Seleta - Por pior que pareça
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Sobre este e-book
Marcelino Freire é sujeito agreste, escritor de letras quentes. Tornou-se um dos nomes mais importantes da literatura brasileira contemporânea ao fazer sua voz carregada de sotaque soar universal. A oralidade de sua obra é marcante, ecoante; mais do que ouvir as palavras escritas, o leitor é guiado por uma cadência de fala. Há ritmo em cada frase. A polifonia é tamanha e tão bem conduzida, que é como se Marcelino fosse um escritor-maestro.
É maestria mesmo o que temos aqui. Marcelino é mestre. Escreve magistralmente. Chega a ser emocionante lê-lo. Cada livro seu. Ter os contos de Marcelino reunidos em uma Seleta nos faz enxergar, e até ouvir, a solidez de sua trajetória grandiosa. É como se o menino nordestino - que, quando era flagrado escrevendo, ouvia coisas como "De onde tu tira isso? Do teu juízo? Onde já se viu?!" - tivesse construído seu próprio chão de palavras.
Esta Seleta - Por pior que pareça reúne contos de seus livros Angu de sangue, BaléRalé, Contos negreiros, Rasif, Amar é crime e Bagageiro. A seleção foi feita pelo próprio autor, a pedido da editora. O que, para Marcelino Freire, foi um minucioso exercício de revisitação, para o leitor e a leitora é uma forma resumida de acesso a grandes contos de um dos nossos maiores prosadores.
Leia mais títulos de Marcelino Freire
Contos negreiros Nota: 5 de 5 estrelas5/5Bagageiro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAmar é crime Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBatendo Ponto - Uma colherada de humor na hora do cafezinho Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
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Pré-visualização do livro
Seleta - Por pior que pareça - Marcelino Freire
1ª edição
José OlympioRio de Janeiro, 2021
© Marcelino Freire, 2021
Xilogravura da capa: Ciro Fernandes
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
F934s
Freire, Marcelino
Seleta [recurso eletrônico]: por pior que pareça / Marcelino Freire. – 1. ed. – Rio de Janeiro: J.O, 2021.
recurso digital
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
ISBN 978-65-5847-062-5 (recurso eletrônico)
1. Contos brasileiros. 2. Livros eletrônicos. I. Título.
21-74120
CDD: 869.3
CDU: 82-34(81)
Leandra Felix da Cruz Candido – Bibliotecária – CRB-7/6135
Todos os direitos reservados. É proibido reproduzir, armazenar ou transmitir partes deste livro, através de quaisquer meios, sem prévia autorização por escrito.
Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Reservam-se os direitos desta edição à
EDITORA JOSÉ OLYMPIO LTDA.
Rua Argentina, 171 – 3º andar – São Cristóvão
20921-380 – Rio de Janeiro, RJ
Tel.: (21) 2585–2000.
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sac@record.com.br
ISBN 978-65-5847-062-5
Produzido no Brasil
2021
Para Bi.
Escreve a mão.
E a mão joga fora.
SUMÁRIO
Nota da editora
Umas palavrinhas
Muribeca
Belinha
Homo erectus
Darluz
A volta de Carmen Miranda
Papai do céu
A sagração da primavera
Trabalhadores do Brasil
Solar dos príncipes
Linha do Tiro
Coração
Totonha
Da paz
Amigo do rei
Júnior
Meu último Natal
União civil
Nóbrega
Ensaio sobre a prosa
Ensaio sobre a educação
Ensaio sobre o teatro
Obras nas quais os contos deste livro foram originalmente publicados
Nota da editora
A Editora José Olympio, a mais tradicional do Brasil, teve papel fundamental na constituição da literatura nacional. Mais do que ter publicado os maiores escritores de nossa história, a editora atuou como um celeiro de novos nomes, além de ter funcionado como um local de célebres encontros ao ser também uma livraria. Fundada em 29 de novembro de 1931, a Casa — como a José Olympio era chamada por Carlos Drummond de Andrade e outros gigantes — completa 90 anos no mês de lançamento desta Seleta.
