A Ascensão Dos Profanos
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A Ascensão Dos Profanos - Fernando Cavalcante
A ASCENSÃO DOS PROFANOS
FERNANDO CAVALCANTE
A ASCENSÃO DOS PROFANOS
Primeira Edição
2022
Dedicatória
Dedico esta obra a todos aqueles que são diariamente violentados por esta sociedade machista, homofóbica e racista. Uma sociedade que foi consumida por um ódio enraizado da cultura moralista e conservadora.
Dedico àqueles que diariamente enfrentam as batalhas da vida que são impossíveis de serem vencidas, mas que ainda assim, derramam o seu sangue pelas causas que acreditam.
Dedico aos meus amigos, conhecidos, familiares e todos os que de alguma forma, acolheram a causa LGBTQIA+ e as demais que carecem de atenção e relevância.
É lindo poder observar o quanto, apesar de todos empecilhos, recebemos palavras de amor e apoio. Ver que existem pessoas nas mais diferentes culturas e comunidades que compreendem de fato as dores do outro, e se coloca a disposição para melhorar a vida dos teus iguais.
Dedico ao meu pai, para que ele possa compreender que a vida é feita de escolhas, mas certas circunstâncias são maiores que tudo isso, e
poderá prender a existência de um certo indivíduo a um conceito que não lhe cabe explicação, apenas aceitar a condição especial que lhe foi imposta. Ser sem escolher, apenas ser.
Dedico a todos aqueles que temem o dia do amanhã, mas ainda assim, buscam incessantemente viver a vida que lhe faça bem, que lhe dê sentido.
Dedico aos preconceituosos que, mesmo querendo o mal dos teus semelhantes, desconhecem a dor que lhes causam, infelizmente, para muitos faltam discernimentos, e a ignorância que os consomem não os deixam compreender o peso das suas palavras.
E por fim, dedico aos hipócritas, que se lambuzam dessa
profanação
, mas que conscientemente os apedrejam, para esconderem a sua verdadeira face.
Epígrafe
O que me dói?
O que me dói é ver esse radicalismo, radical, ridicularizado Essa governança fantasiosa de um ditador destemperado O que me dói?
É o radicalismo feminista excluir o próprio feminismo A cultura que se sufocou por toda história, ser sufocado por ela mesmo É demasiado supor-se mais do que se é
Exacerbar-se-á todos aqueles que perderam o seu propósito, e para quê?
O tolo conceito de superioridade sucumbi a todos os que a procuram Um dia, estávamos nós despedaçados ao chão, alimentando dos lixos que nos deixaram gozar
Noutro, seremos nós, estes mesmos porcos que se lambuzam dos seus segregados
O que me dói?
Observar a tolerância, tolerar o preconceito da intolerância Ser subjugado pelos que um dia também o foram O gay que condena o preto
O pobre que aclama o rico
A batalha que se distancia da guerra, para atender aos seus próprios interesses
Desconexo com essa realidade maluca, renascerão das cinzas os falsos simpatizantes
Dói ver dentro da nossa própria existência, essa resistência descomunal O abraçar-se tornou-se tão irreal nessa percepção
Não poderemos nós, sermos dentro da nossa própria essência, a existência Chegarás então o dia em que dirão
Não te cabe em meus planos, procure os teus meios, aqui só caberá a nós
Criarão uma falsa vivência, de uma luta simulada, apenas para se mostrar igual
Infiltrados do sistema, num sistema que deveria diferir dos demais Transcrevem de forma sublime nos seus estatutos a relevância da homogeneidade social
Mas deixam aos matutos inconsequentes o poder de interpretá-las ao seu bem-querer
Digo a ti que, é doloroso sofrer as consequências do preconceito dos indesejados
Mas o tormento dos que vivenciam a sua dor e o julgam como igual, é ainda pior, por sinal.
CAVALCANTE, Fernando (Poesia ―Radicalistas‖)
Prefácio
O presente livro em questão buscará abordar, a influência dos princípios cristãos de religião abraâmica perante a sociedade, a sua ligação com as políticas públicas LGBTQIA+, e como a comunidade está sendo afetada por conceitos ultraconservadores do cristianismo.
