O Filho Iluminado
()
Sobre este e-book
Autores relacionados
Relacionado a O Filho Iluminado
Ebooks relacionados
Eu Nunca Quis Dizer Adeus Nota: 0 de 5 estrelas0 notasExtraconjugal: O Amor Incontrolável de Eric por Susan Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContos De Amor E Paixão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasJames Boot E Os Segredos De Frestingorn Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTrês Dias No Mundo Da Magia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUma Tese Para o Amor: Novela Romântica Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Guardã: A Caverna de Cristal Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRazões Nota: 0 de 5 estrelas0 notasVida Decifrada Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLuzes Escuras Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAS QUATRO ESTAÇÕES: OUTONO E INVERNO - LIVRO 1 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAnimal Instinct Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO segredo Nota: 5 de 5 estrelas5/5Inconvencionais - Começo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAntes Que Ele Sinta (Um Enigma Mackenzie White—Livro 6) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs Cinzas Do Ultimo Verão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPassageira de uma vida: Homenagem póstuma a Nicole Nota: 0 de 5 estrelas0 notasReflexões de um sujeito à toa Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAlma De Rosas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHistórias de Sabanda: O resgate de Anya Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCartas Para Edson Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOscar Elton A Luz Que Não Queima Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTons De Greene (Coleção Completa) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSua voz dentro de mim Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEntre Rosas E Coroas. Nota: 0 de 5 estrelas0 notasValquíria: A Princesa Vampira Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDespertos: Série Academia dos Caídos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Intuição: Livro I, Perdição Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUm Quadrado Perfeito Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAzul Do Teu Olhar (coleção Novos Romances) Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Sagas para você
Nórdicos livro 1 - Mitos e Sagas Nota: 4 de 5 estrelas4/5O Dono do Tempo: Parte II Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA surpresa do Marquês: Cavalheiros, #2 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMitologia Indígena Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA tristeza do Barão: Cavalheiros, #3 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasÉpicos: Ilíada, Odisseia, Eneida, Divina Comédia E Os Lusíadas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEntremagos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Guardiã de Muiraquitãs Nota: 5 de 5 estrelas5/5Um Amor Sem Fim Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPela Força Do Destino Vol Ii Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDavi De Israel Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAmar Para Sempre Nota: 0 de 5 estrelas0 notasIsha A origem A Saga Completa: Um emocionante romance de aventura, ficção e mitologia antiga Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBraço De Órion Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Donzela e o Dragão Nota: 5 de 5 estrelas5/5Intenso Nota: 5 de 5 estrelas5/5Calor Escarlate: Vampira 4, #4 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEstrela Amiga Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEsqueça Para Sempre Nota: 0 de 5 estrelas0 notasInconvencionais - Começo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasInconvencionais - Fim. Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNefilins Deuses Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA escolha da Dra. Cole Nota: 3 de 5 estrelas3/5A Solidão do Duque: Série os Cavalheiros I Nota: 5 de 5 estrelas5/5O clã dos magos Nota: 4 de 5 estrelas4/5
Avaliações de O Filho Iluminado
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
O Filho Iluminado - Junior Domezi
CAPÍTULO 1:
REENCONTRO
Há mais coisas entre o Céu e a Terra do que supõe a nossa vã filosofia.
– Willian Shakespeare.
ENTRAVA DIA, SAÍA DIA E ERICK TOZZEN continuava repetindo a mesma rotina monótona: acordar bem cedo e tomar o trem na grande cidade de São Paulo para ir ao trabalho, onde ficava o dia todo; à noite ir para a faculdade, pois assim como muitos, tinha a esperança de que quando concluísse o curso talvez tivesse um emprego melhor; e somente ao final do dia voltava para a casa. Estava cansado daqueles dias repetitivos, queria novas experiências, mas não se mexia para mudar a situação, apenas reclamava como se isso fosse alterar a realidade.
O desejo de Erick de fazer coisas novas estava prestes a ser atendido. Quando ele pensava em coisas diferentes, pensava em tirar longas férias, viajar por aí e conhecer pessoas e lugares novos. Isso viria a acontecer, mas de um jeito totalmente diferente do que ele sonhava, sem agir, que acontecesse...
