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E-book308 páginas3 horas

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Sobre este e-book

Com seu mundo agora abalado e grávida, Elouera está em uma encruzilhada. De um lado seu casamento e do outro, uma nova perspectiva sobre si mesma e o que deseja. Profundamente incutida com a responsabilidade de uma vida a dois, ela terá coragem de assumir seu destino ou ficará presa em seu casamento?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de dez. de 2020
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    Pré-visualização do livro

    Eu - Ann Ellis

    Atenção

    Destinado apenas a um público maior de 18 anos. Este livro contém material que, talvez, seja ofensivo para alguns e destina-se a um público adulto e maduro.

    Ele contém linguagem gráfica e situações para adultos.

    Agradecimentos

    A Andressa Silva que ressuscitou, incentivou e trilhou o caminho ao meu lado.

    Yocheved, Levaná e Yael, por apoiarem este sonho.

    Capítulo 1

    Elouera

    O ponto final.

    Finalmente, estava ali, em seu devido lugar, antes do tempo determinado. Os últimos dois meses haviam passado tão rápido e, com ele, as páginas do livro voaram para o fim e agora estava prestes a chegar na mão do editor. Eu me sentia leve, feliz e, ao mesmo tempo, já me sentia saudosa. Namorei os últimos capítulos antes de clicar em enviar. Relaxei sobre a poltrona, estirando os músculos doloridos. Beberiquei o suco de frutas, agora na temperatura ambiente, que mais cedo Samantha havia me trazido.

    Com aquela parte da minha vida pronta, eu só precisava arrumar a outra bagunça e me preparar. Abri a gaveta e retirei o papel de lá. Corri os olhos pela folha, já meio amassada por tantas outras lidas. As palavras continuavam as mesmas. Não havia mudado desde a última vez que eu vi, mas ainda não era hábil para internalizar a informação.

    Laura tinha dito que era perfeitamente normal ter o primeiro resultado. Ainda não havia tempo do hormônio ser produzido em quantidade suficiente para ser detectado no sangue, tendo em vista que, a partir do oitavo dia de fecundação, era possível notar a diferença. O falso negativo, nesse caso, era comum.

    — Elouera? — Ergui o olhar para a porta e, já soltando o papel, saltei da poltrona.

    — Mãe! — Eu me senti como criança ao alcança-la no meio do caminho e cair nos braços abertos.

    — Que saudade, minha criança. — O aperto à minha volta foi firme e tão reconfortante que me permitir fechar os olhos e relaxar por um momento, esfregando suavemente minhas costas tempo o suficiente antes que me afastasse. — Você está bem?

    Sacudi a cabeça em afirmação e a vi segurar meu rosto, ombros e braços, apalpando cada pedaço, numa busca velada para ver se realmente estava bem, tal como se estivesse me acidentado.

    Ao olhar-me de cima a baixo, a mais velha pendeu por um momento a cabeça e vi os olhos brilharem suavemente ao me observar. Novamente, estava carinhosamente presa no abraço acolhedor. Ela tinha um sorriso trêmulo ao me fitar quando se separou de mim.

    — Venha, eu trouxe o almoço. — Segurando minha mão, me levou em direção à cozinha.

    — Eu nem te vi chegar e já tem almoço pronto? Quando exatamente chegou aqui? — Passei um braço pelo ombro da menor.

    — Não faz muito. Passei naquele restaurante coreano que você gosta e trouxe algumas coisas. — Sentou-se à minha frente na mesa.

    Automaticamente, com o auxílio do jeotgarak¹, despejou uma bela porção de kimchi² junto ao meu dakgalbi³ e bibimbap⁴.

    — Já que você não apareceu durante todo esse tempo, eu tive que vir para vê-la.

    — Me desculpe por isso, mãe. — Encolhi diante do tom levemente chateado. — Eu acabei caindo de cabeça no livro e quis aproveitar a boa maré para terminar de uma vez.

    — Tudo bem. — Assentiu, assistindo enquanto eu comia. — E hoje, você pode? Marquei com o pessoal para um jantar em casa. Adoraria se você pudesse aparecer.

