Sonhar Não É Pecado:
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Sonhar Não É Pecado: - Leandro Rocha Pereira
Sonhar não é pecado:
um estudo de caso da prostituição em São Paulo
Léo Pereira
2022
Sonhar não é pecado: um estudo de caso da prostituição em São Paulo.
Coordenação Editorial:
Sérgio Barbosa
Revisão:
Marta de Sena Barbosa
Arte/desenho:
Fernando Godoy
Projeto Editorial/Gráfico/Capa:
Ricardo Cassiolato Torquato
Todos os direitos reservados para o autor.
Esta obra está protegida pela Lei no 9.610.
Não pode ser reproduzida, no todo ou em parte, qualquer que seja o modo utilizado, incluindo fotocópia e serocópia, sem prévia autorizaçao dos autores. Qualquer transgressão à Lei dos Direitos Autorais será passível de procedimento judicial.
Trabalho de Graduação Interdisciplinar dos alunos do Curso de Jornalismo.
Faculdade de Comunicação e Artes
Universidade Presbiteriana Mackenzie
CHANCELER
Augustus Nicodemus Gomes Lopes
REITOR
Manassés Claudino Fonteles
VICE-REITOR
Pedro Ronzelli Júnior
DIRETOR DA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO E ARTES
Osvaldo Takaoki Hattori
CHEFE DO DEPARTAMENTO DE JORNALISMO
Vanderlei Dias
COORDENADORA TGI
Ângela Schaun
ORIENTADORA
Eun Yung Park
PROFESSORA DE TGI
Ângela Schaun
Leandro Ladeia Rocha Pereira
NOVEMBRO /2003
DEDICATÓRIA
Por Leandro Rocha Pereira
Dedicação ímpar a Deus e em seguida aos meus pais Moisés Pereira e Zeli Ladeia, irmão Moisés Júnior; ao casal amigo Roberto e Solange; ao professor Doni Perin, Sérgio Barbosa e Maurilei Aparecido
AGRADECIMENTOS
Por Leandro Rocha Pereira
Agradeço ao Diretor da Faculdade de Comunicação e Artes da Universidade Mackenzie Professor Osvaldo Takaoki Hatori, Nehemias Vassão, Doutor Donizete Pinheiro, Joana Figueiredo e ao meu santo protetor, Santo Expedito.
MULHER DA VIDA
Cora Coralina
Mulher da vida, minha irmã.
De todos os tempos.
De todos os povos.
De todas as latitudes.
Ela vem do fundo imemorial das idades e
carrega a carga pesada dos mais
torpes sinônimos,
apelidos e apodos:
Mulher da zona,
Mulher da rua,
Mulher perdida,
Mulher à toa.
Mulher da vida, minha irmã.
Pisadas, espezinhadas, ameaçadas.
Desprotegidas e exploradas.
Ignoradas da Lei, da Justiça e do Direito.
Necessárias fisiologicamente.
Indestrutíveis.
Sobreviventes.
Possuídas e infamadas sempre por
aqueles que um dia as lançaram na vida.
Marcadas. Contaminadas,
Escorchadas. Discriminadas.
Nenhum direito lhes assiste.
Nenhum estatuto ou norma as protege.
Sobrevivem como erva cativa dos
caminhos,
pisadas, maltratadas e renascidas.
Flor sombria, sementeira espinhal
gerada nos viveiros da miséria, da
pobreza e do abandono,
enraizada em todos os quadrantes da
Terra.
Um dia, numa cidade longínqua, essa
mulher corria perseguida pelos homens
que
a tinham maculado. Aflita, ouvindo o
tropel dos perseguidores e o sibilo das
pedras,
ela encontrou-se com a Justiça.
A Justiça estendeu sua destra poderosa e
lançou o repto milenar:
"Aquele que estiver sem pecado
atire a primeira pedra".
As pedras caíram
e os cobradores deram as costas.
O Justo falou então a palavra de equidade:
"Ninguém te condenou, mulher...
nem eu te condeno".
A Justiça pesou a falta pelo peso
do sacrifício e este excedeu àquela.
Vilipendiada, esmagada.
