Coconstruções rizomáticas do conhecimento de inglês acadêmico em um curso de medicina (e outras coconstruções rizomáticas no ensino básico)
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Coconstruções rizomáticas do conhecimento de inglês acadêmico em um curso de medicina (e outras coconstruções rizomáticas no ensino básico) - Lilian Mello Hodgson
Para Ilna & Eduardo (in memoriam), O amor que transbordaram em mim lançou-me nesse caminhar e continua me impulsionando...
Professor Lilian Hodgson has written an exemplary book for educators committed to fostering respectful and inspiring relationships with their students. As she details and richly theorizes, it is through these types of non-hierarchical relationships that transformative, life-changing affordances are recognized and acted upon. Hodgson’s book is full of deep reflection and insights on the co-construction of knowledge in classrooms and communities. These are insights we would all benefit from following more closely and pathways to follow in our own teaching practices.
Brian Morgan
Senior Scholar, Glendon College
Toronto, Ontario
Comentar o trabalho de Lilian é movimentar-se nas coconstruções rizomáticas do conhecimento de inglês acadêmico em um curso de medicina (e outras no ensino básico) (re)construídas individual e coletivamente durante o seu processo de pesquisa de mestrado.
A autora, envolvida com uma rede de pessoas e possibilidades, tece em conjunto, (pluri)diálogos, criando diferentes conexões no sentido de quebrar barreiras do desconhecimento da língua inglesa, em especial, no contexto acadêmico.
Ousando e aventurando-se, Lilian reformula constantemente seus objetivos e questionamentos, oportunizando a geração de outras possibilidades e diferentes conhecimentos. Além da sua preocupação com o outro, também há uma preocupação consigo mesma: emancipadora e em emancipação.
Suas coconstruções rizomáticas são produzidas de maneira negociada, com seus eus
, não-eus
e os muitos outros, gerando narrativas relacionadas à língua inglesa como expressões culturais e sociais no universo educacional.
Por meio de atalhos, desvios, em movimentos rizomáticos, a autora abre espaço para imprevisibilidades e desdobramentos, ressignificando dimensões, saberes, conexões e manifestações do conhecimento.
Por fim, o processo de coconstruir conhecimentos de inglês para fins médicos, e na educação básica (último capítulo), de maneira emergente, a partir das experiências vividas, com incertezas, múltiplas identidades e vozes e visões, é o que Lilian faz com muita transparência. Partilha fissuras, aflições e dúvidas que coexistem e enriquecem o ir e vir do processo investigativo, promovendo e provocando leituras e reflexões heterogêneas, (inter)dependentes e autônomas, em complementariedade a diferentes sentidos e significados. Parabéns, Lilian, pela sua agência e daqueles que rizomaram
neste percurso.
Maria Cristina Lima Paniago
Professora no Programa de Pós-Graduação em Educação
na Universidade Católica Dom Bosco.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Ruberval Franco Maciel, pela orientação acadêmica, e aos professores Dra. Tânia Gisela Biberg Salum, Dr. Daniel Abrão e Dra. Maria Cristina Lima Paniago, pelas generosas contribuições na tecelagem desta obra. À Universidade de York/Glendon, por todo o suporte acadêmico; aos professores Dr. Ian Martin e Dr. Brian Morgan, tanto pela acolhida quanto pelos ensinamentos compartilhados que muito agregaram para realizar as conexões que eu estava em busca; e aos professores Dr. Sardar Anwaruddin e ao Dr. Jonathan Luke, que compartilharam suas descobertas e reflexões no ensino da língua inglesa. Aos acadêmicos do curso de Medicina dos 2º e 3º anos, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, que me revelaram o caminho de mão dupla da emancipação. A todos os mestres com os quais a vida me presenteou, como as professoras Barbara Ann Newman (in memoriam) e Luíza Kinoshita, que me lançaram na vida acadêmica. Às pessoas queridas, como a Dra. Nazira Scaffi, que me fez (re)descobrir e (re)construir minhas capacidades inexploradas, assim como minhas amigas professoras, que agregaram tanta vida à minha ao compartilhar seus conhecimentos e verdades. Às pessoas queridas, às amigas e aos amigos mais que especiais, aos meus fenomenais alunos e ex-alunos (criaturas divinas!), que me revelaram (e revelam) tantas verdades situadas e meios de lidar com tantas possibilidades e capacidades que jamais pensei serem reais. Ao saudoso Prof. Dr. José Nascimento e sua querida D. Ilka, por compartilharem suas ricas experiências e histórias de vida, que resultaram em ótimas conversas, canções e epifanias. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, do Ministério da Educação (CAPES/MEC), por ter financiado esta pesquisa. Ao Colégio Militar de Campo Grande, por ter permitido minha presença nas aulas e encontros para orientações e discussões acadêmicas.
