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Eu Te Contei?
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E-book440 páginas4 horas

Eu Te Contei?

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Sobre este e-book

Sou arquiteto, descendente de imigrantes italianos, tenho 70 anos, experimentador de tantas aventuras e observador de tudo o que acontece ao meu redor. De muito tempo que escrevo crônicas e até cartas para mim mesmo. Gosto da dinâmica das crônicas, rápidas, concisas e muitas vezes divertidas, por isso achei que tornaria a leitura do meu livro mais leve e fácil. Decidi escrever esse livro para registrar tantos e tantos fatos que eu vi e vivi e que creio serem uma âncora na memória de tantos leitores.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento20 de nov. de 2021
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    Eu Te Contei? - Paulo Rodella

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    1

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    2

    Image 8

    os traços e a trajetória:

    crônicas que desenham a minha vida

    ou simplesmente

    A trajetória em crônicas de um sujeito comum 3

    Copyrigth 2021 by Paulo Rodella Capa e projeto gráfico: Paulo Rodella

    Revisão: Iris Warkentin Rodella

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Rodella, Paulo, 1950 –

    Eu te contei?

    1ª ed. São Paulo: Clube dos Autores

    ISBN 978-65-00-31520-2

    Biografia, Autobiografia, Crônicas, Humor

    [2021]

    Todos os direitos reservados desta edição à Paulo Rodella

    São Roque, SP

    Telefone +55 11 98554-9610

    4

    SUMÁRIO

    Pré-introdução

    (pg. 07)

    Introdução

    (pg. 08)

    Bloco 1 –

    De onde veio o meu sangue

    (pg. 14)

    Conta da Geografia e História que moldaram os meus ancestrais

    Bloco 2 –

    Todas as guerras

    (pg. 24)

    Trata da guerra e da pós guerra e os seus efeitos nos meus pais

    Bloco 3 –

    Lá atrás no tempo

    (pg. 44)

    Quem foram os meus avós e o que me legaram Bloco 4 –

    Uma geração atrás

    (pg. 64)

    E os meus pais? O que fizeram por mim

    Bloco 5 –

    Olha eu aqui

    (pg. 89)

    Conto de mim mesmo, aventuras e desventuras Bloco 6 –

    O meu primeiro grande amor

    (pg. 201)

    Narro de quando, jovem, o coração bateu muito forte.

    Bloco 7 –

    Fixando os genes

    (pg. 237)

    A incrível experiência de ter os meus filhos Bloco 8 –

    Scarola, uma grande salada

    (pg. 276)

    Meus primeiros sogros, a saga de uma convivência Bloco 9 –

    A grande mudança

    (pg. 319)

    A história de uma guinada na minha vida

    Bloco 10 –

    Deus e eu

    (pg. 395)

    A minha relação com o Divino, com a Fé

    Bloco 11 –

    Uma flor brota no outono

    (pg. 414)

    No outono da minha vida, no meio de tantas folhas secas, achei uma Iris.

    Bloco 12 –

    Minhas netas

    (pg. 447)

    De tudo o que fiz, realizei, pensei e construí nada durará muito tempo, o que ficará de mim são as minhas netas.

    5

    Diferente do que seria de se esperar, ou talvez por isso mesmo, as crônicas não obedecem uma ordem cronológica.

    As histórias estão apresentadas aleatoriamente, ordenadas apenas por blocos, divididas por assunto.

    6

    Image 9

    Pré introdução

    Me perdoem os críticos, mas eu fiz, não fiquei achando coisas nas obras alheias.

    Estas minhas crônicas tem problemas? Tem sim e é isso que as fazem factíveis.

    As minhas crônicas contem erros de português? Tem sim, mas é assim que eu falo e é assim que os que vivem comigo se comunicam.

    Me perdoem, os leitores, se me acham prolixo, se creem que é demais ter que me valer de pouco mais de cento e quarenta crônicas e umas quinhentas páginas para contar um pedacinho da minha vida, mas foi o que eu vivi, afinal falo de mais de trinta mil dias.

    Se me pedissem para ser mais sintético certamente o faria e transformaria o conto da minha vida em uma resposta digna das tão atuais redes sociais, resumiria em...

