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Além Das Estrelas
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E-book610 páginas6 horas

Além Das Estrelas

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Sobre este e-book

Millayne é uma garota de dezessete anos, muito boba e meiga que vivia com sua irmã de oito anos em uma comunidade rural, que por incrivel que pareça ainda com estilo hippie. ela sempre foi cercada por gente gentil e de boa fé e de muitos amigos de infância, mas sem mais nem menos sua mãe Naila decide se mudar pras Américas rumo ao desconhecido o que deixa a menina com medo e com raiva, ela não queria de jeito nenhum ter abandonado seus amigos, o antigo colégio e a boa vida que tinha no campo ao lado de uma natureza incontestável e agora sua mãe trocou tudo aquilo por uma aventura na cidade grande. com bastante esforço Millayne vai aprender que esse mundo é cheio de pessoas e que também podem aceitá-la.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento4 de set. de 2020
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    Além Das Estrelas - Aldo Félix

    Além das Estrelas

    Aldo Almeida Félix

    Copyright © 2020 Aldo Félix

    Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem a autorização prévia do autor.

    Ilustração de capa: Pixbay

    Diagramação, capa e revisão: Aldo Félix

    SHEGO/GO

    Sumário

    Meu Lar ................................................................................................................................................................. 5

    Diretora Dragão ..................................................................................................................................................10

    Medo ..................................................................................................................................................................20

    Bullying ...............................................................................................................................................................22

    Ciúmes ................................................................................................................................................................32

    Desabafo .............................................................................................................................................................37

    Menina Manhosa ................................................................................................................................................42

    Uma Família Muito Louca ...................................................................................................................................46

    Conselhos de Mãe ..............................................................................................................................................64

    Segredos Entre ViZinhos .....................................................................................................................................67

    Uma Menina Muito Descolada ...........................................................................................................................73

    Uma Breve História Triste ...................................................................................................................................79

    A Verdadeira Face de um Monstro ....................................................................................................................81

    Garota Nova ........................................................................................................................................................88

    Uma Nova flor de AmiZade Brota .....................................................................................................................101

    Fúria ..................................................................................................................................................................109

    O Povo de NORION ...........................................................................................................................................115

    O Sol é a Minha Luz ..........................................................................................................................................116

    Dia De Piscina ...................................................................................................................................................124

    Briga de Cachorro .............................................................................................................................................128

    Ela é Tão Marrenta ...........................................................................................................................................136

    Pobre Vixenah ..................................................................................................................................................139

    Plano de Recuperação ......................................................................................................................................147

    Theatro .............................................................................................................................................................150

    Ensaio ...............................................................................................................................................................155

    Desculpas ..........................................................................................................................................................159

    Um Amigo Diferente .........................................................................................................................................167

    O Misterioso Jay ...............................................................................................................................................172

    Ensaio final........................................................................................................................................................176

    Mudança ...........................................................................................................................................................183

    De Coração .......................................................................................................................................................187

    Tudo se Acaba Aqui e Agora .............................................................................................................................193

    Estrada ..............................................................................................................................................................199

    Além das Estrelas ..............................................................................................................................................203

    Sinta raiva

    Tenha medo

    Abrace a inveja

    Queira e deseje

    Do fundo do coração

    Se afogue na solidão

    Corra e se desespere

    Chore e se permita

    Não se esqueça do ódio incontido

    Agora desperte e grite o mais alto que puder

    Eu sou livre pra me amar.

    Poema por: Aldo félix

    Abra os olhos e veja quanto amor reservo para você

    4

    Meu Lar

    Bela porém tristonha Millayne estava ali novamente, sentada na escadinha da varanda, ela observa os carros a passear na rua, na maior chateação, já está ali por horas a fio segurando o queixo como se estivesse derretendo. Cercada de um lado e de outro por um pequeno jardim onde a grama alta abriga grilos e percevejos do fim da tarde, a luz avermelhada do Pôr do sol desperta o brilho dos seus olhos castanhos os deixando meio alaranjados cor de sangue, o vento de outono balança seu curto cabelo loiro claro, que sempre está escondendo boa parte de seu rosto, ela usa um óculos redondo daqueles horrorosos tipo Harry Potter, Ôh coisa feia!