Em um fim de tarde de uma sexta-feira de calor, o jovem Erick andava com as mãos nos bolsos de sua calça jeans, rumo à estação de trem. Enquanto olhava para o chão e pensava na vida, uma leve brisa levantou seus cabelos curtos e negros.
O rapaz divagava sobre como a sociedade estava doente e sentia que aquele mundo não era para ele, mas achava que não podia fazer nada para mudar isso, apenas lamentar.
Naquele dia decidiu que não iria à aula, pois estava muito cansado, então saiu do mercado no qual trabalhava e foi direto para a casa.
Àquela hora as ruas eram um verdadeiro inferno. No trânsito, os motoristas buzinavam, gritavam e xingavam uns aos outros como se isso fizesse os carros andarem mais rápido, as faixas de pedestres eram totalmente ignoradas e os ônibus lotavam rapidamente. Por esses e vários outros motivos, Erick dava preferência aos trens.
O rapaz chegou à estação e tomou um trem com destino à zona sul, onde morava. Entrou e sentou-se perto da janela. Observando a paisagem o jovem sempre tinha seus melhores pensamentos. Mas algo desviou sua atenção.
Passado um tempo ali no trem, ele notou uma moça linda, com longos cabelos loiros e uma beleza incrível. Não foi a aparência da moça, no entanto, o que lhe chamou a atenção, mas sim o fato de que ela parecia muito familiar. Erick a notou desde que ela entrara no trem, duas estações depois dele.
Quando a moça entrou, sentou-se do lado oposto do rapaz, começou a ler um livro e ali ficou por bastante tempo.
Não pode ser ela — pensou Erick. A garota era muito parecida com uma amiga de infância de Erick, a qual ele não via já tinha um pouco mais do que sete anos.
A moça estava lendo Um Conto de Duas Cidades, do autor Charles Dickens. A Letra U estava coberta pela mão da moça, mas não era preciso ser nenhum gênio para identificar, e também, Erick já tinha lido aquele livro alguns anos antes para um trabalho da escola.
Depois de um bom tempo, a garota fechou o livro e guardou-o na bolsa que estava em seu colo. Ela ficou parada olhando a paisagem pela janela do trem. Em seguida olhou para Erick, que desviou o olhar rapidamente.
Será mesmo ela? — Ele se perguntava. Fazia muito tempo que não recebia qualquer notícia da amiga, e agora ela simplesmente aparecera ali no mesmo trem que ele? Ela estava mais alta, talvez mais magra, mas linda como sempre e não mais um menina, como quando Erick a viu pela última vez, mas sim uma mulher.
Finalmente Erick tomou coragem e decidiu falar com ela, afinal a moça era linda. Se não fosse sua antiga amiga, pelo menos ele poderia conhecer alguém interessante. Esperou até a próxima estação, onde o trem se esvaziou um pouco e o lugar ao lado da moça ficou livre.
O rapaz sentou-se ao lado da garota, que sorriu para ele.
— Esse livro que você estava lendo é muito bom — disse ele para quebrar o gelo.
— Realmente — respondeu ela mostrando dentes perfeitos e super brancos. — Você gosta de ler?
— Gosto muito — disse Erick falsamente. Ler não era algo que o rapaz desgostasse, mas também não era uma de suas maiores paixões. Isso por causa da pressão universitária que obrigava o estudante a ler livros monótonos e com linguagem de difícil entendimento e isso acabava privando-o de ler romances ou livros que lhe interessassem pessoalmente.
— É muito bom, passa o tempo.
— Sim. Olha me desculpe, eu fiquei em pé te olhando por um tempo. É que você se parece muito com alguém que eu conheço. Qual é o seu nome?
— Me chamo Esther.
O rapaz congelou e encontrou dificuldade para conter uma grande emoção.
Era mesmo ela.
— Esther? Sou eu, Erick! — disse em tom de alegria.
— Erick Tozzen?
Ele confirmou balançando a cabeça.
— Puxa! Eu bem que te achei familiar — disse a garota igualmente surpresa.
Os dois se abraçaram prolongadamente.
— Por onde andou todos esses anos?
— Estive fora do país — respondeu Esther.
O rapaz tentou conter um tom de surpreso.
— Puxa, nunca saí nem dessa cidade — disse brincalhão, mas notou-se a decepção real em sua voz.
