Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Favela no Divã III: Polissemia do Aglomerado Subnormal
Favela no Divã III: Polissemia do Aglomerado Subnormal
Favela no Divã III: Polissemia do Aglomerado Subnormal
E-book46 páginas30 minutos

Favela no Divã III: Polissemia do Aglomerado Subnormal

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Um jovem morador de uma favela paulistana resolve fazer de sua vida um livro aberto, compartilhando a autoanálise dos seus traumas e neuroses vivenciados pelo ambiente em que habitou, descobertos em uma terapia psicanalítica, indicados no volume I deste livro. O autor, Marcelo Barbosa, expõe com todos os detalhes, no segundo volume, a projeção utilizada, ou seja, o mecanismo de defesa psíquico para o proteger daquilo que ele não sabia lidar – sua decisão de sair da favela, os desafios e consequências dessa escolha, e a procura por culpados pelas dificuldades enfrentadas em seu novo ambiente de moradia. Neste último volume, o escritor se apresenta como autor e responsável pelas suas escolhas e consequências. Apresenta o seu "novo eu" mais maduro com os acontecimentos do passado, e encara sua realidade, o presente e o futuro, entendendo que na vida podemos ter várias respostas e significados, além daquilo que enxergamos.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento26 de dez. de 2022
ISBN9786525435701
Favela no Divã III: Polissemia do Aglomerado Subnormal

Leia mais títulos de Marcelo Barbosa

Relacionado a Favela no Divã III

Ebooks relacionados

Ficção Geral para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Favela no Divã III

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Favela no Divã III - Marcelo Barbosa

    Prefácio

    Joãozinho Trinta, inesquecível carnavalesco carioca, imortalizou a frase: O povo gosta de luxo; quem gosta de miséria é intelectual. Citou a frase dos anos 70 para comentar o contexto do pra lá de polêmico desfile da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, em 1989, em que a imagem do Cristo desfilou coberta com lona preta, cercada de passistas vestindo farrapos. Protestavam contra o luxo visual e a miséria intelectual que caracterizavam os desfiles de carnaval e, por extensão, a sociedade contemporânea. Não ganhou o primeiro lugar, mas, em compensação, ninguém esquece o que ele fez no sambódromo, ao mesmo tempo em que ninguém se lembra qual foi a escola campeã daquele ano. Irônico, como a vida – e este livro.

    Não é segredo para ninguém que favela é sinônimo de pobreza e sujeira. Em qualquer uma delas, o visitante verá abundância de cachorros vira-latas sujos, crianças com nariz escorrendo e lixo, convivendo harmoniosamente. Miséria, na exata acepção da palavra. Entretanto, a favela exerce um fascínio inexplicável entre os intelectuais de todos os matizes e ideologias. Filósofos, historiadores, psicólogos, linguistas, escritores e, sobretudo, sociólogos têm, na favela, objeto inescapável de estudo e fascínio. Mas é na arte que esse encantamento revela sua nudez. Ali, ela é retratada quase sempre de modo belo e romântico, como se sua crueza não fosse vil.

    Ai, barracão / Pendurado no morro / E pedindo socorro / À cidade a seus pés /

    Vai, barracão / tua voz eu escuto / Não te esqueço um minuto

    Porque sei quem tu és / Barracão de zinco / Tradição do meu país

    Barracão de zinco / Pobretão, infeliz.

    Essa música foi o maior sucesso da inesquecível Elizeth Cardoso, que, com o Zimbo Trio e Jacob do Bandolim, gravou a composição de Luís Antônio e Oldemar Magalhães. Essa linda canção, que fez parte do repertório de cantores renomados como Nelson Gonçalves, Beth Carvalho, Ná Ozzetti, Zeca Pagodinho e outros, aponta para a dura realidade da favela, mas de modo comovente e poético. O pedido de socorro à cidade passa despercebido, em meio à inegável beleza da poesia da letra e da harmonia musical.

    Outro exemplo clássico de como a música retrata a pobreza da favela com incontestável graça e leveza é Chão de Estrelas, imortalizada na voz de Nelson Gonçalves, entre vários outros cantores do quilate de Cauby Peixoto e Fagner:

    Minha vida era um palco iluminado / Eu vivia vestido de doirado

    Palhaço das perdidas ilusões / Cheio dos guizos falsos da alegria

    Andei cantando a minha fantasia / Entre as palmas febris dos corações

    Nosso barracão

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1