    "- vivi

    "

    Pretensamente tentei ser um polímata, pois primata eu já nasci, tentei aprender de tudo, observar tudo, provar de tudo, tentar tudo. Deixei quase tudo inacabado. Tentei ser como Leonardo da Vinci.

    E vou ser como ele... Um defunto!

    7

    Introdução

    Res novas molientem (Tentando coisas novas) Sou Paulo, acometido de vida crônica, contando a vida em crônicas.

    Dedico estes pequenos relatos a todos aqueles que me fizeram assim, com muita dedicação, esforço e, acho, com algum prazer.

    Pensei, imaginem que eu pensei!

    Pensei e me dei conta de que vivi tantas aventuras, passei por tantas situações, fui espectador de mil fatos, mas, sobretudo dei o MEU sentido a tudo isso.

    Todos viram o que eu vi, mas não com os meus olhos.

    Pensei então que quando chegasse a minha hora de partir todas as histórias que eu conto, tudo o que me foi contado, todas as mentiras, por mais verdadeiras que fossem, iriam comigo. Para que essas reminiscências sobrevivam vai depender de uns terceiros indivíduos, os fatos seriam ligeiramente alterados, a entonação seria outra e todas as verdades, por mais mentirosas que fossem, se esvairiam por aí.

    Sempre gostei de contar os fatos que vi, vivi ou participei. Gosto de aumentar um ponto a cada conto, de florear, de exagerar. Ainda tenho boa memória. Então por que não perpetuar tudo isso por uma eternidade de mais uns dias?

    8

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    Tive a sorte de cruzar o caminho de tanta gente, pobres e riquíssimos, lindos e feios, brilhantes e tacanhos e guardei deles as histórias mais variadas.

    Estas histórias sou eu. São o meu âmago, a minha essência. Com elas, quem me conhece, há de conferir que é a verdade, quem não me conhece, assim, há de me conhecer.

    Nasci logo no começo da segunda metade do século XX.

    Nasci no papado de Pio XII, vi João XXIII, Paulo VI, João Paulo I e II, Bento XVI e Francisco. Sete papas.

    Gaspar Dutra, Getúlio Vargas, Café Filho, Carlos Luz, Nereu Ramos, vi e lembro de Juscelino Kubitscheck, Jânio Quadros, Ranieri Mazzilli, João Goulart, Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel, João Figueiredo, Tancredo Neves, José Sarney, Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro. Vinte e três presidentes.

    9

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    Vi a rua Augusta acarpetada desde a av. Paulista até os Jardins.1

    Vi o cometa Halley2, vi o homem pisar na lua3. Vi Plutão deixar de ser planeta e voltar como planeta anão.

    1 Para o Natal de 1973 os lojistas da Rua Augusta, um dos maiores centros de comércio da capital acarpetaram toda a extensão do Alto-Augusta, calçadas e a própria rua.

    2 Acreditavasse que Halley fosse o único cometa regularmente visível a olho nu da Terra. A última aparição dele foi em 1986, e seu retorno está marcado para 2061.

    3 Os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin alunissaram o módulo lunar Eagle em 20 de julho de 1969

    10

    Vi boiadas indo a pé ao frigorífico em plena São Paulo.

    As boiadas eram conduzidas pela av. João Dias, hoje uma das principais da zona sul de São Paulo, até o matadouro a três quarteirões do centro do bairro de Santo Amaro.

    Sonhei em ter um Gordini 1093 num Brasil só de Fuscas. Usei telefones públicos com ficha metálica, sonhei em ter algo para me comunicar facilmente com todos, hoje sonho que sumam os celulares.

    Vi o Andraus4 queimando feito uma tocha, senti o fedor do noticiário do incêndio do Joelma5, perdi uma amiga no incêndio do Grande Avenida6.

    Testemunhei o surgimento do chip e a revolução que causou.

    Vivi o evento que, eu imagino, mais mudou a humanidade, a pandemia do Covid-19, de 2020. De uma vez um quarto da inchada humanidade foi colocada em quarentena, um bilhão e meio de indivíduos parados, em casa, numa tentativa desesperada de conter a disseminação daquele vírus.

