CIGARROS MALDITOS + 3 CONTOS DE SUSPENSE: Coletânea com 4 sensacioais contos de suspense
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CIGARROS MALDITOS + 3 CONTOS DE SUSPENSE - Joderyma Torres
JODERYMA TORRES
CIGARROS
MALDITOS +
3 CONTOS DE
SUSPENSE
"CIGARROS MALDITOS + 3 CONTOS DE SUSPENSE", de Joderyma Torres.
Publicado no excelente site BIBLIOMUNDI, em dezembro de 2022.
Livro de ficção. Qualquer semelhança com a vida real é apenas coincidência. Inventei tudo isso, meu. Juro. Ehehehe.
Obra dedicada ao meu filho William, de 11 anos, a quem amo muito, muito. Esse garoto é gente boa e me dá muitas alegrias. É meu xodó, com certeza.
Obrigado por tudo, filho.
ÍNDICE
01. Introdução ................................. Página 007;
02. Viagem sem volta (poema) ....... Página 009;
03. O tiro perfeito ........................... Página 019;
04. Poder de vida e morte .............. Página 031;
05. Ele queria matar Deus ............. Página 061; e
06. Cigarros malditos ..................... Página 124.
INTRODUÇÃO
Olá, prezado leitor(a)!
Aí está mais um livro da minha coleção.
Sentei à mesa, peguei meu notebook, tomei uma boa xícara de café, e comecei a atacar o teclado.
Dias depois, surgiu este intenso romance.
Trata-se de uma pequena coletânea, com quatro sensacionais contos de suspense e um poema.
O poema, intitulado Viagem sem volta
, narra a última viagem de um homem. Uma viagem realmente horripilante, que muitos vão fazer.
Já os contos são:
01. O tiro perfeito
. Um homem aponta a arma. Ele terá que acertar o alvo, senão...
02. Poder de vida e morte
. Um maluco persegue uma garota. No entanto, terá uma surpresa desagradável, que mudará sua vida.
03. Ele queria matar Deus
. Um jovem enlouqueceu. Ele está procurando Deus, para matá-lo. No caminho, sai matando a torto e a direito. Até que, enfim, encontra o que procurava.
04. Cigarros malditos
. Um homem, fumante compulsivo, aceita, sem querer, participar de um método insano e bizarro. Método para parar de fumar. Ele logo descobre que se meteu numa terrível enrascada. Quem poderá salvá-lo?
Pronto, leitor(a). Espero que goste das estórias.
Divirta-se.
Até breve!
Assinado: Joderyma Torres, o rei do suspense, deste suntuoso e belo país chamado Brasil.
VIAGEM SEM VOLTA
Abro meus olhos!
Assustado!
Por segundos sem noção!
Depois, a lucidez surge...
E noto, com indignação...
O teto lá em cima,
As paredes brancas...
Luz em abundância...
Mansidão...
Estou deitado...
Sim...
Deitado num quarto de hospital...
Num incômodo colchão...
Meus braços imobilizados,
Formigamento nas pernas...
Chateação...
Dói meu coração...
Órgão que pifou...
Aos 54 anos...
Num enfarto cruel...
De supetão...
Talvez pelos crimes que cometi...
Ou pelas drogas que ingeri...
Ou até pelo mal que pratiquei...
Para com meu irmão...
E agora estou ali...
Deitado...
Doente... moribundo...
Sem quase poder respirar!
É turva minha visão...
Estou só...
Imerso em ignóbil depressão...
Pagando o preço!
O preço da minha alienação...
Naquele quarto...
Naquele maldito quarto!
Sem ninguém para me estender a mão.
Aparelhos estranhos me cercando...
Camas por todos os lados...
O tétrico cheiro de remédios...
Enchem meu espírito de tensão!
Tenho medo...
Medo de morrer com dores...
Medo de morrer sem oração...
Medo de...
De repente, a luz se apaga!
Escuridão!
Não vejo nada!
Apavorado, tento gritar...
Chamar pela enfermeira...
Em vão...
Estou mudo...
Como um robô sem coordenação.
E eis que capto alguma coisa...
Um troço negro... espectral...
Fedorento...
De outra dimensão...
Está vindo! Está vindo!
De cima...
Flutuando na minha direção...
De repente, ele surge...
Pavoroso...
Uma sombra larga...
Ignóbil...
Exalando putrefação!
Pairando em trevas...
Uma cruel aparição...
Da qual só vejo os olhos...
Olhos que brilham...
Um amarelo esfuziante...
Que exprime puro ódio...
E admoestação!
Tento salvar-me do fim...
Apavorado...
Com aquela aproximação...
Mas não consigo!
"Meu Deus!"
- penso que gritei -
"Dai-me a salvação!"
Mas...
Nada sai da minha boca....
