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Ousadia Para Mudar
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Ousadia Para Mudar
E-book284 páginas2 horas

Ousadia Para Mudar

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Sobre este e-book

Rebecca passou a infância visitando os avós na fazenda Dois Corações. Foi lá que ela conheceu Matheus e, rapidamente, tornaram-se melhores amigos. Com a chegada da adolescência, os pais de Rebecca decidiram mandá-los estudar em colégios distintos e distantes. Quando ela finalmente voltou, a vida a obrigou a tomar decisões para as quais não estava preparada. Rebecca sofreu em silêncio, porém, as consequências não foram nada silenciosas. Foi preciso muita coragem para enfrentar os medos e pedir ajuda.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de out. de 2021
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    Ousadia Para Mudar - Denise Alves De Alencar

    Denise Alves de Alencar

    Ousadia Para

    Mudar

    1ª edição

    Araguaína – TO

    Copyright © 2017

    Capa: Dammy Costa

    Diagramação: Veveta Miranda

    Revisão: Denise Alves de Alencar

    Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora.

    Quaisquer semelhanças com nomes, datas e acontecimentos reais são mera coincidência.

    Todos os direitos reservados.

    É proibido o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte destas obras, através de quaisquer meios — tangível ou intangível —

    sem o consentimento escrito da autora.

    Criado no Brasil

    Para

    Meu marido (Bebeto) e minhas filhas (Maria Eduarda, Cecília Maria e Maria Angélica): amo vocês!

    Cecília Maria e Maria Eduarda: eu só vejo força e atitude em vocês! Obrigada pelo apoio a essa história que eu tanto amo!

    Meu sobrinho Jânio Jr. : meu modelo gato!

    Minha sobrinha Gabi e minha cunhada Lúcia: amo vocês!

    Meus pais Juraide e Deca: obrigada por tudo: do carinho às broncas, eu sou mais vocês!

    Todos aqueles que acreditam no primeiro amor...

    Capítulo 1

    Rebecca sempre amou as férias. Depois de viajar para um lugar diferente a cada ano, sempre voltava para a fazenda dos avós.

    Cada dia era recheado de aprendizado, liberdade e alegria.

    Por ser fi lha única, a algazarra que encontrava na fazenda era muito esperada por ela.

    Desde os seis anos, a amizade com Matheus só aumentava. Ele era fi lho do senhor Denilson, administrador da fazenda. Denilson era casado com Raquel, a quem amava muito. O casal era muito feliz e Matheus era a alegria deles.

    Foi Matheus quem ensinou Rebecca a andar a cavalo. Ela tinha pavor e seu pai acabou por desistir de fazer com que sua pequena enfrentasse o medo dos bichos.

    Matheus, pacientemente, ajudou Rebecca, pois segurava as rédeas do cavalo e andava longas distâncias enquanto conversavam.

    Dali para uma forte amizade, foi um passo. Rebecca confi ava em Matheus e ele tinha grande carinho pela gentileza da amiga.

    Na verdade, eles não conversavam. Matheus ouvia o que Rebecca contava sobre suas viagens. A ruivinha tagarelava o tempo todo. Matheus gostava desse lado dela, pois ele era muito calado.

    Porém, a menina tinha o poder de fazê-lo falar.

    ― Você já foi a Paris, Matheus? ― Ela perguntava.

    ― Não. ― Ele respondia tranquilamente.

    ― E Londres? ― Ela continuava sua investigação.

    ― Também não.

    5

    Denise Alves de Alencar

    ― Matheus, você já saiu daqui alguma vez? ― Ela cruzava os braços, enquanto fazia um biquinho para ele, entediada com tantas respostas negativas.

    ― Eu vou sempre à capital. Mas seu avô disse para meu pai que era para ele me levar quando ele fosse comprar ou vender o gado.

    Ele acha que está na hora de eu aprender essas coisas. ― Matheus respondia orgulhosamente. ― Mas eu gosto mesmo é de cavalos, Bec.

    Chegaram à beira do rio e ficaram admirando a paisagem. Nunca entravam na água, pois seus pais proibiam. Apenas com a supervisão de um adulto.