    — Quem estará lá? — Perguntei num tom despreocupado, evitando fitá-la.

    — Apenas a família. — Balancei a cabeça, dando de ombros. — Eu sei que seu irmão foi um idiota com você, mas acredite, ele está bem melhor agora.

    — Sério? Até agora fiquei sem entender o que veio acontecer naquele dia no Takahashi. — Não escondi minha chateação diante do ocorrido e a vi encolher os ombros.

    — Não sei ao certo, mas diante das dúvidas, prefiro não comentar até ter absoluta certeza. Você sabe que não permitirei qualquer comportamento inadequado, certo? — Assenti em silêncio. — Isso não será o motivo de você não aparecer. Acredito que esse também não era o único para a sua ausência.

    — Eu sei, mãe. — Ignorei a afirmação, estudando meu prato, completando mais para mim do que para ela. — Vou sim.

    Terminei minha refeição em meio a uma conversa leve e explanação de como estavam os preparativos para o casamento do mais velho dos irmãos. Eu pescava um olhar demorado em minha direção, como se quisesse falar alguma coisa, mas esperasse um primeiro passo da minha parte. Sem saber ao certo o que deveria dizer, sobre qual tópico Celyse queria falar, preferi que levasse a conversa. Já diante do carro e a um passo de entrar no mesmo, parou a minha frente, munida do olhar caloroso, e deixou finalmente escapar.

    — Você está tão diferente, radiante eu diria. — Levou a mão ao meu rosto, acariciando por um instante. — Quando você descobriu?

    — Apenas há alguns dias. Eu não contei a ninguém, até agora. — Murmurei, sentindo o rosto esquentar.

    — Estou tão feliz! — Sacudiu em seus pés, sorrindo e me esmagando ao corpo pequeno. — Deus! Eu não acredito! Quando você pretende contar a todos?

    — Eu não sei, minha ficha ainda não caiu. Na verdade, eu não esperava que fosse acontecer, não agora. — Olhei para longe, balançando a cabeça. — Eu não sei.

    — Tudo bem, minha filha, apenas quando você estiver pronta. — Segurou firme minhas mãos. — Eu estou tão feliz!

    — Obrigada. — Agradeci, retornando um abraço de urso e sentindo uma leve ardência suspeita na região ocular que, pelo menos agora, eu podia conectar totalmente aos hormônios.

    Acenou quando a deixei ir e, antes que pudesse esboçar uma reação, a mão pousou suavemente em meu ventre. Estática, acompanhei quando Celyse subiu no carro e manobrou para longe.

    Não sabia como me sentir a respeito daquele gesto, muito menos abstrair a emoção que vinha sorrateira pelo meu corpo e pegando-me desprevenida para o que viria a seguir, o choro.

    Eu não confiava em mim para sair dali naquele momento. O martelar em meu peito trazia consigo a falta de ar. Logo, meu corpo dobrou. Todas as crises de ansiedade existente nos últimos dias, eu havia passado sozinha, trancada em algum aposento da casa. Tentando respirar calmamente e fazendo uma contagem até dez, esperei que a crise fosse embora, ou que a maior parte do sintoma desaparecesse e eu pudesse me mexer. Não sabia precisar quantos minutos permaneci ali até conseguir voltar a posição anterior com dificuldade.

    — Elouera? — Abri os olhos e dei de cara com Samantha. — Está tudo bem?

    — Ei, querida. — Estiquei dolorosamente meu corpo e tentei apoiar descontraidamente nos ombros dela quando se aproximou. — A senhora Cohen acabou de sair daqui. Vamos jantar por lá hoje?

    — Hoje? — Deixou um beijo nos meus lábios. — Amor, você esqueceu que tenho um compromisso com a mamãe?

    — Esqueci. — Fiz um muxoxo. — Precisa de companhia ou é assunto de vocês?

    — Você até poderia vir, mas depois de tanto tempo sem encontrar sua família, acredito que seja melhor você ir para casa deles.

    — Tem certeza? — Acariciei os cabelos dela, vendo-a assentir. — Certo, então, irei para a casa deles.

