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Magnífico reitor magnífico
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E-book298 páginas2 horas

Magnífico reitor magnífico

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Sobre este e-book

Magnífico Reitor Magnífico busca preencher a lacuna diante da escassa e fragmentada bibliografia disponível para todos os reitores, ex-reitores e principalmente para todos aqueles que pretendem assumir o cargo em uma Instituição de Ensino Superior – IES. A obra pretende suscitar significações e ressignificações da feição, função e veste talar do reitor dentro do espaço acadêmico e de seu tempo, assim como pontuar a definição de práticas coerentes, efetivas e afetivas na condução estratégica da gestão educacional. As mudanças estruturantes e necessárias da IES consciente de seu compromisso com os desafios inerentes ao século XXI precisam ser conduzidas por Magníficos Reitores Magníficos, travestidos no complexo papel de agente de transformação, engajando a comunidade acadêmica e a sociedade com a causa da educação moral, de qualidade e inclusiva, e assim impactar em histórias de vidas, por um mundo mais justo, pacífico, integrado, sustentável, fraterno e civilizado.
 Esta obra ousa contribuir com a formação de uma nova geração de dirigentes e líderes universitários para os próximos 30 anos, a partir de uma visão sistêmica, humana e global da educação superior. Apenas um único reitor tocado por estes propósitos já valeu toda uma existência.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento13 de fev. de 2023
ISBN9786525409658
Magnífico reitor magnífico

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    Pré-visualização do livro

    Magnífico reitor magnífico - Luciano Rodrigues Marcelino

    Dedicatória

    À minha família, Carla, Lucas, Maria e Luara, meu jardim de árvores resilientes de raízes profundas, fertilizadas com mútuo afeto e regada de incondicional amor.

    Agradecimentos

    ao longo deste projeto investigativo, de quase 15 anos, que me levou para mais de uma dezena de países, reconheço que jamais seria possível sem o imprescindível e incondicional apoio de minha família. Meu mais puro e sincero agradecimento aos meus amores Carla, Lucas, Maria e Luara. Meu abraço fraterno extensivo a todos os meus familiares e amigos.

    Meu agradecimento à rede OUI – Organização Universitária Interamericana, que leva a bandeira da construção de espaços comuns da educação superior, idealizado por seu fundador Gilles Boulet, especialmente ao Programa IGLU – Instituto de Gestão e Liderança Universitária, que me acolheu, em 2005, como aluno no Centro IGLU Caribe e, desde 2006, como professor em vários centros regionais e em mais de uma dezena de países da América Latina e Caribe. Registro aqui minha gratidão aos fraternos amigos, nobres conselheiros e abnegados diretivos educacionais, que conquistei junto à família IGLU – OUI: Pierre Cazalis, Agustín Echevarría (in memorian), Carmen Alfonso, Guillermo Yáber, María Anna Amério Mara, Sebastian Sanzberro Lastiri (ex-Reitor da Universidad de Guanajuato/México) (in memorian), Patricia Gudiño, David Julien, Miguel José Escala Figueredo (ex-Reitor Instituto Técnico de Santo Domingo/República Dominicana), Raul Arias Lovillo (ex-Reitor Universidad Veracruzana/México) e Fernando Daniels.

    A todos os reitores da trajetória universitária da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul, Osvaldo Della Giustina, Silvestre Heerdt, José Muller (in memorian), Gerson Luiz Joner da Silveira, Ailton Nazareno Soares, Sebastião Salésio Herdt e Mauri Luiz Herdt, minha gratidão por todo o aprendizado, durante vinte anos, de minha jornada profissional no campo administrativo acadêmico de uma vibrante, inovadora e resiliente universidade comunitária brasileira.

    Minha gratidão a todos os reitores da Universidad Técnica Particular de Loja – UTPL, Prof. Luiz Miguel Romero, Prof. José Barbosa Corbacho e Prof. Santiago Acosta Aide, pela incrível oportunidade com que me brindaram, ao abrir os horizontes de uma perspectiva mais profunda do modus operandi de uma ousada, pioneira e líder IES, posicionada no seio da região andina, mas sintonizada com o cenário global.

    Aos particulares amigos Paulo Ivo Koehtopp, Secretário Executivo do Sistema ACAFE – SC (ex-Reitor da Universidade de Joinville/Brasil), Pedro Antônio de Mello, Diretor do Instituto de Pesquisas e Estudos em Administração Universitária – INPEAU – UFSC, meu agradecimento pelo aprendizado, pela amizade e pela parceria em inúmeros projetos dedicados à causa da educação superior.