    4 Em 24 de fevereiro de 1972, o Edifício Andraus, localizado na Avenida São João foi consumido pelo fogo deixando 16 mortos e 330 feridos 5 O incêndio no Edifício Joelma ocorreu em 1° de fevereiro de 1974 na região central de São Paulo, morreram 187 pessoas e mais de 300 feridos.

    6 Em 14 de fevereiro de 1981, o fogo iniciado na sobreloja atingiu todo o Edifício Grande Avenida, e deixou dezessete mortos e 53 feridos.

    11

    Nem os filmes de ficção mais surreais e ilógicos teriam imaginado uma situação assim. Nunca pensei assistir tantas mudanças de hábitos como então.

    Transgredi muito, naveguei sem licença, voei pra bem longe, fiz a minha revolução, fui de esquerda e hoje peno para me manter na vertical, construí, criei e amei muito.

    Por isso começo as minhas crônicas contando da terra natal dos meus pais, terra que é minha terra sem ter de abdicar de ser brasileiro. Conto da guerra, que certamente deu têmpera ao Renato e à Anna Maria. Conto dos meus avós que dentre tantas coisas me ensinaram a ser avô.

    Falo da minha mulher Anna, que me deu tantas alegrias, me deu os filhos e me ensinou como enfrentar a maior das adversidades. E se falo dela falo também dos meus sogros que, para o bem e para o mal, marcaram profundamente a minha vida.

    Conto dos meus estudos e dos trabalhos que eu fiz, das oportunidades que busquei e daquelas que eu deixei passar.

    Quanta coisa mudou nestes setenta anos!

    Sou um pouco de todos que conheci.

    Um pouco dos lugares que fui.

    Um pouco das saudades que deixei e

    Sou muito das coisas que gostei.

    Antoine de Saint Exupery

    12

    Todos deixamos no mundo o que no mundo criamos

    José Saramago – Viagem a Portugal

    O que eu sou devo aos meus pais e às suas peripécias e para tanto acho importante saber de que contexto eles vieram.

    Devo à minha irmã que me serviu de cobaia em tantas experiências. Devo à Anna, minha primeira mulher, aos seus pais e à sua irmã. Devo aos meus professores, líderes e aos grandes amigos, e também a alguns desafetos. Devo o que sou a alguns grandes clientes que acreditaram em mim e nas minhas ideias e a pequenos clientes que me ajudaram a pagar as contas. Devo aos meus filhos que, com paciência, me educaram e me ensinaram muita coisa. E por fim sou o que sou agora à minha mulher Iris, que me desafia e me põe à prova constantemente nos melhores dos sentidos.

    Deixo tudo o que eu criei neste meu mundo, amores, mulheres, filhos, amigos, obras, ideias e... histórias, muitas histórias.

    13

    i Bloco 1 i

    DE ONDE VEIO O MEU SANGUE

    1 Crônica

    14

    A geografia e a história moldando a vida Descrevo a cidade de Bassano del Grappa, a sua história e algumas peculiaridades pois foi lá que os meus pais nasceram e lá os pais dos meus pais fizeram as próprias vidas.

    Certamente Bassano deixou marcas profundas em meus ascendentes e elas me foram passadas, quer culturalmente, quer socialmente.

    Em

    2009

    houve

    uma

    importante

    descoberta

    arqueológica na região de Bassano, foi encontrada uma espada de bronze, "spada di Riccardo", datada de antes do século VII AC, mas, dizem os especialistas, que humanos andavam pela região até entre os séculos XVIII e XVII AC. Esta descoberta e a de artefatos recolhidos nas proximidades de San Giorgio di Angarano (contíguo a Bassano) sugerem que a área era habitada no período pré-romano e mais, possivelmente na era paleoveneta (Paleo-veneti), a mais de mil ou mil e quinhentos anos antes de Cristo, na era do bronze.

    As primeiras citações do burgo medieval datam do ano de 998, enquanto que o castelo foi citado pela primeira vez em 1150. Em 1175 Bassano foi conquistada por Vicenza, mas manteve-se semiautônoma com o status de ‘cidade livre’ até o sec. XIII, quando os nobres de Ezzelino a unificaram a vários territórios do Vêneto.

