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Crônicas Do Fim Dos Tempos Vol I
Crônicas Do Fim Dos Tempos Vol I
Crônicas Do Fim Dos Tempos Vol I
E-book198 páginas2 horas

Crônicas Do Fim Dos Tempos Vol I

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Sobre este e-book

Primeiro, humanos serão deuses. Depois, deuses serão humanos. Assim começa a profecia do Fim dos Tempos. E quando ela se concretiza, a Ordem se encontra com uma Deusa, uma Rainha e uma Guerreira na Inexistência para ouvir suas histórias, começando pela de Annyka Halo, que achava que era apenas uma adolescente com deficiências que gostava de teatro até se ver envolvida num mundo de magia do qual ela nunca pediu para fazer parte. Seria melhor esquecer tudo e voltar para sua vida comum, ou se levantar e enfrentar seu destino?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de mai. de 2020
Crônicas Do Fim Dos Tempos Vol I

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    Crônicas Do Fim Dos Tempos Vol I - Stephanie Reis

    O SHOW DOS DESAFIOS

    O SHOW

    DOS

    DESAFIOS

    1

    O SHOW DOS DESAFIOS

    2

    O SHOW DOS DESAFIOS

    Para Ariel.

    Eu te amo, cara.

    3

    O SHOW DOS DESAFIOS

    4

    O SHOW DOS DESAFIOS

    INDÍCE

    AS TRÊS

    7

    QUEBRANDO A CARA DE GENTE IDIOTA

    11

    TE VEJO NO VERÃO

    25

    AMIGUINHAS

    36

    O FIM DA MANHÃ MAIS ESTRANHA DA MINHA VIDA 44

    SENTI SUA FALTA

    55

    GLITTER E ALFINETES

    68

    MEDO DO ESCURO

    82

    MASLE

    93

    O DESAFIO DA FESTA

    102

    A DAMA DO BOSQUE

    111

    SONHOS

    120

    FEITA DE VERDADES

    127

    O EMA E A OPERAÇÃO

    133

    PORTAS

    139

    EM CASA

    147

    LESTE

    158

    DEUSA DA VIDA

    165

    5

    O SHOW DOS DESAFIOS

    6

    O SHOW DOS DESAFIOS

    AS TRÊS

    O FIM DOS TEMPOS HAVIA SE CONCRETIZADO.

    As três se viram abraçadas no meio da densa imensidão vazia.

    Uma Rainha, uma Guerreira, e uma Deusa. Vindas de lugares diferentes, por motivos diferentes, unidas agora pelo instinto mais profundo que existia em cada uma delas: sobrevivência. Estavam tão juntas que seus corações batiam como se fossem um só, disparados e fortes. Uma só respiração rápida. Um único tremor tímido. A vida que conheciam, seus amigos e famílias, suas casas... nada daquilo existia mais.

    Uma quarta figura as observava. Uma figura de natureza humana, mas também com algo a mais. Estava ali no meio do nada há tanto tempo que se esquecera de quem foi um dia. Mas ao ver aquelas três ali, ela foi tomada por um sentimento forte de saudades e quis se juntar ao abraço.

    A primeira a reparar na figura foi a Rainha. Ela se soltou das outras com um suspiro e os olhos cheios de lágrimas.

    – Vó? – chamou a Rainha.

    A figura abaixou o olhar e fez que não com a cabeça.

    A Guerreira então se afastou também do abraço e deu um passo para trás.

    – Você é Deus? – perguntou ela.

    A figura ergueu uma sobrancelha e repetiu para a Guerreira:

    Você é Deus?

    A Guerreira fez que não com a cabeça de leve, mas então parou e pensou na pergunta e se lembrou de sua jornada e todos que encontrou. Um de seus primeiros aliados fora quem a ensinara sobre a 7

    O SHOW DOS DESAFIOS

    Ordem. Então ela endireitou a postura, encarou a figura nos olhos, e disse:

    – Eu sou.

    A Deusa não havia saído do lugar. Abraçava a si mesma agora que as outras haviam se afastado, e encarava a figura tristemente.

    – Você não é quem eu estou vendo – disse a Deusa.

    A figura fez que não. De fato, cada uma das três via alguém diferente. A Rainha via a sua querida avó, com quem morara por alguns anos, a mulher que ela mais admirava. A Guerreira via uma atriz que um dia ela vira interpretar Deus. E a Deusa via seu melhor amigo, cuja morte ela acabara de presenciar.

    – Eu sou o que você chama de Tempo, minha Dama – disse a figura para a Deusa. – E o que você chama de Ordem, minha Guerreira

    – ela desviou o olhar para a outra mulher.

    A figura se aproximou da Deusa com cautela, mas ela abaixou o olhar. Quando olhava para a Ordem, via os olhos azuis mais familiares do mundo, da única pessoa que a acompanhou por toda a loucura que foram os últimos séculos. Não aguentava erguer o olhar e se lembrar do fim daquela história. Da mão dele estendida, clamando por ela, e como ela não percebeu a tempo.

