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Formação par-ce-la-da de professores: da colônia à primeira década do século XXI
Formação par-ce-la-da de professores: da colônia à primeira década do século XXI
Formação par-ce-la-da de professores: da colônia à primeira década do século XXI
E-book252 páginas3 horas

Formação par-ce-la-da de professores: da colônia à primeira década do século XXI

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Sobre este e-book

O conteúdo deste livro redunda em reflexão, convocação, apelo ao bom senso de repensar a formação de professores. Porque repensar a formação desses profissionais é revisar o país e rever seu conceito/contrato civilizatório. No entanto, essa guinada histórica não requer apenas a criação de outro "programa" para a finalidade, mas a oferta de condições que dignifiquem a profissão e faça com que seus atores continuem a se atualizar, adequando-se às novas tecnologias, às novas realidades. E nesse caso, dignidade é tempo, saúde, diversão e dinheiro para envelhecer bem e influenciar novas gerações a serem semente/somente professores e se construírem na vida como educadores em novo "ciclo profissional". Isso deve ocorrer tendo a escola por laboratório de maturação sob o olhar atento de experientes mentores e operadores do magistério, à luz de novos e velhos conhecimentos. O trabalho docente executado por eles é tão extasiante quanto outras atividades, pois atuam em campos essenciais da vida humana. Ou seja: lidam com a doçura infantil, a ignorância adulta, a diversidade sociocultural e a luta política, que exigem preparo físico, mental, científico e espiritual. O ato docente se antecipa a qualquer outro, fora do âmbito biológico familiar. Portanto, as ações que ensinam, que instruem, que encaminham não podem ser privatizadas, mas protegidas pelo Estado Democrático de direito, ao alcance de todos. Países que avançaram em qualidade de vida, avançaram porque investiram em educação, em ciência, em tecnologia, mas principalmente porque valorizaram e valorizam seus professores, atores principais do enredo que constrói e reconstrói as pessoas. Formar professores e professoras é ação política orgânica, indissociável, decisiva, definitiva, portanto, também não pode ser parcelada.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de jan. de 2023
ISBN9786525024707
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    Formação par-ce-la-da de professores - Adelino Soares Santos Machado

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    Formação par-ce-la-da

    de professores

    da colônia à primeira década do século XXI

    Editora Appris Ltda.

    1.ª Edição - Copyright© 2022 do autor

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98. Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores. Foi realizado o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nos 10.994, de 14/12/2004, e 12.192, de 14/01/2010.Catalogação na Fonte

    Elaborado por: Josefina A. S. Guedes

    Bibliotecária CRB 9/870

    Livro de acordo com a normalização técnica da ABNT

    Editora e Livraria Appris Ltda.

    Av. Manoel Ribas, 2265 – Mercês

    Curitiba/PR – CEP: 80810-002

    Tel. (41) 3156 - 4731

    www.editoraappris.com.br

    Printed in Brazil

    Impresso no Brasil

    Adelino Soares Santos Machado

    Formação par-ce-la-da

    de professores

    da colônia à primeira década do século XXI

    Dedico este livro à Procópia dos Santos Rosa, abelha-rainha, matriarca griô Kalunga e ensinante goiana. Dedico também à memória da tia Maria Machado Barbosa, que me deu guarida em sua casa e em seu coração. Dedico, ainda, ao centenário do educador Paulo Reglus Neves Freire, no qual me inspiro, mesmo antes de conhecer qualquer um de seus escritos.

    AGRADECIMENTOS

    Aos professores e ativistas dos direitos humanos, Luciana Nogueira da Silva e Marconi Moura de Lima Burum, por participarem dando voz ao texto, mas, sobretudo, pela contribuição crítico-construtiva capaz de fazer a obra avançar, até mesmo antes de nascer.

    Aos professores Idonizeth Alves Pereira e Manoel Soares de Aragão, que aceitaram o desafio de rememorar seus tempos de docência na Licenciatura Plena Parcelada em Pedagogia, na sessão Vozes da Parcelada.

    Ao professor Luiz Marles, pela contribuição com livros, mas, sobretudo, por lembrar-se de mim quando de suas visitas às livrarias.

