Um Ano De Ágatha

De Yago Kinoshita

Ágatha, uma universitária cursando publicidade em uma cidade praia, vai para a festa Doce Novembro . Uma festa em que ela se enche de bebidas e conhece o doce de novembro, a euforia do álcool misturado a ingestão de uma droga faz com que ela se lembre de poucas coisas, mas dentre elas; uma conversa, os pés na areia molhada, e um beijo dado ao som de uma música ao fundo faz com que desperte nela um sentimento novo. Uma paixão carregada por um período, por um ano.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 9 de jul. de 2021

Pré-visualização do livro

Um Ano de Ágatha:

Apenas

Yago Kinoshita

1

Sumário

Prefácio ........................................................................................ 4

Apenas uma Festa ....................................................................... 7

Apenas um Beijo ........................................................................ 47

Apenas uma Ressaca .................................................................. 67

Apenas uma Conversa ................................................................ 91

Apenas um Encontro ............................................................... 114

Apenas um Mar ....................................................................... 140

Apenas um Reencontro ............................................................ 154

Apenas um Ano ....................................................................... 184

Apenas, Ágatha ....................................................................... 193

Agradecimentos ........................................................................ 196

3

Prefácio

Você já amou? É horrível, não? Você fica tão vulnerável. O amor abre o seu peito e abre o seu coração e isso significa que qualquer um pode entrar em você e bagunçar tudo. Você ergue todas essas defesas. Constrói essa armadura inteira, durante anos, para que nada possa lhe causar mal.

Aí uma pessoa idiota, igualzinha a qualquer outro idiota, entra em sua vida. Você dá a essa pessoa um pedaço seu, e ela nem pediu. Um dia, ela faz alguma coisa besta como beijar você ou sorrir, e de repente sua vida não lhe pertence mais. O amor faz reféns. Ele entra em você. Devora tudo que é seu e lhe deixa chorando na escuridão. E então uma simples frase como ‘talvez devêssemos ser apenas amigos’ se transforma em estilhaços de vidro 4

rasgando seu coração. Isso dói. Não só na sua imaginação ou mente. É uma dor na alma, uma dor no corpo, é uma verdadeira dor-que-entra-em-você-e-o-destroça-por-dentro. Nada deveria ser assim, principalmente o amor. Odeio o amor".

- Rose Walker, Sandman.

6

Apenas uma Festa

7

As provas do curso de publicidade, tinham acabado de terminar, Ágatha fez aniversário há alguns dias atrás. Escorpiana. Sua animação era visível, fazia três anos que estava na faculdade, completou vinte dois anos de idade, tinha comemorado a data com suas amigas e surgiu aquela promessa banhada em bebidas de ir à uma festa na semana seguinte. Das suas amigas apenas algumas resolveram cumprir a promessa.

No mesmo quarto estavam Ágatha, Samira e Joana. Fernanda e Talita desistiram de ir no meio da semana, disseram que iriam para casa dos pais e por isso não estariam mais na cidade universitária.

O sol começava a se pôr na cidade praiana, a brisa fazia o vento ir de dentro do quarto para fora, as luzes daquele belo pôr do sol alaranjado chegavam primeiro nas cortinas rosadas que foram sopradas pelo vento para fora da casa, e depois alcançava as meninas se arrumando. Ágatha amava o sol, e isso era visível no seu tom de pele bronzeado. Seus 8

cabelos eram castanhos claros, fazendo um contraste de cores com seus olhos castanhos escuros. Vestia uma roupa confortável, um short jeans que subia seu corpo de forma tranquila, algo que talvez a incomodasse um pouco, às vezes se sentia magra demais, e pensava que deveria se alimentar melhor para poder ganhar uns quilinhos.

A dúvida estava na camisa que iria usar, queria evitar as clássicas camisas da faculdade que todo mundo do curso usaria em festas daquelas, na cama havia algumas peças de roupas, mas decidiu que não seria nenhuma daquelas.

Samira se maquiava, colocava os cílios postiços, e passava o lápis preto nos olhos, caía uma simples lágrima dos olhos pelo incômodo causado, mas aquela linha de lápis preto tornava seus olhos azuis em destaque, e ela amava isso.

Joana ainda estava no banho, se escutava no fundo o eco da música que ela escutava enquanto estava lá, junto com a música se escutava as ondas no fundo se encerrando nas areias.

