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Lendas Contos E Tradições Do Folclore Brasileiro
Lendas Contos E Tradições Do Folclore Brasileiro
Lendas Contos E Tradições Do Folclore Brasileiro
E-book259 páginas2 horas

Lendas Contos E Tradições Do Folclore Brasileiro

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Sobre este e-book

Lendas, Contos e Tradições do Folclore brasileiro traz em sua composição a descrição de algumas lendas presentes em contos e tradições do riquíssimo folclore brasileiro. Na formação da civilização brasileira foram aproveitados vários personagens, adaptados à realidade nacional, que figuram no folclore europeu, asiático e africano, bem como os próprios mitos das várias etnias indígenas existentes ainda hoje no Brasil. Espero que todos que lerem os textos aqui descritos, possam também viajar no prazeroso mundo da leitura e divertir-se, tanto quanto nós nos divertimos enquanto escrevíamos. O Livro em formato digital pode ser lido através de programas ebook reader, encontrados gratuitamente na rede, como por exemplo o freda epub ebook reader. Nos links abaixo, acompanhe videos do autor narrando alguns dos contos da obra: https://www.youtube.com/watch?v=LAspoTiBd0I&t=306s https://www.youtube.com/watch?v=8QcRLGLe49k&t=15s https://www.youtube.com/watch?v=LAspoTiBd0I&t=166s
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de fev. de 2023
Lendas Contos E Tradições Do Folclore Brasileiro

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    Lendas Contos E Tradições Do Folclore Brasileiro - Marco A. Stanojev Pereira

    Lendas Contos e Tradições do Folclore Brasileiro

    Marco A. Stanojev Pereira

                                                                                               ilustrações

    Antônio Pacheco Pereira

    Sagitarius Editora

    © 2023, Marco Antonio Stanojev Pereira

    © Ilustrações – Antonio Pacheco Pereira

    © Lendas Contos e Tradições do Folclore Brasileiro

    ISBN: 978-65-00-63790-8

    Depósito Legal: 606019/13

    2ª Edição – São Paulo - março, 2023

    Pensamento

    Ser autor é trazer nos inéditos o que já é de conhecimento popular

    Frase gravada em azulejos que decoram o Metrô de Lisboa

    Introdução

    Este livro traz em sua composição a descrição de algumas lendas presentes em contos e tradições do riquíssimo folclore brasileiro.

    Na formação da civilização brasileira foram aproveitados vários personagens, adaptados à realidade nacional, que figuram no folclore europeu, asiático e africano, bem como os próprios mitos das várias etnias indígenas existentes ainda hoje no Brasil.

    A ideia na construção desta obra foi trazer estes elementos, de vários cantos do mundo, e inseri-los como Contos de Itaquera, bairro da cidade de São Paulo - Brasil, a fim de homenagear o bairro que nasci, cresci e vivo, como resultado da miscigenação dos vários povos que contribuíram no seu povoamento e desenvolvimento, ao longo de quase quatrocentos anos de sua história. 

    Espero que todos que lerem os textos aqui descritos, possam também viajar no prazeroso mundo da leitura e divertir-se, tanto quanto nós nos divertimos enquanto escrevíamos.

    1 - A Lenda Mãe

    Diz a lenda que em uma terra muito, muito distante, havia uma princesa chamada Europa. 

    Esta terra era conhecida por Fenícia, e seu povo era formado por grandes navegadores que conheciam todos os mares e continentes.

    Certa vez, quando Europa ainda era jovem, teve um sonho, onde duas gigantes exigiam sua atenção sobre elas. Uma chamava-se Ásia, e a outra América.

    Europa era muito bonita, e tamanha beleza despertou o interesse de Zeus, o deus supremo e senhor do trovão, que se apaixonou por ela. 

    Fig 1

    Para seduzi-la e tirá-la de perto de sua gente, Zeus transformou-se em um grande e lindo touro branco, pois era o animal de devoção de seu povo, e se aproximou de Europa deitando-se aos seus pés.

    Fascinada pela beleza e mansuetude do animal, montou nele e, assim que Zeus sentiu o contato de Europa em seu dorso, saiu em disparada com ela, cavalgando sobre o oceano. 

    Ao chegar em uma distante ilha, Zeus transformou-se em sua forma real e os dois se apaixonaram. Para marcar este dia, Zeus criou no céu a constelação de Touro, e Europa reinou gloriosa em seu novo lar, de onde seus filhos se espalharam pelo mundo.

