manhã e há tempos não pega sol! É por isso que está tão branca e magra. Vai acabar virando a Branca de Neve. — Ri.

    Talvez ela houvesse razão de a Branca de Neve ser branca, mas eu não sabia que ela sofria distúrbios na alimentação.

    Escutei-a descer as escadas. Antes mesmo de retomar a minha lei-tura, alguém bate à porta e, em seguida, ela é aberta.

    Os gêmeos entram. Não há nada que os diferenciem, a não ser as roupas. Eles têm o cabelo loiro e um pouco encaracolado, olhos do mesmo tom de verde, altos e magros.

    Cada um deles vai para um lado da minha cama. E depois, eles pu-lam nela, sincronizados.

    — E aí, Bela?

    — Vai ficar trancada de novo?

    — Saiba que os gritos da Gabriela estão começando a prejudicar a minha audição.

    — Sem contar que assim não conseguimos dormir direito.

    — Para começar, vocês não precisam dormir mais do que já dormem, mas se a gritaria é um problema, por que vocês não colocam fone de ouvido ou tampam a cabeça com o travesseiro? — Argumentei.

    — E você acha que não fizemos isso? É tão alto que do outro lado da rua é possível escutar.

    — E falamos isso porque já foi comprovado.

    — Quem sabe eu não faço algo por vocês? — Perguntei e revirei os olhos, cansada disso.

    — Tipo, tomar um sol? Se você ficar mais branca vai ficar transpa-rente — disse Nathan.

    — Cara, ela precisa comer! Você está magra demais!

    7

    EVELLYN MAYRA

    — É... Tipo, carboidrato. Muito carboidrato.

    — Vou acabar virando uma baleia só de ouvir vocês falando assim

    — retruquei. Eles deram de ombro juntos. Minha cabeça já começava a doer.

    A imagem deles mexia. Eles eram quatro... não dois?

    Levei a mão à cabeça. Sentia que iria desmaiar.

    — Ah, merda! Chama a Gabriela — Nathan resmungou. Vi duas imagens se levantarem e saírem pela porta. — Por que você não pode simplesmente comer?

    — Olha que maravilha... Ela está viva! — Escutei Hugo. Eu ainda estava deitada na minha cama.

    — Desmaiei?

    — Pela quinta vez na semana. Quebrou seu recorde. Se continuar assim Gabriela vai te enforcar — falou Nathan, me reprovando com o olhar. —

    Vamos para cozinha, você precisa comer.

    Levantei-me e fiquei tonta. Apoiei no que estava mais perto — Nathan.

    — Tudo bem... Eu te ajudo — ele me pegou no colo e desceu as escadas comigo.

    — Você é bem forte para um magrelo — murmurei.

    — Você que é mais leve que uma criança — ele me deixou numa cadeira. Dona Gabriela se virou para mim carrancuda e deixou um prato cheio de sanduíches e um copo com suco de laranja na minha frente. Pela primeira vez no dia, eu senti fome.

    — Eu avisei, não é? Eu sempre aviso, mas você nunca escuta. Devia era estar com os meninos comendo churrasco, mas não... — Gabriela continuou me advertindo enquanto eu comia no balcão da cozinha. Hugo e Nathan saíram de fininho murmurando um desculpe silencioso. Fiquei observando a escada. Não escutava uma palavra sequer que Dona Gabriela dizia.

    Meu olhar parou em um garoto imóvel no primeiro degrau que olhava para o lado oposto em que eu estava, a sala. Ele vestia uma camisa branca, calça preta e tênis allstar. Um pouco esquisito aos meus olhos.

    Ele se virou para mim e observou a cozinha, percebendo que meus olhos estava nele. Encaramo-nos por um tempo, até que ele franzisse as sobrancelhas, aparentemente assustado. Virei-me para Dona Gabriela, quem não o havia notado ali e continuava falando.

    — Quem é ele? — Perguntei-a. Ela parou de falar e olhou na mesma direção que eu olhava.

    — Quem?

    8

    sensível

    — O garoto.

    — Não há garoto algum, Bela — franzi as sobrancelhas e pisquei vezes seguidas. Não o via mais. — Você precisa sair e respirar um pouco. Já está tendo alucinações.

    — Você tem razão — com um suspiro, levantei para deixar a cozinha.

    Enquanto abria a porta, duas crianças entraram correndo, quase me jogando no chão.

    — Oi, Bela.

    — Oi, Bela.

    Saí para onde todos estavam. Os gêmeos tomavam conta da churrasqueira. Duas garotas, Anne Marie e Bruna, sentadas à mesa de madeira, conversavam com eles. No parquinho, depois da piscina improvisada com 7 crianças, havia Luke: um garoto de 10 anos com cabelo liso e franja que ia até os olhos, ambos, de tom escuro, que entravam em contraste com a pele branca.