    Em 1368 o povoado foi adquirido pelo Visconde de Milão e lhe foi dado o status de «terra separata». (Terra Separada)7.

    7 Denominação que significa uma relativa autonomia para a região ou a cidade.

    15

    Image 14

    Piazza dei Signori com a coluna com o Leão de São Marco, símbolo da Serenissima Repvblica di Venezia.

    Em 1404 passou a ser «Stato da Tera» da Serenissima República de Veneza, sendo concedido ao distrito de Bassano o status de podesteria8 autônoma, livre e separada de qualquer cidade e de qualquer jurisdição ( «sit ipsa terra exempta et separata a quacumque civitate et iurisdictione cuiuscumque civitatis») e subordinada somente a Veneza.

    Em 1760 o doge veneziano Francesco Loredan concedeu o título de Cidade à Bassano, que porém o perdeu quando caiu sob domínio da Áustria.

    Em 1815 Bassano estava incluída no Reino da Lombardia e Veneza, e passou a fazer parte do Reino da Itália em 1866. Quando Napoleão Bonaparte passou pela Itália permaneceu em Bassano por vários meses.

    8 A localidade passou a ter um podestade, ou seja, um magistrado encarregado da polícia.

    16

    O nome original da cidade era Bassano Veneto. Foi depois de encarniçadas batalhas no Monte Grappa na primeira grande guerra, quando milhares de soldados lá perderam suas vidas, que se decidiu, em 1928, trocar o nome por Bassano del Grappa, ligando o novo nome ao memorial (L’Ossario) no cume da montanha. Ernest Hemingway durante os dias que foi motorista de ambulância na guerra passou uma temporada em Bassano.

    Durante o conflito de 1914 a 1918, Bassano, ao pé dos Alpes, estava numa posição estratégica, pois era o acesso, pela Val Suganna, a toda a planície veneta e triestina.

    Na Segunda Guerra a situação se repetiu, e nas montanhas e nos vales a violência foi desmesurada.

    1. Conta-se que numa das batalhas para defender o rio Piave, que divide a planície veneta, as suas águas ficaram vermelhas pelo sangue derramado nas pontas das baionetas.

    2. Para retaliar o ataque de partizans9 as tropas nazistas da SS reuniram a população e escolheram, aleatoriamente, quarenta cidadãos, jovens e velhos, homens e mulheres, e os enforcaram, sem nenhuma explicação. Um em cada árvore de uma alameda que foi, oportunamente, renomeada como Viale dei Martiri.

    9 Partizans eram membros do movimento armado de oposição ao fascismo, ao nazismo e à ocupação da Itália pela Alemanha Nazista, em território controlado pelas tropas alemãs.

    17

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    Arquivo pessoal

    Mesmo depois do Armistício Bassano foi invadida pelas tropas alemãs que, em retirada, mataram, trucidaram e deportaram numerosos habitantes.

    18

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    Arquivo pessoal

    O símbolo de Bassano é uma ponte de madeira coberta, que foi desenhada pelo arquiteto Andrea Palladio em 1569 para substituir uma existente desde 1209. Esta ponte foi destruída e reconstruída várias vezes, a última vez durante a última guerra. Os soldados de infantaria de montanha, Alpini, a reconstruíram. Frequentemente grupos de soldados encontram-se na ponte para cantar canções folclóricas e relembrar os atos heroicos das guerras. A ponte é conhecida como ‘il Ponte Vecchio’ ou ‘il Ponte degli Alpini’.

    19

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    Numa extremidade da ponte está, desde 1779, a

    "Distilleria Nardini" , tradicional produtora de grappa, um destilado de bagaço de uva, muito parecido com a bagaceira portuguesa.

    Arquivo pessoal

    O avô da minha avó materna era, no século XVIII, o cobrador de impostos por passagem, pedágio, na ponte.

    Hoje, Bassano del Grappa, com cerca de cinquenta mil habitantes, é uma cidade cosmopolita de vida cultural vibrante, tem um parque industrial respeitável e é referência em todo o Vêneto.

