O Barulho Do Trem
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Pré-visualização do livro
O Barulho Do Trem - Marcos Felipe Martins
Marcos Felipe Martins
Fortaleza, 2020
Conforme a ortografia da língua portuguesa: Revisor: Zeca Lemos
Diagramador: Marcos Felipe Martins
Projeto de capa: Jackson Melo
Colaboradores: Walter Neto, Matheus Tomasin 2020
2ª edição
1ª impressão
Todos os direitos reservados por Marcos Felipe Martins de Oliveira, 2019
R. Monsenhor Bruno, 2540, apt 603 – CEP 60115-191-Fortaleza, CE
Contato: (85) 99644- 7260
@expressoMF
(instagram)
/
email:
Marcosfelipe21bp@gmail.com
Maria Theresa (ou Cat, se preferir), essa é para você, por ter aguentado cada rabisco de ideia maluca minha ao longo do que eram pra ser 12 meses e acabou virando quase três anos. .
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Um pouco sobre Marcelo ............................................... 11
Abstração, confusão ....................................................... 18
O tamanho da coisa ........................................................ 26
Ansiedade ......................................................................... 34
Depressão ......................................................................... 45
Viagem em família .......................................................... 56
Assistência mental .......................................................... 64
Novidades quentes .......................................................... 74
Novos começos ................................................................ 84
Posfácio ............................................................................. 89
Extras ................................................................................ 92
O Barulho do Trem, Marcos Felipe Martins Às vezes, parece que está tudo perdido, que não tem jeito. Por mais que nos digam que vai dar tudo certo no final, você não consegue acreditar. O futuro, se antes conseguia ser projetado com luzes de inspiração e esperança, agora parece estar consumado por trevas; talvez, nem isso – é puramente vácuo, matéria negra, algo desconhecido e incompreensível.
Complexo demais para a mente humana.
Nesses momentos de desespero, você prefere ficar na cama, simplesmente porque lá é confortável. Não é bem uma zona de conforto, e sim um refúgio, um esconderijo que não é secreto. Todos podem ver, de forma escancarada, o seu estado de espírito degradante. A sua aura se esvai por todo canto, emanando ondas de negatividade. A atmosfera fica pesada, o clima fica triste, com cheiro de rosas murchas.
Também não é fácil para quem quer que esteja por perto, porque eles têm de te ver afundar, e sabem que, por mais que eles possam te ajudar a melhorar, se você mesmo não fizer o mínimo esforço para se ajudar, não vai adiantar nada. Eles vão ter de ver afundando cada vez mais profundamente, até 11
O Barulho do Trem, Marcos Felipe Martins que não dê mais tempo voltar para a superfície e pegar o ar que faltou.
Era mais ou menos nesse estado que se encontrava Marcelo, apesar de, honestamente, ninguém entender ao certo o porquê, nem ele mesmo.
Ele acabara de passar no vestibular da universidade pública, como tanto queria, e ainda para o curso que havia escolhido; por conta própria, sem pressão externa para cursar outra coisa – o sonho de muitos adolescentes. O rapaz passou a sua vida toda em colégios particulares, então, desde cedo, seus pais o alertavam de que não teriam condições para bancar uma faculdade privada – os investimentos foram feitos na base, para que pudessem ser dispensados no topo. Ele não poderia desonrar seus pais, sua família.
Sua irmã conquistara o mérito de passar para um dos cursos mais concorridos (Engenharia Mecânica) na Federal, e, apesar de não o ter conseguido de primeira, e sim no ano seguinte ao da realização de seu vestibular, ela havia conquistado o pódio. Então ele tinha de fazer o mesmo, obrigatoriamente. Era uma pressão pessoal e familiar Gisele, irmã mais velha de Marcelo, porém, teve de estudar em casa no ano de intervalo entre a escola e a 12
O Barulho do Trem, Marcos Felipe Martins universidade. Seus pais não pagaram cursinhos de vestibular, sob a mesma justificativa apontada anteriormente. Marcelo a admirava demais por isso, mais ou menos como as crianças da pracinha de seu bairro o admiravam quando ele fazia alguma manobra radical
em um dos aparelhos da academia pública, que ficava em uma pracinha a algumas quadras de distância de sua casa:
– Olha só pra ele! Consegue ficar de ponta cabeça!
Exclamou um garotinho que devia estar no auge de seus nove anos de idade para o amigo que estava ao lado.
– Não seja bobo! Ele deve fazer parkour. – retrucou o outro garoto, um tanto menos admirado.
– Ô moço, você treina parkour? – o primeiro menino dirigiu-se ao rapaz, que estava ainda trepado no aparelho.
E Marcelo respondia, todo jeitoso, que não, era só um exercício básico. Na verdade, ele morria de vontade de fazer parkour, mesmo! Mas era medroso demais para tentar, e não sabia nem por onde começar. Sempre achava que iria lhe faltar tempo para esse tipo de coisa, mas isso era a desculpa mais esfarrapada de todas, porque sempre,