Os dois riram e fitaram um ao outro profundamente.
— Mas o que você está fazendo aqui?
Esther abriu a boca para responder, mas quando ia falar o trem começou a parar.
— Eu desço nessa estação — disse ela, como se estivesse preocupada ou com muita pressa. Talvez as duas coisas. Pegou sua bolsa e levantou-se com rapidez.
A garota ia se despedir apenas com um tchau
, mas antes que pudesse falar, ouviu Erick dizer:
— Eu também desço aqui! — Era mentira. Sua casa era muito mais longe, mas teve que pensar rápido antes que as portas se fechassem. Precisava de uma desculpa para ir conversando com ela, já que apenas tiveram tempo para se cumprimentar. Se a deixasse ir, não fazia ideia de quando a veria novamente e nem se isso aconteceria. Poderia chamar um táxi depois para chegar em casa, o importante naquele momento era falar mais com sua velha amiga.
Quando eram crianças, Erick nutria um sentimento especial por Esther, mas por algum motivo que até então ele desconhecia, o pai da garota não gostava que eles andassem juntos, chegando a proibi-la de falar com Erick. Como era o único amigo que tinha, Esther continuou se encontrando com o garoto mesmo assim. Demorou algum tempo, mas quando o pai dela descobriu, foi embora com a filha para algum lugar que Erick nunca ficou sabendo.
Durante toda sua ausência ele nunca a havia afastado de seu coração. Tentara namorar algumas colegas do colégio, e posteriormente da faculdade, mas não se sentia realmente encantado por nenhuma. As conversas com elas eram superficiais, todas sempre estavam muito preocupadas com coisas banais. Além do mais, Esther tinha sido seu primeiro amor.
O caminho até a casa da garota não era tão longe da estação, apenas uns dez minutos a pé, mas os dois conversaram tão animadamente que pareceram horas. Apesar de terem ficado muitos anos sem se ver, os dois interagiam como se fizesse apenas alguns dias que não se viam. Eles conversaram sobre várias coisas, relembraram episódios de sua infância e conversaram sobre a vida atual de cada um. Erick relatou a chatice do seu dia-a-dia, mas Esther não deu muito detalhes sobre sua vida, apenas revelou onde era o apartamento no qual estava morando temporariamente. Desde o momento em que saiu do trem, ela estava agindo de forma estranha; olhava em todos os cantos como se estivesse fugindo de alguém.
Por algum motivo, Erick achou que no fundo sua presença estivesse sendo indesejada. Esther era muito educada para mandá-lo ir embora, e também devia estar feliz com o reencontro, além do fato de que ele morava
perto dela. Seria indelicado da parte da garota dizer para ele ir por outro caminho. Mas o rapaz percebeu o incômodo, só não sabia o motivo exato.
O mistério sempre envolveu Esther. Aquilo foi o que despertou em Erick o desejo de conhecê-la. Naquele momento, antigos sentimentos que adormeciam no fundo do coração do rapaz estavam começando a voltar à tona.
Depois de andarem por um bom tempo, Erick viu em cima do telhado de uma casa um observador encapuzado, mas não parecia estar simplesmente em pé no local, parecia estar flutuando, pois estava a uma certa altura das telhas e seus pés estavam bem visíveis. Sem dúvida alguma, aquela pessoa estava suspensa no ar de alguma forma. Tinha corpo de mulher e saindo pelo capuz podia-se ver cabelos longos.
Erick fechou e abriu rapidamente os olhos e quando olhou novamente para o local, não havia nada, nem ninguém ali.
— O que foi? — perguntou Esther.
— Nada — respondeu ele pensando que aquilo era apenas coisa de sua cabeça. Talvez o cansaço o estivesse fazendo imaginar coisas.
Os dois viraram a próxima esquina, na qual ficava o apartamento de Esther. Havia uma construção no lado da rua no qual se encontravam e em frente uma caçamba de entulho.
No momento em que iam atravessar para o outro lado da rua, a luz de um poste começou a piscar. Erick achou aquilo normal, pensou que era um simples defeito ou problema na fiação, porém a garota ficou inquieta. Ela tentou disfarçar, mas não conseguiu. Olhou em todos os lugares possíveis à sua volta, como se procurasse por algo ou alguém.