9

A casa de Ágatha ficava a beira mar, ao sair pela porta havia uma escada que dava em uma ruela feitas de paralelepípedos que vai direto para as areias. O aluguel não era tão barato, porém, aquela casa pertencia aos seus tios de outra cidade, funcionários de uma grande corporativa, o que fez as chaves chegarem até ela de uma forma mais em conta. E por esse motivo ela se sentia bem sortuda, e suas amigas se aproveitavam dessa sorte.

Ágatha abriu o guarda roupa, viu uma camisa diferente, era um pouco maior, e lembrou de quando comprou ela, era uma estampa de um filme que ela adorava, Pulp Fiction, o nome da camisa era Bad Mother, Uma Thurman estava estampada, fazendo referência a um símbolo religioso, porém nas mãos um copo de fast food de um lado e uma carteira da outra. No meio, um coração pegando fogo e uma injeção. Numa convenção essa estampa foi elogiada pelo diretor Quentin Tarantino, atraiu a atenção de Brad Pitt e Margot Robbie, a tal convenção de imprensa era 10

para a promoção de outro filme que ela amava,

Era Uma Vez em Hollywood. Retirou a camisa do guarda roupa, abriu ela na sua frente, e seria ela mesmo que iria usar.

- Você vai usar isso mesmo? - A voz vinha de Samira que disse com indignação enquanto limpava a lágrima do outro olho.

Ágatha olhou para ela, tornou seu olhar para a camisa, e respondeu:

- Sim! Vou usar ela mesma. - Disse com uma animação incontestável.

Do banho saiu Joana, apenas de toalha, segurava um secador de cabelos e o seu celular ainda tocando uma música, viu Ágatha com a camisa em mãos, mas não teceu nenhum comentário, apenas disse:

- Que horas que começa a festa mesmo?

11

- Deve começar às oito horas. - Respondeu Ágatha enquanto colocava sua camisa que era um pouco grande, escondia metade dos seus shorts jeans, se olhou no espelho e gostou do seu visual.

Quem reconhecesse sua camisa certamente renderia uma boa conversa.

- Até lá, vou estar pronta. - Disse Joana, sem entusiasmo de que realmente estaria. Ela era conhecida por ser a atrasada do grupo de meninas, sempre chegava depois mesmo com os horários combinados.

Samira levantou do espelho, terminou sua maquiagem, e estava praticamente pronta, faltava apenas um sapato, foi até o guarda roupa da amiga e abriu a porta, tinha um espelho comprido, retirou seu celular e fez um post em suas redes sociais com uma foto sua. Na foto seus cabelos loiros apareceram meio esvoaçados pela brisa, seus olhos bem destacados pelo lápis pretos, e um batom bem rosa nos lábios. Olhou para o guarda roupa de 12

Ágatha e viu um adereço interessante que na sua cabeça combinaria bem com o estilo da amiga.

- Usa isso! - Pegou nas mãos junto do seu celular uma meia arrastão de cor preta. - Vai combinar bem, não acha?

Ágatha pegou, e gostou da ideia, a amiga nunca errava em quesito estilo, até mesmo tinha alguns milhares de seguidores em suas redes por fazer bastante propaganda de lojas de roupas, maquiagem, e provavelmente mesmo depois da faculdade iria continuar nessa vida de influencer digital que conquistou no decorrer dos anos.

No fundo se escutava novamente o barulho do celular tocando uma música, e dessa vez ele era abafado pelo som do secador de cabelos. Enquanto isso, Ágatha fez o ritual de tirar o short colocar a meia arrastão sugerida por Samira e novamente pôr o short jeans no corpo. Se olhou no mesmo espelho em que tinha acontecido a foto pouco tempo atrás e gostou do que viu mais do que antes.

13

- Viu como a camisa combinou? - Disse para a amiga que apenas sorriu de volta.

A cortina ainda se mantinha do lado de fora seguindo vento que a empurrava para aquela direção. A intensidade do sol diminuía no fundo daquela vista voltada para a praia. Um telefone começou a tocar, era uma ligação de Maria que decidiu se arrumar na própria casa, e encontrar com as meninas na porta da festa.

- Alô? - Disse Ágatha ao atender o telefonema.

- Oi, amiga! - Respondeu. - Já estão prontas? Eu estou quase, pensei em passar aí e irmos todas juntas, acho mais fácil.

- Só preciso passar uma maquiagem básica e Joana ainda está secando os cabelos. - Disse rindo, sabendo que Maria já sabia da condição. -

Acho mais fácil também, daqui podemos pedir um motorista e vamos.

14

- Combinado! - A resposta veio com um leve barulho de coisas no fundo. - Olha, acho melhor te avisar já, ele vai viu? - Aquele final da frase fez com que Ágatha se abalasse,