Ao Eterno, que tudo me possibilita criar, cocriar e recriar minhas histórias.
Aos meus queridos e saudosos pais, Ilna e Eduardo, de quem recebi as mais belas lições de vida e de amor, e a toda minha família.
Ao meu amor, Carlos Eduardo, por ter possibilitado a realização desta pesquisa no Canadá e por ter me mostrado que os sonhos são possíveis, gerando tantas potencialidades que somente o amor é capaz de impulsionar.
C:\Users\WIN-8.1\Documents\senecioPaulKlee.jpgSenecio, 1922, Paul Klee, Kunstmuseum, Basileia, Suíça (óleo sobre tela, montado em madeira, 40,5 x 38cm).
O que é realmente essencial, realmente produtivo, é o caminho – afinal, tornar-se é superior a ser.
Paul Klee
It is precisely the way which is productive - this is the essential thing; becoming is more important than being...
Paul Klee
PREFÁCIO
Inicio este prefácio convidando o leitor para, inicialmente, apreciar a poesia de Manoel de Barros:
O menino que carregava água na peneira
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e
sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo
que catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces
de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio, do que do cheio.
Falava que vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito,
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que
escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu
que era capaz de ser noviça,
monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor.
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta!
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios
com as suas peraltagens,
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos!
Interpreto este poema como uma possibilidade e alternativa mais afetiva e rizomática com a pesquisa acadêmica. O poema me mobiliza saberes para considerar espaços de liberdade, imaginação e invenção do universo, fugindo do aprisionamento de uma forma
convencional de ler o mundo ao redor. Essa convenção está muito presente na forma como temos concebido pesquisa a partir da lógica do pensamento científico.
No livro Coconstruções rizomáticas do conhecimento do inglês acadêmico em um curso de Medicina (e outras coconstruções rizomáticas no Ensino Básico), de Lilian Mello Hodgson, a autora, a partir do seu olhar para uma disciplina de inglês para propósitos acadêmicos, encontra um plano em comum de imanência para desconstrução de modelos rígidos de ensino e a partir de uma outra lógica de emancipação revisitada (MACIEL, 2014) para um contexto de que não lhe era familiar. Para Deleuze (2002, p. 127), esse plano de imanência ou de consistência não é um plano no sentido de desígnio no espírito, projeto, programa, é um plano no sentido geométrico, seção, intersecção, diagrama
. Ao estar nesse plano, a partir de Espinosa, é muito importante considerarmos a relação com o encontro de corpos e afetos.
Para exemplificar a experiência dos encontros, pauto-me nas palavras de Viviane Mosé acerca de suas percepções sobre o filósofo holandês Baruch de Espinosa. A autora chama a atenção para a natureza não fixa do humano. Para ela, o ser humano muda e, portanto, sua natureza também muda e, assim, vivemos na provisoriedade. O que caracteriza a vida é o movimento, a ação, a transformação que se manifesta como forma de ação: a alegria que está na ação da vida. Revozeando Espinosa, a autora afirma que o que caracteriza a vida é o encontro. Cada ser que vive, quando vive, está afetando e sendo afetado pela exterioridade, o que chamamos de afeto. É desta maneira que o modo como nossa provisoriedade se relaciona com a provisoriedade de outros corpos. Daí, podemos destacar a importância dos bons encontros, ou seja, quando uma força de um corpo é somada com a força de outro corpo e se compõem um com o outro, o que promove alegria, aumentando, assim, a nossa potência de existir.
Este poder de afetar e ser afetado, na aparência, possui uma dimensão cinética e outra dinâmica. Para Deleuze (2002, p. 128), a proposição cinética nos diz que um corpo se define por relações de movimento e de repouso, de lentidão e de velocidade entre partículas (...) a gente nunca começa, nunca se recomeça tudo novamente, a gente deslisa por entre, se introduz no meio, abraça-se ou se impõe ritmos
. O segundo, remete ao poder de afetar e ser afetado. Assim, o sujeito espinoseano, (...) nós o definimos pelos afetos de que ele é capaz
(p. 129). Retomando o poema de Manoel de Barros, a metáfora da peneira e os afetos de Spinosa, Lilian buscou, neste trabalho, uma possibilidade de escrita rizomática e afetiva a partir dos seus bons encontros com ecologias, com teorias, com pesquisadores e orientação, com o grupo de alunos do curso de Medicina.
Neste livro, os leitores poderão encontrar momentos de afecções que podem aumentar positivamente a potência de existir como pesquisadores na área de formação de professores e, de maneira mais ampliada, no âmbito da Linguística Aplicada.