    Mas afinal quem liga pra óculos quando se tem um rosto tão angelicalmente simétrico como o dela, ela usa uma causa jeans e uma blusa rosada com bordados em forma de rosa e, o tênis All Star sujo enfeita seus pequenos pés.

    Um profundo tédio corta seu peito quando pensa que poderia estar curtindo com seus amigos, tomando banho de riacho, subindo nos pés de mexerica, pescando, andando descalço na lama da chuva ou fazendo pequi-nique pelos campos com suas duas melhores amigas. Mas ao invés disso ali está ela cabisbaixa triste e entediada, sem ninguém, completamente SOZINHA.

    Ela se levanta cruza os braços como se estivesse com medo, mas é apenas o vento gélido que faz seu corpo tremer! Olha de um lado e outro, mas não vê nenhum vizinho fora de suas casas, tudo o que se pode ver é uma infinitude de carros apressados com suas buzinas barulhentas, muitos latidos de cachorros, tanta fumaça que faz seus olhos arderem e lacrimejarem, ainda por cima há muita confusão no trânsito brigas e tudo que é porcaria que se possa imaginar de uma cidade grande.

    Mas todo esse barulho e gritaria não vinha apenas da sua rua, vinha de todos os lados, apesar do trânsito ser intenso, é ainda pior nas outras, rodeadas de bares e restaurantes enfadonhos.

    Além desse desconforto os jardins das casas... digo quase mansões né! Eram todos iguais com aquela grama seca de outono horrorosa cheia de arbustos artificiais de plástico. Essa é a zona Rio, bairro de gente rica, estressada e sem graça.

    No entanto a casa que sua mãe alugou na rua Calle benito, é muito pequena e simples. Aliás a única que a mãe pode pagar com seu misero salário de professora sem faltar mantimentos na dispensa.

    Ela está muito triste e ao mesmo tempo nervosa e perdida com toda essa agitação, ela não está acostumada a isso, mas não deixa de notar que em frente sua humilde casa, do outro lado da rua há uma mansão como aquelas europeias com um grande jardim de verdade na frente cercada por um pequeno muro de tijolinhos e um grande portão de ferro. No meio de uma selva de pedra ela reconheceria uma árvore de verdade até de olhos fechados o que a faz se sentir um pinguinho mais 5

    confortável, gosta de ficar ali olhando o extenso jardim e imaginando estar em casa novamente.

    Uma voz grave no começo que se afina como o canto de uma cigarra ecoa de dentro da casa:

    — Millaaa vem jantar. – a menina entra apressada, bate a porta com força como se estivesse fugindo da policia. Na casa se encontra Naila mãe solteirona é uma baixinha gata pra chuchu, e nervosa que nem o diabo. Ela é mãe de Millayne nossa jovem protagonista e da pequena Ashely uma menininha muito louca que apesar de pequena não economiza em fazer bagunça e falar besteiras que aprende na TV, todo dia ela aprende um novo palavrão e até se orgulha disso. Hahaha...

    Elas chegaram a poucos dias, nem se acostumaram a casa, ainda não tiveram tempo de organizar as coisas na nova casa. Por isso tudo está uma verdadeira bagunça cheia de caixas empilhadas pra todo lado, algumas abertas e picotadas por estilete, o chão de madeira esta empoeirado e manchado duma tinta fétida de embrulhar o estômago.

    As paredes pichadas e arranhadas, mas não parecia ser da índole de crianças fazerem aquele tipo de rabisco, tipo mano; tem um pênis desenhado e uma mulher de quatro patas! Com certeza essa arte lúdica é de bêbados enlouquecidos e drogados chapados na erva. Bem, mais o teto está intacto, porém com alguns furos, que com certeza são de tiros.

    A casa tem três quartos, mas um fica na parte de cima por isso quem quiser ficar com ele tem que se acostumar a subir a escada de madeira rangedora com um horrível tapete negro, o banheiro fica perto do quarto, um pouquinho mais ao fundo, pelo menos isso né! descendo as escadas fica a sala e dois quartos, a cozinha fica aos fundos, Uma parede de madeira com um quadro que mostra a pintura de um menino abraçado com seu pequeno cachorrinho, separam a sala dos quartos.

