Se Eu Não Soubesse Cair...
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Pré-visualização do livro
Se Eu Não Soubesse Cair... - Eduardo Juchem Loureiro
EDUARDO JUCHEM LOUREIRO
AGRADECIMENTOS
Serei eternamente grato às pessoas que colaboraram de alguma forma para a concretização desta viagem e deste livro, bem como me deram o apoio necessário nos momentos em que mais precisei.
Devo um agradecimento especial ao meu Grupo BrazilRiders
(www.brazilriders.com.br), que
me
proporcionou conhecer as pessoas que me acolheram e cuidaram da minha moto em suas casas, durante o período de intervalo entre todas as etapas da viagem, sem este apoio não seria possível concretizar este projeto.
Sergio Luiz Hartz, in memoriam (HSS – N. Hamburgo-RS) Marcus Vinícius Ronsoni (Sbdc – Porto Alegre-RS) Oton Umpierre Barreto (100% Trilhas – N. Hamburgo-RS) Carlos André M. Klein (Esade/Fadergs – Porto Alegre) João Gonçalves Filho Gau
(BrazilRiders – Brasil) Allamo Moraes (BrazilRiders – Miami-USA)
Edgar Treis Azevedo (Chico) (PHD – Brasil) Enrique Armando Navarro Sologuren (PHD – Lima-Peru) Luis Alfonso Ariza Corena (Cartagena – Colômbia) Antonio Braga (BrazilRiders – Oaxaca-México) André Collaco (BrazilRiders – La Honda, CA-USA) Dedico este livro ao meu filho Arthur Eduardo para que lhe oriente na escolha dos caminhos de sua realização pessoal e profissional, que este livro possa ajudar a manter sempre viva a determinação necessária na busca dos seus sonhos.
SUMÁRIO
Um pouco da minha história
Se eu não soubesse cair...
Introdução
I Etapa – Porto Alegre/Ushuaia – Chile/Argentina
II Etapa – Porto Alegre/Machu Picchu – Peru
III Etapa – Lima – Peru/Cartagena – Colômbia
IV Etapa – Cartagena – Colômbia/América Central –
México
V Etapa – México/Califórnia – USA
VI Etapa – Califórnia/Alaska – USA
Um pouco da minha história Eu, Eduardo Juchem Loureiro, nasci em Porto Alegre, RS, em 05 de outubro de 1955, contabilista, trabalho atualmente com consultoria e assessoria administrativa e financeira corporativa.
Iniciei no motociclismo, ainda na adolescência, pilotando bicicletas motorizadas, ciclomotores, motocicletas de 50cc, fui praticante de off-road em moto e kart. Aos 16 anos, fiz preparação de motovelocidade para competições no Autódromo de Tarumã. Aos 17 anos, comprei meu primeiro automóvel, um Volkswagen 1.300, ano 1967, e, deste período até os 20 anos de idade, sofri 53 acidentes fora das pistas, com carros e motos, devido à paixão pela velocidade.
Competi em campeonatos estaduais do RS com kart, rallyes de regularidade de carro e moto e autocross entre os anos de 1972 a 1987, tive a honra de largar na pole position numa prova de autocross, em Gramado, RS, comemorativa aos 80 anos do saudoso Chico Landi, precursor do automobilismo brasileiro na F1 nos anos de 1950, quando recebi a bandeirada de largada pelas mãos deste grande ídolo.
Fiquei afastado das motos a partir dos 17 anos e, somente, em 1983, já aos 28 anos, adquiri uma Honda CB400, desfazendo-me dela depois de dois anos.
Em 1997, retornei ao motociclismo ao adquirir uma Honda Sahara para realização da minha primeira grande viagem solitária ao Chile e, a partir daí, não parei mais de viajar de moto, seja em breves viagens pela região sul, seja em longos percursos, como o da Terra do Fogo ao Alaska ou até esticadas para as regiões Central e Nordeste do Brasil.
