Os Conflitos De Lucas
De Wolfe431
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Os Conflitos De Lucas - Wolfe431
Os Conflitos de Lucas
Capítulo 1
Lucas chegou em casa chorando muito, ele passou por seus pais, se trancando em seu quarto e estava disposto a tirar a sua própria vida.
Os pais pediram que ele abrisse a porta, mas Lucas respondeu:
— Não, eu preciso acabar com tudo isso.
— Abre a porta, filho, por favor! — pediu a mãe.
Lucas respondeu não, o pai tentou arrombar a porta, mas não conseguiu. Os pais falaram quase simultaneamente:
— Por favor, abra a porta.
— Não, eu sou uma aberração! — disse Lucas.
Lucas toma o frasco com chumbinho e começa a engasgar e ter uma tosse seca, sentindo uma dor muito forte no peito. Os pais, escutando os espasmos, ficam desesperados.
O pai conseguiu arrombar a porta. Lucas, com a visão turva, escuta o eco da porta sendo arrombada e vê os seus pais aos prantos e Ryan se aproximando, Ryan estava chorando muito e lhe sacudindo.
— Por favor, Lucas, reaja! — Ryan dizia.
A última coisa que Lucas vê é Ryan o abraçando, nisto, lágrimas escorrem de seus olhos.
Narra Ryan
Vi Lucas deixando a escola no meio da aula sem explicar nada a ninguém, ele estava muito furioso e chorava muito. Resolvo seguir ele, mas a professora me interrompe e eu digo:
— Cala a boca, sua desgraçada, você é uma das culpadas pelo que está acontecendo!
Matheus, a hiena, vendo o que estava acontecendo começa a debochar, eu parto para cima dele e acerto vários socos nele.
Guilherme me segura e eu digo:
— Me solta, Guilherme, deixa eu acertar essa hiena desgraçada!
Matheus sorri e diz:
— Vai pro inferno.
Quando Bianca entra na sala e diz que Lucas quer se matar, eu deixo a sala e sigo Lucas. Eu estava indo na direção da casa dele e quando chego eu me espanto, a porta do quarto de Lucas foi arrombada e os seus pais estavam em prantos. Subo as escadas e vejo que Lucas estava agonizando e cuspindo sangue, eu desabei em lágrimas também e comecei a balançar ele, dizendo:
— Por favor, Lucas, reaja!
Ele tentou me dizer alguma coisa, mas eu não entendi o que era, ele estava chorando muito e eu resolvi abraçá-lo.
Narra Lucas
Senti uma dor muito forte quando o meu segredo foi revelado. A maioria dos meus amigos se afastaram de mim, o Ryan, meu melhor amigo, estava me evitando, os meus pais começavam a brigar demais e eu andava na rua sendo encarado por algumas pessoas. Matheus e os seus bullys começaram a infernizar a minha vida, já não aguentava mais tudo isso e saí no meio da aula para tirar a minha vida.
Bianca, que sempre ficou do meu lado, tentou me consolar, mas eu estava decidido. Cheguei em casa e estava muito triste, chorando muito.
Eu pego o frasco de chumbinho no armário e corro para o quarto, meus pais ficam desesperados e pedem para eu abrir a porta.
Resolvo tomar o chumbinho e começo a sentir uma dor muito forte no peito, começo a cuspir sangue e a ficar com a visão turva.
Ouço o eco da porta sendo arrombada e vejo meus pais em prantos vindo até mim, minha mãe gritava e perguntava:
— FILHO, NÃO! O que você fez?
Reparo Ryan aos prantos se aproximando de mim, me sacudindo e dizendo para eu reagir. E eu digo:
— Eu te amo, Ryan.
Ele me abraça e eu sinto meu corpo esfriando, meus sentidos e minhas memórias se apagando.
Capítulo 2
Lucas é um jovem lobo que está passando por maus bocados em sua vida, as descobertas da puberdade, a vida amorosa, os amores não correspondidos. Mas cada coisa que fazem a ele, deixa de ser um aprendizado.
Lucas sofre de depressão há anos e isso o afeta de forma muito negativa para sua vida pessoal, social e familiar.
Lucas era forte, mesmo com a depressão em um estado crítico. Ele insistia em lutar, persistindo em manter a esperança por seus amigos. Ele queria viver.
Presente:
Lucas acordou cedo pela manhã, mais cedo até que seu despertador. Levantou-se com um pouco de preguiça, mas não se deixou levar por ela, queria estar acordado e fora de casa o mais rápido possível.