    As primeiras noites estavam passando bem rápido para os novos moradores.

    A cada dia uma nova manhã dava lugar a uma nova saudade no coração da Jovem Millaine. Coberta por uma manta cor de rosa florida, que cobre todo seu corpo, mas deixa amostra um rostinho corado com grandes bochechas e uma boca perfeitamente desenhada cor de maçã ao por do sol, seu cabelo muito liso e loiro claro, um nariz mediano perfeitamente desenhado, mas não posso negar que suas sobrancelhas são esquisitas e grossas. Millayne dorme calmamente, tão calma que parecia sorrir.

    Ouve-se a batida na porta e os berros da mãe Naila: – knoock, knoock...

    — Millaaaa... acorda minha filha ou vamos chegar atrasadas. – essa baixinha está sempre gritando, apesar de ser uma mamãe bonitona com aqueles seios de pêssego dela, as vezes podia ser bem grosseirona!

    O despertador apita e a jovem Milla levanta-se assustada com os berros de sua mãe que já está nervosa na porta. Começa a procurar seus óculos no criado mudo quando derruba sem querer o despertador.

    — Milla pare com essa bagunça e se aprese, vou estar esperando no carro com sua irmã. Não esquece a mochila!

    — Tá bem mãe! – grita Milla apressada quando lembra-se que os óculos estão na gaveta. Assim que coloca seus óculos de lente volta a enxergar normalmente, desde pequena ela sempre precisou usar óculos, porque sem eles tudo ficava embaçado e turvo.

    Milla apressadamente tira seu pijama branco com desenho de lua que apesar de ser bem infantil também a deixava bem fofa, e era seu preferido, veste sua calça 6

    jeans e um sutiã roxo e vai pra frente do espelho pentear seus lisos cabelos loiros, ela fez dezessete anos em agosto, e a mudança pra puberdade está quase completa.

    É uma mudança que muitas garotas teriam inveja, sem nenhuma espinha na face, seios avantajados sem exagero e uma cintura de Diana. Veste logo uma blusa rosa e calça seu tênis, sai do quarto as presas, cinco segundos depois volta correndo como uma macaca desesperada por sua cria.

    — Nossa quase me esqueci, mamãe vai me matar – pega a mochila e vai voando pro carro.

    Ela entra e sua mãe acelera. Ao seu lado está a pequena Ashely sua irmã de oito anos, que logo a abraça.

    — Irmãzonaaa...

    — E ai pirralha, tá animada pro seu primeiro dia na nova escola?

    — Olha a boca Milla. – critica a mãe que de orelhas em pé.

    — Ãham, – respondeu com um aceno e uma carinha triste.

    — A Mana tá me esperando lá? – questiona a pequena e Millayne se vira para a janela do carro em movimento sem saber o que dizer.

    — Minha filha já conversamos sobre isso, a Mana não pode vir, ela tem que ficar com os pais dela.

    — Mas eu não quero estudar sem a Mana! Que droga de merda! – esbraveja a pequena, mas a mãe continua dirigindo sem dar atenção, porém repeli a filha.

    — Olha essa boca porca. Eu já falei que não quero xingamento na nossa casa!

    – pelo retrovisor de teto Naila lança um olhar feroz pra menininha — Eu já falei que não quero ver você assistindo aqueles desenhos japoneses! Só tem xingamento naquelas porcarias, não tem nada de educativo naquilo!

    — Anime... é Anime! – grita a pequenina com a cara fechada.

    Ashely dá de ombros e mostra a língua, cruza os braços em sinal de fúria. Por algum motivo Naila nunca briga tanto com a menininha, digamos que ela tem uma certa liberdade que Millayne nunca teve com a mãe. Até mesmo porque Naila sempre está pegando no pé da mais velha.

    — Calma Ashely, a Mana tem que ficar com os irmãozinhos dela se não eles se sentiriam tristes e sozinhos. E além do que, logo, vamos fazer novos amigos.

    A tá... sabe de nada inocente!