    Desde muito tempo que a cidade abriga inúmeros ceramistas que tem uma produção de primeira grandeza. O

    "Palazzo Sturm" é hoje sede do museu da cerâmica.

    20

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    Além da louça a cidade tem pendores artísticos e arquitetônicos admiráveis.

    O museu da Cidade com vários objetos arqueológicos e obras de Antonio Canova e Tiepolos, e desenhos de Gian Lorenzo Bernini, Spagnoletto, Albrecht Dürer e Rembrandt. O

    "Palazzo Michieli-Bonato" tem, na fachada, um afresco de Jacopo da Bassano.

    O prédio da prefeitura, Palazzo del Municipio , foi construído em 1404, tem uma arcada característica, la Loggia, também com um afresco de Jacopo da Bassano.

    Arquivo pessoal

    21

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    il Castello Superiore ou Castello degli Ezzelini

    nos remete à Idade Média, ele teve suas obras iniciadas no ano de 998, mas o que vemos hoje vem dos séculos XII e XIII.

    Tem as muralhas bastante preservadas formando um contorno pentagonal e tem uma torre chamada dell’Ortazzo.

    22

    A principal igreja da cidade é il Duomo di Santa Maria in Colle, Piazza dei Signori, que teve sua construção iniciada por volta do ano 1000, foi reformada em 1417.

    Contém obras primas de Leandro da Bassano, Ottavio Marinali e outros, e também um órgão de 1796.

    A igreja de "San Giovanni Battista" , Piazza delle Herbe, foi construída no sec. XIV e restaurada no séc. XVIII.

    Nos arredores de Bassano encontramos Villa Rezzonico, projetada por Baldassare Longhena, a "Villa Agnesina" , em estilo Art Nouveau, projeto de Francesco Bonfanti de 1923, e do sec XVII a "Villa Bianch Michiel" com um lindo jardim decorado com estátuas.

    Curiosidade: Renzo Rosso, o fundador e presidente do OTB Group (detentor das marcas Diesel, Viktor&Rolf e outras) é natural e morador dos arredores de Bassano.

    23

    i Bloco 2 i

    TODAS AS GUERRAS

    A guerra acabou. Acabou?

    Para que o leitor se situe seguem os personagens que me refiro nos textos na ordem em que são citados neste bloco Renato Rodella (meu pai),

    Alcibiade Pellegrini, Renato dal Zotto e Imelde Pellegrini (primos em 1º grau do meu pai),

    Gina e Antonia Passuello (irmãs da minha mãe), Anna Maria Passuello (minha mãe),

    Bruna Rodel a (irmã do meu pai)

    Claudio dal Canton e Rafaello Fantel i (amigos do meu pai) Massimiliano Rodel a (meu avô paterno)

    4 Crônicas

    24

    O conflito e as decisões A Guerra de 40

    Em 1940 meu pai, Renato Rodella, tinha 14 anos incompletos.

    Com dezesseis anos, no auge da guerra, ainda sob a égide da ‘Grande Italia’ fascista ele foi convocado para servir no exército do Eixo. Serviu a gloriosa arma ‘degli Alpini’, no 6º regimento cujos batalhões de Bassano atuavam em todo o vale do rio Brenta e na região dos ‘ Sete Comuni’.

    ‘Gli Alpini’ é um corpo de infantaria especializado em guerra nas montanhas, e foi criado em 1872, o que a faz a mais antiga arma de infantaria de montanha do mundo, cuja primeira missão foi defender as fronteiras da Itália com a França e com o império Austro-Húngaro.

    Durante a Primeira Grande Guerra ‘gli Alpini’ se destacaram na luta contra os soldados da Austro-Hungarian Kaiserjäger e contra os da German Alpenkorps na batalha de três anos que ficou conhecida como ‘A guerra na neve e no gelo’.

    Na Segunda Grande Guerra ‘gli Alpini’ lutaram ao lado das forças do Eixo principalmente no fronte oriental e nas campanhas dos Balcãs.