Tomou um rápido banho e vestiu sua cueca favorita, uma vermelha com a parte da virilha pintada de preta, uma calça de moletom para o frio e uma camisa de algum desenho que ele acha interessante. Depois, escovou seus dentes e suas presas e por último, deu aquele verdadeiro trato
no pelo, pois estava bem bagunçado e cheio de nós.
— Bom dia, Lucas! — disse sua mãe o abraçando com força, fazendo ele se sentir meio aconchegado em meio ao abraço, era reconfortante a sensação dele.
— Bom dia, mãe — responde baixo, apenas sentindo o calor do abraço.
— Dormiu bem? — o lobo respondeu que sim e beijou a bochecha de sua mãe.
— Tome o café da manhã, a primeira refeição é sempre a mais importante. Se quiser, pode comer a rosca inteirinha! — a rosca é quase um pão, mas geralmente vem com uma cobertura muito gostosa, a preferida de Lucas é chocolate.
— Obrigado mãe, bom dia pra você e dá bom dia pro papai por mim — o lobo sorriu de leve e começou a tomar seu café, uma mesa farta cheia de frutas, um sanduíche, pães e algumas coisas mais doces.
O lobo começou a comer a rosca com um pouco de café com leite e também com um pouco de manteiga para ficar ainda mais gostoso.
A loba se sentou na mesa e começou a tomar seu café da manhã, mas em silêncio, enquanto o Lucas perguntava coisas cotidianas do tipo tá tudo bem?
e a loba sempre respondia que sim e o assegurava que tudo estava bem. Hoje o dia realmente era diferente.
— Geralmente… quando acordo… vocês estão brigando... mas hoje foi diferente.
— Eu tentei conversar com seu pai para… melhorar seu dia, já que talvez… você não se sinta à vontade com isso.
— Sim… eu não me sinto.
A cozinha ficou em silêncio e a loba terminou de tomar seu café e foi para a pia lavar a louça. O lobo comeu um pouco mais e terminando seu café, foi escovar os dentes novamente.
— Tchau, Lucas — disse a mãe do lobo.
— Tchau, filhão! Vê se traz uma garota pra casa dessa vez! — disse o lobo rindo ainda relaxado no sofá, aquilo incomodava profundamente Lucas.
O lobo saiu de casa com as orelhas baixas, colocou seu capuz e botou uma música para ouvir enquanto caminhava. A escola era um pouco longe, mas o lobo preferia ir sempre caminhando.
No caminho ele se encontrou com Ryan, o guaxinim estava alegre, e Lucas se alegrou pelo simples fato de seu amigo estar ali, esquentando seu coração com um sentimento que talvez nunca seria revelado.
Os dois perceberam que o colégio estava próximo e então correram para chegar cedo e poderem se sentar em seus lugares privilegiados, possuindo uma boa visão da lousa.
O guaxinim se sentava de forma mais relaxada na mesa, por ser mais atlético que Lucas, o guaxinim se comportava diferente do lobo, que era mais certinho e guardava seus materiais de forma mais organizada, além de roupas mais comuns, enquanto Ryan se vestia de forma mais descolada.
Logo chegou naquela sala o aluno problemático, Matheus, a hiena não era um aluno fácil de se aturar. Mas ele tinha sempre um tempo para arruinar o dia de Lucas, mesmo sabendo que Lucas era diagnosticado com depressão.
— Eae, Luquinhas — sorriu Matheus, o mesmo se sentou ao lado de Lucas e ficou olhando para o lobo. Matheus nutria por Lucas sentimentos intensos, um misto de amor e ódio e ele ao mesmo tempo, machucava Lucas e queria estar perto dele.
— Deixa ele em paz, Matheus — rosnou o guaxinim já irritado, o mesmo já havia sentido que Lucas havia tido uma mudança em seu comportamento.
— Por quê? Só estamos brincando… não é, depressivo? — disse Matheus, provocando Lucas.
— Não estamos brincando — disse Lucas em um tom audível — Eu só vim aqui para estudar, me deixa em paz.
— Calma, moleque! — riu a hiena e o guaxinim tentou intervir, mas outras duas hienas o seguraram. A professora ainda não havia chegado e isso era o maior dos problemas.
— Vamos ver o que ele trouxe hoje — disse Matheus, olhando o que tinha na mochila.
Lucas logo lembrou que seu diário estava ali.
— Tira suas patas da minha mochila! — gritou o lobo e tentou pegar a mochila das mãos da hiena, mas a hiena foi mais rápida e puxou a mochila de volta. Ele deu um abraço ao redor do pescoço de Lucas e esfregou as patas na sua cabeça, deixando seu pelo todo bagunçado, tentando se safar, Lucas deixou cair o diário.