    Milla estava tentando convencer a pequena, mas no fundo aquelas palavras serviam pra si mesma, ela estava bastante insegura desde que saíram do reino Unido, deixando pra trás a Fazenda onde moravam e todos os seus bons amigos de infância. A vida nova estava assustando-a, a ideia de conhecer novas pessoas a deixava insegura e trêmula. Ela era uma caipira!

    A mãe estaciona o carro no colégio Prado Almeida.

    É um dos grandes colégios privados, com três prédios, um ginásio e dois campos de futebol, parece bem bonito e bem chique apesar das pichações nas paredes, mas mesmo assim não é um dos melhores da cidade, e mesmo sendo privado sofre vandalismo e depredação por causa das rixas constantes entre alunos de colégios diferentes, na maior parte por jogadores de futebol, por isso sua mensalidade está entre as mais caras. Para manterem as reformas constantes, esse é o preço a se pagar pela enorme quantidade de troféus que o colégio ganhou ao longo dos anos, é o mais odiado de todos, porém é o colégio que mais aceita alunos internacionais. Principalmente alunos brasileiros jogadores de futebol.

    haviam vários adolescentes chegando de carro, alguns carros estavam abarrotados de som na traseira tocando rap com som tão alto que o chão até treme 7

    com o batidão, os caras com camisas cavadas e faixas na cabeça dançavam com algumas garotas quase nuas, rebolavam até o chão e os caras se esfregavam nelas como se fosse uma suruba a céu aberto. Milla pega sua mochila rosa e abre a porta.

    — Olha, olha lá mamãe aquelas meninas. – diz Ashely apontando o dedo. —

    O que elas estão fazendo mamãe?

    — Bem eu acho que... – Naila fica sem palavras, pensando em como explicar aquela cena erótica pra menina, mas dá de ombros. — Poxa eu não sei, deve ser uma dança típica sei lá!

    — Só que não! – diz Milla com sarcasmo vendo eles se esfregando como numa suruba a céu aberto. – ela sai do carro, mas a mãe a chama de volta.

    — Espere... – pede a mãe com olhar atencioso.

    — O que foi mãe? – a mãe se aproxima e fala suave ao seu ouvido.

    — Não tenha medo tá, vai dar tudo certo minha querida!

    — Eu sei mamãe! – a mãe a beija na bochecha, Milla beija sua irmã Asheley e bate a porta. Estufa o peito, respira fundo e sobe no gramado ao lado das bicicletas, assim vê sua mãe indo embora e sumir na multidão de carros. Caminha lentamente tomando espaço entre a multidão alvoraçada.

    — Vai mexe o poposão cadelaaaa! – grita um dos caras de camisa cavada, e elas rebolam gostoso até o chão. Alguns tragam cigarros tão fedidos quanto maconha. Milla tapa o nariz e baixa a cabeça, sai rápido dali, praticamente quase correndo, antes que a percebam.

    — Tudo bem Millayne, não á nada demais, é só um colégio normal, vamos lá você consegue. – Ela diz a si mesma ao subir as escadas. – Se depara com um grande conjunto de prédios e uma única grande porta aberta, porem ao firmar é impossível não notar as palavras de ódio pichadas com grandes letras Voltem pro inferno de onde vieram Vadios IMUNDOS. Branquelos DESGRAÇADOS e "NEGROS

    FEDEM".

    Logo que percebe pelos corredores está como uma sardinha espremida, muitos gritos e gargalhadas a sua volta, nessa hora ela tenta não prestar atenção nas faces das pessoas, apenas caminha lentamente com o número de sua classe tentando não trombar em ninguém, seria um vexame, morreria de vergonha – ela pensa. Quando sente como se uma bala atingisse seu ombro, ela vai de encontro ao chão como se um ima a puxasse, cai de pernas cruzada e a mochila de lado. Os moleques que trombaram nela só se levantam, pegam a bola e saem correndo como loucos sem ao menos olhar pra trás. E ninguém liga só continuam seguindo eufóricos com seus grupos.