    Aos reitores e ex-reitores de todo o continente americano que aportaram, de maneira direta e indireta, foram a inspiração desta obra, com suas histórias de vidas, com testemunhos de suas experiências, angustias, estratégias e sonhos, meu mais sincero agradecimento a cada um de vocês, porque juntos construímos os primeiros ensaios da vida reitoral, vista pelo lado de dentro, do universo do claustro da alma mater da educação superior.

    Finalmente, queria manifestar que seria um desafio muito mais fácil a produção de novas obras sobre o contexto da temática deste livro, do que tentar encontrar palavras para agradecer à minha querida professora, amiga fraterna, tia-avó como ela mesma a instituiu em minha vida, Amaline Boulos Issa Mussi. Queria eu chamá-la aqui de anjo protetor, mas o professor José Muller (ex-reitor da Unisul, falecido em 2018, que aqui também recebe minhas homenagens e agradecimento, por sua significativa contribuição neste empreendimento) já o fez primeiro em sua publicação, em 2012, também mencionada nesta obra.

    Nos meandres de 2016, impulsionado por um sentido maior sobre a necessidade de querer externalizar algo vivido de forma intensa, no meio acadêmico universitário, decidi compartilhar a ideia de um projeto (...fragmentos esquematizados em guardanapos!) com a Profa. Amaline, pela confiança estabelecida e que não encontramos explicações nesta existência, pela sintonia de propósitos por uma universidade global, mas também pela reconhecida trajetória acadêmica como a mais notável e culta professora de linguística que eu conhecera, a própria elegância do saber e a doçura das letras em pessoa.

    Com a resposta acolhedora, logo demos início aos primeiros textos estruturados sobre a temática central, o mundo dos reitores e os desafios da educação superior, no século XXI. E foi durante a tradicional Corrida de São Silvestre, em 2016, na temida subida da Avenida Brigadeiro, no centro de São Paulo – Brasil, que me veio o título Magnífico Reitor Magnífico. Ato contínuo, foram durante inúmeras provas de corridas, treinos e meias maratonas, um recente hobby que jamais havia pensado em desenvolver, que uma parte significativa dos conteúdos se ordenaram em minha mente, a partir das vivências em distintos contextos político-culturais da educação superior. Um trabalho permanente de construção, investigação, revisão, reflexão e aprendizado se manteve, ao longo destes últimos 2 anos, em plena sintonia com a Magnífica Amaline Magnífica... a quem registro aqui minha mais sincera gratidão.

    Aos futuros reitores, meu mais profundo desejo de que leiam este livro, esta obra foi verdadeiramente pensada para vocês.

    Magnífico Reitor Magnífico pretende preencher a lacuna diante da ausência de bibliografia disponível para todos os reitores, ex-reitores e principalmente para todos aqueles que pretendem assumir a função de reitor de uma IES – Instituição de Ensino Superior.

    Ejeta a multissecular fisionomia difusa do reitor, como consta universalmente normatizada em pergaminhos oficiais, e induz discussão sobre os artifícios formais em que se escamoteia ou se desfigura. Disseca a natureza formal da distância talar e a faz arguir no campo epistêmico da liderança da função e do papel reservado à academia nas sociedades modernas. Gera ilações depreendidas de fatos concretos e, seguramente, de hipóteses aventadas, o todo coligido de depoimentos reitorais obtidos ao longo de uma década e meia.

    Já nos primeiros contatos com dirigentes educacionais da região caribenha, em 2005, o autor pôde identificar desafios muito semelhantes no cotidiano reitoral – ressalvadas as idiossincrasias –, os quais se cingem ao estilo de fazer. Detectou limitada literatura e pouco ou nenhum acesso a temas pertinentes disponíveis, relevantes e de interesse exclusivo da agenda estratégica do reitor de uma IES.

    Durante as entrevistas, muitos foram os reitores que afirmaram: Não existe um Manual para ser reitor!. Em algumas circunstâncias, a afirmação remetia a desafios: "A cada gestão reitoral, o seu manual". Em outras, simplesmente, à inutilidade de um manual, tido como anacrônico na própria origem e planejamento. Também se assinalou total silêncio a respeito.