— Esse é o seu... diário? — pegou o caderno que tinha um cadeado — José... quebra isso — deu ao gato que destrancou o cadeado com facilidade — Que ótimo… — disse Matheus com um sorriso de satisfação.
Lucas foi agarrado por trás igual ao guaxinim. Os outros alunos da sala nem sequer se moveram, ninguém queria confrontar a hiena e sua mandíbula poderosa. Guilherme não estava na sala e Raul e Bianca ficaram calados, assistindo tudo.
— Olha... o que temos aqui. — Mateus começou a ler em voz baixa o diário, coisas sobre a raiva que ele passa com os pais e até mesmo com a própria hiena, até chegar em um monte de 15 páginas com pontas coloridas — RYAN? — gritou a hiena —
VOCÊ AMA SEU AMIGO?
Os alunos ficaram espantados, não era comum naquele colégio acontecer de alguém demonstrar que era gay. Matheus ficou furioso por Lucas sentir aquilo por Ryan.
— Tá vendo Ryan… um dia você salva seu amigo do seu líder de equipe… outro dia ele quer beijar você! — rosnou a hiena.
— E o que é que tem? — perguntou o guaxinim furioso, tentando se soltar e ajudar seu amigo lobo que no calor do momento chorava e se debatia, uma crise de ansiedade que poderia levar a coisas mais pesadas.
— LUCAS! PROFESSORA! PROFESSOR! — berrou o guaxinim, mas sua boca foi fechada e ele levou um soco na barriga, a hiena voltou a ler.
— Acha os músculos dele atraentes? Acha que ele tem um físico esbelto? — ele se aproximou do lobo que estava chorando, mas de pé pelas hienas que o agarravam, Matheus debochou — É tão bonito vê o Luquinha chorando, tão bonitinho — os outros alunos riram, Ryan recebeu outro soco na barriga, tão forte que embrulhou seu estômago — Lucas começou a gritar para Matheus.
Matheus disse:
— Quer ajudar o namoradinho, é? — quando a hiena deu mais um soco em Ryan, o professor Liam apareceu para separar a briga.
Capítulo 3
Matheus, a hiena
Matheus era um aluno problemático que secretamente nutria sentimentos por Lucas, mas isso era segredo. Ele sempre pensou ser uma hiena assim como todas as pessoas que o observam, mas o pai nunca deixou de afirmar que ele era um lobo. Matheus não aceitava bem a sua sexualidade e descontava essa frustração infernizando a vida dos demais alunos. Matheus conheceu Lucas quando tinha 13 anos, ele não sabia descrever muito bem o que sentia por Lucas, mas esta foi a pessoa por quem pela primeira vez sentiu algum tipo de afeto.
Matheus cresceu em uma família problemática com pais separados, a mãe de Matheus deixou ele e o seu pai quando ele tinha 3
anos. A mãe não sentia muito afeto por ele e seu pai lhe tratava com frieza. Matheus foi crescendo sozinho com pouco afeto, sofreu muito bullying quando era criança e se tornou mais fechado e agressivo. Matheus se tornou o bully da escola quando conseguiu vencer uma briga com Guilherme e após isso, ele começou a ser temido por todos.
Quando Matheus conheceu Lucas, o mesmo o ajudava a fazer os trabalhos e as lições de casa. Eles passaram muitas tardes agradáveis juntos, com o tempo essa amizade foi amadurecendo e Matheus inventava desculpas para ficar perto de Lucas. Ele foi ficando possessivo e começou a ficar com mais raiva de Ryan, o melhor amigo de Lucas.
Em um desentendimento, Matheus bateu muito em Ryan e Lucas se afastou dele de vez. Não aceitando isso, Matheus passou a infernizar a vida dos dois.
— Droga, não consigo tirar ele da minha cabeça — disse Matheus — Calma, Matheus, isso vai passar. É só uma fase. — disse Matheus a si mesmo.
— Com quem você tá falando neste quarto, Matheus? — perguntou o pai — E que garoto você não consegue tirar da cabeça?
— Ninguém, pai — respondeu Matheus, meio intimidado, com o coração batendo e a voz trêmula — Eu preciso ir para a escola pai, estou atrasado — disse Matheus.
O pai de Matheus era um lobo alto e forte, ele estava olhando para Matheus com um olhar intimidante. Matheus pega as suas coisas e estava indo na direção da saída quando o pai pede que ele volte para tomar o café da manhã.
