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Atuação cênica polifônica: Experiências como docente, encenadora e atriz
Atuação cênica polifônica: Experiências como docente, encenadora e atriz
Atuação cênica polifônica: Experiências como docente, encenadora e atriz
E-book128 páginas54 minutos

Atuação cênica polifônica: Experiências como docente, encenadora e atriz

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Sobre este e-book

Ao se deparar com a obra Atuação Cênica Polifônica, o leitor vai encontrar um trabalho de pesquisa desenvolvido com o máximo de cuidado e sensibilidade, encabeçado pela trajetória de vida da autora em processos de produções artísticas embasadas nas metodologias ativas.
A obra traz as impressões vivenciadas refletindo sobre as ligações da pedagogia empregada no processo criativo da Atuação Cênica, faz referência aos estudos de vários autores consagrados nas áreas de Psicologia e Artes, possui linguagem acessível a todos os públicos que dela zerem uso.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento29 de mar. de 2023
ISBN9788546220984
Atuação cênica polifônica: Experiências como docente, encenadora e atriz

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    SHOW!!!! OTRABALHO É ÓTIMO PARA PESQUISADORES... JOVENS DA ÁREA DA EDUCAÇÃO

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Atuação cênica polifônica - Celiana Aparecida Ferreira de Oliveira

Introdução

A presente obra tem como objeto de estudo a atuação cênica. A investigação está fundamentada em minhas experiências como atriz de teatro, de cinema e professora: estágio curricular, curso de preparação de atores, docente bolsista e processos de encenação da universidade. A partir da percepção desses processos de aprendizagem que pude experimentar, compartilharei aqui minhas inquietações com a cena e suas ramificações. Para isso, adoto uma escrita pautada na metodologia de escrita autobiográfica, narrando o meu percurso e o encontro com a arte do Teatro.

Minha trajetória com as expressões artísticas começou muito cedo, aos quatro anos incompletos. Morávamos em uma região em que havia um fluxo grande de manifestações artísticas.¹ Certo dia, um careta personagem componente do reisado² invadiu a minha casa e eu corri ao perceber sua presença, me escondendo atrás da porta. Estava sozinha no cômodo quando minha mãe se aproximou e me pegou no colo. A personagem estranha insistia em nos convencer que não era nocivo, querendo me pegar no colo, ao passo que eu contraía todos os músculos, me tornando quase inexistente, para evitar seu toque. Minha mãe educadamente tentava conter o constrangimento de ter que expulsar o forasteiro. Era um ser de cara preta, figurino encardido, um chapéu pontudo ornado de espelhos e outras bugigangas: personagem com expressões carregadas e energia fortíssima, apropriando-se do ambiente, transformando a atmosfera com sua presença.

Nos meus oito anos, nossa casa possuía um espaço aberto e arborizado, com uma oficina de produzir oratórios e castiçal de vidro. Com o material disponível na oficina, eu produzia meus próprios brinquedos.

Certa feita, uma colega combinou de brincar na minha casa e ficou encantada quando viu os meus brinquedos. Presenciei, naquele momento, o encantamento de uma fruição artística³.

Na adolescência, trabalhei em uma associação que produzia arte. Não tive dificuldades para aprender o ofício, por possuir boa coordenação motora. Diferente do trabalho artístico que produzia sem supervisão nem intenção comercial, esse novo trabalho passava por um processo rigoroso de triagem.

A produção que era um hobby na infância cedeu lugar a uma disciplina de conteúdo e tempo. Os trabalhos tinham que seguir um padrão e atender ao prazo estabelecido pelos clientes. Além disso, tínhamos que seguir os preceitos religiosos e filosóficos da instituição, questão delicada, motivadora de conflitos, porém muito rica em aprendizado.

O contato com a arte da interpretação ocorreu quando criei uma personagem em um evento, para trabalhar com as crianças na instituição religiosa Grupo Espírita da Fraternidade Irmã Sheila (Gefis)⁴. Posteriormente, adotei a personagem nos trabalhos cotidianos. As crianças gostaram bastante da minha atuação, e a personagem, como ferramenta pedagógica, era muito eficiente pelo fascínio que causava nelas.

A experiência foi muito significativa, as sensações eram estranhas e me inquietavam em busca de compreender melhor o processo. O meu principal dilema era a dificuldade de sair da personagem. Após as apresentações, continuava a euforia e necessitava de bastante tempo para voltar à rotina.

Decidi estudar teatro para compreender o processo criativo da atuação. Para realizar a presente obra, me utilizei de alguns processos com o objetivo de analisar os trabalhos práticos, relacionando com os fundamentos teóricos e compreendendo as metodologias aplicadas.

A partir das obras de Constantin Stanislávski⁵, encenador do século XX, fundamental nas pesquisas para o desenvolvimento do trabalho da atuação cênica, sobretudo no processo de construção da personagem, encontrei um norte para o desenvolvimento da pesquisa, por ele tratar da preparação interior da personagem. Segundo Stanislávski (2016, p. 335), a preparação treina o estado interior do ator, ajuda encontrar a linha direta da ação e cria uma técnica psíquica consciente que leva ao subconsciente. Suas proposições sobre as técnicas psicofísicas, que estimulam a criação e inspiração subconsciente, fazem relação com o processo que vivenciei nos primeiros experimentos cênicos, cujas influências psicológicas eu não compreendia.

A pesquisa não foi embasada apenas em Stanislávski, também abordei Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica, por seu trabalho conceitual sobre o subconsciente e por explicar, de forma operacional, o seu funcionamento. Neste trabalho, buscarei entender como as ideias defendidas por Jung sobre a psique humana são pertinentes ao trabalho criativo de Stanislávski, que trata dos exercícios psicofísicos no treinamento de atores para estimular essa área.

A escolha por dialogar com Stanislávski ocorreu porque, ao pesquisar outros autores, todos se reportavam ao seu método, acrescentando considerações favoráveis ou contrárias, tornando mais evidente a sua importância. Método esse que ele próprio tinha consciência de que não era fixo, estático, pronto, mas se tornou um divisor de águas nas metodologias do trabalho da atuação cênica. Utilizei, também, para o estabelecimento do diálogo, os seguintes autores: Peter Brook (2016), Luís Otavio Burnier (2013), Jean-Jacques Roubine (2011), Divaldo Pereira Franco (2019), dentre outros, com a finalidade de entender os processos da cena artística.

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