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Salvando Keloi
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E-book240 páginas3 horas

Salvando Keloi

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Sobre este e-book

Salvando Keloi – conta uma estória fictícia onde o jovem Edgar recebe um pedido de ajuda e aceita esse pedido, e inicia uma viagem a um mundo desconhecido, Keloi e lá descobre que a missão e mais difícil do que se imagina, terá de se aventurar por mundos na companhia de sua parceira Sonia, suas mascotes Dag e Leona para poderem reunir forças para defender Keloi dos inimigos. Se gosta de emoção, alegria e uma pitada de romance, vai curtir muito viajar pelos desafios desta aventura.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento1 de jun. de 2019
ISBN9788530006334
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    Salvando Keloi - Gilberto Galhardo de Andrade

    Autor

    1

    Deitado sobre a sua cama estava ele, meio sonolento e cansado das atividades feitas durante o dia, onde brincara com seus amigos imaginários.

    Sua cama não era das mais confortáveis, era simples de estrado fraco e colchão já deformado pelo tempo de uso.

    Mas o corpo franzino de pés descalços mal afundava qualquer pedaço de boa espuma do colchão.

    De repente ele escuta ao longe chamarem o seu nome, ele hesita em responder, mas a insistência do chamado o faz vibrar suas fracas cordas vocais.

    - Fala... – responde ele para a voz que o chama.

    Sua mãe, mulher simples, mas de princípios fortes, ordena a ele que levante e vá se lavar para poderem fazer a última refeição do dia que estava por acabar.

    Então ele se levanta, senta na cama, que chega a ranger como o barulho da madeira velha, olha em direção ao quintal, vê o caminho de pedras que leva ao banheiro, desanima só de saber todo o trabalho que terá para poder se banhar.

    Ouve novamente sua mãe apressá-lo para tomar o seu banho, então ele respira fundo prende o ar, segura por alguns instantes, e solta o ar com força.

    Se levanta, pega um balde de alumínio com mais ou menos 30 litros de capacidade e com um chuveiro acoplado em sua base.

    Ele então leva o balde e o pendura no cano apropriado para suportar o peso que será nele colocado. Ele dirige seu olhar por todo o vasto quintal à procura das latas que esquentariam o seu banho.

    As localiza bem distante de onde estava, correu em direção as latas, apanhou as duas e foi direto a um tanque pegar água para aquecer em uma espécie de fogão onde sua mãe já acendera o fogo.

    Cuidadosamente ele coloca as latas para aquecer a sua água e a de sua mãe, para que pudessem banhar-se e fazerem a refeição.

    Enquanto esquentava a água, viu sua mãe fazer um sinal como dizendo para que pegasse alguns panos que serviriam para transportar as latas sem se queimar, e encher o balde que estava preso no banheiro.

    Assim o fez, providenciou não só os panos como também as roupas e as toalhas para poderem se secar.

    Deixou tudo preparado bem próximo à porta de saída do pequeno banheiro, rude e feita de ripas de madeiras com espaços e frestas por onde o vento sempre conseguia passagem.

    Ele se voltou para o fogão e, a passos rápidos, aproximou-se da água que aquecia nas latas, colocou a mão sobre a água e sentiu o calor que dela exalava.

    Concluiu que já era hora de tirar e fazer a travessia do fogão para o chuveiro improvisado no balde.

    Deixou sua mãe banhar-se primeiro, já que não gostava muito de água quente, aguardou sua mãe finalizar seu banho, passou a ela suas vestes e a toalha para que ela pudesse se secar e vestir-se com roupa limpa.

    Quando, depois de alguns minutos, sua mãe sai e libera o banheiro para que ele possa se lavar, arrasta um pequeno tronco, de cinco quilos, para alcançar a pequena chave que libera a água e a empurra, e água começa a cair.

    Rapidamente ele se lava, para poder depois aproveitar a água como quiser, não correndo o risco de ela acabar e o seu banho não.

    Toda essa rotina ele realizava a noite e depois pela manhã, já que não conseguia ficar sem tomar o seu banho. Levantava uma hora mais cedo só para poder se lavar, mesmo no frio.