    Milla se levanta sacudindo a poeira da calça novinha, levanta a cabeça e dá de cara com uma mulher um pouco mais alta que ela mais ou menos um metro e oitenta e cinco. Apesar de apenas dezessete anos Milla parecia ter uns dezenove anos e é bem robusta. A mulher sacode a poeira da mochila com a palma da mão e entrega sorrindo pra ela.

    — Nossa garota qual o seu problema? Você não pode ficar sentada ai no meio do caminho – com uma voz áspera a mulher sorri.

    — Ah, foram aqueles dois garotos que me empurraram. – esbravejou apontando o dedo em direção aos dois garotos de cabelo espetado que sumiam em meio a multidão de adolescentes.

    — Esses moleques, só vivem correndo nos corredores, um dia ou outro ainda quebro as pernas deles!

    — Hahahaaa – Milla sorri tímida.

    8

    — Você é Millayne filha da nova professora do fundamental, Naila não é mesmo?

    — Sim. Por quê?

    — Ora essa, por quê? Sou eu quem faço as perguntas aqui mocinha! Sou a treinadora e responsável pela organização deste colégio, então tudo aqui me diz respeito. Me acompanhe logo, vou te levar a sua sala – disse grosseiramente com sua voz áspera, mas Millayne não se importou muito com a falta de educação da treinadora. Mas não é pra menos ela era também vice diretora e a treinadora do time feminino de futebol! Ela sempre pega pesado com os alunos.

    — A propósito pode me chamar de treinadora Natasha e não ouse me chamar de outro nome, o último que ousou fazer isso foi parar na cadeira de rodas. Tá vendo aquele menino ali do cabelo loiro naquela cadeira de rodas – disse a diretora apontando o dedo para o corredor a esquerda enquanto andava a passos pesados.

    — Sim senhora – disse Millayne apressadamente, notando o rapaz moreno e robusto de face angelical com físico de atleta na parte superior do corpo, "Nossa que lindo". – assim pensou, mas não deixou de notar que ele era paraplégico.

    — Pois bem, um dia ele ficou de gracinha comigo por causa de uma nota ruim que tirou na prova e acabou me chamando de gorda desprezível. E o que eu mais odeio é ser chamada de gorda – indagou a treinadora que realmente era muito gorda, ela tem a pele negra como chocolate, um rosto revigorante e descontraído, com enormes bochechas, seu sorriso parecia perguntar "quer ser meu amigo? só que não! Era amedrontadora mesmo.

    — Primeiro eu dei um soco na cara dele... pra derruba-lo né! e depois subi em cima dele e enchi a cara dele de bolacha. – Milla estava surpresa, boquiaberta e ao mesmo tempo assustada, pois nunca ouvira uma diretora dizer tantas besteiras.

    "Como assim? Que besteira, socos na cara não deixa ninguém paraplégico" – pensa Milla indignada.

    Mas mal sabia ela que era tudo mentira. A treinadora Natasha só fica dizendo essas besteiras porque também já foi coordenadora do grupo de teatro. Ela é a fundadora do teatro do colégio, apesar de ninguém ligar. Todos ali só se importavam com as ligas de futebol e o resto e não mais.

    Ambas viraram no corredor a direita perto do bebedouro, e pararam frente a porta da sala de aula número 06, ouve-se sons de gritos e risadas vindos de dentro da sala, Milla sente seu coração bater descompassadamente em ritmo acelerado, sua mão está ao peito amassando sua blusa sem perceber. A treinadora roda a maçaneta, mas para e olha de cara feia pra menina que está de cabeça baixa. Ela estava mesmo nervosa pro seu primeiro dia de aula em um novo País onde ela não conhecia absolutamente NINGUÈM, e além do mais seu curso de verão em espanhol não lhe ajudara muito.

    — Ei garota, se tá passando mal? – questiona a diretora apalpando na testa dela.

    — Eu... não senhora. – responde Millayne tentando se acalmar.

    — Hahahaaa... – a gorducha sorri. — Ei garota acredite em mim eu também já passei por isso, mas sempre acaba dando tudo certo tá. Agora levanta essa cabeça e vamos lá.

