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Uma História De Fantasma
Uma História De Fantasma
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E-book184 páginas2 horas

Uma História De Fantasma

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Sobre este e-book

Jerry é um homem solitário, que vive sozinho em um casarão em meio á desilusões do passado que o atormentam. Isolado do mundo, passa a ter a companhia de fantasmas - reais e imaginários. Quando decide abrir as portas da casa e alugar alguns quartos, se rodeia de pessoas tão solitárias quanto ele. A culpa, o medo e o horror habitam os quartos, distorcendo a realidade da fantasia, fazendo com que tudo real construído até então, seja fortemente questionado. Afinal, quais são os fantasmas que cada um oculta?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de mar. de 2019
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    Uma História De Fantasma - Aline Becker

    Uma Hist ória de Fantasma

    Aline Becker

    1

    Becker, Aline

    Uma história de fantasma: novela/ Aline Becker – 3ª edição, Clube dos autores, 2019.

    Titulo original: Uma história de fantasma.

    I. Novela. II. Ficção. III. Terror psicológico IV. Romance brasileiro.

    Capa e diagramação: Aline Becker.

    2

    Este livro é dedicado a minha m ãe, Juçara, quem sempre enfrentou todos os fantasmas comigo – reais ou imaginários .

    3

    4

    S UMÁRIO

    CAPITULO I - SUJEIRA....................................... ....

    CAPITULO II - HÁ VAGAS..................................... ...

    CAPITULO III - CAOS......................... .....................

    CAPITULO IV - ABISMO...................... ...................

    CAPITULO V - INFERNO.................... ....................

    CAPITULO VI - ANA................................... ...........

    CAPITULO VII - JERRY................ .........................

    5

    Uma história de fantasma – Aline Becker

    CAPITULO I

    SUJEIRA

    Eu sou aquele cara bem ali, sou aquele sujeito que você ali que não se importa, aquele sujeito que você finge não ver. Sou o tipo do cara que não tem coração ou razão alguma para ter. Meu nome poderia ser qualquer um, isso não faz diferença. Sou aquele car a que explode, que odeia e que sofre por odiar. Sou aquele cara sentado em meu imundo universo sujo entre roupas para passar e um ou outro banho atrasado, café da manhã às duas da tarde almoço as dezessete. Sou aquele cara que vive comendo lixo que vendem em prateleiras imensas em supermercados com slogans de gente sorrindo felizes com crianças; famílias. Não ha coisas assim para caras como eu.

    Ali, bem ali estou eu sentado pra variar, em meu sofá velho, observando excitado um filme pornográfico barato. Caras como eu assistem filmes baratos, tem masturbações baratas, em silêncio e assim que acaba mergulha num profundo mar de tristeza e decepções. Caras como eu não querem ser felizes, caras como eu sobrevivem na sujeira.

    Eu sou esse cara, sim. Mas talvez eu seja você.

    [7 ]

    Uma história de fantasma – Aline Becker

    *** 1. Ame ou odeie

    Está certo que possa não ter nada de errado comigo, mas nada prova que não há. Sempre achei fazer o tipo que as pessoas inevitavelmente amam ou odeiam, mas sou um cara que pode ser perfeitamente esquecido ou zombado. Não sabia disso... Posso ser esquecido, o que não é nada romântico quanto ser odiado. As pessoas e suas ideias erradas de si mesmos... Não há sepultura... que faça meu corpo deitar disse Johnny Cash e lá está ele, morto como qualquer um. Você também não era mais especial que a maioria senhor Cash.

    Amem-me ou odeie-me, eu gritei ao vento, só que ninguém ouviu e se ouviu ignorou. Não gosto de começar com certa vez, certo dia, no dia tal, era uma vez... tal qual jamais terminarei com um fim, ou e viveram felizes para sempre, pois não é assim que caras como eu vivem suas miseráveis vidas. Há exemplos de caras como eu. Posso mostrar se preferir, e se insistir muito eu mostrarei me contradizendo totalmente. Vejamos...

    ***ERA UMA VEZ...

    Um miserável chamado Jeremy. Jeremy tinha um emprego, tinha dinheiro, um rosto com um par de olhos, nariz e uma boca e estes formavam um belo rosto. Jerry, O Miserável, como nós podemos chama - lo, não sabia mais o que fazer para sentir se feliz em seu apartamento caro com moveis luxuosos.

    Preciso de uma família pensou Jerry, O Miserável. Então ele foi até uma loja de departamentos

    [8 ]

    Uma história de fantasma – Aline Becker

    (muito cara afinal) e comprou segundo sua nota de compras escrita a caneta azul BIC;

    * Uma linda esposa cara;

    * Uma casa maior, para sua nova família; * Um casal de filhos;

    * Um cão para finalizar o bonito pacote.

    Pagou e saiu da loja muito contente com seu investimento. Jerry sentia se feliz agora, com sua família e seu cachorro de plástico. Eles eram tão lindos e sorridentes quando suas pilhas estavam novas e por um tempo ele sentiu se contente com tudo.