    Terminou seu banho, secou-se e se trocou, deixou tudo preparado para que, no dia seguinte, pudesse com rapidez realizar novamente o processo.

    A voz incansável de sua mãe lhe chama para que ele se dirija à pequena mesa feita rudemente com pedaços de tábua e com pés de madeira e ferro, suas cadeiras eram tocos de árvores com tábuas pregadas para dar um mínimo de conforto ao sentar.

    E sua mãe, com um sorriso leve no rosto, dá início ao ritual de todos os dias para a fome espantar, faz a sua oração pede a benção para o alimento e para o filho.

    Sentam-se, e a mãe serve primeiro o filho e depois se serve. A refeição do dia era sempre a mesma: um arroz mal cozido, alguns caroços de feijão, filé de cacto cozido e um pequeno copo com água.

    Fazem a humilde ceia em silêncio, a mãe briga com seus olhos fazendo o possível para segurar as lágrimas quando olha para o filho e o vê se alimentando com pouca vontade, apenas para matar a fome e não para apreciar o sabor da refeição.

    É quando ele rompe o silêncio e pergunta à sua mãe:

    - O que vamos comer amanhã, mãe?

    Ela pensa e diz ao filho:

    - Meu filho, prometo que amanhã teremos o que comer – então ele inicia um diálogo.

    - Sabe mãe, um dia a gente vai sair daqui e conseguir mudar e melhorar de vida?

    - Sim filho, vamos sim! E se depender de minhas orações, não demorará muito. Agora vamos nos deitar, pois amanhã você tem aula.

    Ele olha rapidamente para a mãe, arregala os olhos e diz:

    - Eu não quero ir pra escola não.

    - Mas meu filho você precisar ir.

    - Mas é muito chato lá, mãe!

    - Chato ou não você tem que ir, é assim que você quer mudar de vida?

    Ele então baixa a cabeça, ameniza seu sentimento de revolta com a missão rotineira da escola e concorda com a mãe.

    - Tá bem, eu vou então.

    Sua mãe recolhe os pratos da mesa e trata de limpá-los para ter menos serviço no dia seguinte.

    Seu filho se dirige a passos lentos para o quarto onde horas atrás tentava cochilar, olha a cama como se desejasse não usá-la, mas como não tem opção, enfrenta o colchão.

    Deita-se e vê o teto coberto de telhas quebradas, pedaços de madeira e buracos que, quando chove, inundam sua cama.

    Naquele dia o céu estava sem nuvens e, através dos buracos, conseguia enxergar as estrelas na escuridão, que brilhavam com grande intensidade.

    Começou a pensar em várias coisas que pudessem o fazer mudar de vida, as idéias iam e vinham em sua mente sem que ele fosse capaz de entender ou descrever qualquer uma delas.

    E entre pensamentos e olhares, adormece.

    Sua mãe chega para se deitar junto do filho, embora em móvel distinto, e bem mais precário que o de seu filho.

    Ela o acaricia, ora e diz baixinho que nada é para sempre e que, com certeza, alguém lá em cima estaria olhando por eles e ouvindo suas súplicas.

    Ela então beija o filho após velar seu sono, e se recolhe em sua cama feita de papelão forrado de folhas de jornais e papéis de presentes que encontrava na região onde morava.

    Amanhece o dia e os feches de claridade invadem o pequeno lar dos dois, fazendo com que seus olhos se abram para um novo despertar do dia.

    O menino rapidamente levanta e se dirige para seu banho, o faz e se apronta para que, junto de sua mãe, possa ir pra escola.

    Eles saem juntos, o menino para a escola e mãe para a sorte da vida.

    O dia sempre demorava a passar, até porque o menino estudava pela manhã e ficava na pequena escola até o entardecer, esperando a hora de sua mãe apanhá-lo.

    Não demora muito e sua mãe chega com o sorriso mais forte do que de costume.

    Ele avistou nos braços da mãe algumas batatas, cenouras e outros legumes, e entendeu o motivo daquele enorme sorriso.