    – Eu estou aqui há eras e mais eras, tentando consertar meus erros, e me esqueci do que me trouxe aqui em primeiro lugar. Eu sinto que já fui como você – disse A Ordem à deusa. – Ou será que eu era como elas?

    Ela se virou para as jovens humanas. Apesar de assustadas, ambas se mantinham de pé e a olhavam nos olhos. Não queriam que ela soubesse que elas tinham medo, alheias ao fato de que ela já sabia.

    – Eu conheço vocês – disse a Ordem. – E vocês me conhecem.

    – Todos te conhecem – disse a Rainha.

    – Se você é a Ordem, deveria estar morta – disse a Guerreira. –

    Acabamos de presenciar o Fim dos Tempos.

    – Que estranho, não é? – disse a Ordem pensativa.

    8

    O SHOW DOS DESAFIOS

    As duas humanas se entreolharam, descontentes com as respostas vagas. Queriam exigir que a Ordem fizesse com que tudo voltasse, queriam ver seus entes queridos e que a vida voltasse ao normal. Mas a Ordem não parecia se importar com elas, só tinha olhos para a Deusa. Como se eles dois estivessem conectados por algo maior.

    – Eu sei de tudo, mas não me lembro de nada – disse a Ordem.

    – Eu imploro, contem-me suas histórias.

    A Deusa conseguiu reunir forças para levantar o olhar. Ao verse encarando seu amigo, quase desabou em lágrimas.

    – Como isso pode ser relevante? – disse a Deusa.

    – Como pode não ser? – disse a Ordem. – Se todos somos um, suas histórias são minhas. Sinto sua dor e suas confusão. Deixem-me ajudar.

    – Ajudar? Depois de tudo que aconteceu? – chorou a Rainha.

    Ela foi para perto da Ordem com passos duros e firmes e empurrou a figura, que já não tinha mais a aparência de sua avó, mas de sua mãe: uma mulher autoritária e bela que a rainha preferia evitar.

    – Você é a responsável por isso – acusou a Rainha. – Eu perdi tudo.

    – Não perdeu, Majestade – disse a Ordem tranquila. – Você está aqui trazendo com sigo tudo que já foi e pelo qual passou. Todos os lugares em que já esteve e pessoas que já amou estão aqui porque você as trouxe.

    – Todos os lugares em que já estive estão destruídos –

    respondeu a Rainha. – Todas as pessoas que já amei estão mortas.

    – Eu sinto muito por isso. Por favor, deixem-me ajudar – disse a Ordem. – Há tanto tempo que eu não falo com ninguém. Contem-me suas histórias.

    – Minhas histórias vão morrer comigo. – A Rainha deu as costas a Ordem e se colocou ao lado da Guerreira novamente. Rosto duro. Braços cruzados. Não estava disposta a negociar.

    9

    O SHOW DOS DESAFIOS

    A Guerreira olhou para a colega e então para a Ordem. Dentro dela, todo o medo que não havia sentido em todas as suas últimas batalhas parecia ter se acumulado, prestes a explodir.

    – Eu não quero ajuda – disse a Guerreira. – Só me deixe voltar e morrer com os outros.

    A Ordem não pareceu surpresa com aquele pedido, mas também não parecia disposta a realiza-lo. Frustrada, a Guerreira ignorou a Ordem e foi até a Deusa. Outrora grandiosa, agora era apenas uma jovem fragilizada. Mesmo assim valia a tentativa. A Guerreira segurou sua mão e se ajoelhou em sua frente.

    – Por favor, Dama, me deixe voltar – implorou.

    A Deusa a lançou um olhar triste e mordeu o lábio. Mesmo que quisesse concedê-la um fim misericordioso, não podia. Estava impotente.

    Ao ver a dor nos olhos da Deusa, a Guerreira começou a chorar.

    A Deusa era a única cujas lágrimas que quase lhe enchiam os olhos ainda não havia escapado. Ela nunca quisera acreditar chegaria a esse ponto. Seu último soldado implorando par ser sacrificado.

    Mas sempre soube que ninguém resistiria ao Fim dos Tempos.

    Nem sua guerreira mais forte.

    Nem sua rainha mais sábia.

    Nem seu melhor amigo.

    Nem ela própria.

    – Levante-se – disse a Deusa –, e pare de se humilhar.

    A Guerreira segurou o coração partido e obedeceu sua Dama.

    Fora idiotice implorar. Os deuses não eram grandiosos como se pensava, e essa era uma lição que ela já havia aprendido.

    A Deusa se viu mais uma vez em frente à Ordem.

    Aquele rosto... os cabelos escuros, a barba curta, a pele clara.

    Acabara de ver aquele rosto em pânico, gritando o seu nome, e ela o deixara lá para padecer. Jamais se perdoaria, e, honestamente, não achou que viveria o suficiente para contar a história, mas ali estava ela.