    ― Quantos anos você tem, Matheus?

    ― Nove. Quase dez. E você?

    ― Seis. Quase sete. Vou ganhar uma viagem para comemorar meus sete anos. Você quer ir também? ― Ela questionou.

    ― Para onde você vai, Bec?

    ― Para... Ainda não sei. Minha mãe me mandou escolher entre Disneylândia e o Beto Carrero World.

    ― E você já decidiu? ― Perguntou ele, enquanto jogava pedrinhas para que elas quicassem na superfície da água.

    ― Eu já fui várias vezes na Disneylândia. Minha amiga Lucy me disse que o Beto Carrero é lindo. Então, acho que vou escolher ele.

    ― Seus pais não deixariam que eu fosse, Bec. ― Matheus ponderou pensativo, olhando as pequenas ondas se formando no espelho da água. Provavelmente, sua própria mãe não deixaria.

    ― Se eu pedir, Thetheus, eles deixam. Meu paizinho faz tudo por mim. E minha mãe falou que eu posso escolher três amigas para ir comigo. Como a Lari está viajando, se você quiser, eu falo com minha mãe. ― Ela olhou para ele ― Você quer, Matheus?

    O menino olhou de volta para aquela menina doce em cima do cavalo. Era ainda muito inocente. Mas era educada e gentil. Tão diferente da prima Joanna... Ela tinha a idade de Matheus, mas o nariz vivia nas alturas. Filha de um primo distante de Raquel, Joanna sempre arrumava confusão em suas visitas...

    ― Se sua mãe deixar, eu vou, Bec. ― Matheus disse sorridente.

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    Ousadia Para Mudar

    Bec bateu palmas e sorriu.

    ― Eu falo, Matt!!! Nós vamos conhecer o Beto Carrero e você vai viajar pra longe. Mamãe me disse que esse parque fica no sul!!! ― A menina estava radiante.

    ― Só você mesmo, Bec! Faz aniversário e eu é que ganho o presente?!? ― Matheus disse, balançando a cabeça em negativa, enquanto puxava o cavalo de volta para a sede.

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    Denise Alves de Alencar

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    Capítulo 2

    Ninguém estranhou quando o carro parou na porta da casa, trazendo a família direto da pista de pouso, e uma ruivinha desceu correndo, pulando no colo do avô.

    A alegria tomou conta do senhor Antônio Carlos. Desde que Rebecca começou a estudar, suas visitas se resumiam às férias ou alguns feriados prolongados. Mas, na maioria das vezes, a família viajava para algum país estrangeiro.

    Sempre que podia, ele ia visitá-la. A avó, dona Martha, visitava a família com mais frequência. Porém, desde que seu marido adoecera, eles têm evitado tantas viagens. Por isso, mudaram-se de Goiânia para Palmas. A fazenda fi cava a 500 quilômetros da capital, mas essa distância era vencida facilmente com o jatinho da família.

    ― Vovó, onde está o Matt? ― Perguntou a menina ansiosa.

    ― Deve estar no curral 3, meu bem. Ele foi ajudar a receber uns touros hoje. Mais tarde ele vem.

    ― Mas ele nem gosta de boi. Ele gosta de cavalos. Ele não sabia que eu chegava hoje? ― Perguntou Rebecca com uma pitada de decepção no olhar.

    ― É claro que ele sabe, Rebecca. Tenha paciência, fi lha.

    E assim entraram na sede 1, a casa construída para o doutor Álvaro, pai de Rebecca. Uma construção digna de novelas, padrão 4

    estrelas.

    A sede 2, onde moravam os avós de Rebecca, era uma construção menor, mas contava com uma vista panorâmica para o lago.

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    Denise Alves de Alencar

    Rebecca entrou na casa e foi recepcionada por outras crianças, filhas dos funcionários que moravam nas dez casas espalhadas pela fazenda. Apesar de se mostrar muito feliz, Rebecca só ficava completamente satisfeita quando colocava a conversa em dia com o Matheus. Ele, sim, a entendia. E a tratava de igual para igual. Nunca se achou melhor por ser mais velho. Era o irmão que Rebecca não teve e um rapaz querido pela família Camargo de Albuquerque.

