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Dimensões do Ritmo nos Contos de Machado de Assis
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Dimensões do Ritmo nos Contos de Machado de Assis
E-book136 páginas1 hora

Dimensões do Ritmo nos Contos de Machado de Assis

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Sobre este e-book

Dimensões do Ritmo nos Contos de Machado de Assis lança um novo olhar sobre a obra machadiana, conferindo atenção à experiência de leitura dessa mesma obra, bem como à existência de um clima específico, chamado pela autora de Stimmung de Cosme Velho, que emerge do estabelecimento de variados ritmos textuais. Greicy P. Bellin analisa os contos musicais de um dos mais reconhecidos escritores brasileiros a fim de fornecer parâmetros metodológicos que possibilitem a análise das dimensões rítmicas não apenas nos textos de Machado, mas nos textos em prosa em geral. A despeito do percurso histórico e crítico dos conceitos de ritmo e Stimmung na área das Humanidades, ainda não foi estabelecida uma relação entre os dois conceitos no que concerne à experiência de leitura do texto literário e, mais especificamente, do texto machadiano, analisado, na grande maioria das vezes, como produto de questões sociais, políticas, econômicas e étnico-raciais. O livro convida-nos a desestabilizar esta perspectiva de análise apontando para a existência de uma paisagem ritmada por meio da qual o texto machadiano se desvela diante dos olhos do leitor em uma verdadeira cartografia de ritmos, que compreendem desde os acordes do violoncelo do artista impregnado pelo referencial europeu, passando pelas teclas do piano do artista angustiado diante das demandas do mercado editorial, até a emergência da batida sincopada característica dos ritmos populares que começavam a despontar no contexto do século XIX. O leitor é, assim, conduzido a transitar por um universo rítmico capaz de lhe transportar diretamente para o Cosme Velho, em um verdadeiro fenômeno de presença que garante a sobrevivência do texto machadiano até os dias atuais.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de out. de 2022
ISBN9786525030425
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    Dimensões do Ritmo nos Contos de Machado de Assis - Greicy Pinto Bellin

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    Dimensões do ritmo nos

    contos de Machado de Assis

    Editora Appris Ltda.

    1.ª Edição - Copyright© 2022 da autora

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98. Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores. Foi realizado o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nos 10.994, de 14/12/2004, e 12.192, de 14/01/2010.Catalogação na Fonte

    Elaborado por: Josefina A. S. Guedes

    Bibliotecária CRB 9/870

    Livro de acordo com a normalização técnica da ABNT

    Editora e Livraria Appris Ltda.

    Av. Manoel Ribas, 2265 – Mercês

    Curitiba/PR – CEP: 80810-002

    Tel. (41) 3156 - 4731

    www.editoraappris.com.br

    Printed in Brazil

    Impresso no Brasil

    Greicy Pinto Bellin

    Dimensões do ritmo nos

    contos de Machado de Assis

    Este livro é dedicado ao Sidney, à Stella e ao Sepp.

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço a todas as pessoas que tiveram papel fundamental na elaboração e na consolidação da análise presente neste livro, entre elas, em especial:

    Meu marido, Sidney Jefferson Cleto, com sua raríssima e genial sensibilidade de leitor não profissional de literatura, que vem me acompanhando com debates e intuições ao longo dos 15 anos de casamento e de propósito em disseminar leituras inovadoras da obra machadiana.

    Meu aluno Leandro Ferreira do Amaral, doutorando em Teoria Literária do Programa de Pós-Graduação da Uniandrade, por sua colaboração inicial na análise do ritmo nos contos musicais de Machado de Assis.

    Meu eminente colega Hans Ulrich Sepp Gumbrecht, emérito de Stanford, não apenas por escrever o prefácio deste livro, mas principalmente pelos anos de intensa correspondência eletrônica, a qual envolveu um afetuoso e estimulante diálogo sobre as possibilidades não hermenêuticas de leitura dos objetos culturais.

    Meus colegas e alunos do grupo Seminário de Estudos de Produção de Presença (Sepp), pelas sempre certeiras intuições e discussões a respeito de um fenômeno até então desconhecido por mim.

    Meus colegas e alunos do grupo de pesquisa Machado de Assis: novas perspectivas e abordagens, por escutarem com paciência o que parecia não passar de mero devaneio teórico.

    Todos os meus alunos dos dois semestres letivos de 2021, nas disciplinas Metodologia da Pesquisa Acadêmica e Tópicos de Leitura II, ministradas no Programa de Pós-Graduação em Teoria Literária do Centro Universitário Campos de Andrade (Uniandrade) durante a pandemia da covid-19, pelas intuições sobre ritmo e sobre a prosa machadiana, as quais viabilizaram a redação e a finalização deste manuscrito.

