Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

A tragédia do tédio da repetição em clarice lispector
A tragédia do tédio da repetição em clarice lispector
A tragédia do tédio da repetição em clarice lispector
E-book248 páginas4 horas

A tragédia do tédio da repetição em clarice lispector

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Lançando um olhar sobre os mecanismos de repetição empregados por Clarice Lispector na elaboração de seus textos, Carlos Eduardo Brefore Pinheiro verifica de que forma esse procedimento contribui para a construção de possíveis sentidos na obra da escritora. Tal verificação se consolidou unindo a teoria literária, isto é, a teoria da narrativa – sobretudo a do romance moderno – à teoria psicanalítica acerca do tema da "repetição", com base nos estudos de Sigmund Freud. Esta obra se alicerçou em dois pilares: de um lado, perceber a maneira pela qual tal procedimento se realiza nos romances Perto do coração selvagem, O lustre, A maçã no escuro, Água viva, A hora da estrela e Um sopro de vida, bem como nos contos "Amor", "A imitação da rosa" e "Feliz aniversário", de Laços de família; "Os obedientes" e "A quinta história", de A legião estrangeira; "Felicidade clandestina" e "Cem anos de perdão", de Felicidade clandestina; "Miss Algrave" e "O corpo", de A via crucis do corpo; "A fuga" e "Um dia a menos", de A bela e a fera; e na crônica "A geleia viva", de Para não esquecer; e, de outro, com um olhar mais demorado, perceber como a "repetição" atua na textualidade de A paixão segundo G. H.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jan. de 2016
ISBN9788547300265
A tragédia do tédio da repetição em clarice lispector

Relacionado a A tragédia do tédio da repetição em clarice lispector

Ebooks relacionados

Artes Linguísticas e Disciplina para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de A tragédia do tédio da repetição em clarice lispector

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    A tragédia do tédio da repetição em clarice lispector - Carlos Eduardo Brefore Pinheiro

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição – Copyright© 2015 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO LINGUAGEM E LITERATURA

    A Deus, responsável por tudo o que sou e faço.

    À minha família, sempre presente em minha vida.

    À professora Cleusa Rios, por me auxiliar nesta pesquisa.

    Ordenando as coisas, eu crio e entendo ao mesmo tempo.

    (Clarice Lispector)

    APRESENTAÇÃO

    No universo da fortuna crítica a respeito da obra de Clarice Lispector, figuram estudos que se voltam para os mais diferentes temas, calcados tanto na teoria literária, como em outras teorias estéticas e outros ramos do saber. As relações entre o paródico e o epifânico; as narrativas calcadas no signo da falta e da incompletude; o olhar como instrumento de um conhecimento que se faz pelo autoconhecimento; as configurações da identidade e da alteridade; as fronteiras entre a literatura e a filosofia; a identificação do expediente de vozes essencialmente femininas que levam a uma reflexão sobre o lugar e a posição da mulher na sociedade; o questionamento acerca da linguagem literária, sob a forma da metanarrativa; e a identificação e as diferenças entre a escrita de Lispector e o existencialismo de Sartre são apenas algumas das possibilidades de leitura da obra dessa escritora, a que a crítica tem se dedicado ao longo dos anos.

    Da união entre a teoria literária e as teorias psicanalíticas surgiram diversos estudos sobre os textos de Clarice Lispector, tais quais a questão da temática do mal que impregna suas personagens e tramas; o elemento grotesco como disparador de determinadas impressões, como o Unheimlich freudiano; o lugar do leitor nos seus textos, tomando-o como evidência de um ato que não permite a neutralidade; e a visão psicanalítica das possíveis contribuições biográficas para a construção do texto literário. Dentre as inúmeras direções que a crítica literária moderna segue, creio que um estudo que se dedique aos textos de Clarice Lispector, unindo a teoria literária à teoria psicanalítica, trará à luz uma reflexão a mais sobre o seu fazer artístico, a saber: verificar como o mecanismo da repetição, empregado na tessitura da obra dessa escritora, contribui para a construção de possíveis sentidos. Feitas essas considerações, desenvolvidas as análises, comprovadas as hipóteses, talvez se possa chegar a um patamar interpretativo a respeito dos fundamentos que nortearam a autora na elaboração das obras elencadas para este estudo, sobretudo A paixão segundo G. H., no que concerne às tendências estéticas que trilhou, sem perder de vista o diálogo aberto pela artista, avivando relações entre cultura, arte e sociedade.

    sumário

    INTRODUÇÃO  

    CAPÍTULO 1

    A REPETIÇÃO NOS ROMANCES DE CLARICE LISPECTOR 

    1.1. Um sopro de vida  

    1.2. Perto do coração selvagem 

    1.3. O lustre 

    1.4. A maçã no escuro 

    1.5. Água viva  

    1.6. A hora da estrela 

    CAPÍTULO 2

    A REPETIÇÃO NOS CONTOS DE CLARICE LISPECTOR 

    2.1. Laços de família 

    2.2. A legião estrangeira  

    2.3. Felicidade clandestina 

    2.4. A via crucis do corpo 

    2.5. A bela e a fera 

    2.6. Para não esquecer 

    CAPÍTULO 3

    A REPETIÇÃO EM A PAIXÃO SEGUNDO G. H. 