    Ao companheiro, amigo e conselheiro, Edmilson Xavier da Silva, símbolo de persistência, dedicação e luta na UEG de Campos Belos.

    À Mariza Martinha, que se transforma a cada dia, na caminhada terna/terrena do coração.

    Estar longe ou, pior, fora da ética, entre nós, mulheres e homens,

    é uma transgressão. É por isso que transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano

    no exercício educativo: o seu caráter formador.

    (Paulo Freire, Pedagogia da autonomia, 1996)

    PREFÁCIO

    Escrever este prefácio é, para mim, muito significativo. Conheço Adelino, autor deste livro, há mais de uma década, desde o período em que realizava o mestrado em Educação, na Universidade de Brasília. Como professora da instituição e sua orientadora acadêmica, acompanhei de perto sua trajetória ao longo do curso e pude constatar a seriedade e o compromisso que sempre demonstrou com a formação pós-graduada. Nessa ocasião, foi-me possível ainda testemunhar o seu empenho para enfrentar os desafios e superar os obstáculos que se interpunham à continuidade de seus estudos.

    Homem maduro, casado e pai de filhos, Adelino residia com a família em Campos Belos, cidade interiorana de Goiás localizada a 625 km de Goiânia, onde levava uma vida modesta. Contratado pela Universidade do Estado de Goiás, atuava na Licenciatura Plena Parcelada em Pedagogia (LPPP), ofertada no campus criado nessa cidade. Ao ingressar no mestrado em Educação, viu-se diante de um dilema: como conciliar a vida acadêmica e a atuação profissional em instituições situadas em localidades diferentes e tão distantes entre si?

    Determinado a prosseguir seus estudos na prestigiosa Universidade de Brasília, decidiu instalar-se no alojamento destinado aos estudantes universitários, no residencial Colinas, onde passava dois a três dias da semana, deslocando-se, em seguida, para Campos Belos. Por essa razão, como ele próprio relata neste livro, passou a ser chamado de mestrando nômade. Essa rotina perdurou por cerca de dois anos, período em que, semanalmente, fazia longas viagens de ônibus, idas e vindas de uma cidade a outra, muitas vezes durante a noite, para comparecer às aulas na manhã seguinte. Durante o percurso, aproveitava o tempo para ler, estudar e preparar aulas.

    Ao me reportar ao autor antes de falar de sua obra, pauto-me pela convicção sobre a importância de conhecer o lugar de fala, para maior compreensão sobre o conteúdo da fala. A sua história de vida revela uma luta incansável pela sobrevivência e a permanente busca por educação. Filho de trabalhadores rurais, ainda criança teve de pegar no cabo do machado para cortar lenha, ajudar o pai a preparar a terra para o plantio e realizar tantos outros trabalhos braçais, que não cessaram quando se tornou adulto; trabalhou como operário na construção de cercas em fazendas e na construção civil como servente de pedreiro e exerceu, depois, a função de auxiliar de almoxarife.

    Dadas as condições precárias de vida, Adelino somente veio a se alfabetizar aos nove anos de idade, em um programa especial promovido pela prefeitura de Campos Belos. A descrição pormenorizada de sua escolarização formal, que, a miúde, teve de ser interrompida por longos períodos para que pudesse atender a demandas domésticas e de trabalho, assim como a perseverança na retomada dos estudos nos diferentes contextos, são fatos marcantes da sua história pessoal. Sem condições de frequentar aulas na escola, passou anos estudando sozinho em casa e, como ele próprio relata, muitas vezes o fazia à luz de candeeiro ou de lampião. Somente na fase adulta concluiu a sua formação básica por meio do ensino supletivo, com longos intervalos entre os cursos do ensino fundamental e médio.

    Anos depois, movido pelo interesse na área de Educação, prosseguiu a sua trajetória formativa. Submeteu-se ao exame vestibular da Universidade de Tocantins – campus de Arraias e, aprovado para o curso de pedagogia, habilitou- se para o exercício profissional do magistério nas quatro primeiras séries do ensino fundamental. Com isso, a sua existência tomou novos rumos.