Possuída e enxovalhada,
ela é a muralha que há milênios detém
as urgências brutais do homem para que
na sociedade possam coexistir a
a inocência,
a castidade e a virtude.
Na fragilidade de sua carne maculada
esbarra a exigência impiedosa do macho.
Sem cobertura de leis
e sem proteção legal,
ela atravessa a vida ultrajada
e imprescindível, pisoteada, explorada,
nem a sociedade a dispensa
nem lhe reconhece direitos
nem lhe dá proteção.
E quem já alcançou o ideal dessa mulher,
que um homem a tome pela mão,
a levante, e diga: minha companheira.
Mulher da vida, minha irmã.
No fim dos tempos.
No dia da Grande Justiça
do Grande Juiz.
Serás remida e lavada
de toda condenação.
E o juiz da Grande Justiça
a vestirá de branco em
novo batismo de purificação.
Limpará as máculas de sua vida
humilhada e sacrificada
para que a Família Humana
possa subsistir sempre,
estrutura sólida e indestrutível
da sociedade,
de todos os povos,
de todos os tempos.
Mulher da vida, minha irmã.
Declarou-lhe Jesus: Em verdade vos digo que
publicanos e meretrizes vos precedem
no Reino de Deus. (Evangelho de São Mateus, 21 ver.31).
SUMÁRIO
Introdução 15
Sonhos censurados 23
Sonhos travestidos 45
Sonhar também é coisa de macho 59
Sonhar não custa nada 75
Pesadelo!!! 85
Acordando 99
APRESENTAÇÃO
Deve-se registrar que esta Pesquisa Acadêmica que se tornou um livro neste ano, é resultado de uma série de entrevistas realizadas pelo acadêmico do curso de Jornalismo da Universidade Mackenzie e hoje, Jornalista diplomado, Leandro Rocha Pereira, ocorreu no ano de 2.003, ainda, tendo como objetivo o TCC-Trabalho de Conclusão de Curso.
Portanto, são quase vinte anos desde a conclusão desta pesquisa. Entretanto, torna-se necessário uma con-textualização mediada pela proposta da sociologia na perspectiva do jornalismo para estar além da reflexão crítica.
O cenário registrado naquele período (2.003), ainda se faz presente em grandes cidades deste País chamado Brasil, bem como, em outros países, tendo em vista que a Prostituição
continua marcando presença na sociedade.
Também, pode-se considerar que a emoção
está presente em todas as entrevistas registradas neste Livro por meio dos desencontros patrocinados pelos/as personagens.
Cada qual com suas escolhas e objetivos, bem como, problemas relacionados com família e outros. Todavia, o lado humano
sempre aparece nas entrevistas que são conversas
próximas para quem esteve junto dos/as personagens que são a História deste livro.
Portanto, acredito que o/a leitor/a deste livro vai fazer uma viagem naquele ano quando a pesquisa foi realizada pelo universitário Léo, todavia, recomendo que você se prepare para os muitos ocasos relatados/as pelas pessoas que fizeram parte deste contexto plural da pesquisa, porém, singular na ótica dos problemas relatados e ponto quase final.
Assim, a realidade se faz presente do início ao fim, tendo em vista que aprovou-se a Prostituição
como profissão, haja vista todas as idas e vindas relacionadas com as muitas promessas desde o outro tempo do tempo para com aqueles/as que fazem parte desde universo em nível glocal, ou seja, do global para o local.
Que a sua leitura possa se transformar em uma reflexão para muitos olhares frente a um único olhar...
Sérgio Barbosa
Jornalista diplomado, consultor na área de Mídia Organizacional
e professor universitário. Desenvolveu atividades acadêmicas como Pesquisador-colaborador da Cátedra Unesco/Metodista
de Comunicação para o Desenvolvimento Regional
por um período de 20 anos (1998/2018).
INTRODUÇÃO
Quenga. Puta. Garota de programa. Mulher de vida fácil. Casa da luz vermelha. Puto. Michê. Marica. Bicha tombada. Boneca. Travesti. Mona. Garoto de programa. Marica. Tantos adjetivos que definem os protagonistas da prostituição nos quais demonstram as estereotipias da atividade.
A palavra prostituir
vem do verbo latino prostituere, que significa expor publicamente, por