    Cada divisão ‘degli Alpini’ tinha por volta de 600

    oficiais e 17mil soldados, tinha também 5mil mulas e 500

    veículos de vários tipos.

    25

    Em 1942 Mussolini, para agradar a Hitler, levou ‘gli Alpini’ a invadir a Rússia, mas lá, ao invés de colocados em combate nas montanhas do Cáucaso, eles foram deslocados para o fronte das planícies do rio Don. Isso resultou num desastre estratégico sem precedentes.

    As tropas armadas, treinadas e equipadas para a guerra nas montanhas foram massacradas por tanques e infantaria mecanizada. Apesar disso ‘gli Alpini’ foram mantidos naquele fronte até Janeiro de 1943, quando, os soviéticos romperam a barreira do Eixo. No recuo os soldados italianos conseguiram se manter, a duras penas, na ‘Batalha de Nikolayevka’, até que, derrotados, recuaram como todo o Eixo (essa aventura heroica está maravilhosamente descrita no livro "Nikolajewka: c’ero anch’io" de Giulio Bedeschi, 1979).

    A divisão Tridentina voltou para a Itália com 4.250

    dos 15.000 homens que embarcaram na malfadada invasão, a divisão Giulia com 1.200 dos 15.000 e a divisão Cuneese foi completamente aniquilada.

    Após o ‘Armistício de Cassibile’ entre o Reino da Itália e os Aliados, em 8 de setembro de 1943 o país ficou dividido em dois.

    O sul da Península e as forças do Reino estavam sem qualquer ordem.

    Muitas divisões do exército, marinha e aeronáutica renderam-se às forças alemãs sem nenhuma luta.

    26

    A Divisão ‘degli Alpini’ Taurinense juntamente a 19ª

    Divisão de Infantaria Venezia e os remanescentes da 115ª

    Divisão de Infantaria Emilia resistiram aos alemães, e após sofrerem pesadas baixas, dezesseis mil dos seus homens escolheram lutar contra o nazi-fascismo e para tanto, em grande parte, formaram a Divisão Italiana de Partigianni Garibaldi

    A derrota no fronte russo por incompetência de comando e estratégia, aliada aos crescentes desmandos dos políticos e à desilusão com o regime fascista fez com que um número enorme de soldados italianos desertassem e muitos se juntassem à resistência.

    Renato, seus primos e amigos foram alguns dos que tomaram essa decisão, eles uniram-se para derrubar o estado nazi-fascista.

    Renato dal Zotto e Alcibiade Pellegrini, primos de Renato Rodella foram figuras de expressão entre os partisans.

    Seria uma guerra de guerrilha nas montanhas, montanhas que todos eles conheciam tão bem. Uma batalha cruenta, sem regras e sem moral, bem ao gosto das tropas da SS alemã.

    Meu pai me contou poucos fatos da guerra, acho que era muito difícil falar comigo sobre eles. Paciência, não sei se ele foi herói, mas acho que, tampouco, foi um covarde.

    Com o tempo fui colecionando as informações que obtive de variadas fontes e que permitem que eu faça esta afirmação.

    27

    Ele me contou das dificuldades que era ficar entocado, por dias a fio, em cavernas escavadas nas montanhas, sob ataque dos alemães.

    Contou também que, certa feita, um alta-patente dos partisans foi fazer uma visita à unidade que meu pai servia para saber das condições em que viviam. Oras para mostrar que o ‘rancho’ era bom, resolveram caprichar, mas não havia carne disponível, então alguém teve a ideia de servir o possível. Num casario próximo havia uma infestação de ratazanas..., pronto, com alguns tiros a proteína animal estava

    garantida,

    limpos,

    picados

    e

    assados

    se

    transformaram em apetitosos pombos. Acontece que o oficial, provavelmente muito escolado, desconfiou e...

    convidou (obrigou) a todos de participar do lauto banquete.

    A guerra para aquela região foi particularmente cruel.

    Quando a Itália assinou o armistício, em 43, meu pai tinha dezessete anos incompletos e já servia nas tropas regulares, e no calor da juventude abandonar aquilo que não acreditava e partir para a oposição não deve ter sido uma decisão tão difícil de ser tomada. Fato é que

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