    Sem perda de tempo, inscreveu-se em concurso público promovido pela Prefeitura Municipal de Campos Belos e, logrando aprovação, assumiu a função de professor, lecionando em escola pública da cidade. A sua participação na vida comunitária ampliou-se, sendo, posteriormente, alçado ao cargo de secretário municipal de Educação. Abraçou o magistério como profissão vocacionada e galgou outros níveis da carreira profissional.

    Em decorrência das políticas públicas de expansão do ensino superior e da consequente abertura do campus da Universidade Estadual de Goiás na cidade de Campos Belos, surgiu a oportunidade para Adelino ingressar no magistério superior. Além de atuar no referido campus, passou também a ministrar aulas na Universidade de Tocantins – campus de Arraias, onde se graduara em Pedagogia. Porém, a sua participação mais efetiva foi como professor de sucessivas turmas de alunos matriculados na LPPP, ofertada pela UEG. Essa experiência marcante de sua trajetória profissional tornou-se objeto de dissertação, ora publicada neste livro.

    O título da presente obra, Formação par-ce-la-da de professores: da colônia à primeira década do século XXI, traz implícita a intenção do autor de estabelecer comparação entre essa modalidade de curso e a forma segmentada pela qual se deu a sua própria formação. A proposital separação silábica do termo parcelada parece enfatizar essa segmentação.

    O estudo atém-se à versão do curso ministrado pela UEG de Campos Belos, consoante ao Convênio VII, que visava à formação em nível superior de professores em serviço, por meio da LPPP. Programado na perspectiva de educação continuada, seu propósito era aprimorar os conhecimentos teórico-práticos dos docentes, assim como atender a dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (1996), que estabelece a exigência de formação em nível superior para o exercício do magistério.

    Os dados obtidos na pesquisa que deu origem ao estudo encontram-se criteriosamente descritos no livro, de modo a permitir ao leitor aproximação da realidade analisada e maior compreensão sobre a problemática envolvida. Conforme previsto no projeto do curso, a sua duração é de três anos e, pelo fato de os estudantes serem docentes em exercício profissional, o seu desenvolvimento realiza-se de forma intensiva, durante os períodos de férias (nos meses de janeiro e julho) e de forma intercalada, nos finais de semana (às sextas-feiras – vespertino e noturno – e aos sábados – matutino e vespertino).

    O alunado constitui-se de professores, em sua maioria vinculados a instituições municipais de ensino e com experiência no magistério do ensino fundamental por mais de cinco anos. Entre outras características, apresentam as seguintes: procedem de famílias de trabalhadores, em geral são mulheres, casadas e possuem filhos, recebem baixos salários e contribuem, às vezes com exclusividade, para o sustento da casa. Mencione-se ainda a sobrecarga de trabalho, tendo em vista que realizam seus estudos superiores sem deixar de ministrar aulas no ensino fundamental, o que praticamente ocupa todo o tempo livre, destinado ao descanso e lazer.

    O autor identifica-se com esses estudantes/professores pela similitude entre a sua história de vida e a deles. Não obstante a imersão no curso enquanto professor formador, Adelino manteve o distanciamento necessário ao pesquisador para dar vazão às suas inquietudes, formular questionamentos e proceder à análise crítica da formação na referida turma. As suas indagações colocaram em xeque os propósitos estabelecidos para a LPPP, quais sejam, inclusão educacional e resgate da cidadania. A efetividade do curso é problematizada em diferentes aspectos, como exemplificam as perguntas a seguir. As condições de realização do curso favoreceram o alcance dos objetivos visados? No desenvolvimento curricular, foram privilegiados os processos reflexivos e enfatizada a busca de solução dos problemas reais da prática educativa? Ou, simplesmente, os resultados alcançados no curso revelam a distância entre o dito e o feito?

    No processo de construção de argumentos explicativos, os referenciais teóricos corroboram a percepção da complexidade do real, que implica a ampliação do espectro da pesquisa, além de oferecerem subsídios à análise do tema, com base na perspectiva crítica da educação. Autores contemporâneos consultados pelo autor negam a concepção da educação como mantenedora do status quo, atualmente configurada pelo viés mercadológico e tecnicista, e defendem uma educação transformadora e humanista para formar a cidadania esclarecida. Nesse sentido, a formação de professores oscilaria entre a profissionalização e a proletarização, segundo conceitua Nóvoa, com repercussões nas características profissionais referidas por Enguita, a saber: competência, vocação, licença, independência e autorregulação.