— Não precisa pai, estou sem fome! — diz Matheus.
Mas o pai insiste e Matheus volta e se senta, ele coloca um pouco de café com as mãos trêmulas segurando a xícara. O pai se senta em uma cadeira olhando fixamente para ele e pergunta — Você por acaso não está me escondendo algo, não é?
— Não! — diz Matheus quase se engasgando com o café.
— Espero não ver mais aquelas páginas no seu computador outra vez — diz o pai.
— Não vai acontecer de novo, pai — diz Matheus engolindo em seco.
Matheus pega as suas coisas e vai em direção à escola. Ele sai da sua casa e fecha a porta, dando uma leve olhada para trás, e lá está o lobo com postura intimidante encarando ele.
Matheus chega na escola e logo tromba com Ryan e Lucas. Ele passa por eles e diz — Eae, Luquinhas! — a hiena abraça o mesmo e bagunça seu pêlo — Eae, guaxinim — dizia enquanto esfregava a mão no rosto de Ryan, bagunçando o seu bigode.
Ryan odiava isso, Matheus que era o terceiro maior da sala, sentia prazer em ver Ryan indefeso sem poder fazer nada. As brincadeiras com Ryan eram mais grosseiras e Ryan não podia fazer quase nada contra ele.
Matheus chegou na sala e foi para o fundo, ele se sentou perto das duas hienas e atrás do gato José, colocando um capuz e dois fones de ouvidos, ele ficou assim quase toda a aula.
Capítulo 4
O pai de Matheus
O pai de Matheus se chamava Leonardo e era um lobo muito severo e controlador, ele era uma figura temida por algumas pessoas, tendo a fama de ser um policial implacável.
Havia rumores de que Leonardo estaria envolvido em alguns assassinatos, como o de seu pai que teria sido envenenado por ele, mas isso era um segredo muito bem guardado que nem Matheus sabia.
Por ser muito controlador e possessivo, a mãe de Matheus, sendo ajudada pelos pais de Bianca, resolveu fugir. A mãe de Matheus era uma gata que estava desiludida com tudo.
Quando Matheus nasceu, ela não sentiu muito afeto por ele. Tendo pais de espécies diferentes, Matheus deve ter herdado o DNA de alguns ancestrais desconhecidos, Leonardo ficou amargurado com a partida e resolveu descontar sua frustração no menino, dando pouca ou nenhuma atenção a ele.
Matheus cresceu se sentindo inseguro e impotente, sempre à sombra de seu pai, a quem sempre buscava por um pouco de afeto.
E para piorar tudo, ele tinha que ser gay com um pai homofóbico.
7 de maio de 2018
Leonardo narrando
Matheus está estranho ultimamente, alguma coisa ele vê naquele laptop. Sempre que eu estou por perto, ele fecha aquele laptop e parece meio nervoso quando uso aquele laptop. Parece que ele está escondendo alguma coisa de mim, eu vou pegar ele no flagra, vou pular o muro, entrar por trás da casa e chegar de fininho na sala enquanto ele está mexendo no laptop. Eu digo a ele que irei sair, dou meia volta pela casa, pulo o muro e entro de fininho pelo quintal. Quando estou me aproximando da sala, não acredito no que vejo: vários machos pelados, outros de sunga e outros na cama se agarrando.
— Que porra é essa, Matheus? — pergunto a ele.
— Nada, pai. — diz ele.
Eu tento pegar o laptop e ele tenta segurá-lo, mas eu sou mais forte que ele. Eu fico furioso e começo a bater nele, meu único filho não pode ser gay. Dou uma lição nele pra ver se ele vira homem de verdade.
Esse garoto é um problema na minha vida. Queria que ele tivesse morrido no lugar do irmão dele, até quando apanha parece uma
bixa. Talvez desta vez aprenda uma lição, e tudo isso é culpa daquele amigo gay dele, o Lucas. Se ele abrir a boca, vou acabar com a
vida dele e se ele se aproximar do Matheus mais uma vez a única coisa que ele vai ver será uma bala metida bem no meio da cara
dele — pensou Leonardo.
Narrador Narrando
— Que porra é essa? — perguntou Leonardo.
— Nada, pai! — disse Matheus, fechando o seu laptop.
— Deixa eu ver! — diz Leonardo.
Matheus tenta puxar o laptop, mas o pai era mais forte e o empurra para o outro lado do sofá. Matheus ficou com o rosto vermelho e trêmulo.