    Capítulo 2

    Elouera

    — Alguém em casa? — Abri a porta lentamente, sendo recebida por um cheiro delicioso, me esgueirei em direção a cozinha. — Poderiam assaltar a casa e ninguém notaria. — Comentei assim que parei na porta, vendo todo mundo congelar em seus movimentos.

    No minuto seguinte, estava perdida no seio da família, com o abraço do Oliver e Ethan, outro acompanhado de uma batidinha no ombro vindo da minha cunhada. Bardon estava lá, junto com a sua mãe. Mal contive a surpresa ao notar os Reece ali e o fato de minha mãe os considerava da família assim tão depressa. Eu me senti encolher diante do olhar da mais velha dos Reece. Gentilmente cumprimentou-me, demorando o olhar apurado em minha direção para, no fim, lançar um olhar carinhoso e sugestivamente em meu ventre.

    Não soube o que dizer e, nesse impasse, automaticamente me pus em alerta esperando pelo outro membro da família. Não sabia se relaxava ou me entristecia pelo fato dele não estar ali. Uma grande parte sentia-se feliz por não ter que dar explicação para toda a falta de resposta e também, pelo fato de ter que contar. Outra, permanecia traiçoeiramente melancólica. Alheios ao meu conflito, fui empurrada para o meio na cozinha e, logo, tinha uma faca e alguns legumes.

    Uma taça de vinho branco foi posta à minha frente. Agradeci a gentileza de Shannan e, sem querer contar ou desfazer do ato gentil, apenas agradeci e dei a desculpa de estar ocupada naquele minuto. Sorrateiramente, Celyse substituiu a taça por uma de suco de uva verde, o qual, na mesma tonalidade, não deixaria evidência de que não poderia ingerir álcool. Toda a movimentação discreta não passou despercebido a outra senhora do recinto. Lançando um olhar cúmplice, Marion acenou um movimento de cabeça em minha direção. Sem graça, fiz o mesmo.

    — Oi, Elouera. — Fitei Owen pela primeira vez depois de tanto tempo, o desconforto evidente no jeito tímido do rapaz sempre sorridente.

    — Ei. — Sendo extremamente rancorosa, reconhecia esse fato, o gelo havia durado tanto tempo em nossa relação que, agora, o vendo daquele jeito, não foi o suficiente para que a vontade de chutar o traseiro dele fosse deixada de lado.

    — Olha, Elouera, me desculpe pelo outro dia...

    — Por você ter sido uma merdinha irritante? — Ergui as sobrancelhas sugestivamente e Owen, encolhendo os ombros e extremamente sem graça, assentiu. — Você merece uns bons tabefes para deixar de ser idiota, você sabe disso? — Outro movimento afirmativo. — Na próxima vez que agir dessa maneira, juro que não hesitarei em cortar as joias da família. — Apontei a faca sugestivamente para virilha do rapaz. — Entendeu?

    — Sim. — Concordou cobrindo a parte sensível com as mãos.

    — Ótimo, aqui. — Estiquei o rosto em direção ao rapaz. — Não vai me cumprimentar?

    Gargalhei quando, no ímpeto, ele me teve por um instante em seus braços e fora do chão. Tão logo estava sobre meus pés, ele não desgrudou um minuto do meu lado. Cerca de uma hora depois, finalmente o jantar estava pronto e, a pedido da matriarca, o jantar seria servido no deck para aproveitar a noite de verão. Logo, começou a ronda de trocar da panela para a cerâmica e levar para a mesa previamente organizada. Enquanto os mais velhos mantinham-se em sua própria conversa, os mais novos entraram no assunto cinema e, portanto, meu calcanhar de Aquiles.

    — Não fale sobre isso perto da Elouera. — Ouvi o comentário zombeteiro vindo do Ethan para Bardon.

    — Não falar sobre o quê perto da minha pessoa? — Arqueei as sobrancelhas, colocando o que carregava na mesa.

    Fast & Furious e Paul Walker na mesma frase. — Pontuou Shannan ao passar por mim e se sentar ao lado do noivo.

