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Azaleias E Rosas
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E-book139 páginas1 hora

Azaleias E Rosas

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Sobre este e-book

Uma experiência nova, a humilde pretensão de oferecer no mesmo espaço, poesia e prosa, representadas por sonetos e crônicas, tomando como inspiração as flores azaleia e rosa.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de out. de 2022
Azaleias E Rosas

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    Azaleias E Rosas - Renato Mendonça

    SONETO DAS FLORES

    (24/10/2020)

    Quanta paz! E que delicadeza de cor...

    São as mãos benevolentes dessa Natureza,

    Feito poesia em livro — a pura beleza!

    Aplicando as tintas do nosso Criador.

    Quais as dignas franquias do mundo da flor?

    Não apenas azaléas e rosas, com certeza.

    Há tantas, com mesmo encantamento e lindeza.

    Que a flora nos abona, com muito amor

    E para fazer jus à imagem do belo.

    Diria que me bastam essas duas flores,

    Para inovar todos os sentimentos meus.

    Não haverá pintor a imitar fulgor singelo,

    Nem nos deixar esquecer perdidos amores.

    Há apenas um, fiel e perfeito: Deus!

    SONETO DA MÃE

    (03/09/2021)

    Superada a minha dedicada missão,

    Um dia verei seu rosto na eternidade.

    A mesma candura, numa aura de bondade,

    Um semblante novo, minha nova visão.

    Superado o meu limite aqui nesse chão,

    Criarei asas para vencer a gravidade,

    Encontrarei você, sem minha veleidade,

    Sem remorso, sem medos, a mesma paixão.

    Então, em plena liberdade, como foi escrito,

    Nos ares, na imensidão, no berço da fé,

    Dar-se-á o encontro perfeito, no infinito,

    No coração da luz, como Deus quer, até

    Deixar ecoar dentro de nós, um só grito:

    O desejo final do Homem de Nazaré!

    À BEIRA DO CAMINHO

    (24/10/2021)

    Mostra-nos o capítulo10 do Evangelho de São Marcos uma passagem bíblica muito significativa e emblemática para os nossos dias. O cego Bartimeu, pedindo esmolas à beira do caminho, pressente Jesus passando por ali. Percebe, porque há um alvoroço da multidão; há discípulos também, no meio dessa gente. Há inúmeras pessoas que estão ali apenas por curiosidade, talvez nem acreditem no Cristo como o filho de Deus.

    Bartimeu, envolto na sua humildade, e movido por angústia e fé, resolve clamar por Jesus: Filho de Davi, tem compaixão de mim. Nesse momento, muitos nem o ouvem; outros mandam que se cale, porque talvez o julgassem insignificante e um pária da sociedade, dependente e carente de visão.

    Mas quando Jesus o ouve, para, olha para Bartimeu, e vendo que ele é cego, diz: Trazei-o. Eles não o trazem, apenas o chamam: Coragem, levanta-te! Ele te chama!. Falam com desdém, adotando uma postura de soberba, de superioridade, não percebendo que ali estava um ser humano que teve o infortúnio de uma cegueira.

    O cego levanta-se, não pela ordem da multidão, mas, por uma força espiritual, por uma vontade que talvez nunca tenha experimentado até então; um gesto que não vem apenas da mente, senão do coração. E quando ele se aproximou de Jesus, guiado por essa força estranha, o Mestre lhe perguntou: Que queres que eu te faça?.

    Jesus, obviamente, já sabia por que o cego se aproximara. Já conhecia sua necessidade e sua expectativa, mas queria naquele momento dar mais um padrão ao poder da fé, da cura dos males de uma sociedade, ainda desabituada a ver no semelhante um seu irmão. Queria muito mais, deixar o legado para o futuro, esse futuro que estamos agora vivendo de forma desumana.

    E o cego responde: Rabûni, meu Mestre, que eu olhe para o alto — essa resposta está conforme a versão hebraica. Jesus, então, aproximando-se ainda mais do cego, lhe diz: Vai, tua fé te curou. Bartimeu, que antes de se aproximar de Jesus se desfez do manto que usava, recuperou a visão e foi seguindo-O pelo caminho. Enquanto alguns incrédulos olhavam para ele duvidando de sua recuperação, querendo ver se ele tropeçava como antes. A visão física juntou-se à sua visão espiritual, e ele tornou-se outro homem.

    Estamos desacostumados a reconhecer o que é simples, pequenos e aparentemente insignificantes. Com Jesus acontece o contrário, o que é rico se faz pobre; o que é cego pode voltar a enxergar, se tiver fé; e Ele sendo divino, se faz humano, essencialmente humano!