— O que foi? — perguntou o rapaz.
Antes que sua amiga pudesse dar uma resposta, um brilho branco surgiu na frente dos dois. Erick cobriu os olhos com a mão devido à intensidade da luz. Tirou a mão dos olhos depois de vários segundos e à sua frente viu um homem. Mas não parecia um homem normal.
O sujeito era bem alto e trajava um sobretudo preto.
A princípio, Erick pensou se tratar de um assalto, mas os acontecimentos foram demasiado rápidos para que ele pudesse pensar com clareza. Aquele homem parecia ter surgido da luz que o ofuscou...
O rapaz preparava-se para segurar o braço de Esther e dar meia-volta, porém o sujeito que apareceu foi mais rápido que Erick e agarrou não o braço, mas o pescoço de Esther.
— Te encontrei, garota! — disse o homem com uma voz sombria. — Achou mesmo que eu não a encontraria pelo simples fato de estar utilizando transporte público para se locomover? Me subestimou!
— Erick, fuja... — disse Esther com dificuldade. Depois disso não conseguiu mais dizer sequer meia palavra. Sua garganta estava sendo pressionada pelo homem.
Após alguma tentativa de resistência batendo nos braços do sujeito, a jovem desmaiou. Sua bolsa caiu no chão e ali ficou.
Erick analisou a aparência do homem e pensou que estava vendo coisas. O sujeito tinha cabelos brancos espetados e uma cicatriz profunda na face direita, características não tão incomuns. Mas o que o fez pensar que estivesse alucinando foram os olhos do sujeito, cuja íris possuía uma cor avermelhada.
O amigo de Esther olhou em volta pensando em gritar por ajuda, mas não havia ninguém por perto. Tentando fazer algo ele mesmo, o rapaz pegou uma grossa barra de ferro, que se encontrava na calçada, próxima à caçamba — provavelmente tinha caído dela ou era da construção — e bateu com força na cabeça do sujeito. Mas aquilo não teve efeito algum, a barra entortou e o homem sorriu, fitando Erick profundamente.
— Você não sabe lutar. — Não foi uma pergunta.
O homenzarrão não chegou a encostar em Erick, somente aproximou a mão fechada e abriu-a. O rapaz sentiu como se uma rajada de vento o atingisse, mas não viu nada saindo da mão do sujeito, apenas sentiu, e então foi mandado para longe.
Erick bateu forte a cabeça na calçada. Começou a sentir tontura e antes que desmaiasse, viu o homem começar a flutuar poucos centímetros do chão, exatamente como tinha visto aquela figura encapuzada em cima do telhado pouco antes. Mas não pareciam ser a mesma pessoa.
A última coisa que o jovem viu foi aquele homem sair voando em alta velocidade com Esther desmaiada nos braços.
Então apagou completamente.
CAPÍTULO 2:
A GAROTA MISTERIOSA
Se quiser buscar realmente a verdade, é preciso que pelo menos uma vez na vida, você duvide ao máximo que puder de todas as coisas.
– René Descartes.
A CABEÇA DE ERICK DOÍA MUITO e tudo ao seu redor girava. Ele se encontrava em seu quarto deitado em sua cama. A última coisa de que se lembrava era de um clarão que surgiu em torno de um homem misterioso que saiu voando com Esther e de mais nada.
A princípio pensou que tinha sonhado tudo aquilo, como qualquer um faria, mas quando despertou viu seu braço ralado, bem onde bateu ao cair no chão antes de desmaiar, e já não tinha tanta certeza se tudo tinha sido apenas um sonho.
Quanto mais ele tentava se lembrar com clareza, mais sua cabeça doía. Estava tão confuso que nem conseguiria dormir.
Erick supôs que tudo tinha realmente acontecido e então se perguntou como foi parar em seu quarto se havia desmaiado longe de casa. Aquela era a casa na qual o rapaz tinha morado sua vida inteira. Teve que mentir para Esther dizendo estar morando em outro lugar para acompanhá-la.
O quarto ficava no segundo andar e estava todo escuro, exceto pela luz de um poste, que entrava pela janela. Olhando ao redor Erick viu na penumbra uma figura sentada em uma cadeira no canto.