    Mas Jerry, O Feliz havia se esquecido de suas próprias pilhas e elas estavam gastas. Ele já não via mais graça em sua família comprada, e sua família que estava com as pilhas por acabar não parecia contente com ele também. Seu antes amável cachorro parecia um estorvo imundo que só latia e defecava. Sua enorme casa não servia para mais nada se não para acumular mais bagunça. Até que um dia alguém trocou as pilhas de sua esposa, e este alguém não fora Jerry. Com pilhas novas nas crianças também e em seu cão, sua amável esposa lhe sorriu um sorriso renovado e disse em tom amável; Você esqueceu-se das minh as pilhas Jerry, mas você sequer trocou as suas. E dito isto ela partiu com o KIT FAMÍLIA inteiro deixando Jerry tão miserável quanto antes. E Jerry nunca mais quis pilhas novas assim, não arriscaria em um momento eufórico se permitir comprar mais pessoas que sairiam pela porta da frente com um sorriso no rosto.

    ... E Jerry viveu infeliz para sempre.

    [9 ]

    Uma história de fantasma – Aline Becker

    FIM.

    *** EU

    Este foi um exemplo, Jerry e suas pilhas. Eu e meu maldito coração. É engraçado como um órgão de bombear sangue leva a culpa pela estupidez que cometo... Deixe o levar, assim não admito minha própria culpa. Olho as paredes, estão gastas, velhas e ainda assim não as pintaria por nada neste mundo, pois elas me refletem tão bem quanto mais ser vivo algum me refletiu. Eu me sinto dentro de mim mesmo quando entro neste apartamento. Ele é sujo, decadente, vazio, mas se parece tanto comigo, não tem aquele ar assustador que casas imundas exalam, ao contrario, ele acolhe qualquer um. E parece confortável ainda assim. Meu sofá um dia muito bonito tem rasgões e pedaços manchados, outros com o tecido muito gasto, não me importo com isso, me orgulho das historias que marcaram meu sofá e as leio quase sempre. Tal como a madeira comida no chão da cozinha, e o azulejo fendido acima da pia do banheiro, e os arbustos que crescem no quintal para afugentar intrusos com a ideia que a casa talvez seja assombrada. Talvez ela até mesmo seja, é provável que seja mesmo. O que neste mundo não é assombrado? Eu tenho fantasmas o suficiente para não me importar mais com os fantasmas da casa, e pra ser franco não há grande diferença deles para mim, talvez eu até mesmo eu os assuste.

    Meus amigos foram embora há muito tempo, eu não consigo mais suportar suas presente as com

    [10 ]

    Uma história de fantasma – Aline Becker

    sorrisos de compaixão e pena quando no fundo seus corações são gélidos feitos blocos de gelo. Não, eu não os suporto mais.

    Novos amigos é uma pior alternativa ainda, eu simplesmente não aguento ouvir as baboseiras superficiais que dizem, não consigo me interessar pelo que falam e sequer sinto vontade de impressiona- los ou expressar minha opinião. O que eu poderia lhes dizer? Fodam-se todos vocês...? Não seria apropriado, mas não me vem à mente nada mais obvio.

    Garotas... O que eu faria com uma garota? Tentar mostrar minhas qualidades e o quanto sou gentil para nos envolvermos algum tempo e vivermos bem enquanto nossas pilhas duram imaginando de quem primeiro vai acabar e quem deixará quem? Para que... Por um pouco de sexo e um abraço de boa noite? Isso não me parece atrativo.

    Meus pratos estão sujos. Todos eles. Eu pensei em lava-los, mas não é minha prioridade de modo que tive de andar pela rua e ir comer a mesma porcaria imunda que poderia ter comido nos meus pratos sujos. Baratas são universais não é mesmo?

    — Ovos, bacon, torradas e panquecas com calda. — pedi no balcão tirando meu casaco que estava cheirando mal de perto, dava pra sentir.

    A moça trouxe meu pedido jogando o sobre o balcão de maneira grosseira, e eu não reclamei afinal, uma fatia de bacon já estava no chão, suas desculpas não o colocaria em minha boca outra vez, não sem pelo menos uma série de danos vindas das bactérias do chão. Tal qual uma ofensa, uma mágoa. Desculpas

    [11 ]

    Uma história de fantasma – Aline Becker

    a mim não me fazem mais o menor sentido, acho que me tornei alérgico a elas.

    Mastiguei e engoli aquilo tudo, misturando com a saliva de minha boca, triturando em meus dentes e engolindo deixando os ácidos de meu estomago digerir aquela gordura toda.

    — Estou preocupada com você— disse a magoada moça que havia atirado meu prato com violência no balcão.

    Finjo não ouvir. Então ela tornou mais alto; —Jerry! Estou preocupada com você.

    Tive de olhar para ela com aparente surpresa vendo seu rosto maquilado quase semelhante a um palhaço me olhando.

    —Por quê? — tornei.

    — Liguei umas vezes e não me atendeu essa semana. Fui até sua casa o Bob e eu, e você estava lá dentro, mas não abriu a porta. Somos amigos, Jerry, você está me deixando preocupada! Você precisa reagir...