Apenas um silêncio de perdição...
Choro...
Verto lágrimas de pavor...
Triste... desesperado...
Esperando... o quê?
O fim? Um ataque?
Prostração!
Sinto dores...
Muitas dores...
É ruim minha respiração!
O ar me falta!
É nítida minha autocomiseração!
A sombra!
Na verdade, uma entidade!
Tão próxima!
De mim se acerca...
Letífera...
E maquiavélica...
Não estou sonhando!
Não se trata de ilusão...
É real!
Abominável!
Terrível assombração!
Aquele fedor de carne podre...
Sufoca-me!
Deixa-me em total exasperação!
Tento pedir socorro...
Em vão...
Estou mudo...
Atônito...
Em pânico...
Em profunda alucinação...
Subitamente ouço... música???
Música... ok, ok!
Baixa... contínua... sinistra...
Fúnebre!
Caótica!
Sobrenatural!
Em tom de dissecação!
A maldita entidade canta!
Com sarcasmo e alienação!
"Pare!" – ouso gritar:
"Pare de cantar, desgraçado!"
Mas sem ouvir minha voz...
O que me dá grande incomodação...
Mudo...
Mil vezes mudo!
Que indignação!
Meu terror aumenta!
Sinto tremer a minha mão...
Assim como minhas pernas...
Horrível deteriorização!
O medo me faz chorar...
Perdição...
Tentando salvar minha vida...
Luto com a criatura!
Enojado com o fedor...
Aniquilado por aquele olhar!
Toco-a... como se tocasse uma pedra!
Tento atingi-la... matá-la....
Em vão...
Ela, em retaliação...
Para de cantar...
E me atinge com socos em sucessão...
Socos dolorosos...
Potentes...
Vis...
Que me lançam de encontro ao chão...
Com a força dessa projeção...
Minhas dores aumentam...
Muitas dores...
No peito! No peito!
Foge-me a respiração...
O demônio começa a rir...
Solta reverberantes gargalhadas...
Como se aquilo fosse diversão.
Risos que calafrios me dão...
E fazem meus pelos se arrepiarem!
Tento respirar e não consigo...
Busco o ar... sem êxito!
Perseguição!
Sim. Não tenho dúvidas...
Um novo ataque cardíaco se inicia!
Em meu frágil coração.
Estou morrendo...
É o fim!
É o fim!
A entidade risonha venceu...
O demônio miserável venceu...
Sem piedade nem perdão!
Meu cérebro para!
Meu coração explode!
A vida de mim se esvai...
Para cima... como um balão...
Morto, morto, morto!
Seria o fim, então?
Mas... o que está acontecendo?
Sou envolvido pelas trevas...
Num horror cruel...
Sem respirar...
Sem sentir dores...
Até que... até que...
Revelação!
Estou... Estou... Sim!
Flutuando... subindo...
Deixando meu corpo para trás...
Indo para outra dimensão...
Para um mundo...
Negro???
Sem paredes nem teto...
Sem terra nem mar...
Frio e sem luz...
Que horripilante situação!
Mas... algo está errado!
Vejo... o quê?
Há 20 metros do meu lado esquerdo,,,
Vultos presos por correntes...
Vultos em convulsões...
Parecem... almas...
Almas de pessoas mortas...
Assombração!
Claro! Estão sendo queimadas...
Por uma chuva de fogo!
Fogo ardente...
Efervescente...
Que queima sem assar...
Mata sem matar...
Como se fosse satânica personificação!
Ouço os gritos...
Gritos de sofrimento...
Gritos de tormento...
Dessas almas enclausuradas!
Almas sem esperança...
Nem salvação!
Horrorizado, pergunto-me:
"Por quê? Por quê, meu Deus?
O que fiz para entrar nessa prisão?"
Oh, não existe mais solução!
Também estou preso por correntes...
Também sou alma de um corpo morto...
E choro... sofro...
Imploro...
Ciente de que igualmente serei vítima...
Daquela chuva ardente...
Daquela carbonização!
Para piorar tudo, as dores retornam...
Insuportáveis!
Intermináveis!
Como agulhas que perfuram...
Com obstinação!
Vendo aqueles seres em agonia...
Vendo a sombra rindo de mim...
Sem explicação...
Percebo que estou lá...
Vejo claramente que cheguei lá!
No pior de todos os lugares...
Consternação!
Um lugar tão fétido como sujo...
Tão sinistro como nauseabundo...
Tão hostil como compulsivo...
Horripilante!
Uma abominação!
Um lugar eterno...
Estou, sim...
(Onde mais poderia estar?)
No inferno!
No inferno do cão!
No inferno maquiavélico!
Inferno da perturbação!
Oh, a entidade me deixou ali.
Pelos crimes que cometi...