    9

    Diretora Drag ã o

    A diretora tinha mesmo um ar de sabichona. Mas ela gostava mesmo era de ficar por ai bancando a gostosona, e apesar da idade ela era muito popular entre os alunos, afinal ela era a treinadora do time feminino que nunca perdeu um único campeonato.

    A diretora finalmente abre a porta, e entra apoiando a mão sobre o ombro da jovem a passos curtos. Os demais alunos estão fazendo algazarra, gritando e xingando palavrões e não percebem a presença da diretora e nem da jovem. Millayne toma coragem e dá uma espiada na sala enquanto a diretora fecha a porta.

    Ela percebe que a mesa da professora está vazia e não há nada escrito no quadro negro. Ela olha timidamente nos alunos conversando no canto esquerdo perto da grande janela com vista pro gramado percebe que esses três não estão sorrindo e sim quase se batendo por conta de uma discussão louca sobre um tal de

    Ronaldinho sei o que lá gaúcho, ela não entende nada sobre o que é que esses brutamontes babacas estão falando, então ela não liga.

    A treinadora logo bate a mão na mesa com tamanha força, Paaak. – todos se assustam e calam-se na mesma hora de olhos arregalados pra diretora.

    — Que merda de algazarra é essa aqui seus demônios? Calem a boca já! –

    berra com sua voz agora rouca, até Millayne se assusta com as porradas na pobre mesa.

    Ela aponta o dedo para uma garota que se senta logo atrás de um jovem rapaz de cabelos negros e bem vestido com uma jaqueta preta super da hora, mas de cabeça baixa, está dormindo como sempre! — Verônica... – grita a diretora negona.

    — Sim diretora. – responde a garota de olhos azuis e cabelos castanhos, corpo esbelto como o de Millayne, só que seu rosto é bem mais angelical e ao mesmo tempo sexy com aqueles brilhantes e molhados lábios vermelhos por natureza, ela é extremamente linda e revigorante! Um anjinho.

    — Porquê raios, diabos e consequências o professor Marcos não está na sala?

    – questiona a diretora furiosa. — Poxa hoje não é quinta feira? É aula dele né! Ou será que estou louca.

    Louca em seu caso era um mero apelido gentil!

    — Você já nasceu louca sua gorda, filha da puta... – grita uma voz rouca no fundo da sala, Millayne se surpreende com a ousadia. Natasha fica de sobrancelha em pé, massageia a testa em sinal de ódio.

    — É sim diretora Natasha, o professor Marcos me mandou uma mensagem dizendo que iria chegar um pouquinho mais tarde hoje e me mandou avisar a turma para ficarem numa boa, e dai todo mundo começou a fazer algazarra como sempre, 10

    porque aqui só tem idiotas né! – diz fazendo posse de superior com seu narizinho sex arrebitado.

    Natasha estreita os olhos sobre a sala e o silencio bota tensão nos corações das meninas do time, até mesmo os jogadores tinham medo do que ela podia fazer com suas carreiras.

    — Entendo! Bem está aqui é sua nova colega de classe, seu nome é Millayne.

    Arranje um lugar pra ela se sentar logo.

    A diretora Natasha caminha de passos pesados até o fundo da sala e para de frente a mesa de um aluno magricela de olhos vermelhos e no canto roxos parecendo até que havia levado socos ou fumado um quilo de maconha, mas sua roupa estava bem passada e limpinha, uma camisa polo, um tênis de marca enfeitava seus pés, sua aparência é de menino rico, um cabelo loiro encaracolado como o de um anjo e tirando os cantos avermelhados, os olhos dele são verdes claro, ele é branco como leite, mas nesse caso seria leite estragado com cheiro de maconha.

    — Foi você que me xingou Juliano? – Questiona a treinadora com as mãos na cintura, ele demostra sua insanidade pra todos com umas gargalhadas de deboche, mas fica de cabeça baixa. — Seu retardado miserável!

    — Veja os olhos dele, ele tá drogado diretora! – grita uma voz anônima de homem. – ela arrasta ele pra fora dá cadeira e o puxa em direção a porta.

    — Me solta sua vacaaa... filha da puta, eu tô me fodendo pro seu time de merda.