    Justamente, o propósito que norteou a elaboração desta obra não foi o de manualizar a complexa função de um reitor, mas sim, suscitar significações e ressignificações da feição, da função do reitor e da veste talar dentro do espaço acadêmico e de seu tempo, do mesmo modo a definição de práticas coerentes e produtivas na condução estratégica da gestão.

    O primeiro capítulo, Magnífico Reitor, lança visão epistemológica sobre os distintos tratamentos concedidos à função de reitor no âmbito das IES do continente americano. Na sequência, retrata um conjunto de circunstâncias do cotidiano de um reitor, desde as suas primeiras aspirações, os meandros do processo eleitoral, a assunção e a efetiva expressão da identidade reitoral programática, e os percalços vividos durante o ciclo de gestão.

    O propósito é descortinar o ônus da decisão, quando se assume esta desafiadora função político-social no meio acadêmico, com a convicção de que se passa pela função reitoral do mesmo modo que outros já passaram e muitos outros deverão passar também, de regra. Contrariamente, levar a destacar um necessário sentido e expectativa institucional antepostos à ascensão acadêmica e o efetivo exercício reitoral.

    Introdução

    Os desafios reitorais do tempo presente

    É necessário coragem para sair de trás da cortina, para sair das trilhas de caminhos já percorridos, para recusar a zona de conforto da reprodução de scripts, para deixar de ser plateia passiva e então assumir um fundamental protagonismo reitoral com a intencionalidade de servir à sociedade e dizer à sua comunidade acadêmica a que veio. É preciso ser valente para se transformar antes de tudo em um servidor e desinstalar-se do que é e do que já foi, libertando-se das amarras de um ser reprodutor, puxador do passado e incapaz de vislumbrar o novo e o mesmo tempo em que se respeita a trajetória percorrida.

    Muitos Reitores, atrás das cortinas de gabinetes, se escondem da vida real e dos desafios que lhes apresentam no complexo universo da educação superior. A cortina blackout será um subterfugio a todos aqueles Reitores que não têm nada a entregar, apenas descobertos de trás da cortina como de surpresa nos trabalhos de faxina do gabinete durante os interstícios de troca de comando.

    Como chegarão os Reitores ao final de seu mandato? Chegarão ao final do mandato? Desfrutarão do caminho durante o ciclo reitoral? Viverão ou sobreviverão logo do fechamento do ciclo de gestão? Quantas amizades construídas por décadas nos corredores universitários serão rompidas? Quais as duras renúncias pessoais que serão feitas? Qual o sacrifício pessoal de dizer muitos ´nãos` para aqueles que apenas diziam ´sim` em outras funções dotadas de relações políticas, inclusive a qualquer custo para chegar ao poder reitoral?

    O cenário em permanente mudança, gerador de uma sociedade caótica do ponto de vista de respeito aos valores básicos de cidadania, de liberdade, de justiça e de igualdade social ou ainda do establishment do emprego, será incapaz de constituir uma IES gerida com base em consenso, pelo contrário, haverá múltiplos espaços de duros confrontos de ideias, de posições ideológicas extremistas, de imposições de doutrinamentos, a ponto de não haver um Reitor ideal para apaziguá-los, mas para traçar rumos e propósitos comuns, capazes de mobilizar a maioria da comunidade acadêmica na mesma direção.

    Sendo a IES um organismo vertebral do desenvolvimento sustentável das regiões territoriais onde estão inseridas, cabe ao Reitor o desafio de se engajar no processo de transformação da ‘sociedade do não’ para uma ‘sociedade do sim’ ou do mundo analógico para a era digital, procurando superar o vácuo conceitual vigente, em que as pessoas não sabem aonde ir e nem como ir quando necessitam de luzes para o seu futuro. A sociedade do sim, com as bases formadas nos espaços universitários, deveria ser a geradora de um espírito propositivo, de construção coletiva do diálogo proativo, da cocriação de soluções para os problemas reais e territoriais, em detrimento do pessimismo e do olhar enviesado por posições extremistas ideológicas.

    Não faz mais sentido que um Reitor assuma o posicionamento clássico universitário de buscar a verdade, se a sociedade líquida, e cada vez mais híbrida, já não acredita e cria seus próprios meios de afirmar suas verdades em suas improvisadas lives por palpiteiros e inovólogos de plantão. Buscar a verdade segue sendo o compromisso institucional existencial, para que o desenvolvimento do conhecimento avance na direção da indissociabilidade entre a ciência e a espiritualidade, rompendo as fronteiras entre o intelecto e a moral.