    Sorri acendendo um cigarro, meu ultimo cigarro daquela manhã e abanei a cabeça sorrindo.

    — Estou bem o bastante para não precisar se preocupar comigo. Eu estou bem, acredite, pensa que vou me matar ou algo do tipo? É isso?

    Ela acenou a cabeça com aqueles olhos enormes tristonhos sobre mim.

    — Não se preocupe suicídio não faz meu feitio além do mais ando cansado de mais para planejar um suicídio.

    [12 ]

    Uma história de fantasma – Aline Becker

    Ela abanou a cabeça Pobre Jerry Sujo. Compaixão transbordava de seus lábios quando ela vomitou;

    — Se algum dia quiser conversar, desabafar mesmo pode contar comigo ou com o Bob viu Jerry? Sorri e agradeci. Pessoas gentis, quem não quer apoiar um desgraçado neste mundo heim?

    (CAMPANHA BENEFICENTE ADOTE UM INFELIZ)

    — Qualquer coisa que pudermos fazer por você ou mesmo se precisar de alguma coisa pode contar conosco, sabe disso não sabe Jerry?

    Acenei a cabeça, constrangido. O que pessoas poderiam fazer por mim?! Não havia mais nada a fazer por mim. Não há nada para fazer por homens mortos. O bom de estar morto é que pouca coisa passa a te abalar. Ninguém podia me ajudar, mas ninguém podia me ferir mais. Como se mata um homem morto? Apenas homens mortos podem ferir a si mesmos nestes estágios, no caso eu mesmo me feria o tempo todo com minhas possibilidades catastróficas. E SE... Tudo em minha vida que me fere começar com e se....

    Não há nada mais a fazer neste momento, apenas suportar minha morte enquanto o mundo finge viver feliz encobrindo suas dores, porem o estranho é que oque me parece somente eu sofro e ninguém liga de verdade, ninguém, nem mesmo ela.

    Principalmente ela.

    [13 ]

    Uma história de fantasma – Aline Becker

    Minha esposa me deixou, como pode ver. Não parece o fim do mundo, quantos casais vão e vem, isso é até mesmo natural. Não direi que sofro de amor incondicional e que não suporto viver sem ela ao meu lado que estarei mentindo, às vezes eu queria ela bem longe de mim para poder respirar em paz. É algo estranho, e principalmente perturbador. Fato é que ela se foi porem deixou seu resíduo físico em cada atividade comum que faço durante o dia e isso me incomoda. Acho que ela é quem realmente me assombra somando ao fato que não me vejo com outra pessoa. Como falei não tenho mais saco para flertes e conquistas.

    Em meu apartamento liguei a televisão e vi esta porcaria de nova versão de O Dia em Que a Terra Parou, até então sem valor algum se não fosse o fato de ser a ultima coisa que vi ao lado dela após um t erço da noite dedicado ao raro e quase tedioso sexo daquela noite. Vimos um pedaço e na manhã seguinte após o almoço (ela se deu o trabalho de almoçar comigo) ela partir sem dizer nada. Absolutamente nada. Isso me inquieta mais, me enlouquece. Nenhuma palavra, você não presta, não damos certo juntos, eu desprezo você; nada.

    O Dia em Que a Terra Parou, eu lamento não suportar olhar para você e relembrar cada frase dita àquela noite.

    Música, outra maldita coisa que desisti. Não, juro que não sou um ser dramático que chora de amor, não me julgue errado, fato é que essas memorias me enlouquecem! Sinto como uma comoção física ao mal

    [14 ]

    Uma história de fantasma – Aline Becker

    estar. Creep, do Radiohead... Eu adorava aquela musica, mas simplesmente não posso tornar a ouvi- la que me transporto a um momento feliz de quando éramos jovens e ela cantarolava sorridente para mim em um bar escuro justamente Creep.

    Maldita mulher foi como se tivesse levado com ela todas as coisas que eu amasse, como se nada mais neste mundo fosse apenas meu. Não posso ver meus filmes preferidos ou ouvir musicas que a vida toda amei, nem ir a lugares que fomos ou rever gente que conhecíamos porque é como se tudo pertencesse agora a ela e ela estivesse prestes a dar a outro.

    Outro vai receber O Dia em Que a Terra Parou, Creep - Radiohead, O Iluminado (principalmente O Iluminado...), Scarface. Receber é tudo que de fato é meu. Não suporto pensar nisto porque a mim não sobrou nada para oferecer à outra e me livrar desta maldita para o resto de minha existência.

    Ela levou tudo com ela... Por isso as pessoas me presenteiam com compaixão e falsas promessas de oque você precisar conte conosco. Preciso da minha vida, preciso muito. Não há ninguém que possa resolver isto por mim. Nem mesmo eu.

    ***Sem Nomeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee eeeeeeeee Preciso de um cigarro e está chovendo. Há um silencio estranho em meu coração, mas não significa nada, é apenas silencio. Quando deito para dormir fecho os olhos com força tentando pensar em algumas vadias de filmes pornôs que eu poderia trepar para que

    [15 ]

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