    No fim da tarde, Matt chegou na sede um tanto ressabiado. Era muito tímido. Cumprimentou a todos. Estava acompanhado de seus pais. Foram convidados a entrar. Matt não esperava a surpresa: uma pequena festa de aniversário.

    O olhar do garoto brilhou quando a ruivinha entrou na sala, gritando, feliz em vê-lo.

    ― Matt! Feliz aniversário! Olha o que eu trouxe para você! ―

    Abraçou-o, entregou o embrulho e foi abraçar os pais de Matt.

    Matheus engoliu em seco quando viu o caro aparelho de celular.

    ― Obrigado. Mas já temos um aqui. ― Agradeceu, meio sem jeito. ― Mas esse é só seu, Matt. Vem, vou te ensinar a usar. ― E saiu da sala direto para a varanda arrastando o garoto, que não sabia o que fazer. Sentaram-se. Rebecca olhou para seu amigo.

    ― Está acontecendo alguma coisa, Matt? Não gostou do presente? ― Perguntou ela, apreensiva. Conhecia muito bem seu amigo e percebia que algo não estava bem.

    ― Não é isso, Bec. Eu adorei. É que...

    ― Olha a agenda! Eu também ganhei um igual, Thetheus. Eu já coloquei meu número. Agora, podemos nos falar sempre. Não precisa mais pedir celular emprestado. ― Ela o interrompeu, decidida a acabar com a angústia do amigo.

    ― Obrigado...

    ― Feliz aniversário, Matt! Quinze anos! Você deve estar muito feliz. Vai começar o ensino médio. Será que você vai continuar meu amigo? ― Ela arregalou os olhos ― É por isso que você está estranho 10

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    comigo?

    ― Respira, Bec! ― Matheus conseguiu colocar um sorriso no rosto. A amiga sempre fora muito intensa. Não era sua intenção deixá-la preocupada. Não ainda.

    ― Então, fala logo, que eu quero te ensinar a usar seu aparelho.

    ― É que...

    ― Ei, vocês! Vamos cantar os parabéns? Você roubou o aniversariante, senhorita Rebecca! ― Lia estendeu as mãos para os dois, conduzindo-os para a sala de jantar.

    ― É que ele precisa aprender a usar o celular logo, mamãe! Não teremos muito tempo!

    Rebecca acordou cedo e ligou para Matheus. Ela sentiu que ele atendeu, porém não ouviu sua voz.

    ― Matheus?

    ― Oi!

    ― Você não pode falar agora?

    Ela ouviu um longo suspiro do outro lado da linha.

    ― Você já tomou café? ― Ele quis saber.

    ― Não.

    ― Então, desça, tome seu café e encontre-me no curral 1.

    Chegando no curral 1, que era o mais próximo da casa, Matheus a esperava com um cavalo arreado.

    ― Para onde vamos? ― Rebecca perguntou baixinho. Sentia que algo estava acontecendo.

    ― Vamos até a represa de tambaqui. Preciso falar com você em particular.

    Rebecca não respondeu nada. Aceitou sua ajuda para subir no cavalo e o acompanhou pela estrada silenciosamente.

    A represa de tambaqui era o seu lugar preferido. A grama era mais verde, tinha até flores no campo. As árvores eram as mais lindas e frondosas.

    Ela apreciava a vista. Adorava as pastagens e os animais premiados do seu avô.

    Chegaram até a represa. Matheus desceu e amarrou seu cavalo 11

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    embaixo de uma árvore. Foi até Rebecca e a desceu do cavalo, amarrando-o junto ao seu.

    Sentaram-se na relva fresca da manhã.

    Matheus arrancava pedaços de capim do chão, claramente protelando algo.

    ― Fala logo, Matt! Estou ficando nervosa!

    ― Eu vou embora!!!

    O coraçãozinho de Rebecca deu um pulo tão grande, que ela colocou a mão no peito, tentando aliviar a dor.

    Porém, continuou calada.