— Caraio, Matheus! Que porra você tá olhando? — diz Leonardo, bem alto — Você gosta de homens!?!
— Não, pai — negou Matheus — Então por que você tá vendo essas imagens? — perguntou Leonardo.
— Foi só um impulso pai — diz Matheus — Não vai acontecer de novo — o pai, em fúria, pegou um cinto e começou a bater nele enquanto dizia — Vá para o quarto já!
Matheus começa a chorar muito.
— Que porra tá dando na sua cabeça? Agora você gosta de ver macho sem roupa? Quer se deitar com macho? Meu único filho agora é uma bixa? — enquanto falava isso, Leonardo batia em Matheus.
Matheus colocou o braço na frente das cintadas para proteger o corpo e depois da surra, acabou ficando todo marcado.
Leonardo encurrala Matheus contra uma parede e o encara no fundo de seus olhos com um olhar de lobo raivoso, pronto para o ataque, com as presas à mostra.
— Que isso não se repita de novo Matheus, você não vai querer saber quem eu sou de verdade — disse Leonardo e depois se retirou, fechando a porta do quarto.
Matheus ficou sozinho no escuro, ele sentia muitas dores por todo o corpo, chorando muito ele se deitou em sua cama e apagou.
Narra Matheus
Eu estava tendo um sonho estranho, eu era criança, eu acho, o Lucas apareceu e disse:
— Quero te mostrar uma coisa, Matheus — eu resolvi acompanhar ele — Minha casa? — perguntou Matheus, confuso.
— Tem um presente esperando por você — disse Lucas.
Eu caminho para casa e quando chego, a minha mãe estava lá me esperando. Eu corro para abraçá-la e ela diz com a sua voz doce que eu posso pedir qualquer coisa para ela, em lágrimas peço que ela fique comigo e não vá embora. Ela me dá um beijo na cabeça e o sonho acaba, são 3:40 e acordo chorando e com dores no corpo.
Capítulo 5
Lucas, o lobo
2015
Lucas Narrando
Eu estava me preparando para o primeiro dia de aula de 2015, quando Ryan aparece em meu quarto e me dá um baita susto.
— BU! Surpreesaaa! — gritou Ryan.
Eu dei um baita salto para trás.
— Nós fomos transferidos para a mesma sala — diz Ryan.
Eu fico meio contente e assustado enquanto Ryan me abraça com força, eu sinto uns arrepios com esses abraços. Eu me sinto meio estranho desde que completei treze anos, meus pais dizem que é normal se sentir assim, é a puberdade.
Ao mesmo tempo, em que me sinto estranho, começo a gostar da sensação. Eu retribuo o abraço e tenho a impressão que Ryan está me olhando com um olhar estranho, sinto meu coração bater a mil, pareceu que estávamos ficando excitados. Ele percebeu isso e corou, desfazendo assim o abraço. Ficamos quase trinta segundos olhando um para o outro desconfiados até que ele quebra o silêncio e meio sem jeito, diz:
— Vamos, Lucas.
Nós descemos as escadas para tomar café da manhã.
Roberto narrando
Lucas e Ryan desceram as escadas, eles pareciam desconfiados. Alguma coisa aconteceu, eles estão escondendo algo — pensei.
Nicole também notou que algo estava errado.
Eles não conseguiam olhar um no rosto do outro, pareciam meio envergonhados.
— Vocês estão escondendo alguma coisa? — pergunto a eles e eles disseram que não.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntou Nicole.
— Não! — eles disseram ao mesmo tempo e fiquei com uma pulga atrás da orelha, Lucas estava vermelho e suas orelhas um pouco baixas.
O café da manhã foi servido. Ryan não olhava Lucas nos olhos e mastigava as torradas com um pouco de pressa, já Lucas colocou apenas um pouco de café e mal segurava a xícara direito. Eles terminaram de tomar o café da manhã e foram para a escola desconfiados.
— Será que tinha acontecido alguma coisa? Porque eles estavam estranhos, bem estranhos — Nicole perguntou a mim.
— Não faço ideia — respondi.
Narra Ryan
Descemos as escadas e fomos tomar café da manhã, ficamos desviando o olhar um do outro. Eu não conseguia olhar no rosto dele e nem ele no meu, não sei o que deu em mim, estava com tanta vontade de abraçá-lo e apertá-lo, ele parecia tão bonito. A mãe de Lucas, ao perceber o que estava acontecendo, perguntou:
— O que há de errado com vocês dois?
— Nada! — respondemos ao mesmo tempo.