PRINCIPAIS VIAGENS DE MOTO
1997 – Uruguai/Argentina/Chile – Honda Sahara 1998 – Caraguatatuba-SP – Honda Sahara
1998 – Ribeirão Preto-SP – Honda Sahara
1999 – Mar del Plata-Argentina – Honda Shadow VT600
2000 – Patagônia/Terra do Fogo – Yamaha XT600
2002 – Bonito-MS – Yamaha XT600
2003 – Guarujá/Paraty/Angra-RJ – Yamaha XT600
2008 – Machu Picchu-Peru – Yamaha XT 600
2009 – Cartagena-Colômbia – Yamaha XT600
2009 – Oaxaca-México – Yamaha XT600
2010 – USA - La Honda/San Francisco – Yamaha XT600
2011 – Canadá/Alaska – Yamaha XT600
2013 – Porto Alegre-RS/Natal-RN – Kawasaki Versys
Se eu não soubesse cair...
Se eu não soubesse cair, não teria recebido o título de maluco sobre duas rodas, aos meus 16 anos de idade. E, por ter sido um jovem que sabia se levantar, transformei a paixão por moto e velocidade em um amor sereno e maduro que vibra feito o motor da Yamaha XT600, quando tenho a nítida sensação de que o mundo gira sob as duas rodas da minha moto e todas aquelas lindas paisagens vêm em minha direção, mas o horizonte não, ele fica adiante, imponente, feito um Deus a dizer-me que eu posso sempre mais, que é possível ir além, que sempre haverá um depois. O
tempo me ensinou algo melhor que muita velocidade em caminhos curtos, como as ruas da cidade ou um circuito de competição, e, assim, deixei de ser um maluco inconsequente sobre duas rodas.
Aprendi a prolongar o prazer por milhares de quilômetros de estradas que nos conduzem às maravilhas do nosso planeta, atravessando a natureza exuberante que não pode ser perfeitamente descrita nem sequer fotografada, mas que apenas é revelada àquele que vai ao seu encontro, que respira seu ar puro e guarda feito um segredo o sentimento de ter penetrado as mais lindas paisagens da natureza, percebendo o quanto um homem de cabelos brancos
sobre sua motocicleta é infinitamente pequeno perante toda a beleza que existe neste mundo, mas que tudo pode quando sabe cair, levantar e olhar para o horizonte infinito a sua frente.
Ariel Fietz/Eduardo Loureiro
INTRODUÇÃO
Toda a grande caminhada começa com um simples passo
(Buda).
Eu e meu amigo Roberto Siegmann fomos grandes companheiros de motociclismo, desde adolescentes.
Restamos muitos anos afastados em função de atividades profissionais e questões familiares, filhos pequenos, coisas que vão nos afastando do convívio mais próximo, ficamos também muito tempo sem moto e, quando nos reencontramos, em 1998, coincidentemente, havíamos comprado motos novamente, desta vez, depois dos 40
anos de idade. Eu havia comprado uma Honda Sahara para fazer uma viagem ao Chile em 1997, minha primeira longa viagem de moto, e o Roberto havia comprado uma Suzuki Intruder.
Resolvemos trocar estas motos por duas Hondas Shadow 600 e planejamos uma viagem a Mar Del Plata, na Argentina, em agosto de 1999. Foi uma bela viagem, fizemos muitos amigos pelo caminho, inclusive o saudoso e audacioso piloto argentino de automobilismo José Luis Di
Palma, pioneiro de uma família de pilotos que, atualmente, tem até um programa de televisão sobre corridas na Argentina. Visitamos o museu do pentacampeão mundial de F1 Juan Manuel Fangio, em Balcarce, onde, entre vários modelos expostos, estava o McLaren-Honda com o qual Ayrton Senna venceu seu primeiro campeonato mundial, ele e Fangio eram muito amigos, assim, Ayrton doou este carro para o museu. Conhecemos também um grupo de motociclistas de Rosário-AR, onde fomos recebidos como verdadeiros hermanos e convidados para um encontro em Diamante, na Provincia de Entre Ríos, lá nos homenagearam com um Troféu de Motociclistas Estrangeiros que vieram de mais longe ao encontro, foram 4.500km de ida e volta.