    CONSIDERAÇÕES FINAIS 

    REFERÊNCIAS 

    INTRODUÇÃO

    Em seu artigo Recordar, repetir e elaborar (1914), Sigmund Freud afirma que a neurose obsessiva acarreta na mente do sujeito um bloqueio, isto é, um esquecimento de impressões, cenas, vivências¹. Essa ausência de lembranças funciona como uma recusa das mesmas, levando o paciente a reprimi-las e, em vez de recordar o esquecido, entregar-se a um processo de atuação, isto é, de repetição: ele não o reproduz [o esquecido e reprimido] como lembrança, mas como ato, ele o repete, naturalmente sem saber que o faz². Nesse sentido, quanto maior a resistência da mente, tanto mais o ato de recordar será substituído pelo ato de repetir; e caberá ao psicanalista reconhecer as resistências psíquicas do analisando, na tentativa de dominá-las, levando-o do processo de repetição para o processo de recordação – em termos descritivos: preenchimento das lacunas da recordação; em termos dinâmicos: superação das resistências da repressão³. Sendo as resistências dominadas, ele (o analisando) pode relatar sem qualquer dificuldade as situações e os nexos esquecidos e chegar ao processo de elaboração, de superação, prosseguindo o processo clínico da terapia.

    A questão da repetição (wiederholen) já perseguia Freud desde a época da publicação de A interpretação dos sonhos (1900), desempenhando um papel decisivo no futuro da teoria e da técnica psicanalítica. De acordo com Garcia-Roza: "a importância desse fato ficou patente para Freud⁴, quando sua paciente [Dora] o abandona três meses depois de iniciado o tratamento, ‘repetindo’ com ele a situação que havia vivido anteriormente com Herr K.⁵. Esse assunto voltou a ser abordado por ele em 1912, no artigo A dinâmica da transferência", e, no já citado Recordar, repetir, elaborar, o psicanalista, referindo-se à transferência dentro do processo terapêutico, afirma que ela mesma é somente uma parcela da repetição, e que a repetição é transferência do passado esquecido, não só para o médico, mas para todos os âmbitos da situação presente⁶.

    No artigo O estranho (Das Unheimliche), de 1919, o tema da repetição foi retomado por Freud. Encarando o estranho como aquela categoria do assustador que remete ao que é conhecido, de velho, e há muito familiar⁷, o psicanalista busca teorizar as manifestações psíquicas ligadas ao medo e ao horror, recorrendo inclusive às raízes da expressão alemã Unheimlich e seus possíveis usos (entre eles, a importante referência a Friedrich Schelling: "‘Unheimlich’ é o nome de tudo que deveria ter permanecido... secreto e oculto mas que veio à luz⁸) para conceituar à luz da psicanálise esse estranho. A essa noção, Freud associa outra, a da repetição, sendo a segunda uma parte integrante da primeira: Todas estas considerações preparam-nos para a descoberta de que o que quer que nos lembre esta íntima ‘compulsão à repetição’ é percebido como estranho"⁹. De acordo com Garcia-Roza:

    O que caracteriza o estranho é pois essa proximidade e essa familiaridade aliadas ao oculto. Mas o absolutamente novo, o que jamais se deu na experiência, não pode ser temido. Só há Unheimlich se houver repetição. O estranho é algo que retorna, algo que se repete, mas que ao mesmo tempo se apresenta como diferente. O Unheimlich é uma repetição diferencial e não uma repetição do mesmo.¹⁰