Ricardo, o pai de Lucas, ficou meio desconfiado e perguntou:
— Vocês estão escondendo alguma coisa?
— Não — disse Lucas.
Nós terminamos de tomar o café da manhã e fomos para a escola, quando chegamos lá encontramos Bianca, que era uma gata, e Raul, um lince.
Bianca disse que Raul também havia sido transferido para a nossa sala de aula e ela estava bem animada nesse dia, disse também que um garoto chamado Matheus havia sido transferido para a nossa sala.
Matheus tinha vindo de outra escola.
— Esse Matheus é tão bonito — disse Bianca, empolgada.
Bianca acenou para Matheus e ele acenou timidamente de volta.
Lucas se sentou na frente de Matheus, Bianca sentou à direita perto de Raul e eu me sentei perto de Lucas.
Bianca estava muito animada e interessada no Matheus enquanto ele estava na dele e parecia estar um pouco envergonhado.
Narrador narrando
A professora chegou e pediu que os novatos se apresentassem, primeiro foi o Raul, a segunda a se apresentar foi a Micaele, uma linda raposa-vermelha, e o terceiro foi Matheus, que era tímido e parecia com uma hiena.
Matheus estava um pouco nervoso e não se sentia muito à vontade no meio de multidões. Ele se apresentou, dizendo que havia sido transferido de outra escola, enquanto se apresentava tinha alguns ataques de risos e se perdia um pouco.
Quando a apresentação acabou, a professora pediu que ele fosse se sentar em sua carteira. Matheus caminhava na direção da carteira aliviado, aquilo foi um sacrifício e tanto para ele. Era como se ele se sentisse intimidado por ter várias pessoas o observando.
Enquanto ele caminhava, Guilherme, que era um lobo e estava sentado perto de Matheus, puxou sua calça, fazendo-o perder o equilíbrio e, consequentemente, cair em cima de Lucas. Envergonhado e gaguejando muito, ele começa a rir e a sala cai na risada ao ver a cena.
— Está tudo bem? — pergunta Lucas.
— Está sim — diz Matheus, sem conseguir ver no seu rosto.
Lucas ajudou ele a pegar as coisas no chão e diz:
— Prazer, sou Lucas.
— Prazer, sou Matheus — disse o garoto que parecia uma hiena meio lobo.
Matheus voltou à sua carteira.
E a professora, depois de fazer a revisão, passou um trabalho no primeiro dia de aula sobre a história do Brasil. O tema era sobre a colonização do Brasil.
Ela pediu que todos formassem grupos de cinco pessoas com quem estivesse próximo. Lucas formou um grupo com Ryan, Raul, Bianca e Matheus.
— Oi, Matheus — disse Bianca — Você tem um corpo tão atraente.
Matheus ficou todo corado, suas orelhas ficaram baixas e ele tentava disfarçar sua vergonha. Até Lucas ficou meio envergonhado.
Aquilo foi um embaraço para Matheus, raramente ele recebia elogios e ainda mais aquele tipo de elogio.
— A história do Brasil será fácil! — Lucas disse — Ryan e Raul, vocês podem pesquisar a parte do descobrimento, Bianca pode fazer os cartazes, e eu e Matheus ficaremos com a parte do Pau-Brasil e a colonização — todos concordaram.
Narra Bianca
Estava muito feliz porque ficaríamos todos juntos de novo. Eu chego junto a Raul na escola, ele é muito grudento, fica o tempo todo dando em cima de mim. O moleque não desgrudava, parecia que a ficha não caia, ele ficou dando em cima de mim até a gente chegar na escola.
Quando nós chegamos, vejo no cartaz qual seria nossa sala, eu me dirijo para a mesma e encontro um garoto que era uma hiena bonita. Decido ir até ele e pergunto qual era o nome dele, ele me disse que seu nome era Matheus.
Ele é muito bonito, só parecia meio triste e ficou sentado na dele. Quando eu vejo Lucas e Ryan entrarem na sala, eles pareciam desconfiados um com o outro como se alguma coisa tivesse acontecido. Eu fiquei animada porque estaria com os meus amigos.
Não demorou muito até chegar uma garota raposa chamada Micaele, não fui com a cara dessa garota, parecia falsa e ela era, não prestava.
A professora chegou na sala e pediu para que todos se apresentassem. Raul, Matheus e Micaele teriam de se apresentar, pois são novatos. Odiei essa Micaele na primeira vez em que a vi. Quando Matheus tinha acabado de se apresentar e estava voltando para a carteira, Guilherme puxou a calça dele pra baixo. Cara, ele era muito bonito só de cueca, é bem definida a bunda dele e linda com o rabo que ficava por cima. Que garoto mais sexy, ele me deixava excitada, era mais bonito ainda quando ele ficava corado.