    — Até você já sabe sobre isso? — Olhei-a surpresa e, discretamente, Shannan apontou para o rapaz ao lado. — Ethan?! Deus, esses homens de hoje em dia não conseguem manter a boca fechada. — Cruzei os braços, lançando um olhar não tão reprovador quanto eu queria.

    How could we not talk about family, when family’s all that we got?⁵ — Empurrei o caçula dos gêmeos quando este passou por mim, cantando aquela música fatídica, e eu já me sentia arrepiar.

    — Owen, isso é um golpe muito baixo. — Fiz menção de sentar fui impedida.

    — Nada disso mocinha, ainda precisa pegar o resto dos acompanhamentos. — Disse ao sentar-se com um sorriso de orelha a orelha.

    — Engraçadinho. — Fiz uma careta para Owen e acenei para Bardon que, ao contrário do rapaz ao meu lado, mais educado, fazia menção de me ajudar. — Não se preocupe, eu já volto.

    Enquanto o palhaço fazia questão de me atormentar cantando aquela música linda e extremamente dolorosa, aproveitei que nenhum dos mais velhos estava olhado e mostrei o dedo para ele, causando o riso na nossa parte da mesa. Idiota, resmunguei, indo para a cozinha. Qual a lógica de dizer que havia mais pratos se o tonto apagou a luz?

    — Eu juro que vou te matar se você vier me assustar. — Conjurei enquanto caminhava em direção ao interruptor e topei com alguém pelo caminho. — Filho da...

    Congelei quando os braços passaram à minha volta, evitando que a colisão fosse ainda pior. O cheiro característico e malditamente masculino invadiu meus sentidos tal qual um tapa, atordoando-me. Já não precisava acender a luz para saber quem me mantinha cativa, muito menos precisava que aquela boca pousasse sobre a minha de maneira tão possesiva e saudosa, tragando-me com sofreguidão para a magia dos doces lábios.

    Traiçoeiramente, o calor expandiu horizontes pelo meu corpo. O tremor involuntário dos meus nervos apenas acentuou o fato de que, mesmo depois de semanas, eu era tão escrava do meu desejo por ele quanto era quando estava com ele. O martelar gostoso trabalhava em meu peito, diminuindo consideravelmente o vazio que vinha sentido ao longo das semanas, preenchendo com o gosto dele, o cheiro, o toque e tudo que, há muito, reprimia dentro de mim. As mãos trabalhavam astutamente por minhas costas e, logo, parou entre meus cabelos, suspendendo meu rosto ainda mais inclinado para que tomasse ainda mais de mim. E eu apenas me deixei levar pelos toques e o corpo pressionado contra o meu, abraçando-o sobre os ombros, o trazendo para mais perto, como se houvesse algum maldito espaço entre nós.

    Eu precisava dele e aquilo me assustava.

    — Querida, a luz queimou? — Quebrando o encanto do momento, rapidamente dávamos passos para longe um do outro.

    Novamente, não soube considerar se me sentia irritada ou aliviada.

    — O engraçadinho do Owen apagou a luz. Estava no caminho para acender, eu realmente odeio escuro. — Disse, tentando manter um tom leve ao mover-me na direção original, rezando para ele tivesse saído dali. — Pronto.

    — Boa noite, desculpe-me pelo atraso. — Com um sorriso inocente, eu o vi adentrar a cozinha como se nada tivesse acontecido segundos antes.

    — Darel! — Minha mãe passou por mim, indo cumprimenta-lo alegremente. — Eu achei que você não viria.

    — Acabei de pôr os pés em casa. — Sorriu carinhosamente para a mais velha e, em seguida curvou-se em minha direção, deixando um beijo casto em minha bochecha. — Elouera.

    — Darel. — Lancei um olhar rápido na direção dele, encaminhando-me para pegar o que tinha vindo buscar.

    — Querida, pegue mais um conjunto de utensílios e me deixe levar isso. — Tão rápida em seus passos, ela já estava fora da minha vista.

    Aproveitando o ensejo e bloqueando minha passagem, postou-se a minha frente. As mãos calorosas pousaram suavemente sobre meu rosto, perscrutando detidamente. Eu não sabia o que dizer ao ser encarada daquela forma. Minhas entranhas revolveram. Novamente, tinha o coração disparado e não conseguia disfarçar a ansiedade de responder o olhar observador.