Pelo coração que fraquejou...
Aos 54 anos...
Sem nenhum tipo de perdão.
Nu...
Angustiado...
Subjugado pelas dores...
Preso pelas correntes...
Esperando a chuva de fogo...
Com Lúcifer soltando suas gargalhadas...
É que percebo minha real situação.
Então, desesperado...
Em lágrimas...
Subjugado pelo horror...
Não vejo outra opção...
Resta-me gritar:
Gritar, gritar e gritar:
"Meu Deus! Senhor, senhor!
Nããããoooooo!!!"
FIM
O TIRO PERFEITO
1
Naquela madrugada de sábado, início de sexta-feira (a primeira do mês de janeiro), sob a escuridão leve e revigorante, sentado sobre o grosso galho de uma árvore, as pernas soltas, costas apoiadas no tronco, esperava o alvo (como gostava de chamá-los) aparecer. Segurava o fuzil de precisão (que possuía bipé e luneta de mira telescópica) com firmeza, deixando-o atravessado sobre as coxas, sem descuidar do que acontecia nas imediações.
O referido fuzil, com tiro de precisão de quatrocentos e cinquenta metros, foi por ele comprado há muito tempo. Mais de dez anos, se não lhe falhava a memória. Era uma excelente arma, de alta eficácia e com um profundo poder mortífero. Perdeu as contas de quantos treinos realizou com ela, em diversos terrenos abandonados da região, bem como de quantos alvos abateu, ao longo de todos esses anos. Julgava-se, em consequência disso, em plenas condições de acertar qualquer alvo, num raio de até quatrocentos metros.
— Essa é minha menina — murmurou, com orgulho, enquanto acariciava o cano longo.
Parou de mexer na arma (sua amigona) e olhou o visor do relógio de pulso: faltavam quinze minutos para as quatro horas da madrugada. A escuridão reinava, apesar do céu sem nuvens e da falta da lua. Havia uma lanterna do seu lado direito que, vez ou outra, segurava e ligava, para iluminar o mato ao redor, principalmente quando ouvia barulhos estranhos. Ligava por segundos e depois desligava, pois achava melhor ficar no escuro.
Usava calça jeans (surrada), camisa verde (de algodão), de mangas compridas, e botas de cano médio, o que parecia incoerente, haja vista o intenso calor. No entanto, era obrigado a usar tais roupas, uma vez que evitavam que se arranhasse nos espinhos (bastante comuns na região), quando de suas caminhadas pelas trilhas. Do seu lado esquerdo estava a mochila verde-oliva, de plástico resistente, que sempre conduzia, nessas empreitadas.
Dentro da mochila havia: caixa de munição, faca de caça, sanduíche de peito de frango frito (pão quadrado envolto num saco de papel, com alface e duas rodelas grandes de tomate), flanela, vareta de limpeza, vidro com fluido para limpar o fuzil, cartela de comprimidos para dor de cabeça (vez ou outra era atacado por antipáticas enxaquecas), um celular prateado e um cantil verde-oliva, cheio d’água. O cantil foi inserido na bolsinha lateral direita da mochila. Na bolsinha lateral esquerda colocou uma pequena garrafa térmica, cheia de café sem leite. Café sempre era bom, para afastar o sono. Não trouxera bebidas alcoólicas nem cigarros, pois não cultivava tais vícios. Isso porque achava que beber e fumar, a longo prazo, causava, dentre outros males, tremores nas mãos e deficiência visual, o que, para a atividade que exercia, seria contraproducente e extremamente perigoso.
Suava, tendo em vista a alta temperatura reinante (apesar do horário — afinal, estava no auge do verão) e também por causa do mato, que impedia o vento de circular. Ao seu redor, a floresta Trilha Nova (nunca quis saber porque tinha esse nome bizarro), que cercava o lado oeste da cidade de FT
, fronteira com a cidade de PH
, com muitos quilômetros de extensão e repleta de árvores gigantescas, além de uma incrível variedade de plantas e animais. Floresta que era excepcionalmente bem preservada pelas prefeituras das duas cidades.
Estava de olho nos muros dos quintais das casas do bairro FT-13
, zona oeste. Conseguia vê-los porque, após cinquenta metros de mato, do ponto onde se encontrava, havia um descampado (desmatamento efetivado pelos moradores da área, nos tempos idos), com aproximadamente cento e vinte metros de extensão. Não podia ver a parte frontal das casas, porque foram construídas voltadas para o lado de lá, para o lado em que se via uma das muitas avenidas que facilitavam o fluxo de veículos da cidade de FT
. Na verdade, chamá-las apenas de casas não condizia com a realidade. Tratavam-se, isso sim, de belíssimas mansões, a maioria com três pavimentos, de alvenaria, revestimento em mármore, teto