Marcelino Freire, um dos escritores mais importantes da atual literatura brasileira, é dono de uma obra consistente, inovadora, originalíssima. Um escritor premiado, celebrado, que não se esconde atrás do papel ou do recolhimento da escrita. Muito pelo contrário, Marcelino é um agitador cultural. Movimenta as estruturas do cenário literário brasileiro ao promover eventos, festivais, encontros e cursos. Marcelino é uma peça-chave na literatura nacional contemporânea. Sua obra merece ser estudada e reverenciada.
Entre as várias coleções lançadas pela José Olympio ao longo de sua história, merece destaque a Coleção Brasil Moço, dirigida por Paulo Rónai nos anos 1970. A coleção era composta de seletas dos maiores nomes contemporâneos, visando ao público estudantil ao reunir o melhor de cada autor ou autora em um só livro. A capa dos livros da coleção destacava o nome do escritor selecionado, um desenho que evocava o universo ali retratado e, como título, indicava apenas "Seleta". Com essa inspiração, encomendamos para este volume uma xilogravura do grande artista Ciro Fernandes, ambientado ao universo bodejante, agreste, de Marcelino.
A ideia de publicar a Seleta de Marcelino Freire vem não só da vontade de revisitar a história da editora, mas principalmente de homenagear a trajetória desse importante autor da Casa. Marcelino é dono de um estilo único, de uma prosa poderosa recheada de oralidade. Há muito ritmo e personalidade em suas frases. A cadência de seu texto ecoa nos leitores e leitoras mesmo após o fim da leitura. Se cada um dos tantos títulos publicados por Marcelino Freire tem sua notável relevância, publicar uma Seleta que reúna o melhor de sua obra é dimensionar sua importância. E é de impressionar ver tudo assim reunido. Fica evidente que Marcelino é um dos maiores prosadores de nosso tempo.
A convite da José Olympio, o próprio autor selecionou os contos da Seleta. O resultado é um livro-espelho, um retrato íntimo, profundo, de Marcelino Freire. Ao enviar o texto para a editora, Marcelino, bem a seu modo gaiato, anunciou: "Segue minha Seleta, Por pior que pareça."
E assim sua Seleta ganhou subtítulo, Por pior que pareça.
Editora José Olympio,
novembro de 2021 —
ano do 90º aniversário desta Casa
Umas palavrinhas
Ô menino para escrever certas coisas. De onde tu tira isso? Do teu juízo? Onde já se viu?
Totonha
foi escrito ainda no Recife. Ficou guardado um tempo.
Muribeca
é dessa época também. Pensei no poeta Miró da Muribeca. E no bairro lá de Jaboatão dos Guararapes.
Belinha
é o conto do qual mais gosto. Tem uma interpretação dele, na tv, feita por Walmor Chagas.
Muito conto ficou de fora. São muitos os filhos de Darluz
. Não tem espaço. Não escolhi aqui os melhores. Só alguns daqueles que as pessoas mais pedem para eu ler, falar sobre.
Os mais encenados também. Da paz
virou um conto da atriz Naruna Costa. E de tantas outras atrizes que me escrevem pedindo para fazer. Ainda dói.
Homo erectus
foi um aviso. Conto de temática gay não. Ninguém está cagando aqui, tá me ouvindo bem? Meu território é, sim, plural e colorido.
Vêm assim, nesta militância, nesta mesma contradança os cantos, cirandinhas, improvisos intitulados A sagração da primavera
, A volta de Carmen Miranda
, Coração
, Júnior
, Amigo do rei
, "Papai do céu,
União civil,
Nóbrega".
Esse Nóbrega
ninguém pediu. Eu que gosto. Por pior que pareça. E as coisas têm piorado muito. Desde Meu último Natal
. É só dar uma circulada por aí. A cada dezenove horas uma pessoa lgbtqia+ é morta no país.
Linha do Tiro
é um bairro do Recife. Uma linha de ônibus também. Onde a narrativa acontece.
Quem te ensinou essas coisas, doido? Eta menino alesado! O que tanto tu olha para o telhado?
Essas misturas de falas são o que mais faço. Acho que esse meu jeito de prosear está costurado no Ensaio sobre a prosa
. O