    Um destes lugares foi Pindorama, ou Terra dos Papagaios, como era chamado o Brasil pelos seus primeiros habitantes que, assim como os Fenícios, também possuíam um deus soberano e senhor do trovão, chamado Tupã.

    A primeira vez que um dos filhos de Europa esteve na América, foi quando o rei Fenício Badezir chegou ao Brasil e deixou uma inscrição na Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, oitocentos anos antes de Cristo.

    Muitos séculos depois retornaram - agora não mais como fenícios - em vários navios enormes, portando lindas bandeiras com armas e brasões assinalados, e fizeram a aliança final entre Europa e América. Desta aliança seria gerado um novo povo, com uma única língua, com o mesmo sentimento de amor que desenvolveram no manto que cobre as duas terras, os séculos.

    Fig 2

    As lendas e contos aqui relatados são frutos desta união divina, predita e esperada a séculos pelos filhos de Europa e Zeus e pelos filhos de Pindorama e Tupã.

    2 – A Lua do Lago

    Conta a lenda que na Vila Santana, já quase fronteira com São Miguel, havia uma pequena tapera. As ripas que sustentavam o barro das paredes podiam ser vistas, mostrando que o construtor não gostava ou não se importava com arrumação, e sempre deixava por fazer tudo o que começava.

    Certo dia, pousou no sítio do compadre Gonçalo, este era o nome do sitiante que morava nas terras, um estudioso estrangeiro que vinha do Rio de Janeiro rumo a São Paulo.

    O viajante gritava e gritava um Olá esquisito, devido ao sotaque carregado, mas ninguém respondia. Quase desistindo e já montando em sua mula, de repente viu que aparecia, vindo da mata próxima, com o cabelo todo desgrenhado e com manchas de sangue fresco pela camisa surrada o seu Gonçalo, seguido por um cão, respondendo o Olá do estrangeiro, que apeou novamente da mula e seguiu em sua direção.

    Feitas as apresentações, e com a costumeira hospitalidade simplória mas verdadeira do sertanista, ele ofereceu toda a serventia de seu sítio, podendo fazer e desfazer a vontade de toda a propriedade que havia recebido de herança de seu pai, que por sua vez havia recebido de seu avô, e assim por diante. Mas advertiu que o local do poção, uma lagoa natural, profunda, cujas águas cristalinas convidavam à um bom e refrescante mergulho, era lugar proibido.

    Fig 3

    Agradeceu e tranquilizou o anfitrião, que já preparava o jantar daquela noite e, em honra ao ilustre visitante, iria preparar sua famosa Paca assada, enterrada sob uma camada de carvão.

    Durante a conversa no jantar, satisfazendo uma curiosidade levantada pelo seu Gonçalo, o estrangeiro disse que era botânico, e havia vindo com a comitiva que trazia a futura imperatriz do Brasil para estudar a flora brasileira, tão famosa nos círculos académicos da Europa.

    Seu Gonçalo ficou ainda mais feliz e orgulhoso com a visita recebida em sua humilde e mal cuidada casa. Um professor dos estrangeiros e que comia de sua comida com muito gosto, repetindo por três vezes a carne com feijão e farinha.

    Mas, aproveitando a pausa das mesuras que seu Gonçalo dirigia a ele, perguntou o porque de sua estranha aparição de logo cedo, todo desarrumado e ensanguentado.

    Seu Gonçalo parou de comer e, segurando o prato rústico, lançou o olhar para o céu procurando a Lua amiga, e disse com voz muito baixa, como que se tivesse medo de ser escutado, que havia escapado por um triz, graças a intervenção de Sant’Ana, da morte certa.

    Surpreso e perplexo o estudioso perguntou o que havia acontecido, se por acaso havia sido vítima de salteadores. O velho matuto abriu um sorriso tímido, e disse que antes fossem simples salteadores, mas na verdade verdadeira, teve que enfrentar uma fera!

    - Onça? Perguntou o moço, já interessado em avistar os grandes felinos da América do Sul, que somente conhecia de ilustrações.

    Olhando bem firme para o amigo, cravando seus olhos nos dele, seu Gonçalo ainda com voz quase inaudível, prejudicada ainda mais pelo crepitar da fogueira, soltou de um jato: 

    -Yara seu moço!

    Incrédulo, o jovem acadêmico começou a rir, pensando tratar-se de uma troça do amigo, mas seu Gonçalo permaneceu estático, sem demonstrar qualquer reação. Então ele imediatamente parou de rir e pediu ao aventureiro que contasse toda a estória. 