    Enfim, há muito a dizer sobre este livro, a sua temática e as estratégias metodológicas utilizadas pelo autor, o caráter interdisciplinar da pesquisa, fatores que fazem descortinar horizontes e estimular o debate e a reflexão. E mais do que isso, relevam a exigência de transformar o estudo realizado em meio de atuação, em instrumento de luta por uma educação de qualidade.

    Eva Waisros Pereira

    Professora Emérita da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília – UnB

    Brasília, DF, 17 de novembro de 2021.

    APRESENTAÇÃO

    Achado em uma viagem no tempo, este livro é filho primogênito da sala de aula, casada com seu autor no início da década de 1980, após o país se ver livre do regime militar implantado em 1964. Nasceu de uma gravidez demorada, permeada de complicações adquiridas na docência forçada, quando meus pais, matriculados no Mobral¹, não enxergavam o suficiente para aprender o bê-á-bá, como se diz por aqui, ao referir-se a pessoas com dificuldades de aprendizagem. Colaborar na sala de aula desse programa tornou-se o primeiro deleite pessoal a zumbir nos tímpanos e a acordar no meio da noite pensando em contribuir com aqueles velhos aprendizes das primeiras palavras escritas.

    Como um despertador da profissão docente, acendeu-me a luz das palavras dos livros didáticos da escola, dos folhetos dos cultos dominicais católicos, das apostilas do Instituto Universal Brasileiro (IUB), de revistas e jornais ligados aos movimentos da Teoria da Libertação, das obras Fidel e a religião, de Frei Beto, e Navegação de cabotagem, de Jorge Amado. Essas leituras produziram chamas de poesia e, paralelamente aos sonhos docentes, iniciei uma jornada pela escrita, um dos sintomas da vida literária, que resultou na produção e na publicação, anos depois, do livro Suspiros poéticos do nordeste goiano, um tributo a esse chão.

    A década de 1990 constitui-se de momento importante dessa gestação, pois é quando realizo a formação docente inicial no curso de Pedagogia, em que emergiram as maiores contrações, decorrentes de leituras de Paulo Freire, Dermeval Saviane, entre outros que denunciam as mazelas do projeto educacional brasileiro. Foi naquela década que nasceu o Fundef e a LDB n.º 9.394/96, dois dos principais mecanismos legais que impulsionaram as políticas públicas de formação de professores. Iniciou-se aí certa efervescência liberal que marcou para sempre nossa profissão, ao mesmo tempo que corroboraram tendências de privatização do público, principalmente as instituições superiores de formação.

    A partir de 2000, com a continuidade do que ficou conhecido como interiorização da educação superior, esse nível de ensino fortaleceu-se no estado de Goiás e, por meio da sua nova universidade, atingiu diretamente 39 municípios, entre eles o de Campos Belos.² Naquele ano, instalou-se o Programa Universidade para os Trabalhadores de Educação (UTE), que tem por base a implantação da Licenciatura Plena Parcelada Municipal (LPPM) e da Licenciatura Plena Parcelada Estadual (LPPE), para abarcar todos os professores leigos do estado.

    Desse arranjo, no ventre dessa instituição de ensino superior (IES), em convênio com outras instituições públicas e privadas, surgiria a Licenciatura Plena Parcelada em Pedagogia (LPPP), da qual foi separado um fragmento (Convênio VII), em 2008, para dar vida, por meio de pesquisa científica, à dissertação de mestrado em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB). Os dados levantados e os estudos bibliográficos, integrados ao campo teórico das ciências humanas, forneceram a base genética e os materiais necessários à concepção do livro aqui apresentado.

    A década de 2000 é também palco de minha iniciação à docência no ensino superior, nos cursos regulares de Letras e Pedagogia e no Convênio I das LPPPs municipais e estadual. A partir de então, passei por definitiva

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