Seu Sangue Minha Vida

De Rosâna Macêdo Santos

Este livro Rosana Macêdo Santos, todos relacionados a seu processo de autoconhecimento e cura. Com diálogos e contextos do cotidiano que captam o leitor a cada capítulo, explicando suas lições sobre a vida e descobertas existenciais em histórias curtas, cheias de fantasias e reflexões pessoais. Começou a escrever como uma terapia ocupacional, incentivada por sua psicóloga por sofrer de uma forma de esquizofrenia que a faz ouvir vozes, onde tem sonhos e visões, que são a matéria prima de seus escritos.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 3 de mai. de 2018

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Seu sangue, minha vida

Rosana Macedo Santos

S237s      Santos, Rosana M.

      Seu sangue, Minha vida -1 ª ed.

2018.

      109p. ; 21 cm.

      ISBN

      1. Romance. Novela. Conto. Histórias.

CDU: 82-3

O PRIMEIRO DIA EM CASA

Hoje o céu escureceu cedo e enquanto os trovões e relâmpagos pareciam rasgá-lo como sempre durmo agradecendo pela chuva que alivia a seca do nordeste brasileiro, lugar em que se perde o pouco que tem, o gado padece pela sede, tornando-se uma fonte de alimentação para os urubus e a limitada quantidade de água encontrada é dividia entre a família e os animais.

Reconheço a ingenuidade daquelas crianças que na falta de brinquedos, inventam as mais ilusórias brincadeiras num terreiro de terra batida, com a poeira sendo levantada e sacolas plásticas transformando-se em bolas, pipas e qualquer madeira é valorizada, porque a imaginação possui o seu próprio par de asas.  À medida que o tempo passava as mães precisava dos filhos para buscar água, visando banhar-se adequadamente. 

Devo dizer que assim foi a minha infância e dormir pensando nos problemas e na alegria que não deixa os rostos dos nordestinos, que de tão fortes, jamais permitem que as aflições lhe tirem a curva nos lábios de um sorriso sincero.

Recordo-me dos dias em que só se avistavam crianças correndo na chuva e na manhã seguinte, as plantas vibravam com a gratidão, de modo que até mesmo os animais estariam fortes e os açudes cheios para sobrevivermos aos próximos meses.

Eu acordei e primeiro tentei sentir o cheiro da terra molhada ao mesmo tempo em que o frio surgia em minhas janelas, mas isso de forma alguma aconteceu, pois, o que vi foi um quarto que não era meu ou sequer parecia ser. O que vi, foi um quarto grande, com uma porta dupla branca e outra menor à esquerda. Foi então que pulei da cama que era pequena e branca e vi ao meu lado um banheiro com roupas penduradas em sua porta que não tinha fechadura, mas uma mão gravada na madeira. Quando encostei minhas mãos nela, pude percebê-la abrindo como mágica e naquele banheiro existiam muitos armários