    Arrumando-se novamente no banco que estava sentado e, servindo-se de um pouco mais do feijão, que borbulhava no caldeirão pendurado na fogueira, seu Gonçalo, entre uma colherada e outra e um gole de água de moringa, iniciou o relato de sua estória.

    Fig 4

    Começou dizendo que na noite anterior saiu para caçar tatú, pois era a primeira noite de Lua cheia, melhor época para caçar o bicho. Pegou seu cacumbu, chamou seu cachorro e se embrenhou na mata a procura da toca. Depois de alguns quilômetros mata adentro, nada achou de valia, apenas conseguiu duas pacas médias, uma delas era a que estavam comendo. 

    Já satisfeito com a caçada, de repente o cão sentiu faro de tatú, soltou um latido e saiu em disparada. Quando se deu conta, já estava nas margens do poção, que refletia a Lua cheia em suas águas tépidas. Como que atraído por uma estranha magia, foi chegando próximo da margem e viu, sentada no barranco onde as crianças e os curumins sobem para saltar, com lindos e brilhantes cabelos negros, uma mulher como nunca havia visto igual.

    Fig 5

    Uma incrível força atraia ele para mais e mais próximo da margem. Encantado pela visão, colocou as pacas na beira e entrou na água, onde permaneceu boiando bem no meio do lago, olhando para a beldade. De repente aquela linda mulher se transformou em um verdadeiro monstro, seus cabelos se transformaram em fogo, suas unhas cresceram e com um enorme salto, pulou para dentro do lago.

    Com o susto da visão, o feitiço foi quebrado e seu Gonçalo, que era um bom nadador, começou a bater os braços em direção a margem, mas sentiu que havia sido pego pelos pés, voltou-se e se engalfinhou com o mostro, que não o largava, lutando com ela no meio do lago.

    Foi ai que lembrou de uma frase benta, ensinada a ele por sua avó, que sempre o ajudava em suas dificuldades, era mais ou menos assim: Sant’Ana, avó querida, ajuda-me e salva a vida! Dizendo isso, com toda a força do seu peito, já cansado com a peleja, o bicho ficou paralisado, o que lhe deu tempo de nadar rumo a margem, pegar suas coisas e fugir para longe dali. Mas antes, como um bom sertanejo, deixou uma das pacas para aplacar a ira e a fome da Yara. Chamou novamente o cão e os dois partiram, mas caíram no meio da mata, exaustos, acordando apenas de manhãzinha, foi ai que o amigo os viu chegar, daquele jeito, do meio da mata. 

    Stael, o jovem e cético cientista, ouvia a epopeia com muita atenção e lembrou-se de várias lendas parecidas em sua terra envolvendo Lorelei - as ninfas da água -, e as sereias, mas naturalmente tratou o relato como quem ouve uma prosa, apenas isso. Contudo os outros que faziam parte de sua comitiva ouviam tudo com os olhos arregalados assim, ó! Uns se benziam, outros rezavam para afastar assombração e outros diziam que conheciam alguém que não teve a mesma sorte.

    Enquanto isso, o cético jovem observava as marcas que a dita peleja havia deixado no couro curtido do seu Gonçalo, mas atribuiu isso a ferimentos comuns da caçada ao tatú e à Paca, contudo ficou com a pulguinha da curiosidade, comum dos homens da ciência, pinicando atrás da orelha, concluindo mentalmente que naquela noite ia até o poção, junto com um de seus ajudantes, para conhecer o lugar.

    Tentou persuadir os companheiros, mas, como seguro morreu de velho e quem tem, tem medo, não conseguiu ninguém para acompanha-lo, o que tornou sua pretensa aventura inviável, já que não sabia onde era o lago e podia perder-se facilmente na mata fechada e inexplorada. 

    Ele não sabia, aliás ficou profundamente contrariado, mas a recusa de seus companheiros salvou-lhe a vida, pois naquela noite houve novamente a Lua cheia, e ela apareceu totalmente refletida nas águas tépidas do poção.

    3 – O Tesouro enterrado

    Ainda quando o Brasil era colônia, por ordem de El rei de Portugal a estrada Real que ligava a Vila de São Paulo de Piratininga, à Vila de Sant’Ana de Mogi das Cruzes foi aberta para o trânsito de pessoas e muares, facilitando o transporte das gentes e de mercadorias. 

    Em uma certa altura, este trecho passava em Itaquera próximo do Sítio dos Furquins e seguia, mata adentro, pela propriedade do coronel Abreu, antigo soldado que combateu nas milícias do Sul contra o ditador Solano Lopez.

