Câncer de próstata, tratamento, qualidade de vida: como montar este quebra-cabeça?
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Sobre este e-book
Por meio da reestruturação cognitiva, utilizando condições facilitadoras como a empatia, o respeito e a concreticidade, focando o contato e a percepção do próprio corpo, poderemos assegurar que cada indivíduo encontre sua maneira satisfatória de viver, buscando uma vida com qualidade.
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Câncer de próstata, tratamento, qualidade de vida - Angela Naccarato
1. INTRODUÇÃO
1.1. Sobre o câncer
A vida acontece no movimento, movimento que em si mesmo inclui a partida e a contrapartida, o impulso e o repouso. A pulsação constante de cada órgão de acordo com seu ritmo próprio e de todo o organismo, vivenciando o prazer, o medo, a ansiedade, a angústia, possibilitando a expansão e a contração, permitindo que a vida aconteça.
A alteração da função natural de pulsação do organismo manifesta-se como um transtorno psicoemocional e/ou como perturbação funcional dos órgãos (1).
Nesse cenário, as células de algum tecido ou órgão do corpo começam a crescer descontroladamente, gerando células anômalas, que podem se multiplicar e/ou invadir outros órgãos. Qualquer célula do corpo pode passar por transformações e originar um tumor maligno. O termo câncer
, derivado da palavra latina cancrum, aparece para denominar este fenômeno.
O câncer pode ocorrer em todos os estágios da vida e em todas as partes do mundo, onde a cultura determina atitudes infinitamente diferentes frente à doença. Essa denominação torna-se muito genérica e é causadora de muitas interpretações e, muitas vezes, impede a procura de um diagnóstico e tratamento precoce (2). Pode ser curado, tornar-se crônico, ou conduzir à morte. Nos anos 50, somente 35% das pessoas com diagnóstico de câncer sobreviviam à doença por 5 anos ou mais. Porém, em 1974, esta porcentagem subiu para 50% e, em 1998, já era 62%.
O câncer é uma doença que se origina nos genes de uma única célula podendo se proliferar até originar uma massa tumoral no local e/ou à distância. Inúmeras mutações ocorrem na mesma célula para que a ela adquira fenótipo de malignidade. A biologia molecular desenvolve estudos exploratórios, demonstrando o valor potencial da expressão dos genes como marcadores preditivos da doença (3).
O caráter hereditário da neoplasia maligna é responsável por 5% a 10% de todos os tumores diagnosticados (4).
Os relatos de casos de câncer são encontrados desde a antiguidade. A doença é descrita em papiros egípcios datados de 1600 a.C. e presentes em relatos na Mesopotâmia, na Grécia Antiga e Império Romano, onde aparecem as primeiras descrições sistemáticas do câncer.
Hipócrates criou os termos karkinos que significa caranguejo
. O termo câncer
apareceu bem mais tarde, derivado da palavra latina cancrum, que também significa caranguejo
- foi observado que algumas feridas pareciam penetrar profundamente na pele e comparou-se esse comportamento ao de um caranguejo agarrado à superfície.
O câncer era atribuído ao excesso de um fluido corporal chamado bile negra. No século II da era cristã, Galeno fez uma das primeiras referências ao câncer como doença que se caracterizava pelo endurecimento e fibrose dos tecidos (5).
Há duas teorias para origem desse nome: uma acredita que se relaciona às dores causadas pela picada do animal; e a outra pensa que o desenho dos vasos sanguíneos dilatados devido ao tumor lembra as patas de um caranguejo. As representações e interpretações dos sintomas, apresentadas na tentativa da compreensão da doença, são muito antigas.
Atualmente o câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se para outras regiões do corpo.
Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida.
No séc. XVIII nasce o conceito de metástase, que em grego quer dizer mudança de lugar
. O sangue e a linfa foram caracterizados como o meio através do qual a doença se disseminava. É este aspecto migratório que gera o sentimento de impotência frente à doença.
Ainda nesse período, o câncer era uma doença raramente diagnosticada. Quando se deparava com ela pouco se tinha a fazer, pois não se dispunha de qualquer tratamento para combatê-la. A palavra câncer era tão ameaçadora que o médico só revelava o diagnóstico aos familiares, e não ao paciente (6).
O câncer estava associado à dor, à tumoração deformante e inevitavelmente à morte. No convívio social, ele era a doença a ser ocultada, pois gerava sentimentos de vergonha e medo.
É sabido que o câncer tem representações extremamente negativas em muitas sociedades. Estas crenças culturais sobre a saúde e a doença de um indivíduo podem se constituir em uma forma de estresse culturalmente induzido.
Até a década de 1970 a palavra câncer raramente era dita ao paciente. As escolas de medicina ensinavam que era cruel o médico dizer ao paciente o diagnóstico de câncer (apesar de a família sempre ser informada), pois tal diagnóstico iria tirar toda a esperança e seria incorporado como sentença de morte. Muitos pacientes sentiam-se culpados por trazer vergonha à família com tal diagnóstico. Esse silêncio e estigma cultural limitavam a oportunidade de falar sobre sua doença e seu sentimento (6).
Apesar de reconhecidas há tanto tempo, somente com a descoberta do microscópio que o estudo das doenças malignas pôde evoluir. A partir da identificação da célula como a unidade fundamental dos organismos evoluídos, foi possível compreender um pouco melhor o desenvolvimento das doenças.
Os diferentes tipos de câncer correspondem aos diversos tipos de células do corpo. Além disso, a velocidade de multiplicação das células e a capacidade de invadirem tecidos e órgãos vizinhos ou distantes são outras características que contribuem para essa diferenciação.
Atualmente, com o advento de novas técnicas cirúrgicas, da quimioterapia e da radioterapia, mudou-se radicalmente o prognóstico de vários tumores (7). Dessa forma, o câncer está se tornando uma doença crônica, possibilitando que as pessoas vivam mais ou sejam curadas.
Já é de conhecimento popular que os estados psíquicos adversos, como estresse, depressão, ansiedade, raiva, favorecem o desenvolvimento de doenças orgânicas como úlceras do estômago e duodeno, colite, inflamação dos músculos (miosite), doenças da pele (dermatites), diabetes e até câncer. Uma grande porcentagem das doenças da humanidade pode estar ligada, direta ou indiretamente, às disfunções psicológicas.
Em teoria, qualquer célula do corpo pode passar por transformações e originar um tumor maligno, o que torna a denominação câncer muito genérica e causadora de muitas confusões. Além disso, o diagnóstico costuma ser interpretado como possibilidade de morte iminente, pois está associado à doença fatal, por razões culturais.
Ao receber a notícia do diagnóstico, os pacientes estão com medo, confusos e sem saber qual será o próximo passo, principalmente a incerteza em relação ao futuro, esse nosso estranho desconhecido. Cada paciente traz