Ainda escrevo cartas
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Sobre este e-book
O livro é uma coletânea de mensagens concebidas a partir de diferentes contextos que podem facilmente passar a sensação de ser sobre a sua vida, leitor. Dispensa a velocidade e faz um convite ao abandono da ansiedade. A paixão é ansiosa, mas o amor é meditação.
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Ainda escrevo cartas - Ricardo Milhomem
Dedicatória
Ao meu querido primo, Kayro Milhomem, que doou sua vida inteira à cultura e à arte, deixando aos fazedores de cultura um legado valioso e uma motivação sem tamanho para jamais deixarmos de acreditar na força transformadora da arte e do respeito.
Agradecimentos
À minha esposa, Ana Maria, minha segurança e inspiração. Dela inspiro toda a admiração e novidade do cotidiano. Com ela sonho todos os dias viver os dias todos que terei neste plano.
Ao Colégio de Literatos, associação que me deu identidade de escritor e me compreendeu como artista. Vida longa ao CL!
À minha filha, Elis Maria, por acreditar em mim em todos os momentos e por me ensinar sobre o amor paterno.
Aos meus pais, irmãos e irmãs. Tudo o que sou devo a vocês.
Ao Deus único e verdadeiro, autor de todas as histórias, Poeta dos poetas. Deus seja louvado!
Prefácio
Veio o Século 21, o futuro chegou e a linguagem como tradução dos sentimentos e da alma foi ficando de lado. A comunicação foi sintetizada, esvaziada, automatizada a ponto de se tornar quase mecânica. Sem exagero, José Saramago chegou a dizer que o ser humano pós-moderno corria o risco de voltar à época do grunhido.
Com a pandemia da Covid-19 o mundo deu uma parada brusca, fomos dormir assustados e acordamos com muitas incertezas. E alguns palpites sobre o que virá. Um deles: a rapidez e a superficialidade da fala e da escrita serão incompatíveis com a reflexão necessária à construção da nova realidade.
É hora de reavaliar a vida. Ver o que e quem realmente vale a pena. Só existimos em relação aos outros, só temos significado dentro de um contexto do qual os outros participem. Podemos ser decisivos na vida das pessoas. Elas também nos influenciam, para o bem e para o mal. Ninguém é uma ilha.
Ocorre que as interações humanas produtivas exigem que tenhamos vocabulário, lógica argumentativa, conteúdo, informação, história para contar, gentileza no falar, educação no ouvir, simpatia, empatia, conexão, sintonia. Ficará cada vez mais sozinho quem insistir no monólogo, quem continuar monossilábico, quem transmitir algo que não possa ser entendido, quem se limitar a dar tapinhas nas costas e seguir adiante.
A sociedade líquida de que falava Zygmunt Bauman deu lugar à sociedade gasosa que descobriu que precisará de máscaras (literais e metafóricas) para sobreviver. Na quarentena com isolamento e na circulação com ou sem distanciamento social, o que restou para as pessoas depois da devastação das mortes, das doenças e do fim de uma Era? A cultura. A maioria dos sobreviventes correu para filmes, músicas, livros, fotos, vídeos de toda espécie e a infinidade de produtos que o gênio humano possa conceber.
De repente foi possível relembrar e resgatar a importância dos artistas. A obra deles pode nos formar. Fazer pensar ou repensar. Alimentar a alma. Ou simplesmente divertir. O que eles produzem é fundamental para a nossa saúde mental e para o nosso bom estado de espírito. O ser humano não é só comida, bebida e vidinha cotidiana com seus inúmeros problemas e prazeres.
O livro Ainda Escrevo Cartas, de Ricardo Milhomem, chega numa hora apropriada em que tudo isso está posto na mesa. A hora em que, para nos ajudar a atravessar o deserto existencial e o vazio de expectativas, naturais em tempos de rupturas profundas, precisamos de boas opções de leitura.
A obra apresenta cartas que falam do universo ao redor e do infinito particular. A crônica de personagens imaginários ou reais com histórias que o leitor precisa visitar (ou revisitar). Especialmente, mas não só, quando se trata das venturas e desventuras do amor.
Pode até ser que o novo normal
mude ou restrinja a forma como se beija, se abraça, se faça carinho ou se dê um aperto de mãos. Mas uma coisa não vai mudar nunca – o que está no coração.
Ricardo Milhomem lembra que amor também pode ser escolha. Em linhas poéticas:
"Amor não é mandacaru, não aguenta deserto nem abandono. Amor é como uma planta delicada. Terra boa para o amor é a cumplicidade, respeito e atenção. Sol bom para o amor é carinho, olhar cuidadoso, sonhos