    Por fim, no ano seguinte, 1920, Freud publicou Além do princípio do prazer, em que o tema da repetição reaparece para fundamentar o conceito de pulsão de morte, que se expressa pela compulsão à repetição. No texto em questão, merece destaque o capítulo II, em que se discute a questão das neuroses traumáticas, nas quais tal compulsão se estabelece por meio dos sonhos: os sonhos que ocorrem numa neurose traumática têm a característica de que o doente sempre retorna à situação do acidente, da qual desperta com renovado terror¹¹. Ainda no mesmo capítulo, o psicanalista analisa as brincadeiras infantis à luz da repetição: no caso de experiências agradáveis, como uma história contada, em que a criança pede que se reconte a narrativa, da mesma maneira, várias vezes; e ainda no caso de experiências desagradáveis – esconder e encontrar um mesmo objeto inúmeras vezes (referência ao estágio em que a criança encara a ausência da mãe ou do pai como algo eterno), em uma tentativa de dominar uma impressão poderosa, manipulando o mundo em vez de receber as ações de modo passivo. Dessas análises, Freud chegou à associação entre pulsão e repetição: Um instinto [pulsão] seria um impulso, presente em todo organismo vivo, tendente à restauração de um estado anterior¹². Assim, pelo princípio da repetição, o psicanalista deixa entrever o caráter conservador da pulsão, que resiste a mudanças e repete sempre o mesmo.

    Saindo do terreno da psicanálise e adentrando o campo da teoria literária, o mecanismo da repetição está presente desde sempre na criação de obras, como recurso formal e ideológico que atravessa todas as manifestações da arte verbal, quer pertençam ao gênero narrativo, quer ao gênero lírico ou ao gênero dramático. Desde a estrutura do verso (do latim, versus, isto é: retorno, voltar para trás) com sua repetição métrica, passando pelas figuras sonoras, calcadas em um procedimento repetitivo (como a assonância e a aliteração), e pelos próprios esquemas rímicos, bem como o paralelismo da poesia medieval; ou ainda pela repetição de estruturas narrativas, tão exploradas pelo Estruturalismo, como as formas/fôrmas do gênero policial ou do gênero fantástico; ou, por fim, a constante retomada de temas e estruturas, que delimita os chamados estilos de época – a repetição é um recurso considerável tanto para o artista que cria o objeto estético, quanto para o crítico que se lança em uma análise das suas diversas instâncias (do objeto), com vistas a extrair dela seus possíveis sentidos.

    Mas, e quando a repetição, enquanto recurso literário, agrega em si também os fundamentos que a constituem um tema de interesse da psicanálise? Como proceder uma análise em que a teoria psicanalítica e a teoria literária se unam na tentativa de interpretação da obra? Uma análise que contemple a produção de Clarice Lispector talvez possa dar conta de abarcar essa perspectiva e tirar dela resultados relevantes. Empregada em muitos de seus textos, a própria autora afirma ser a repetição um recurso formal que lhe é querido. Em uma de suas crônicas, intitulada A explicação inútil¹³, Clarice, lançando-se na empreitada – difícil, segundo ela mesma – de relembrar como e por que escreveu seus textos (Não é fácil lembrar-me de como e por que escrevi um conto ou um romance. Depois que se desapegam de mim, também eu os estranho.¹⁴), tenta dar a seus leitores algumas possíveis explicações. Basicamente, ela se concentra nos contos do volume Laços de família, de 1960, e, ao chegar ao conto A imitação da rosa, afirma:

    Imitação da rosa usou vários pais e mães para nascer. Houve o choque inicial da notícia de alguém que adoecera, sem eu entender por quê. Houve nesse mesmo dia rosas que me mandaram, e que reparti com uma amiga. Houve essa constante da vida de todos, que é a rosa como flor. E houve tudo o mais que não sei, e que é o caldo de cultura de qualquer história. Imitação me deu a chance de usar um tom monótono que me satisfaz muito: a repetição me é agradável, e repetição acontecendo no mesmo lugar termina cavando pouco a pouco, cantinela enjoada diz alguma coisa.¹⁵

    Já em seu romance de estreia, Perto do coração selvagem, de 1944, Clarice lança mão do recurso da repetição, que marcará a vida sentimental da protagonista, Joana, em diferentes fases de sua vida: trata-se do triângulo amoroso, que surge na infância da personagem (Joana-professor-esposa) e que se repetirá por duas vezes em sua vida adulta (primeiramente: Joana-Otávio-Lídia; em seguida: Joana-homem-mulher). Nesse sentido, o narrador reforça para o leitor essa ideia de repetição que é a vida de sua personagem, quando afirma que sua vida era formada de pequenas vidas completas, de círculos inteiros, fechados, que se isolavam uns dos outros¹⁶, porém sempre com ela, Joana, recomeçando no mesmo plano. E não apenas o narrador, mas a própria Joana demonstra uma percepção com relação a isso, quando se questiona: Quantas vezes terei que viver as mesmas coisas em situações diversas?¹⁷.