    10

    O SHOW DOS DESAFIOS

    – Se é que você quer – disse a Deusa –, eu contarei a minha história.

    11

    O SHOW DOS DESAFIOS

    QUEBRANDO A CARA

    DE GENTE IDIOTA

    CAPÍTULO I

    NO INÍCIO, NÃO HAVIA NADA.

    Então surgiu você.

    Você deve saber dessa parte, afinal, foi você quem estava lá, não eu.

    Como para tudo que existe deve haver uma resposta, junto com você, surgiu a Desordem. E juntos vocês criaram tudo que existe nos mundos.

    Para cada criatura frágil ou parte da natureza vocês fizeram um Imperei para tomar conta, mas os humanos nos chamavam de deuses. As primeiras Impereis eram a Luz e a Escuridão, que eram as líderes dos outros que surgiram depois, as outras forças da natureza. Posteriormente elas passaram a ser chamadas Dia e Noite.

    Depois vieram Impereis que não eram forças da natureza.

    Animais, sentimentos. Da junção dos elementares com os naturais, nasceram os novos líderes dos Impereis. Do fogo com a escuridão, o dia; da água com a luz, a morte. Quando a morte nasceu, o tempo começou a passar, e as criaturas começaram a envelhecer. Essa mudança ficou conhecida como a vinda da Nova Ordem. Era você? Bem, não sei o que te fez mudar, mas os naturais não pareceram gostar muito de serem mais os mais importantes.

    12

    O SHOW DOS DESAFIOS

    Então, uma profecia anunciou mais uma mudança: O Fim dos Tempos.

    Isso aconteceu com a vinda de uma nova raça, Impereis que eram quase humanos, chamados Akeen. Eu era um deles, e quando os outros começaram a se manifestar, os Impereis tiveram medo. Afinal, a profecia do fim dos tempos dizia que no início do fim humanos serão deuses e deuses serão humanos.

    E foi o que aconteceu. A lenda diz que quando eu me juntei publicamente aos Akeen, a Morte, meu marido, nos expulsou de Eiros, a cidade dos deuses, com o apoio dos deuses da natureza. Mas ninguém se lembra desse dia. Nem os Imperei, nem os Akeen. E sabemos que as lendas que os humanos contam sobre nós geralmente não falavam a verdade.

    O que sabemos é que passamos a viver no mundo mortal, com corpos mortais, e não podíamos confiar no passado nem nas profecias.

    Mas eu não sabia de nada disso naquela época.

    TUDO COMEÇOU NO QUE, na época, foi o pior dia da minha vida.

    Depois disso parecia que todos os dias tentavam se superar.

    Eu já tivera muitos dias ruins. Cresci num hospital. Então em nome de não desvalorizar essa época, eu renomeei para o pior dia da minha vida para o meu emocional e psicológico, o que eu acho que faz mais jus.

    Tudo estava indo bem nos últimos tempos. Bem demais.

    Eu deveria saber que nada nunca vai bem comigo por muito tempo. Minha onda de azar vinha desde o dia da minha concepção. Não, talvez desde a formação minha mãe dentro da 13

    O SHOW DOS DESAFIOS

    barriga de minha avó. Jonatas, meu irmão mais novo, implicava comigo dizendo que minha mãe gritou de pavor ao me ver pela primeira vez. Como se ele estivesse lá para ver.

    Mas aquele dia conseguiu ser mais humilhante do que tudo que eu já passei. Em menos de uma hora, eu revivi todos os momentos ruins da minha vida inteira.

    Eu estava de pé no palco, sozinha, e havia três pessoas na plateia.

    – Então, Srta. Halo – disse o homem de óculos –, me fale da sua condição.

    Delos Rios. Cabelinho cacheado em corte de hipster e óculos combinando. Camisa de botões azul e um colete preto.

    Delos era um bloguerinho que começou há dez anos, em 2004, e hoje ele era uma das pessoas mais influentes nessa baboseira de celebridade. Ele vai ser o chefe de propaganda e publicidade do show. Estou esquecendo de alguma coisa? Ah, sim, claro: Ele me odeia.

    Eu estudo com Débora, a irmã dele, e nós vivemos brigando. Débora é uma putinha mimada com problemas de raiva, transtornos psicológicos, PA, e mais um monte de problemas que eu também tenho.

    Meu problema com Débora não é que ela é parecida comigo. Não é termos os mesmos cabelos cacheados e castanhos, nem a mesma microftalmia, o mesmo problema no lado esquerdo do corpo, nem os mesmos problemas psicológicos. É o fato de que ela faz de tudo para fingir que é melhor do que eu.

    Talvez isso faça ela se sentir mais normal, apontar tudo que eu tenho de igual a ela como se fosse um defeito. Tínhamos tudo para sermos amigas. Já fomos amigas. É por isso que eu tenho raiva.

    14

    O SHOW DOS DESAFIOS

    Essa semelhança não é à toa. Por parte de minha mãe, temos um

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