Foi uma viagem em estilo custom, motos para rodar exclusivamente em estradas pavimentadas, roupas de couro, algo à maneira do filme Easy Rider, ícone do motociclismo americano, de 1969, com Peter Fonda, Denis Hopper e primeira atuação de Jack Nicholson no cinema.
Os argentinos têm muita tradição em motociclismo, são verdadeiramente apaixonados, inspirados no seu herói inesquecível e revolucionário motociclista Che Guevara, que, desde os anos de 1950, inspira coragem a muitos para seguirem sua viagem de moto. Por isso, eles, os
argentinos, gostam muito de motos antigas, restauradas como zero quilômetro e curtem demais desfilar com elas nos encontros de lá, como as Honda Shadow VT600 são seguidoras deste estilo e não foram comercializadas na Argentina, os hermanos ficavam admirados, desse modo, por onde passávamos, éramos logo chamados para um papo amigo sobre motos, em alguns casos, donos de restaurantes nos quais parávamos para almoçar ou jantar não nos deixavam pagar a conta.
Em meio a esta viagem, resolvemos fazer uma aventura um pouco mais forte, uma expedição até Ushuaia, mas, desta vez, em estilo off-road, fora de estrada, pois isso já nos chacoalhava as cabeças há algum tempo. Convidamos o amigo Rui Ravalha, advogado, também veterano e companheiro de motociclismo de muitos anos, para juntos enfrentarmos este desafio.
Compramos três Yamaha XT 600, motos iguais para que o desempenho na viagem fosse semelhante, mesma potência, mesmo propósito off-road, mesma autonomia de viagem, peças de reposição intercambiáveis, etc.
I - ETAPA - USHUAIA
Em uma expedição tudo é minuciosamente analisado, não existe espaço para egos inflados e para atitudes que não sejam de colaboração, apoio e solidariedade
(Vilfredo Schurmann).
Estudamos, durante o ano, todos os detalhes da viagem em reuniões quinzenais, escolha de trajeto, época de viagem, equipamentos, roupas, bagagem, etc. Fomos várias vezes a Caxias do Sul, onde havia uma fábrica de macacões para motociclistas para provas de molde, discussão sobre modelos, tipos de bolsos, forração, gola, mangas, reforços de cotovelos, joelhos, etc., tipo de material, enfim. Encomendamos da Argentina mapas da região, pois, naquela época, o Google Maps ainda não era acessível de forma satisfatória e não possuíamos notebooks e acesso à internet viáveis. Outros preparativos, como adaptação de termômetro, calculadora e relógio no painel da moto, minibarraca, colchão inflável, cantil, foram pensados e analisados, diversos equipamentos, material para conserto de pneus, chegamos a levar superpregos de aço de uns 20 centímetros para poder enterrar os speks das barracas em pisos muito duros no deserto, e foi o que realmente aconteceu na primeira montagem das barracas, aqueles ferrinhos finos que acompanham as barracas entortaram como arame naquele piso. Enfim, um nível de
detalhamento de plano digno daqueles feitos por empresas de grande porte para o atingimento de suas metas corporativas, um autêntico e completo Plano Estratégico de Viagem, com direito a orçamento e tudo.
Naquele momento, eu não tinha o Projeto Ushuaia/Alaska em mente, ainda era uma ideia muito distante, pensava que, para mim, seria impossível considerando minhas condições financeiras e profissionais, que, quando fosse possível, eu estaria muito velho para encarar uma supertrip deste porte, pois, quando temos dinheiro, é porque não há