Ruberval Franco Maciel, PhD
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)
Bolsista Produtividade do CNPq (PQ2)
ruberval@uems.br
Referências
BARROS, M. O Menino que Carregava Água na Peneira. Disponível em:
DELEUZE, G. Espinosa: filosofia prática. Trad. Daniel Lins e Fabien Pascal Lins. São Paulo: Escuta, 2002.
MACIEL, R. F. Eu sei o que é bom pra você!
A lógica da emancipação revisitada e a formação de professores. Novos letramentos, formação de professores e ensino de língua inglesa. Maceió: UDUFAL, 2014, v. 1, p. 247-268.
MOSÉ, V. Sobre Spinosa. Podcast. Disponível em: https://anchor.fm/vivianemose/episodes/Sobre-Spinoza-eaecbi. Acesso em: 26 jun. 2022.
SPINOSA, B. Ética. Trad. Tomaz Tadeu. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.
SUMÁRIO
Capa
Folha de Rosto
Créditos
INTRODUÇÃO
MEUS EUS E NÃO-EUS
NO MEU LÓCUS DE ENUNCIAÇÃO
AS PERGUNTAS E OS OBJETIVOS DA PESQUISA
IDENTIFICAÇÃO DO CONTEXTO ACADÊMICO INVESTIGADO
A ORGANIZAÇÃO DO LIVRO
A REPRESENTAÇÃO RIZOMÁTICA DA PESQUISA
I ASPECTOS METODOLÓGICOS E CONSTITUTIVOS DA PESQUISA
1.1 A ABORDAGEM CRÍTICA NA PESQUISA QUALITATIVA
1.2 CARACTERÍSTICAS PÓS-ESTRUTURALISTAS
1.2.1 A COEXISTÊNCIA DA ETNOGRAFIA CRÍTICA E DA AUTOETNOGRAFIA NA PESQUISA
1.2.2 AS IMPLICAÇÕES DA EPISTEMOLOGIA DA EMERGÊNCIA PÓS-MODERNA NO UNIVERSO EDUCACIONAL
1.2.3 O MOVIMENTO DO PENSAMENTO RIZOMÁTICO NA CONSTRUÇÃO DE UMA EPISTEMOLOGIA
1.3 LÓCUS DA PESQUISA
1.3.1 AS AULAS DE INGLÊS PARA FINS MÉDICOS DOS 2º E 3º ANOS
1.3.2 A ESCOLHA DOS PARTICIPANTES
1.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
II AS CONEXÕES ECOLÓGICAS NA COCONSTRUÇÃO DOS CONHECIMENTOS NAS AULAS DE INGLÊS PARA FINS MÉDICOS
2.1 A RESSIGNIFICAÇÃO DE MÉTODOS PARA ALÉM DAS METODOLOGIAS CONVENCIONAIS
2.2 LEARNIFICATION E NEW LEARNING
2.3 FUNÇÕES DA EDUCAÇÃO: QUALIFICAÇÃO, SOCIALIZAÇÃO E SUBJETIVAÇÃO
2.4 OS PARADIGMAS EDUCACIONAIS: DIDÁTICO, AUTÊNTICO E TRANSFORMATIVO
2.5 A ABORDAGEM ECOLÓGICA NO ENSINO E NA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA
2.5.1 AS AFFORDANCES NO UNIVERSO EDUCACIONAL
2.6 ANÁLISES DA REDE DE COCONSTRUÇÃO DOS CONHECIMENTOS E DOS SUJEITOS NAS AULAS
III (DES)(RE)(CO)CONSTRUINDO AS PERCEPÇÕES E AS PRÁTICAS NAS AULAS DE INGLÊS E (DES)(RE)(CO)CONSTRUINDO A EMANCIPAÇÃO REVISITADA DOCENTE
3.1 A AGÊNCIA NA COCONSTRUÇÃO DOS CONHECIMENTOS DOCENTE E DISCENTE
3.2 O RENOVÁVEL PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO DOCENTE NA COCONSTRUÇÃO EPISTEMOLÓGICA E ONTOLÓGICA DO DOCENTE-DISCENTE
3.3 AS COCONSTRUÇÕES RIZOMÁTICAS GERADAS
IV E AS COCONSTRUÇÕES CONTINUAM
4.1 AS CONEXÕES E OS DESDOBRAMENTOS COCONSTRUÍDOS EM OUTRO MOVIMENTO RIZOMÁTICO NO ENSINO BÁSICO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Landmarks
Capa
Folha de Rosto
Página de Créditos
Sumário
Bibliografia
INTRODUÇÃO
Cada um de nós compõe a sua história,
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz,
de ser feliz.
