Além do Vermelho: Contos do cotidiano
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Sobre este e-book
Jogando algumas roupas dentro de sua surrada mala de mão, fechou o zíper e, sem que ninguém se desse conta, irrompeu porta afora, para a luz do dia que raiava. Ah, o que diria a ele quando se encontrassem? Colocando sua pequena mala na parte de trás de sua bicicleta, começou a pedalar. O sol acabou ficando às suas costas e, quanto mais pedalava, mais tinha ganas de chegar à estação de trem.
Seria difícil e teria de pedalar muito mais se quisesse alcançar seu amado antes da partida do trem, mas tentaria até o último minuto.
Qual será o desfecho desse conto, que anos mais tarde foi revelado aos netos? Quem saberá explicar o final dessa história de encontros e desencontros? Uma memória tem um valor tão grande quanto o que nós damos a ela. Saboreie cada momento com seu toque único de humor, ironia, sedução e nostalgia para descobrir a profundidade de vidas que se cruzam e são relatadas conto após conto.
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Além do Vermelho - Paula Cremasco
1. Da efemeridade do amor moderno
As pessoas se mostram incessantemente instáveis e invariavelmente indesejáveis.
Diferente?
Foi extremamente esquisito vê-lo novamente, tantos anos depois, tão alto, forte, mudado. Não era mais aquele menino de moicano vermelho e sorriso com aparelho fixo que tinha em mente. Tinha deixado de usar o aparelho nos dentes e não tinha mais cabelo vermelho, agora mantinha-o bem curto, à escovinha, que maduro.
Senti muita vergonha pelo fato de as coisas nunca terem se resolvido totalmente entre nós, então decidi tentar relaxar, mas era impossível não ficar tensa com a sua presença. Uma chama que queimava bem na minha frente e me consumia por completo. Como vê-lo sentado tão próximo e me sentir tão distante dele? O que poderia dizer?
A única pessoa que fazia meu coração disparar, minhas mãos suarem e minha voz falhar – logo eu, tão habilidosa nos diálogos. Quando o vi chegar, fiquei mortificada. E agora? Tentei manter a compostura e fingir que não tinha me abalado em nada vê-lo tão bronzeado devido à praia do final de semana anterior, e tão sorridente.
— Oi — cumprimentei.
— Oi, moça — respondeu. Ele adquirira esse curioso hábito de me chamar de moça
, incomum, como sempre foi.
— E aí, como andam as coisas?
— Ah, sabe como é, né? — disse, apoiando o cotovelo na porta do carro que acabara de fechar e olhando desajeitado para os pés que seus sapatos calçavam, cutucando a grama verde debaixo deles. — Último ano de faculdade, concurso público, sair de vez em quando... Essa vida chata de sempre.
— Sei como é, sei como é. — Que resposta mais imbecil! Por que eu sou tão idiota quando converso com ele?
— Então, vamos usar o computador, se você quiser dar uma olhada lá depois...
— Claro! Vou, sim, daqui a pouquinho — respondi, de forma débil, daquela forma que eu sei que só ele consegue me deixar.
Totalmente sem jeito, decidi não ir até lá encontrar com ele e o amigo tão cedo, então peguei um livro e comecei a ler na varanda, enquanto me distraía constantemente com o barulho dos pássaros e eventualmente da chegada de um beija-flor perdido nas flores. Eis que lia tranquilamente meu livro, quando ouço:
— Ah, não! Você tá estudando, é?! Até aqui?! Para com isso, vai? Vem comigo... — Ele me surpreendeu com um susto por trás da cadeira em que estava sentada, fechando meu livro sem a minha autorização e me puxando para dentro da casa, para onde ele e o amigo usavam o computador.
Chegando no quarto, só havia uma cama para sentar, pois as duas outras cadeiras estavam ocupadas por eles. Sentei na cama e recolhi minhas pernas, encostando o queixo nos joelhos, totalmente sem saída. E agora, o que fazer? Ele olhava para mim com um sorriso brincalhão nos lábios, indicando que a minha presença o agradava.
Quando seu amigo saiu do quarto para ir até o lado de fora da casa, ele se sentou comigo. Estiquei as pernas.
— Senti sua falta. Por que você sumiu da minha vida? — eu disse, por impulso.
— Não, não sumi da sua vida. Você que desapareceu... Agora que não está mais namorando aquele imbecil, posso me reaproximar para... — respondeu ele, encarando meus lábios e exalando desejo pelos poros, quando continuou: — ficar mais junto de você, sabe? Queria...
— O que você queria? Me deixar pela sua ex-namorada outra vez?! —