    — Seu moleque drogado! Vou chamar os seus pais agora miserável de uma figa! – xinga nervosa o arrastando até a saída como se ele não pesasse quase nada, mas realmente ele estava bem magro mesmo pro seu tamanho, ele é da altura da própria diretora e ele está soltando uma espuma branca no canto da boca que escorre pela camisa polo de marca a deixando manchada coisa muito nojenta se ver, está completamente drogado!

    A diretora saiu furiosa a passos largos e bateu a porta atrás de si. Verônica encara Milla com cara de desdém. O que eu acho muito foda mesmo!

    Verônica é a garota mais bonita da sala! Não na verdade a mais bonita de todo o colégio, de rosto angelical cabelo castanho e olhos azuis claro, seios esbeltos e cintura fina, um salto alto com pedrinhas de brilhantes calçam seus pés, vestida com uma calça branca e blusa de cetim com detalhes brilhantes que Millayne tinha visto em uma revista de moda de Nova York, não que Millayne se importe com moda, mas era o único livro que havia no avião em que veio. Resumindo verônica é verdadeiramente uma Vênus.

    Verônica se aproximou de Millayne que olhava espantada para a turma, e perplexa com a situação que a deixou com cala frios fazendo seu coração ficar tão acelerado quase saindo pela boca, sua cabeça gira feito bola de sinuca, a bagunça continua, gritos e berros pra todo lado, algumas meninas a encara com olhares perplexos de curiosidade e inveja.

    — Ei garota tudo bem com você? Meu nome é Verônica – Millayne não consegue ouvir está assustada demais, ela está praticamente em outro mundo dentro de seu subconsciente, como sempre. Verônica balança a mão na frente de seu rosto. — Ei se tá me ouvindo garota? Acha legal ignorar sua veterana? – indaga com um pouco de malicia.

    Milla desperta de sua viagem astral e volta seu olhar pra a esbelta garota, ela tenta não gaguejar nesse momento.

    11

    — Desculpe... – sussurra corando-se, estende a mão e: — Oi tudo bem sim, me chamo Millayne. – mas Verônica ignora.

    Verônica passa seu olhar minucioso pelo corpo da garota a rodeando.

    — Ok, bem eu sou a representante dessa turma, e a primeira coisa que você deve saber é que eu mando aqui! – disse Verônica a encarando feio, Millayne não entendeu, mas percebeu que a turma comentava e davam risadinhas disfarçadas.

    — E se você quiser sobreviver aqui, vai fazer tudo o que eu mandar. Tá me entendendo?

    Milla fica vermelha que nem tomate.

    — Sim, responde acenando com a cabeça.

    — Bem então vamos achar um lugar pra você se sentar me siga – ordenou a representante de turma e Millayne a seguiu para o fundo da sala, percebendo que as demais garotas a encaravam espantadas e os garotos cochichavam entre si.

    Millayne imaginava mil coisas. –– "estão rindo de mim? será minha aparência? será que não gostaram de mim ou eles são loucos mesmo?..."

    — Bem você se senta aqui, tudo bem pra você? – o lugar fica no fundo da sala bem longe do quadro, com vários outros alunos na frente de sua mesa, porém Millayne logo percebeu que também estava ao lado de várias outras garotas e meninos.

    — Tudo... tudo bem. – Respondeu Millayne já retirando seus materiais da mochila e colocando sobre sua mesa.

    — Então tá! Se precisar de alguma coisa é só falar comigo.

    — Obrigada. – disse Millayne, mas a esbelta garota nem sequer a olhou, deu as costas e foi para sua mesa na primeira fileira da sala.

    Millayne senta-se e retira a relação das aulas da mochila e vê que agora no primeiro horário é aula de Artes ministrada pelo professor Marcos Flaynir que está atrasado.

    Ao se virar e guardar o relatório Millayne percebe que uma garota ao seu lado a direita a olha sem parar, mas disfarça rapidamente e fica olhando pra frente, os demais alunos fazerem bagunça.

    Millayne não está mais nervosa, mas está a pensar freneticamente – "essa garota deve ser tímida! Vamos lá Milla lembre-se do que mamãe falou você precisa se enturmar.

