Para Minha Doce Desmorta
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Para Minha Doce Desmorta - Emerson Monteiro Da Silva
Emerson Monteiro
Para
minha doce
desmorta
Uma história de terror apaixonante
2020
1
Este singelo enredo eu dedico a todos aqueles que já
sofreram por amor.
2
Introdução
Caro leitor ou leitora, você que se emociona
vendo filmes ou novelas, talvez não consiga conter o pranto
ao conhecer esta linda história que narra o amor platônico
de uma moça por um rapaz ou de um rapaz por uma
garota...
Eu poderia muito bem começar a narrativa
utilizando a fórmula descrita acima, mas não! Eu não
saberia manter um linguajar tão meloso! É uma história de
amor sim, porém, os elementos são típicos dos enredos que
sei contar melhor, em outras palavras: suspense e talvez
uma pitada de terror.
Mais uma coisa. Aqui acho melhor descrever o
romance não como fruto de um amor platônico, e sim por
um amor shelleyano (nem sei se existe esse termo!), pois a
nobre escritora britânica é mais apropriada como referência.
Vamos acompanhar a história tragicômica e
romântica de Romeu, talvez seus pais tivessem um dom
premonitório sarcástico e resolveram batizar a pobre
criança com o mesmo nome de um famoso personagem
conhecido pelo romantismo.
3
No escurinho do cinema
ma linda moça de cabelos loiros,
U vestida com uma saia justa e uma
blusa de manga comprida e botões.
Ela corre desesperadamente, lembra que marcou com o
namorado para verem um filme, mas coisas estranhas
vinham acontecendo em sua casa e ela precisou deixar o
irmão menor com a vizinha, além disso, ela tinha certeza de
que estava sendo seguida.
Enquanto isso, Romeu estava tenso, ele estende a
mão e segura a outra mão que estava ali tão perto, ele a
segura firmemente, mas com delicadeza. Depois de um
tempo ele ouve a seguinte frase:
— Eu vou precisar desta mão pra comer pipoca!
— Aaaaah!
Romeu, junto com todo o público do cinema, grita
de horror ao ver uma cena horrível. Deixe-me explicar. O
grito do pessoal no cinema foi por causa da moça no filme,
aquela que sabia estar sendo perseguida, ela cortou o
caminho por um beco e deparou-se com uma criatura
tenebrosa, meio névoa, meio demônio, mas a criatura que
Romeu viu foi outra, também assustadora: um ser peludo,
4
de olhos avermelhados, unhas grandes que pareciam garras
e um sorriso psicótico.
— Desculpa Olavão! Viajei no filme, foi mal! Não
queria pegar em sua mão!
— Você tem uma mão macia mano, seu eu fosse
gay... Calma! Estou te zoando! Vamos terminar de ver o
filme.
Ao saírem do cinema a dupla de amigos de longa
data vira-se para olhar o cartaz da película que acabaram de
assistir, cujo título pomposo era: A Evocação da maldição 9
– o retorno do demônio. Caso Romeu não estivesse com a
mente tão confusa e atormentada, com certeza ia sentir-se
terrivelmente lesado, pois a obra assistida nada mais era
que um amontoado de enredo cheio de furos, cenas
absurdas e ilógicas, com muitos momentos de sustos
gratuitos. Medo, pavor, angústia... nada disso! Mas é o que
vende ingresso hoje em dia e o Romeu não prestou atenção
mesmo, então...
Notando o desanimo do amigo Olavão pede para
Romeu guardar dois lugares numa mesa enquanto ele vai
providenciar uns chopes que vira na promoção. Quando
voltou à mesa o amigo diz:
— Cara! Acho que eu estou ficando maluco! Nem
consigo me concentrar num filme.
— Eu sei o que é isso. Até quando você vai ficar
sem se envolver com ninguém? Esquece aquela mina!
— O problema não é especificamente "aquela
mina", mas o fato de novamente não dar certo! Estou
cansado disso!
— Afinal de contas, que diacho aconteceu entre
você e a Berenice? Ela parecia tão legal, comunicativa e...
5
— Pois é! Comunicativa demais! Conheceu um cara
que conversava tanto quanto ela e simplesmente me trocou
por ele!
— Ah... E aquela magrinha? Ela parecia gostar de
você.
— E gostava. Pelo menos até uma amiga dela
invejosa começar a envenenar a mente dela com suposições
a meu respeito. No fim das contas ela acreditou mais nessa
amiga e disse que eu era um explorador machista!
— Machista! Você! Ah, ah, essa foi boa! Está bem,
mas depois dessa você conheceu aquela morena linda com
corpo escultural, ela deveria ser um furacão na cama! O que
aconteceu?
E Romeu falou num sussurro:
— E era...
— O que houve homem?
— Um gringo! Um maldito gringo surgiu sabe lá de
onde e a levou! Olha amigo, sei que sua intenção é boa,
mas não está ajudando.
— Foi mal cara! Pelo menos você já se envolveu
com muita gata.
— Sei...