    Em seu segundo romance, O lustre, de 1946, novamente Lispector utiliza o procedimento da repetição como recurso para a construção de sua trama. Agora, a protagonista, Virgínia, repete na vida adulta uma situação de sofrimento que já vivenciara em sua infância: primeiramente, com Daniel (Ela sofrera por Daniel, só isso.¹⁸), em sua juventude no campo; agora, com Vicente, na cidade (pressentira que Vicente podia rir tão alto não apenas como Daniel mas em estúpido riso que no meio da força lembrava sua impossibilidade de rir mais alto.¹⁹). Nesse sentido, a protagonista começa a ver algo do temperamento de seu irmão presente no temperamento de seu namorado, e a sua mente se abre para uma situação que se repete: parecia-lhe ter vivido o mesmo instante em outra época, noutra cor e noutro som²⁰.

    Em seu quarto romance, A maçã no escuro, de 1961, o itinerário do personagem Martim se estrutura de modo circular, passando pelos estágios: (a) construção de si, (b) fracasso e (c) retorno (tivesse executado em pura obediência um círculo fatal perfeito – até encontrar-se de novo [...] no mesmo ponto de partida.²¹). Sobre isso, o crítico Benedito Nunes²² analisa a peregrinação circular do personagem como uma linha eminentemente romântica, associada ao crime e à rebeldia como formas de libertação (no caso desse romance, um rompimento social e linguístico), complicando-se com a dialética espiritual que se impõe a Martim e sua consequente sanção, com a chegada dos policias que anulam a ruptura que havia se estabelecido entre o protagonista e a sociedade, restaurando um status quo inicial (Salvação? Ele se espantou.²³).

    O tema da repetição aparecerá em outros três romances de Clarice Lispector. Em Água viva, de 1973, dentre as divagações da personagem-narradora, que conduzem o fio narrativo, lança-se um olhar sobre a repetição: tu que me trazes uma lembrança machucada de coisas vividas que, ai de mim, sempre se repetem, mesmo sob formas outras e diferentes²⁴. Já em A hora da estrela, de 1977, temos a vida da personagem Macabéa devassada, mostrando ao leitor os fatos de um cotidiano pautado pela monotonia da repetição desprovida de um significado mais profundo. Repetição essa que, ironicamente, vai contra as crenças do narrador Rodrigo S. M., que compõe e articula a vida da protagonista (Quanto a mim, autor de uma vida, me dou mal com a repetição: a rotina me afasta de minhas possíveis novidades.²⁵). Por fim, em Um sopro de vida, de 1978, no embate verbal que se estabelece entre o autor e sua personagem, Ângela, a questão da repetição novamente reaparece pela voz masculina:

    O quotidiano contém em si o abuso do quotidiano: o quotidiano tem a tragédia do tédio da repetição. Mas há uma escapatória: é que a grande realidade é fora de série, como um sonho nas entranhas do dia.²⁶

    A natureza não é casual. Pois ela se repete, e o acaso repetido se torna uma lei, esses acasos que não são acasos.²⁷

    Essa perspectiva de tragédia do tédio da repetição que marca o cotidiano, segundo o Autor, em Um sopro de vida, será a mesma perspectiva a que Clarice Lispector recorrerá na maioria dos contos em que o mecanismo da repetição é empregado como fio condutor da trama. Começando pelo conto Imitação da rosa²⁸, constante no livro Laços de família, temos a figura doentia da protagonista, entregue à mecanização das atividades domésticas, em uma tentativa de retorno à normalidade. Ainda desse volume, merecem análise também os contos Amor²⁹ e Feliz aniversário³⁰. Já no volume A legião estrangeira, de 1964, encontramos o conto Os obedientes, sobre o qual afirma o narrador ser uma situação simples, um fato a contar e esquecer³¹. Por trás dessa simplicidade, deparamo-nos com o cotidiano repetitivo de um casal que está perecendo ante o silêncio de uma relação desgastada – silêncio este que levará ao fim catastrófico de uma das personagens. Ainda nesse volume, está A quinta história³², no qual a repetição sai do plano do conteúdo e passa para o plano da própria construção literária, com uma história banal de como matar baratas, recontada cinco vezes pela narradora, que intensifica a narrativa com ares dramáticos a cada recontar.

    Em outra obra, Felicidade clandestina, de 1971, podemos encontrar mais dois textos marcados pela repetição. São eles: Felicidade clandestina e Cem anos de perdão. No primeiro, temos a repetição de uma ação diária em um período da infância da protagonista: ir todos os dias até a casa da colega gorda, baixa, sardenta³³ na tentativa de conseguir emprestado o livro As reinações de Narizinho – por trás da repetição dessa ação, o sadismo da colega como modo de vingança contra uma de suas amigas bonitinhas, esguias, altinhas³⁴. Já no conto Cem anos de perdão³⁵, livre de um cotidiano marcado

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1