    Uma luta sincera pela causa da educação exigirá, antes de tudo, a reforma de si mesmo, para respaldar os discursos e as práticas com convicção e consciência em paz. A Paixão pelo que faz e a intencionalidade em servir ao outro antes de pretender servir-se primeiro serão postas à prova para liderar com legitimidade moral em tempos de incerteza.

    Talvez pudéssemos mencionar o encargo da missionalidade de propósitos, para dimensionar o desafio que se descortina no ministério Reitoral. Os propósitos mais que os rumos em si são as chamas que vivificam a causa essencial, rompendo o determinismo do tarefeiro ou do anseio do poder pelo poder. Irá requerer o uso de tintas fortes, desprendimentos mundanos e tantas outras demonstrações de vigor nos vários cenários que se descortinarão nesta caminhada.

    Reitorear em períodos de mudança de era e já não mais numa era de mudanças requer novas competências humanas e profissionais, menos focadas em apenas entregar mais um ciclo de gestão e mais comprometidas com o fazer universidade na sua essência e complexidade, capazes de questionarem-se, reinventarem-se a ponto de surpreender aos mais incrédulos da seita do status quo e aos defensores do mercantilismo da educação.

    O Reitor comprometido com os desafios de seu tempo deve ser um agente promotor do equilíbrio institucional, do movimento orquestral rítmico, do guardião da share visión, mas antes de tudo estar consciente da necessidade de desconstruir as bases da zona de conforto produtora de desempenhos, atitudes e modus operandi medíocres, descompromissados com a transformação social e com a busca permanente pela verdade.

    Um Reitor também deve assegurar que a sua IES deve ser a luz de seu tempo, sendo o epicentro dos debates pelas comunidades acadêmicas e do entorno universitário – um espaço de circulação e do encontro de ideias divergentes, conectado com o mundo para buscar, em rede global do conhecimento, as melhores soluções de desenvolvimento regional ou territorial sustentáveis.

    Dentre as grandes batalhas reitorais está a luta pela autonomia e pela manutenção desta, mais que pela soberania escrava do poder, para que a liberdade de cátedra prevaleça e sua dinâmica organizacional responda com sensibilidade, atenção e de forma proativa aos movimentos da vida real, procurando romper com os algoritmos que levarão todos ao mesmo lugar com as mesmas respostas medianas resultante da pouca curiosidade fruto do arquétipo do empacotamento de dados e informações, fragmentadas em muros acadêmicos e gradeadas em disciplinas.

    A confiabilidade historicamente conquistada pelas indústrias de manufatura a partir de seus processos, produtos e serviços chega à pauta das prioridades institucionais da educação superior face ao descrédito gradativo perante uma sociedade caótica que, por um lado, se conforma com as verdades relativas das redes sociais inundadas de fakenews e, por outro, se depara com as IES que se julgam na era da post verdade, insensíveis à pesquisa relevante e pertinente, enviesadas por economicistas e a necessidade da produção de novos conhecimentos que contribuam para o progresso da sociedade em bases ética e moral. É preciso construir novas narrativas sobre o papel da educação superior para a humanização da civilização, buscando alcançar a sua comunidade acadêmica e a sociedade, seja pela voz, estilo, mensagem, conteúdo e método de se expressar, capaz de resignificar o modelo de instituição elitista, passiva, indiferente, retrógrada e insensível aos desafios presentes.

    Os sistemas educacionais necessitam progredir sobre bases de confiança recíproca com a sociedade, por exemplo, em relação aos tradicionais métodos de avaliação que exigem a presencialidade do estudante para evitar as possíveis fraudes de autoria e ainda superar a histórica lógica da prova voltada para aprender para o outro e não para si mesmo. Os instrumentos avaliativos estudantis não deveriam estar resguardados no medo, no fantasma da reprovação, mas focados em descobrir o que ainda não se aprendeu em formas de retroalimentações sistemáticas que possibilitem um aprendizado significativo.