    Certo dia, fazendo sua viagem de mascate, Miguelito decidiu pernoitar nas terras do coronel Abreu, antes de seguir sua viagem rumo a Mogi das Cruzes, onde sua futura noiva o aguardava ansiosa para o casamento que seus pais e o noivo haviam acertado muitos anos antes. 

    Com isso e decidindo fixar-se na cidade de sua amada, levava com ele toda as suas economias juntadas à duras penas, como resultado de economias e privações de anos a fio. Tinha a ideia de comprar uma fazenda, umas cabeças de gado e se fixar na cidade como comerciante, negócio que conhecia bem.

    Tião Nheculé, um negro alforriado da tropa, era o responsável pela carroça do rancho, ofício que aprendeu enquanto servia sob as ordens de Duque de Caxias. Era sempre visto fulo da vida, ralhando em voz alta com alguém que só ele via, e que o fazia derramar o sal, queimar o toucinho, escondia os utensílios, etc, enquanto cozinhava. 

    Com todos já alimentados e a arrumação da cozinha terminada, Tião pega sua cuia com mate e se achega junto dos outros na fogueira, puxando o tema da prosa, que é justamente sobre os acontecidos em sua cozinha.

    Fala de um moleque que mora nas matas, o saci… 

    Todos prestam muita atenção nos causos do Tião, pois é a pessoa mais velha e mais experiente da tropa. Seus conhecimentos como mateiro já o ajudaram muitas vezes em sua vida. Dizia sempre que era preciso ser amigo da mata e de seus moradores, pois eles sempre sabem retribuir uma mercê.

    Miguelito ouvia tudo e guardava em sua cabeça, mas não acreditava muito, pois havia sido criado em um meio severamente religioso, e esses assuntos eram tidos como de gente ignorante e supersticiosa. Mesmo assim gostava de ouvir tudo com profunda atenção pois, segundo seus pensamentos mais secretos e, balizado na frase: Yo no creo en las brujas, pero que están ahí, que sempre ouvia na casa de seus avós e pais, respeitava muito estas crendices

    Depois do jantar todos se recolheram, com excessão de Miguelito que, aproveitando a clara e fria noite de Julho, resolveu ficar um pouco mais ali, perto do fogo e pitando seu cachimbo, que preparava com dolência e cuidado, enquanto observava as constelações e se perguntando sobre a natureza das estrelas e a grandeza de Deus. Neste meio tempo viu aproximar-se um garoto de chapéu vermelho, quase nú e, coitadinho, sem uma perna.

    Miguelito ficou com o coração trespassado de dó, chamou o garoto para perto do fogo e ofereceu-lhe comida e agasalho. Mas o menino estranhamente recusou as duas coisas, mas pediu um pouco de fumo, mostrando o seu cachimbo que estava apagado. O Mascate estranhou, mas prontamente atendeu o pedido do menino, que recebeu um punhado do tabaco e outro tanto, que embalou em uma folha de bananeira. Depois de um tempo, com os dois apreciando o momento e pitando o cachimbo Miguelito, que era um grande apreciador de prosas, tentou puxar conversa com o menino, oferecendo inclusive lugar em sua tropa, para talvez trabalhar com o Tião rancheiro. O menino novamente recusou, pois disse que Tião não gostava muito dele. Mas disse que em retribuição à mercê recebida, ia lhe dar um aviso, advertindo-o de não levar o dinheiro com ele pela estrada, pois havia um traidor em sua tropa que vendeu esta informação para salteadores e assassinos, e que o aguardavam em tocaia. 

    Fig 6

    Dito isso e frente a perplexidade de Miguelito com a revelação, o menino se levantou com uma facilidade extraordinária, que novamente surpreendeu o tropeiro, e desapareceu mata adentro.  

    No dia seguinte, a descoberta de tranças nas crinas dos cavalos e o desaparecimento de uma dose de pó de café, que Tião havia socado na noite anterior, deu notícia da presença do encapetado, tirando da boca do rancheiro novos impropérios, mas dando certeza do ocorrido da noite anterior à Miguelito, que ouvia tudo sem dizer palavra. 

    Depois do café e já com toda a trempa desmontada e carregada nos carros de boi, despedem-se do coronel e tomam novamente seu rumo. Mas antes Miguelito resolve seguir o conselho do menino, e enterra grande parte do seu capital em cuias de barro, em local por ele assinalado em

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