    Minha neta, Stella Mildemberg, que, com a inocência de quem já se interessa por Machado na mais tenra idade, me mostrou o ritmo que há na própria vida.

    PREFÁCIO

    UMA GRANDE INOVAÇÃO

    NA TEORIA LITERÁRIA

    Dimensões do ritmo nos contos de Machado de Assis, o novo livro de Greicy Pinto Bellin, marca um momento de grande inovação na Teoria Literária, e espero que receba a atenção internacional merecida e necessária. A autora se concentra nos fenômenos da prosódia nos textos em prosa e, a fim de poder compreender o desafio ao qual ela se expõe, precisamos levar em consideração que a Crítica Literária ainda não explorou com profundidade as funções da prosódia nos textos poéticos, nos quais são obviamente muito mais palpáveis e mais fáceis de serem identificadas. Até bem recentemente, a reflexão sobre formas poéticas, entre elas o verso, o metro, a rima e a estrofe, foi dominada pela chamada teoria da sobredeterminação, ou seja, pela visão segundo a qual o alcance destas formas pode ajudar a dar forma ao conteúdo dos próprios poemas. Por razões filosóficas elementares, esta suposição não pode ser aceita porque a prosódia (som) e a semântica (conteúdo) não pertencem a mesma dimensão ontológica e não são capazes, portanto, de se conectarem entre si em uma relação funcional.

    O que falta na Teoria Literária para uma análise bem sucedida das formas prosódicas é uma definição abrangente de ritmo na qual todas estas formas possam fazer parte, uma definição que nos habilite a identificar e compreender suas funções principais. A definição que Greicy propõe no início do livro descreve ritmo como qualquer solução prática para o problema dos fenômenos temporais em seu sentido próprio, fenômenos estes que possuem uma forma. E onde reside o principal problema filosófico? Se entendermos por forma a simultaneidade entre uma referência externa e uma referência interna (podemos pensar em uma linha ao redor de um círculo ou um de um quadrilátero), torna-se claro que um fenômeno em permanente mudança e/ou movimento (isto é, um fenômeno temporal em seu sentido próprio), não será considerado uma forma. Os ritmos, por outro lado, são capazes de conferir forma aos fenômenos temporais ao repetir certas sequências de mudanças, o que significa dizer que substituem a estabilidade da forma sem movimentos e/ou mudanças pela estabilidade da própria reiteração.

    Poderíamos então dizer que, ao conferir forma a objetos temporais, os ritmos eliminam os efeitos da temporalidade e da mudança. Isso nos ajuda a perceber duas de suas mais importantes funções, sendo uma delas a função mnemônica. Todos nós sabemos como é fácil reter conhecimento em nossa mente por meio de formas prosódicas – as quais, ao excluir todos os efeitos da temporalidade, reduzem o risco de esquecimento da informação, uma vez que relacionadas ao transcorrer do tempo entre a aquisição de um conhecimento e nossas tentativas de rememorá-lo. Ainda mais importante para os textos poéticos e para a literatura em geral é a função do ritmo (e consequentemente, da prosódia) que podemos chamar de conjuração. Frequentemente temos a impressão de que os conteúdos dos poemas se tornam tangíveis, como se a distância temporal e espacial que nos separam deles tivesse simplesmente desaparecido. Isso se observa quando eu, por exemplo, escuto uma recitação das Elegias Romanas de Goethe. Neste momento os belos corpos femininos evocados pelo autor começam a ter um impacto erótico sobre mim – como se estivessem fisicamente presentes.

    *

    Mas a maior inovação que o livro de Greicy nos traz vai muito além da utilização de um novo conceito de ritmo e suas consequências para a compreensão das funções da prosódia, levando em consideração que ela está trabalhando com os ritmos nos textos em prosa, uma tarefa na qual muito poucos críticos literários se envolveram com seriedade. Percebo a verdadeira conquista filosófica e a importância do argumento da autora nas reflexões sobre a conexão funcional entre prosódia e o que chamamos de atmosfera ou disposição de humor (clima em Português, "Stimmung em alemão) na linguagem cotidiana. Quais significados podemos associar a estas palavras? Acredito que eles se referem a efeitos específicos que certos, e muitas vezes discretos, impactos do ambiente físico sobre nossos corpos podem desencadear em nossa psique ou em nossas emoções. O que considero decisivo aqui – e que nunca foi empiricamente ou conceitualmente explicado – é a relação entre um impulso corporal e as formas pelas quais este mesmo impulso é processado na mente. Toni Morrison, a escritora afro-americana laureada com o prêmio Nobel, descreveu humor, clima ou Stimmung como o belo paradoxo de ser tocado por dentro". Todos nós sentimos como o clima, a música, e como os sons e timbres de vozes podem provocar estes efeitos, de preferência com uma ampla variedade de reações individualmente diferentes.

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