História Mal Contada Também Vale
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História Mal Contada Também Vale - A. A. Gomes De Queirós
— Avô, conta uma história!
— Não sei contar história minha querida neta!...
— Sabe sim! Meu pai falou que você contava
história para ele...
— Não eram boas histórias... eram histórias mal
contadas.
— Não tem problema avô; é difícil achar adulto
que goste de contar história... estão sempre muito
ocupados!
Bartolomeu refletiu um pouco e disse de si para si:
... Se uma criança diz que adultos em geral têm
pouco tempo para elas, crianças, deve haver algo
errado...
— Muito bem Ana Júlia, prepare-se para ouvir uma
história mal contada!
RATOPIM E RATOPÃ
Numa noite em que os olhos apanhavam muitas
estrelas, dois irmãos da família ratos magros
saíram a procurar comida.
—Tragam apenas para o sustento, não tragam para
sobrar e até mesmo perder, assim como nós, outros
também precisam... até mesmo as migalhas servem
de alimento a outros seres vivos. Aconselhou a mãe
que só enxergava com a alma, pois, os seus dois
olhos eram vazados e neles não se via.
Ratopim e Ratopã eram de diferentes disposições.
Ratopim era ousado, curioso, e sempre entendia os
conselhos como uma capa de chuva no deserto
.
Ratopã por outro lado, era temeroso de todo: temia
até mesmo que a própria sombra pudesse dele se
desgarrar.
Os dois saíram da toca que ficava no porão de uma
casa e subiram a escada da área de serviço sem se
preocuparem com o velho cão que a essa hora não
manifestava qualquer disposição para a caça... até
porque: ratos magros nunca foi de seu interesse.
O primeiro obstáculo era um portão pequeno de aço
com um vão suficiente para passar um gato gordo.
Caminharam pela área de serviço, onde
normalmente acumulavam-se sacos cheios de
lixos... tudo estava tão limpo como se não houvesse
o ontem
.
O próximo obstáculo era a porta da cozinha que à
noite estava sempre fechada, sendo assim, era
necessário passar por baixo, porém, o vão era
estreito demais. Era aconselhável, uma vez lá
dentro, passar a comida para o outro lado, pois, só
dava mesmo para passar um rato magro
.
Entraram... e surpresa! A mesa estava farta de
guloseimas, sugerindo ter havido ali uma festança.
— Uauá! Hoje nós vamos comer para uma semana!
Comentou esfregando as mãos e arregalando os
olhos, Ratopim.
— Calma! Falou o comedido Ratopã.
— Não nos