A princípio pensou ser Esther. A figura tinha corpo de mulher e cabelos longos.
— Ei — disse ele indo até a figura, que se encontrava de costas sentada na cadeira.
A pessoa se levantou e ao estalar os dedos, a luz do quarto acendeu. Erick agora podia ver claramente seu rosto. Não era Esther, mas era tão bonita quanto ela, com cabelos igualmente loiros, apenas um pouco mais curtos, e aparentava ter uns dezoito anos.
O rapaz pensou estar vendo coisas. Piscou repetidas vezes, mas se decepcionou ao ver que a garota ainda estava ali. Depois ele voltou a pensar que tudo tinha sido um sonho e que no momento presente ele ainda estava sonhando.
Primeiro me aparece um homem de olhos vermelhos que voa... Agora essa garota!
O rapaz beliscou o próprio braço para confirmar se estava realmente sonhando.
— Não adianta beliscar a si mesmo, isso não é um sonho — disse a garota. — E ainda que fosse, você sentiria a dor do beliscão mesmo assim.
— Quem é você e como entrou aqui? — perguntou Erick num sobressalto.
— Quem sou eu não é importante agora, e é óbvio que entrei pela janela — respondeu ela apontando para a janela aberta atrás de Erick. — Você só precisa saber que fui eu quem te trouxe para cá.
Erick teve a impressão que a conhecia de algum lugar. Tentou se lembrar, mas estava muito confuso para pensar com clareza.
— Eu sou uma habau. Fui enviada em uma missão para seguir aquele homem.
— Perdão, habau? Mas que diabos é isso?
— Como assim você não sabe o que é habau, garoto? Somos aquelas pessoas com habilidades especiais.
O rapaz não conseguiu conter uma gargalhada. Depois fitou a garota e disse:
— E eu sou um X-Men.
— Por que não acredita em mim?
— Porque esses dias eu descobri que o Papai Noel não existe — respondeu ele sarcasticamente.
A garota pareceu nervosa.
— Mas que idiota! Você viu com os próprios olhos o...
— Ah, espere! — cortou Erick lembrando-se de onde a tinha visto antes. — Era você em cima daquele prédio!
— Incrível que tenha me visto. Eu usava um traje que oculta minha energia. Seu prana deve ser muito forte.
— Meu o quê?
— Nem sabe o que é prana. Seu pai ainda não lhe ensinou?
— Meu pai? O que ele tem a ver com isso? — perguntou Erick lembrando-se do falecido pai.
Thomas Tozzen, o pai de Erick, havia morrido de forma misteriosa doze anos antes, no ano de 2003.
Alegaram que o homem havia morrido em um acidente envolvendo um carro grande, que bateu na moto que Thomas pilotava. A pancada teria ocasionado traumatismo craniano, além de ferimentos graves em todo o corpo e ele acabou não resistindo.
Na época isso convenceu Erick que, com apenas oito anos de idade, não conseguia detectar furos nos relatos. O pobre garoto chorou durante vários dias. Depois o correto seria que ele começasse a questionar aquela história mal contada, mas ele nunca voltou a pensar naquilo.
— Como assim o que ele tem a ver, garoto? — a jovem perguntou nervosa.
— Garoto? Fala como se fosse muito mais velha que eu.
— Esqueça. Diga-me onde está seu pai, pois preciso vê-lo.
— Receio que não será possível falar com ele.
— Por que não? Ele está viajando?
— Não — Erick respondeu após alguns segundos. — Ele morreu há muitos anos.
Uma expressão de pânico e tristeza misturada com desapontamento tomou conta do rosto da garota.
— Não pode ser! — exclamou ela. — Como ele morreu? — perguntou chacoalhando Erick.
— Ele morreu em um acidente de moto — contou Erick tirando as mãos da garota de cima dele.
A expressão anterior não foi nada comparada com a que a garota esboçava agora.
— Isso é impossível! — exclamou ela.
A garota, embora estivesse com o olhar fixo em Erick, parecia estar com a mente distante. Estava estagnada. A notícia que acabara de receber parecia ter abalado seu psicológico.
— Vou chamar a polícia! — disse Erick. — O que quer comigo?
A garota voltou a si rapidamente, como se nenhum choque a tivesse abalado.
— Não quero nada, já