    Ele se voltou para o pequeno pátio da escola e pediu para um dos professores lhe conseguir um pouco de sal.

    Junto com o ajudante, foram até a cozinha da escola e ele recebeu um punhado de sal para poder ter, depois de muitos dias, uma refeição diferente e mais saborosa. Bem mais saborosa do que o filé de cacto cozido sem sal e sem gosto.

    Junta-se a sua mãe e ignoram as horas de caminhada que terão pela frente até chegarem à humilde casinha.

    Só de saberem que terão uma refeição diferente do que as de costume, até se esquecem de todo o ritual que terão pela frente, pegar a água, aquecer a água, carregar o peso...

    Vão pelo caminho fazendo planos para a refeição que estão prestes a preparar.

    Quando avistam a trilha que leva para a casa onde moram, notam algo estranho ao longe, custam a acreditar.

    O menino esfrega as mãos nos olhos e não acredita no que eles veem. A casinha onde moram sendo devorada pelas chamas, que consumia o pouco que tinham.

    A mãe se ajoelha, não acreditando, abraça o filho que chora, olha para os céus um tanto quanto inconformada com o que estava acontecendo.

    Alguns poucos moradores que das proximidades, com seus pequenos gestos e esforço, tentavam, em vão, apagar o incêndio que devorava aquela humilde morada.

    A mãe assistia a tudo da mesma forma: ajoelhada e abraçada ao filho, os legumes que trazia nas mãos foram caindo e se perdendo no chão.

    Ela olha para o filho que, aos prantos, só conseguia dizer em meios aos soluços de tristeza:

    E agora mãe, e agora?

    2

    Aquela foi a mais longa das noites, tudo o que, em uma vida inteira, foi conquistado, em minutos foi perdido.

    A única coisa que ainda resistia a tudo era a pergunta: e agora mãe?.

    Ela olhava para o filho sem ter o que dizer ou fazer, simplesmente o abraçou para tentar confortá-lo com seu carinho.

    Um dos moradores vem até os dois e oferece dormida por uma noite, para que pudessem se recompor física e mentalmente.

    Aceitaram prontamente o convite do velho senhor e se dirigiram para o seu humilde casebre, um pouco melhor e mais confortável do que mãe e filho haviam acabado de perder.

    Lá chegando o gentil senhor ofereceu sua cama para que os dois pudessem descansar e enfrentar a dura rotina que teriam pela frente.

    Pela manhã, pouco antes do sol raiar, os dois foram acordados pelo delicioso aroma de café e pão fresco. Simples, mas farta, viram uma mesa posta com a refeição que os aguardava.

    O senhor tratou de servi-los e deixá-los bem à vontade e os chamou para degustarem o café da manhã em sua companhia.

    Timidamente se aproximaram da mesa e se acomodaram para fazer a ceia matinal.

    Foi quando o senhor olhou para a mulher e para o menino e disse para ambos:

    - Tomei a liberdade de falar com um conhecido que me indicou um lugar mais adiante daqui, onde há uma casinha que necessita de alguém para cuidar dela...

    Imediatamente a senhora falou – Não temos dinheiro para custear o aluguel desta casa e...

    Antes que ela pudesse terminar, o senhor a interrompeu dizendo:

    - Não se preocupem com isso, o dono já me deu as chaves e me pediu que os acomodassem lá, até porque ele não a usa.

    O garoto escutava atentamente tudo o que aquele bondoso senhor falava e se enchia de esperança.

    Diante da situação em que se encontravam, não tiveram outra escolha a não ser aceitar a oferta e tomar conta da casa.

    Então a mãe olha para o homem diante dela e, com lágrimas nos olhos, agradece o bom homem.

    - Muito, mas muito obrigada mesmo senhor...

    - Amaro – responde ele - Senhor Amaro. E vocês são?

    - Oh! Desculpe-me, sequer nos apresentamos. Meu nome é Ercilia e este é meu único filho.

    Ela então olha para o menino e diz.

    - Diga o seu nome para o senhor Amaro, filho.

    O menino um tanto quanto assustado e com fome, para de comer um pouco, termina de engolir o alimento que seus dentes trituravam, e diz ao senhor.