(Tocando em frente
, de Almir Sater e Renato Teixeira)
Inicio esta obra usando esse trecho da canção Tocando em frente
, dos compositores Almir Sater e Renato Teixeira, considerada um dos clássicos da música brasileira, como uma metáfora para expressar o dom de compor nossas vidas. As palavras e os ritmos harmonizados nessa poesia musical expressam as experiências que a vida me ofereceu, assim como as que criei, as escolhas realizadas (e as não realizadas), as incertezas (e certezas duvidosas) e as situações que emergiram ao longo da vida e que, por isso, me fizeram entender sobre minha responsabilidade ao construir minha (in)felicidade. Essa mensagem faz ligação com o movimento rizomático explorado nesta pesquisa, que é o de construir nossas histórias, a partir dos meios que estão disponíveis e os que podem ser (co)criados, lidando com os desdobramentos decorrentes das várias conexões que fazemos a fim de alcançar nossos objetivos, que são, tanto individualmente quanto coletivamente, construídos.
O fato de sermos responsáveis pela construção de nós mesmos, dentro de um determinado espaço em um certo tempo e em um grupo social do qual fazemos parte, revela a necessidade de conhecer a si mesmo (pensamento basilar do filósofo grego Sócrates) para podermos responder por nós mesmos, influenciando o lugar e o grupo social onde estamos. A construção da nossa realidade também é influenciada pela dinâmica desses fatores, sendo, desse modo, coconstruída por todos os envolvidos nessa imensa rede de pessoas e possibilidades de pensar, perceber e agir.
Desse modo, esta pesquisa pautou-se nesta perspectiva de coconstruir (a de construir em conjunto, assim descrevo) o conhecimento de inglês para o curso de Medicina, da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), com a participação de todos os envolvidos (professor-orientador, professora-pesquisadora e acadêmicos dos 2º e 3º anos do curso de Medicina) em uma plataforma na qual a concepção dos saberes (SANTOS, 2010), como uma ecologia, pudesse ser utilizada para viabilizar um programa alternativo de alternativas
, na coconstrução epistemológica entre os professores e os discentes. A convergência dos variados saberes dos envolvidos promoveu um (pluri)diálogo que permitiu redesenhar o caminho dessa coconstrução por meio da emancipação, proposto por Rancière (2015), fazendo os objetivos desta pesquisa ganharem corpo e efetividade. Com esse olhar, lanço o convite ao leitor desta obra para envolver-se na graça
de que é possível aprender qualquer coisa e a isso relacionar todo o resto, segundo o princípio de que todos os homens têm igual inteligência
, anunciada por Rancière (2015, p. 38), quando ele mostrou que a desigualdade existe nas manifestações da inteligência e o quanto a vontade revela à inteligência ao criar novas conexões.
A proposta que emergiu ao longo do desenvolvimento das aulas e das discussões, após revisitar minha própria emancipação (MACIEL, 2014), e não a dos acadêmicos, que inicialmente era meu foco, resultou na (re)formulação e (re)dimensionamento das minhas práticas — teacher agency (ANWARUDDIN, 2017) — e da percepção desta pesquisadora em formação ao usar uma abordagem ecológica (GIBSON, 1986; VAN LIER, 2010; PAIVA, 2011). Nela, temos o conceito de affordances que se relaciona com a ideia de ação em potencial
(PAIVA, 2011), resultante da interação e da percepção que criamos com o mundo físico e social, sendo trocada pelo conceito de input.
Nesse sentido, a revelação de que não há ignorante que não saiba uma infinidade de coisas, e é sobre este saber, sobre esta capacidade em ato que todo ensino deve se fundar
(RANCIÈRE, 2011, p. 11) fez eu me incluir como mais um objeto de estudo, uma vez que vivenciei a possibilidade de fazer outras conexões com fatos e situações que não tinham sido inicialmente pensados ao construir a proposta do curso de inglês para fins médicos. Isso permitiu que eu entendesse o processo de emancipação como uma tomada de consciência dessa igualdade de natureza
, uma vez que se trata de ousar se aventurar, e não de aprender mais ou menos bem, ou mais ou menos rápido
(RANCIÈRE, 2015, p. 49).
Outra conexão com a arte realizada nesta obra, que delineia o caminho da minha re/des/construção, está expressa na citação que liguei a uma das pinturas do artista suíço-alemão Paul Klee¹, Senecio, contida na epígrafe. Esse artista, conhecido por gostar de levar uma linha para passear
, explorou a linguagem da pintura, da música e das palavras por meio da observação e do contato com as formas de criação da natureza. Ele pediu aos seus alunos para desenharem o sistema circulatório, pois ele tinha explorado o movimento que o sangue fazia no