    Às vezes costumam compará-lo comigo, e diziam que talvez ele fosse meu irmão. Eu bem que gostaria. Além dos gêmeos, ele era um dos que mais me simpatizava.

    Luke estava no balanço. Sentei-me no outro ao seu lado.

    Alguns minutos em silêncio se passaram.

    — Por que não está com os outros? — Puxei assunto.

    — Eles não gostam muito de mim.

    — Por que você acha isso?

    — Escutei o Gabriel dizendo que sou um bocó.

    — E o que você disse para ele?

    Ele ficou em silêncio.

    — Ele é um idiota, Luke. Você é muito legal e também inteligente.

    Ele não sabe nem somar um mais um. Isso é só recalque dele.

    Ele deu uma risadinha e disse:

    — Você acha?

    — Eu tenho certeza. Agora vai lá. Pede churrasco pro Hugo.

    Ele se levantou e caminhou para a churrasqueira.

    — O que você fez para que ele saísse daí? — Escutei Nathan perguntando ao que se aproximava. Ele sentou no balanço do meu lado.

    — Apenas conversei com ele — dei de ombros. Nós ficamos em silêncio ali por alguns minutos, até Hugo chamar Nathan e Gabriela me chamar para ajudá-la na cozinha.

    A tarde e o início da noite passaram rápido. Depois que a maioria das crianças estavam na cama, fui para o meu quarto. Eram dez da noite quando finalmente deitei no sofá perto da janela e observei as estrelas até adormecer.

    Não eram nem sete horas, mas ao olhar pela janela, vi alguém se balançando no parquinho. Levei um momento até identificar. Pelo que 9

    EVELLYN MAYRA

    constatava, eu estava ficando maluca. Eu via o mesmo garoto do dia anterior, com as mesmas roupas. Observei durante um momento, até que comecei a piscar os olhos e esfregá-los freneticamente. Algo devia estar errado. Ele não desaparecia.

    Num momento, ele olhou para cima, e me viu novamente o observando. O olhar era o mesmo: confuso, um pouco assustado. Não entendia.

    Ainda estava dormindo?

    Senti minha cabeça latejar e caminhei para o banheiro. Depois de um banho quente desci as escadas e saí porta afora, indo até o parquinho. Não havia mais ninguém lá. Dei meia volta e caminhei para a rua. Iria dar uma volta.

    Quando cheguei em casa, 5 crianças já acordadas estavam na sala, assistindo desenho. Fui à cozinha, onde Dona Gabriela acabava de tirar um bolo do forno.

    — Acordou cedo hoje — observou.

    — Fui dar uma volta — ela arqueou uma sobrancelha, estranhando meu ato e logo completei: — Não estava me sentindo muito bem.

    — Como você está agora?

    — Bem.

    Gabriela aceitou minha resposta sem questionamentos. Devia perceber que eu não teria o que falar, caso ela me pressionasse.

    — Me ajuda com as crianças? — Pediu, focando nos seus outros filhos.

    Quarenta minutos depois, todos estavam à grande mesa da cozinha, comendo e conversando. Percebi que, por mais que não gostasse de barulho, o das crianças não me incomodava. Talvez fosse por serem basicamente meus irmãos.

    Depois de arrumar a cozinha, enquanto subia as escadas, Dona Gabriela me chamou.

    — Você poderia dar uma olhada no sótão para mim? Está cheio de cachetas e brinquedos velhos. Só de entrar lá aquela poeira me deixa mal durante dias.

    — Pode deixar.

    Subi as escadas até o final do corredor, onde havia uma porta que, ao abri-la, dava acesso a uma escada de mão que levava ao sótão.

    O lugar estava escuro e cheirava a mofo. Tateei a parede em busca do interruptor.

    Havia cachetas por todo lado, amontadas. No primeiro passo que dei, tropecei em um bicho de pelúcia rasgado.

    Comecei a mexer nas caixas, vendo o que jogaria fora. Um vento 10

    sensível

    jogou meu cabelo no rosto. Procurei pela janela; não me lembrava dela estar aberta. As crianças não entravam ali. Talvez um dos gêmeos tivesse a esquecido aberta. Pulando caixas e sujando minha roupa, consegui chegar até ela e fechá-la. O reflexo de algo brilhante atingiu meu rosto. Era um colar caído no chão, que tinha um B escrito. Peguei-o, quase queimando os dedos com o calor que ele havia absorvido do sol. Ele não estava coberto de poeira. Talvez

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1