    - Meu nome é Edgar.

    - Que bom! - Responde o senhor Amaro - Comam... comam mais que a caminhada é longa e precisamos ter as energias recarregadas. - E sorri a fim de também conseguir trazer um pouco de felicidade aos dois.

    Edgar então pergunta ao senhor Amaro:

    - A casa que o senhor vai nos levar é grande? Tem porta? Tem janela?

    Sua mãe, vendo toda aquela euforia do menino, tenta fazê-lo parar.

    - Mas o que é isso filho, chega de tanta pergunta!

    Senhor Amaro sorri novamente e fala:

    - Deixe o garoto perguntar... Olha Edgar, a casa é bem ajeitadinha, tem um grande quintal, uma pequena cerca em volta, muitas árvores ao redor, algumas até com frutas!

    Edgar se admira – Nossa!

    E o senhor Amaro continua – ... Já estava me esquecendo! Tem também um lago grande, bem pertinho, que é possível ver da janela dos quartos.

    - E dá para pescar? Tem peixe lá? A água é limpa? – pergunta, eufórico, Edgar.

    E, calmamente, o senhor Amaro responde.

    - Isso eu não sei não, mas se nós formos para lá, vai ficar sabendo, é ou não é?

    - Mãe, anda logo, eu quero ver como é lá! – diz Edgar.

    Sua mãe termina a refeição e se propõe a recolher a mesa e lavar os recipientes utilizados, mas é impedida pelo senhor Amaro.

    - Deixe tudo aí, senhora, eu arrumo depois que voltar.

    E juntos os três seguiram pela estradinha e começaram a caminhar esperançosos, a fim de conhecerem logo a casinha, a qual seria, provavelmente, a sua morada por um longo tempo.

    Depois de muita caminhada e bastante conversa entre os três, eles chegaram ao destino. Dona Ercilia não acreditava no que seus olhos viam. Edgar ficou sem reação, abismado, devorando com os olhos tudo o que via.

    Senhor Amaro aponta com a mão e diz a eles.

    - É esta casinha que está sendo oferecida à senhora, o que acha?

    Dona Ercilia fica maravilhada com a casa.

    - Ela é linda!

    - Vamos entrar. Tome, pegue a chave, conheça o seu mais novo aconchego. – diz o senhor Amaro.

    - Entra mãe, entra! – apressa o menino Edgar.

    Eles entram e ficam maravilhados com o tamanho da casa, e até com muitos móveis, um tanto quanto empoeirados, nada que um dia de limpeza não resolva.

    O senhor Amaro os deixa, alegando ter compromisso, e se despede dos novos moradores que seguem maravilhados com o lugar.

    Dona Ercilia é só sorrisos, abraça o filho que também ri à toa e, só depois de algum tempo, se dão conta de que sequer agradeceram ao senhor Amaro.

    - Meu filho, esquecemos de agradecer aquele homem que, gentilmente, nos deu morada e comida. Temos que voltar à sua casa e mostrar a ele nossa gratidão.

    - O que você acha? – pergunta a mãe.

    - É verdade mãe, a gente esqueceu né!?

    - É verdade meu filho. Vamos nos acomodar e arrumar aqui, depois faremos uma visita ao senhor... senhor... como era o nome dele mesmo, filho?.

    - Amaro, mãe. Senhor Amaro.

    Ela então reflete, ao ouvir o nome duas vezes dito pelo filho e, em pensamento, diz:

    - Aquele homem tem amor até no nome.

    Rapidamente eles começaram a ajeitar tudo, deixar a casa com a cara deles. Edgar não se conteve e foi conhecer o quintal, as árvores e principalmente o lago.

    Voltou para dentro de casa e disse à sua mãe.

    - Mãe, é muito grande aqui! Gostei demais desse lugar.

    Dona Ercilia se enche de alegria ao ver o filho superando a drástica perda que teve recentemente.

    Eles passaram o resto do dia arrumando e limpando a casa. A lua já brilhava alta no céu quando resolveram ver o que iriam comer.

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