    Millayne a encara e logo diz com um sorriso e uma voz amigável:

    — Oi tudo bem... Me chamo Millayne.

    A menina continua a olhar pra frente sem dar atenção. Ela fica tímida e vermelha de vergonha, mas não desiste. "Calma... calma Milla, ela só não te ouviu só isso, talvez se eu falar mais auto" . – Assim ingenuamente pensa!

    Milla aproxima-se mais e encosta sua suave mão no ombro da garota que se assusta e a encara rudemente com os olhos meio cerrados, mas logo fica corada de vergonha.

    — Oi eu me Chamo Millayne, você teria uma caneta pra me emprestar? – diz Millayne em voz alta, todos em volta a olham e disfarçam em seguida, Millayne nem sequer precisava de uma caneta, foi a única coisa em que lhe veio a mente. A menina singelamente sorri.

    — Oi ten... tenho sim. – diz a menina gaguejando e abaixa a cabeça timidamente, pega uma de suas canetas coloridas na bolsinha de lápis e entrega para Millayne.

    12

    — Ah olha só uma caneta de tinta roxa, obrigada. – agradece Millayne se afastando.

    — Desculpe... eu achei que você estava falando com outra pessoa e não comigo

    – a tímida garota deu uma parada, mas continuou: — Afinal porquê alguém do seu nível falaria comigo? – assim disse quase sussurrando e Millayne não pode entender.

    — Nossa essa caneta é da sua coleção? Que linda!

    — Coleção? Como sabe que eu coleciono canetas coloridas? – questionou a menina tímida de voz fraca.

    — Ué porquê eu também coleciono canetas coloridas, quer dizer colecionava né!

    — Colecionava? – questiona sussurrando meio constrangida como se ficasse magoada. Rapidamente Millayne percebe a besteira que disse envergonhadamente com sigo tenta consertar.

    — Sim... é que eu dei os meus antigos materiais escolares pra minha amiga Lana.

    — Ah entendo! – diz desconfiada.

    — Mas e ai não vai me dizer o seu nome? – questionou Millayne que não é muito esperta, mas sabe que pra fazer amigos é preciso ter confiança em si mesma, bom pelo menos é isso que sempre escuta de sua mãe.

    — Ah sim já ia me esquecendo – disse a menina tímida, continuou: — Eu me chamo Elina.

    — Nossa é um nome lindo Elina.

    — Obrigada, o seu também! – disse Elina com sua voz fraca porém angelical.

    — Nossa a diretora é bem brava. – fala Milla sussurrante.

    Elina esboça uma risadinha.

    — Não liga não, ela é assim mesmo, zuadinha da silva.

    Hahaha... Milla sorri tapando os lábios com os dedos.

    Elina percebeu que Verônica e suas amigas maliciosas não param de a encarar e comentar baixinho, mas Millayne nem percebe, rapidamente Elina com um certo temor cravado em seu peito disfarça desviando seu olhar das meninas maliciosas e volta a conversar com Millayne.

    Umas das amigas de Verônica vai até Elina e sussurra algo em seu ouvido.

    Algo que a faz mudar de comportamento e ficar ainda mais tímida e meio constrangida, a menina de cabelo escuro volta para o grupinho que encara Millayne de caras amarradas.

    Elina é uma jovem de dezesseis anos muito tímida na verdade, sua aparência não é bem vista pelas demais garotas e nem pelos rapazes, apesar de ter um rosto lindo ela possui muitas sardas e um pouco de espinhas na face, seu cabelo é ruivo, ela tem um corte de cabelo bem curtinho que de longe a faz parecer um menino, talvez também seja por causa de seu jeito de se vestir, ela sempre usa jardineira jeans e uma camisa listrada por baixo e as vezes um vestido florido que a faz parecer muito criançona, coisa que os caras odeiam, em combinação com Millayne ela também gosta de usar tênis All Star. O que a deixa muito fofa e ao mesmo tempo esquisita quando está de vestido.

    Mas apesar de tudo seu olhar é bem chamativo e combina com suas sardas coradas num tom de outono, seu olho é de um azul cristalino, assim as sardas seriam folhas de outono repousando sobre as águas azuis

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