    Faz sentido um professor corrigir provas e não dar feedback aos alunos sobre o que lhe faltou para o pleno êxito? Não estaríamos, nós professores, reforçando este instrumento secular baseado na desconfiança, na reprimenda e na punição? Seria justo avaliarmos todos os alunos com os mesmos instrumentos se cada qual deveria ter o seu próprio itinerário formativo? A prova avalia o aluno ideal ou o aluno real com o qual nos deparamos?

    Em tempos de pandemia, constatam-se os emergentes movimentos da virtualidade reativa, resultante de um obsoleto modelo acadêmico delivery de conteúdos desde os remotos tempos da entrega de livros por correio, que ainda predomina na grande maioria das IES em muitas regiões do planeta, com total improvisação, amadorismo e lentidão no processo de adequação ao novo contexto descortinado, evidenciando ainda um longo caminho a ser percorrido.

    A pandemia SARS / COVID-19 acentuou os problemas de desigualdades educativas e sociais, de velhos problemas já existentes nos equivocados sistemas educativos: falta de reconhecimento da categoria dos docentes; modelos educativos de massificação de conteúdos; distanciamento entre a entrega dos conhecimentos e a contextualização do perfil do alunado; desconexão com as demandas de desenvolvimento regional onde a IES está inserida; desarticulação horizontal e vertical com outros níveis de educação em âmbito nacional e com os países irmanados; entre tantos outros problemas históricos, segundo enfatizado por Peter Drucker (1997): as instituições de ensino superior não sobreviverão... o ensino superior está em profunda crise...o campus universitário tradicional não sobreviverá. Os edifícios da universidade de hoje são completamente inadequados e totalmente desnecessários.

    A generalização do EaD clássico, assincrônico e insensível ao individualismo do ser, de duas ou três décadas frente a um novo mundo laboral híbrido forçosamente impulsado pela pandemia, se apresenta como incompatível com a esperança de uma IES promotora da justiça social que se efetive em conteúdos e práticas sintonizadas com as dores sociais do entorno, plena de valores morais, vocacionais, integral e integradora.

    Em contrapartida, as IES com um DNA digital que já haviam compreendido que a diferença entre um modelo educativo com uma experiência de aprendizagem significativa digital em vez de um limitado ensino digitalizado, praticamente não sentiram a turbulência da pandemia, possibilitando à sua comunidade acadêmica a manutenção regular das atividades formativas com leves adaptações protocolares nos entornos de atividades práticas e com criativos recursos tecnológicos e suportando projetos pedagógicos sintonizados com o tempo presente e, sobretudo, com efetivas respostas adaptadas em tempo hábil aos desafios da brecha digital.

    Os docentes assumem novos perfis, atividades e compromissos como anunciadores da mudança a partir de suas práticas no processo de ensino e de aprendizagem. Hoje já não são mais detentores do conhecimento, mas curadores do saber produzido por si mesmo ou em rede de práticas de conhecimentos. Novos tempos demandam professores mentores de projetos de vida, de algo muito mais significativo na vida das pessoas, que possa ser útil à sociedade; professores conscientes do perfil das novas gerações sedentas por experiências enriquecedoras em seu itinerário formativo e já não mais da repetição, da reprodução e da reprovação; educadores conscientes de sua fala e de sua influência na vida das pessoas, sem militância ideológica, capazes de reverem as bases de suas enraizadas convicções, para romper o ciclo vicioso de propagação de discursos pró-humanismos, mas com os olhos e ouvidos enviesados em posições extremistas, ancorados em um modelo acadêmico historicamente incapaz de promover a educação como um bem público e social.

    O compromisso renovado para a educação superior pressupõe a formação de cidadãos globais, competitivos e comprometidos com a sua comunidade, para tanto também se faz necessário aprender que o mundo é mais do que as questões que nos dividem, parafraseando Pico Iyer, sobre as melhores razões para ir à universidade.

    Um Reitor sintonizado com as novas perspectivas da transformação digital sabe que mais importante que o digital é a transformação, o que demandará marcante liderança, aguçada visão de futuro e um road map que conduza a comunidade acadêmica na direção e na velocidade necessária em períodos de crise. Adicionalmente, irá requerer humildade e grandiosidade de espírito para construir coletivamente na riqueza da diversidade de sua comunidade acadêmica e social, em resposta a um mundo plural, intercultural e multidisciplinario.

    Novas reitoralidades demandam um novo tipo de liderança, orientada para a ação, mas focada nas pessoas; visionária, mas realista; ambiciosa, mas humilde; aspirante, mas, acima de tudo,

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