— Tudo bem que você tem um azar desgraçado
depois que está com alguém, mas isso não pode deixar você
pra baixo. Sabe o que você precisa? Ir a uma festa.
— Festa? Tenho lá ânimo algum pra festa Olavão!
— Eu já tenho até a festa ideal pra você ir e não
aceito não
como resposta!
— Eu na...
— Pssiu! O que acabei de dizer? Você vai à festa
sim. Vai ser na minha casa no próximo final de semana
com o pessoal da faculdade. Você vai ver um monte de
6
universitárias lindas, inclusive, algumas delas curtem um
cara mais velho.
— Você elaborou esta festa para pegar suas alunas?
— Não seja bobo! Quem quis fazer a festa foram os
alunos, mas sim, a idéia é essa: pegar alguma aluninha que
esteja meio alterada de bebida.
— Isso sim é machismo!
— Não vou nem te responder. Para de pegar no meu
pé, você precisa ir nessa festa, nem que seja pra conhecer o
pessoal.
— Vou pensar no seu caso! Nem vou tomar outro
chope, esqueceu que estou dirigindo?
— Certamente senhor. Então vamos, ainda tenho
umas provas para corrigir.
E os dois vão para o estacionamento, sem perceber
um grupo de adolescentes que saía reclamando do filme, a
diferença entre eles e os demais que saíram da sessão era
que esses jovens usavam roupas pretas e mais pareciam
uma tribo pós-moderna. Os rapazes usavam calças rasgadas
e camisas com estampas de monstros e outras coisas do
gênero, as meninas usavam uma maquiagem pesada e
escura, quase não dava pra saber se eram ou não bonitas
debaixo de todo aquele disfarce. Por que estou falando
desse grupo em especial? Porque um desses rapazes avistou
o seu professor à distância e largou o grupo para ir falar
com ele.
— Professor, professor!
— Olavão! Acho que é contigo!
E um jovem com idade entre dezoito e vinte anos,
baixo, com um piercing no supercílio e uma camisa do
Freddy Krugger, se aproxima todo entusiasmado.
— Ah... oi Cleniston!
7
O recém chegado fez uma careta.
— Ah desculpe! Esqueci que não gosta do próprio
nome, infelizmente, pra mim é mais fácil lembrar, mais do
que...
— Goblin!
— Sim, mas? O que o traz aqui?
— Soube que o senhor vai dar uma festa pro pessoal
da faculdade e...
— Era isso? Claro que pode ir, mas leve uma caixa
de cerveja ok?
— Estarei lá senhor! Boa noite!
O jovem sai radiante, e era aquele tipo de alegria
que Olavão queria ver em seu amigo.
— Viu! Até meu aluno está empolgado, e olha que
ele é um sujeito bem tímido!
Os dois entram no veículo e Romeu começa a contar
mentalmente:
Um... Dois... Três...
— E a Darla? Aquela loirinha super gata?
— Lá vem você de novo! A Darla resolveu
simplesmente que, num belo dia ia me largar e desapareceu.
— Assim do nada?
— Do nada, sumiu, desapareceu, escafedeu-se!
— Hum!
— O que foi?
— Já pensou em ir numa rezadeira?
— Não fala besteira! Nunca me envolverei com esse
tipo de coisa!
— É que você é meu coligado... Olha...
Olavão percebe a irritação do amigo e resolve calar-
se pelo resto do trajeto até a sua casa, voltando a falar
apenas quando saía do automóvel:
8
— Sábado às dez da noite, mas se quiser chegar
antes, tudo bem, traz umas bebidas.
— Está bem. Boa noite Olavão!
O amigo, enquanto abria o portão de casa, ainda
teve tempo para fazer mais uma gracinha:
— E até lá não vá torrar seu dinheiro em alguma
casa de coelhinhas hein!
E Romeu dá um sorriso forçado e sem graça, ele faz
o retorno e pega o caminho para a sua casa. No caminho ia
lembrando de vários casos amorosos, de mulheres que
tratou muito bem e no fim, pelos mais diversos motivos
acabaram abandonando-o. A última, essa deixou um rombo
enorme no coração de Romeu, rolou até mesmo promessa
de casamento. Uma garota gentil, educada, carinhosa, mas
que se mostrava muito moralista e antiquada em relação a
algumas coisas, quanto ao sexo, por exemplo, não admitia
certos comportamentos, dizia-se comportada, mas Romeu
descobriu um vídeo dela na internet onde ela contradizia
veementemente todo o seu repertório de moral e bons
costumes, tudo isso junto com dois sujeitos. Uma cena que
atormentava sua mente. Para muitos seria mais um vídeo de
sexo, mas para ele aquilo era o mais puro filme de terror!
Já em casa ele tomou um banho e depois foi ver um
pouco de TV. Em um dos canais passava o noticiário, na
tela mais um caso de desaparecimento de adolescentes.
Nesse momento percebeu que estava realmente cansado,
seus olhos ardiam, ele foi cambaleante para o quarto e
desabou na cama.
Lá pelas tantas um barulho horrível o desperta,
parecia um grito misturado com um uivo seguido de algo se