A propagação dos ideais e princípios cristãos no Brasil atualmente alcançam mais de 123 milhões fiéis, isso considerando apenas os católicos (Censo IBGE 2010), quantitativo desproporcional quando se compara com as demais religiões no Brasil.
Essa religiosidade cristã de forma um tanto quanto inquisitiva, apregoa livremente os seus princípios a todos, e a comunidade LGBTQIA+ que hoje abriga mais de 18 milhões de pessoas abertamente declaradas, se tornou peça fundamental na resistência de determinados princípios cristãos que buscam ferir os seus direitos civis.
A título de conhecimento, o Brasil nos últimos 12 anos, foi o país que mais matou pessoas trans no mundo, e isso é resquício claro de políticas sociais falhas, uma sociedade pouco instruída e legislações
arcaicas que se resguardam em princípios moralistas ligados à religiosidade, ainda que o estado se declare LAICO
.
Tem-se dentro do país, e aqui remeto as minhas análises apenas ao Brasil, uma visão reprimida de que a sociedade civil deve prestar contas à religiosidade da maioria, como se assim fosse uma obrigação a todos imposta. Divergindo do próprio livro sagrado que veneram, os cristãos pregam uma segregação sócio discriminatória que persegue todos aqueles sendo contrários às suas ideologias.
Logo, compreendendo que a religião tem peso e papel fundamental dentro das questões políticas brasileiras, percebe-se que sua área de atuação vai muito além do que pastorear as suas ovelhas e direcionar as almas perdidas à salvação.
No Congresso Nacional, no Judiciário, nas repartições privadas, em todos os lugares podemos encontrar diversas pessoas que são adeptas à religiosidade como forma de doutrinar os seus adjetivos morais. O
problema começa a surgir quando, os legisladores que governam para todos como um povo miscigenado que somos, começam a pregar sua religião a toda a população em forma de leis.
A título de curiosidade, até os dias atuais não existe em nosso ordenamento
jurídico
qualquer
lei
que
reprima
atitudes
preconceituosas e violentas contra a comunidade LGBTQIA+, por exemplo.
Buscarei apresentar aos leitores as faces de uma sociedade enraizada nos conceitos moralistas religiosos que concomitantemente, apregoam seus dogmas à todos, indiscriminadamente.
SUMÁRIO
Introdução
11
Capítulo I
16
A religião como objeto de discussão
16
A Igreja Católica e a relação de poder no Brasil
25
O protestantismo em ascensão
30
Ensinamentos dúbios do cristianismo
34
Capítulo II
45
Sociedade segundo Comte e Durkheim
45
Relação da igreja com a sociedade antiga
49
Relação da igreja com a sociedade atual
56
Religiosidade e política combinam?
58
Legislando em causa própria
63
Políticas sociais LGBTQIA+
66
Capítulo III
77
Teu pecado me condena
77
LGBTQIA+: Os profanos do divino
85
O que é LGBTQIA+?
89
Consequências da comunidade sem proteção
96
As instituições e a comunidade LGBTQIA+
101
O temor do cancelamento e o lugar de fala
104
Capítulo IV
110
Os medos que assolam e reprimem
110
A hipocrisia dos falsos moralistas
114
A ascensão dos profanos
120
Bônus
128
O dia do sim, esse sou eu
128
É difícil, ser
135
Poesias
140
Quietude
140
Encontrar-se em lugar algum
141
Sentidos
143
Possibilidades Reais
145
Que falta faria eu, a ti?
146
Um futuro presente
147
Tentativas
148
Utopia paradoxal
150
Referências Bibliográficas
153
Introdução
No Brasil, onde a estrutura político-social encontra-se na mão de políticos cristãos e moralistas, o conservadorismo religioso adentrou na seara de direitos humanos, e apropriou-se de uma forma não tão benéfica assim, das questões que abrangem toda uma sociedade e não somente um grupo de indivíduos.
A obra busca compreender e levar ao leitor, um novo conceito do ponto de vista de quem é afetado diretamente por certas posturas adotadas pelo Estado, e que consequentemente, interferem no dia-a-dia de milhões de pessoas indiretamente.
As relações pessoais sempre foram objeto de discussão nos mais diversos campos do conhecimento, seja ele de uma personificação filosófica da compreensão humana em sua própria existência, ou