Matheus ficou rindo e todos começaram a rir também. A professora e Raul não gostaram do que viram. Queria ter uma hiena desta dando em cima de mim, não o antigo Raul.
Capítulo 6
25 de fevereiro de 2015
Narra Lucas
Naquela noite, os pais de Ryan deixaram que ele dormisse em minha casa. Era o aniversário de minha mãe que estava completando seus 33 anos. Meu pai preparou um churrasco, meus tios trouxeram os vinhos e todos jantamos com alguns amigos.
Ryan, Raul e Bianca e os pais dela também estavam presentes, só não estava o Matheus, a hiena. Depois do jantar, os adultos ficaram no quintal conversando, enquanto Lucas e seus amigos foram para a sala e colocaram o filme João e Maria: Caçadores de Bruxas.
Nos sentamos no sofá e começamos a assistir ao filme. Raul sentou perto de Bianca e eu de Ryan. Raul e Bianca ficaram conosco até o fim do filme e já estava dando 21:30 da noite. Meus pais se despediram dos convidados e eu pedi aos pais de Ryan para que ele pudesse ficar conosco esta noite, eles concordaram. Ficamos jogando Minecraft até 22:20 e eu percebi que Ryan me via com um olhar meio pervertido.
Eu ficava olhando para ele, mas tentava disfarçar o olhar. Nós estávamos no modo sobrevivência e do nada, ele me ataca e eu sorrio, atacando ele também.
Nós começamos a brigar no Minecraft e depois começamos a fazer uma guerra de travesseiro no sofá, e do nada eu escorrego e acabo puxando ele. Eu caio deitado no sofá e Ryan cai em cima de mim. E segurando meus dois braços, ele diz:
— Eu venci, você perdeu!
Eu tento me livrar dele, mas ele é bem forte.
Quando eu consigo me levantar, ele me dá uma chave pelo pescoço e esfrega as patas na minha cabeça. Eu me livro de novo e agora encaro ele no sofá, mostro os dentes com cara de lobo mau e digo:
— E agora? Quem venceu?
— Oh não, o lobo mau! — diz Ryan, enrolando um pano vermelho na cabeça quando escuto a porta do quarto de meus pais se abrindo com minha mãe aparecendo nas escadas e dizendo — Não façam muito barulho, meninos — e voltou para o quarto fechando a porta. Nós ficamos na sala até às 11 horas quando minha mãe aparece de novo e fala para irmos dormir.
Mas antes de dar 11 horas, colocamos outro filme de terror chamado A garota da capa vermelha
. A protagonista era a chapeuzinho vermelho, que era perseguida pelo lobisomem. Ocasionalmente, eu fazia cara de lobo mau e mostrava os dentes
para Ryan. Ele ria e, ao mesmo tempo, parecia meio assustado, eu mordia o seu rosto, rosnava e Ryan me empurrava. Ele já estava meio assustado e quando o filme acabou, subimos as escadas e fomos dormir.
Ryan colocou sua roupa de dormir e eu a minha. Ele se deitou em um colchonete e eu na minha cama.
Ryan estava com um pouco de medo, eu podia ver isso. Eu resolvi pregar uma peça nele ao fingir que estava me transformando em lobisomem. Como o quarto estava meio escuro e meus olhos brilhavam, eu comecei a me contorcer na cama e rosnar o seu nome. Ryan tentou se levantar do colchão, mas eu puxei ele pelo rabo. Ele se soltou e tentou alcançar a porta, mas ela estava trancada.
Eu fui na direção dele com as garras e dentes à mostra, rosnando e Ryan começa a pedir para parar, fazendo aquele barulho que os guaxinins fazem quando estão sem saída. Achei tão engraçado que comecei a rir dele e ele, meio zangado, pegou um sapato, jogou na minha direção e voltou para a cama. Eu fiquei rindo dele e ele se deitou meio emburrado. Eu volto para minha cama e digo:
— Você tá com medo do lobo? — ele confirmou com a cabeça.
— Deita aqui — eu disse a ele.
Ele se deitou no meu lado meio emburrado.
O pelo dele era tão quentinho e aconchegante que eu gostava de ficar perto, eu digo:
— Boa noite, guaxinim.
E ele diz:
— Boa noite, lobisomem — eu dou um rosnado e fecho os olhos.