    Jesus trouxe ao mundo uma nova compreensão da vida humana. Uma compreensão que requer viver profundamente a nossa existência, praticando os valores teologais, morais e éticos. Quando descobrirmos toda a dimensão antropológica de Jesus, desde o seu nascimento numa manjedoura, num lugar que simboliza a mais pura humildade, nos deixaremos seduzir e viver o fascínio por Deus configurado num homem.

    É lamentável, quando discernimos que estamos convivendo num mundo que teima em ficar longe da face de Deus. Um mundo que não segue o exemplo de Bartimeu, jogando fora o velho manto roto que o prendia aquele mundo mesquinho, para seguir o caminho de Jesus. E, antes de tudo, quando for preciso, clame pelo filho de Deus, em algum momento ele vai te ouvir. E não deixe que a multidão te atrapalhe, siga o desejo do teu coração e o anseio de tua alma.

    A CRIANÇA E OS LÍRIOS

    (02/11/2020)

    Não abandonei o velho hábito, neste Dia de Finados compareci ao Cemitério São Francisco Xavier, do bairro de Charitas, em Niterói. Num dia chuvoso, cercado por uma leve garoa da manhã, que abaixava o termômetro e criava o que se podia sentir e inspirar, um clima propício para as reflexões da vida.

    Do lado de fora do cemitério, à sua frente, apesar do tempo nublado, um panorama maravilhoso beneficiado pelas praias da baía da Guanabara; o Museu de Arte Contemporânea ao fundo, projetado por Oscar Niemayer, enobrecia ainda mais essa paisagem.

    A fachada e a entrada do campo santo, um contraste. A caiação do muro feita sem nenhum esmero. Na calçada, apenas um vendedor de velas e flores, vestido com a camisa de seu time de futebol. Velas número 3, as mais inferiores, e provavelmente as mais baratas que ele pôde comprar para revender. Para se entrar, apenas parte do protocolo de segurança sanitária estava sendo seguido: um funcionário verificava a temperatura dos poucos frequentadores, sem disponibilizar o álcool 70.

    Lá dentro o mesmo cenário de todos os anos, porém cada vez mais ressaltados ares de abandono. Praticamente todos os túmulos sem nenhum traço de manutenção ou limpeza recente. Passei no meio de alguns deles e caminhei até o extremo, captei no celular algumas imagens melancólicas, tristes, de puro menosprezo. Meditei, olhando essas cenas e conclui que a mudança é drástica em relação aos tempos idos; é perceptível a falta de solidariedade humana, há um desrespeito com os entes queridos falecidos. Falta ao ser humano atual o reconhecimento e a gratidão por esses antepassados, que partiram dessa vida depois de deixarem seus legados; falta ao ser humano um pouco mais de religiosidade para entender que a construção de nossa vida, passou por etapas vencidas, muitas vezes com dificuldades, por esses abnegados ancestrais.

    Acendi as oito velas-palito da caixa comprada do referido vendedor. Coloquei-as ao pé do cruzeiro enferrujado. Por sorte não ventava, e elas puderam ser consumidas lentamente, enquanto eu fazia minhas orações e observações. Absorvi um pouco da sagrada e fina chuva que caía, a fim de molhar meus pensamentos, para despejar a angústia e a revolta, que queriam ser inquilinas do meu coração.

    Quando estava de saída me deparei com um pequeno túmulo que me chamou atenção. Era um de tamanho reduzido, em mármore branco, possivelmente Carrara — desgastado e amarelado pela intempérie do tempo —, com um anjo deitado, um lindo anjo em forma de criança. Também me chamou atenção duas frases latinas, lapidadas no tampo: SINITE PARVULOS VENIRE AD ME. Essa primeira com o versículo da Bíblia referenciado (Mat. XIX, 14) e, MANIBUS DA TE LILIA PLENIS, gravada sob o nome da pequena Leda Helena, de apenas um aninho, ali enterrada há 82 anos.

    Ao me aproximar desse túmulo, solicitei a um faxineiro que passava, que usasse sua vassoura sobre a lápide para tirar as folhas caídas, para que eu pudesse fotografar. Ele o fez com presteza, e ao limpar, olhando as frases, exclamou: é latim.... Fiquei pasmado com o conhecimento do faxineiro, e paramos para conversar, quis saber mais sobre ele. Ele me disse que tinha estudado latim no curso primário, mas quase esquecera totalmente. Também lhe falei do meu conhecimento da

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