    ― Eu vou estudar em um internato. Fazer todo o meu ensino médio lá. Só sairei quando terminar. E, pelo que eu entendi, você também vai estudar fora.

    ― Eu?!?

    ― Sim. Mas o seu internato é fora do Brasil. Não entendi o nome direito. ― Ele olhou para ela.

    ― Eu também não vou sair de lá? Não acredito que meu papaizinho vai fazer isso comigo!!!

    ― Não. Você vem nas férias. Eu vou ficar, pois perdi muito tempo em escola rural. Segundo seu pai, preciso fazer cursos nas férias.― Ai, meu Deus, Thetheus! Três anos? ― Então, um sorriso brincou em seus lábios. ― Ainda bem que eu trouxe um celular! Mas parece que você não gostou muito.

    ― Não é isso, Bec. É que eu não posso usar celular enquanto estiver lá. Terei direito a uma ligação por semana.

    ― Ohhhh.... ― Foi tudo que saiu de sua boquinha vermelha, que já tremia.

    Eles se levantaram e se abraçaram.

    ― Promete se comportar, Matt? Promete que vai conversar mais e fazer amigos? Promete que vai aprender a falar inglês para a gente viajar quando você sair? ― Ela pedia, enquanto as lágrimas escorriam por suas bochechas gorduchas e sardentas.

    ― Vai ser difícil, ruivinha. E você? Promete não me esquecer?

    12

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    Quer dizer, promete não esquecer seu amigo da roça? ― Ele forçou um sorriso, tentando não chorar. Abaixou-se e pegou uma flor do campo rosa, a preferida de Rebecca, e deu a ela.

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    Capítulo 3

    A vida na cidade prosseguiu normalmente. Os pais de Rebecca chamaram-na para conversar sobre o assunto do internato apenas nas férias. Com muito jeitinho, contaram a novidade. Mostraram fotos do colégio; falaram sobre sua boa reputação; citaram pessoas importantes para o mundo que já estudaram lá...

    Rebecca não protestou. Sempre foi uma fi lha atenciosa e obediente. Sabia que Matheus também iria para um internato e que aquelas férias foram as últimas com ele pelos próximos três anos.

    Tudo foi muito rápido. Quando Rebecca chegou na fazenda, Matheus não estava mais lá.

    A princípio, ela não quis andar a cavalo. Ficava apenas na casa.

    Começou a assistir a fi lmes o dia inteiro. Seus pais não entendiam a tristeza de Rebecca.

    Raquel entendia. Sabia da amizade que os unia e tentou consolar a amiga do fi lho e fi lha de sua patroa querida.

    ― Rebecca, tenho uma coisa para você.

    Ela olhou para Raquel e não falou nada.

    A mãe de Matheus tirou a mão de trás das costas e mostrou uma caixa a ela.

    ― Minha querida, Matheus pediu que lhe entregasse isto.

    Rebecca sorriu, feliz, depois de muitos dias, pediu licença e correu para o seu quarto.

    Quando abriu a caixa, uma lágrima correu pelo rosto.

    15

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    Dentro da caixa, estava o celular.

    Era sua última esperança de falar com Matheus durante esse tempo. Agora, como faria? Ele não cumpriu com o combinado: ele tentaria ficar com o celular para se falarem. Mas o Matheus não era um menino irresponsável e desobediente. Ela deveria imaginar que, quando os pais falassem sobre a regra do uso de telefone, ele iria obedecer.

    Embaixo do aparelho, no entanto, havia uma foto dos dois. Ela se lembrava bem do dia. Ele puxava seu cavalo enquanto ela falava sobre as amigas da cidade. Matheus apenas balançava a cabeça.

    ― Matheus, vamos tirar uma foto! ― Ela esticou o braço e tirou uma selfie.

    Olhou para seu melhor amigo ali, imortalizado em uma fotografia que ele havia mandado revelar. Um porta--retrato a emoldurava. Aquela lembrança teria um lugar especial em seu quarto.

    Rebecca secou o rosto e pegou a foto em suas mãos. Porém, notou que a imagem estava de cabeça para baixo. Delicadamente,

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