Narra Ryan
Tive um sonho estranho naquela noite. Lucas e eu estávamos na escola em nossas carteiras, a professora pediu para apresentarmos o trabalho e do nada a nossa roupa sumiu na frente de todo mundo. Todos ficaram rindo da gente e tirando fotos.
Meu Deus! Quão vergonhoso isso era — eu pensei e do nada, Lucas acabou me beijando na frente de todo mundo e estava se esfregando em mim. Eu começo a sentir meu coração a mil e estou tendo uma sensação estranha que nunca tive antes. Quando acordo, vejo que estou excitado e estou vazando, colado a Lucas e ele parece estar gostando disso.
Ele se vira e eu fico por baixo dele. Ele me dá um beijo na boca, eu retribuo e começo a sentir uma estranha sensação do corpo dele se esfregando contra o meu, eu vejo um volume no calção dele e por impulso, eu abaixei a roupa e peguei o membro dele que estava bem inchado.
Aquela foi uma sensação estranha. O membro dele era duro e quente, dava pra sentir as veias e eu comecei a mexer, fazendo movimentos pra frente e pra trás. Pegar o membro dele era tão bom.
Lucas dava alguns gemidos e eu continuei até ele gozar, eu tapo a boca dele para os pais dele não ouvirem seus gemidos.
Narrador narrando
— O que nós fizemos? — pergunta Ryan, olhando para Lucas.
— Desculpa, Ryan — diz Lucas — foi por impulso.
Ryan ficou calado por um tempo e disse:
— Não, a culpa foi minha.
Os dois ficaram estranhos.
Ryan voltou para o colchonete e Lucas ficou na sua cama e se perguntou, confuso, o que tinha sido aquilo.
Uma confusão estava se formando na cabeça de Ryan. Ele gostava muito de Lucas, mas não se imaginava fazendo aquilo com o seu melhor amigo. Eu não sou gay — disse Ryan, a si mesmo.
No dia seguinte
— Desculpa, foi só um impulso, não vai acontecer de novo — disse Ryan.
— Tudo bem, deixa isso pra lá, vamos esquecer isso — Lucas diz isso, desviando o olhar.
Ryan e Lucas haviam gostado da sensação, mas se os pais deles descobrem com certeza daria um grande problema, já que não só seus pais, mas também o país era bastante homofóbico.
Ryan pensamento
— É melhor a gente manter isso em segredo — disse Ryan, sorrindo.
— Ok — disse Lucas, corando.
Narrador narrando
Ryan e Lucas descem as escadas como se nada tivesse acontecido.
Queria fazer isso de novo — pensou Ryan.
Essa sensação foi estranha, mas boa — Lucas pensou.
Capítulo 7
A Casa de Lucas
25 de fevereiro de 2015
Narra Lucas
Ryan se deitou ao meu lado, o seu pelo era macio e quente e eu estava me sentindo confortável ao lado dele. Eu fiquei admirando ele, pois nunca achei ele tão bonito antes. Eu fecho os olhos e durmo, mas acordo no meio da noite, parece que algo duro está me cutucando.
Nossa, isso é o membro do tal. Ele me abraça com força e eu sinto seus músculos contra o meu corpo. Era uma sensação estranha, mas eu estava gostando daquilo, meu coração batia a mil.
Eu começo a ficar duro também, sinto que uma gosma quente sai de dentro dele e ele está sentindo prazer. Eu perco o controle e ataco ele, subo em cima dele e começo a beijá-lo. Eu estava duro e latejante, eu estava gostando daquilo e ele também. Ele, de repente, baixou meu calção e começou a fazer movimentos para cima e para baixo. Nossa, aquilo era estranho, nunca havia sentido aquilo antes. Eu dei alguns gemidos de prazer, até que começo a vazar também e ele tapa a minha boca para meus pais não ouvirem. Ficamos olhando um para o outro, estávamos confusos.
— O que estamos fazendo? — pergunto.
— Desculpa — diz ele, saindo da minha cama e voltando para o colchonete. Uma confusão de pensamentos ficou na minha cabeça.
— Será que sou gay? — perguntei a mim mesmo.
No dia seguinte, Matheus, a hiena foi até a casa de Lucas durante a tarde para começarem a fazer os trabalhos.
Narra Matheus
Fui até a casa do Lucas, que fica um pouco distante da minha. Era uma casa bem bonita de dois andares, janelas de vidro e com um ipê-amarelo florido na frente. Cheguei lá e Lucas me levou até o seu quarto, me deu uns biscoitos e um pouco de Nescau. O
quarto dele