    — Você será pai. — Deixei escapar antes que pudesse conter. — Minha mãe sabe. Ela olhou para a minha cara e já soube. Desconfio que a sua mãe também, ela tinha um olhar estranho sobre mim. Ela é observadora, ainda não sei se isso é bom ou ruim, mas, bem, ela sabe. Acredito que isso não é exatamente um problema, já que estávamos esperando por isso... Oh!

    Cravei os dentes sobre os lábios e não satisfeita, tampei a boca com as mãos, evitando que qualquer outro ruído pudesse escapar à medida que era tomada em um redemoinho de sentimentos ao vê-lo sobre os joelhos distribuindo beijos sobre meu amplo abdômen. Não satisfeito com o ato, tombou a bochecha ali mesmo, abraçando-me suavemente. Podia ver os lábios mexendo e, mesmo à curta distância, não podia ouvir com nitidez o que era dito.

    — Essa é a melhor notícia que você poderia ter me dado. — Disse ao pôr-se de pé à minha frente e, não obstante, envolveu os braços ternamente à minha volta, sustendo-me ao colocar meu corpo sobre a ilha de mármore. — Eu estou tão feliz! — As mãos plantadas sobre meu abdômen, acariciando-me novamente enquanto delineava o meu rosto com os lábios.

    — Você perdeu o juízo, estamos na casa da minha mãe!

    Não podia deixar de sentir os joelhos em modo gelatina pelo tom e gesto carinhoso, mas ter aquele momento carinho interrompido por qualquer membro das famílias, não seria exatamente a coisa mais simpática do mundo, mesmo tendo em conta o motivo da ação.

    Resmungou um sim ao pousar sobre meus lábios. Eu só faltei chorar ao ver meu pai passar justamente naquele instante pela porta. Erguendo as sobrancelhas ao fitar-nos, surpreso e tão sem graça quanto eu poderia estar, os olhos do mais velho pousaram sobre o gesto do outro. Eu não sabia se eu me escondia diante do rapaz ou corria para os braços do mais velho ao ter o olhar enternecido em nossa direção. Acompanhando meu olhar sem graça, Darel enrijeceu.

    — Levem o tempo que precisar. — Sem dizer mais nada, apenas saiu da cozinha tão silenciosamente como entrou.

    — Você está ficando corado. — Mesmo estando em uma situação constrangedora, não podia deixar de comentar e brincar com ele.

    Eu o fitei mais de perto, mal acreditando em meus olhos. Era a segunda vez que o via tão sem graça e a minha vontade era de abraçar aquele homem.

    — Oh, Deus, você está corando!

    — Não comece, Elouera. — O constrangimento havia alcançando níveis superiores e agora até as orelhas estavam vermelhas.

    Segurando-me carinhosamente, deslizei para o chão.

    — Foi só um comentário. – Ergui as mãos, o vendo afastar-se e, atônita, o vi caminhar em direção aos armários e retirar o que supostamente eu deveria estar pegando. — Desde quando você sabe onde estão as coisas na casa da minha mãe?

    — Desde quando estou mais aqui do que a própria filha dela? — Estupefata, o vi depositar a mão em minha cintura de forma protetora e me levar para o deck.

    Primeiro era minha mãe considerando todos como família, o que não era de duvidar, já que a aquela senhora tinha amor para dar e vender, mas era estranho, e agora ele estava indo regularmente na casa dos meus pais? Mastiguei a pergunta e dei um sorriso amarelo diante dos olhares surpresos em nossa direção e, claro, não passou despercebida a proximidade.

    Não demorou para que todos estivessem servidos e avidamente conversando entre em si. Eu gostava de observá-los em seus momentos. Era uma sensação única e envolvente fazer parte da minha família que, por si só, era um espetáculo quando estavam reunidos. Tendo os Reece como adendo, era de alguma forma ainda mais precioso aquele momento. Por vez ou outra, via o garfo deslizar em minha direção, depositando um pedaço de carne ou verduras, sempre os melhores

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