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As Crônicas De Mondor E A Ordem Draconiana - Epub
As Crônicas De Mondor E A Ordem Draconiana - Epub
As Crônicas De Mondor E A Ordem Draconiana - Epub
E-book503 páginas5 horas

As Crônicas De Mondor E A Ordem Draconiana - Epub

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Sobre este e-book

Através dos olhos de Ptah, Lanternim e Toe, embarque em uma jornada épica para enfrentar as forças que ameaçam o equilíbrio do universo em As Crônicas de Mondor e a Ordem Draconiana . O tecido temporal revela sua complexidade, onde cada decisão pode alterar o curso da história. Desvende enigmas e metáforas enquanto explora os segredos da Malha-Mundo, desafiando o próprio destino. Nesta emocionante aventura, o tempo será tanto aliado quanto adversário. Prepare-se para mergulhar em um mundo de fantasia, onde desvendar os mistérios ocultos além do véu do tempo se tornará sua maior busca. A cada página, novas emoções intensas o aguardam, e a luta pelo equilíbrio cósmico se transforma em uma epopeia inesquecível.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de jul. de 2023
As Crônicas De Mondor E A Ordem Draconiana - Epub

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    As Crônicas De Mondor E A Ordem Draconiana - Epub - Luiz Brandão

    Dedico este livro a todos os leitores que, assim igual a mim, apreciam mergulhar em histórias envolventes e emocionantes. Espero que a jornada dos meus personagens, suas lutas e conquistas, possam inspirar e entreter vocês. Agradeço por dedicarem seu tempo para conhecer esta história e espero que desfrutem tanto quanto eu desfrutei ao escrevê-la.

    Luiz Brandão

    Mesmo diante das incertezas que o mundo me reserva, sigo o meu caminho na esperança de ventos melhores.

    Ptah Nardapo

    Índice

    Dedicatória

    Epígrafe

    Capítulo 1

    Capítulo 2

    Capítulo 3

    Capítulo 4

    Capítulo 5

    Capítulo 6

    Capítulo 7

    Capítulo 8

    Capítulo 9

    Capítulo 10

    Capítulo 11

    Capítulo 12

    Capítulo 13

    Capítulo 14

    Capítulo 15

    Capítulo 16

    Capítulo 17

    Capítulo 18

    Capítulo 19

    Capítulo 20

    Capítulo 21

    Capítulo 22

    Capítulo 23

    Capítulo 24

    Capitulo 25

    Capítulo 26

    Capítulo 27

    Capítulo 28

    Capítulo 29

    Capítulo 30

    Capítulo 31

    Capítulo 32

    Capítulo 33

    Capítulo 34

    Capítulo 35

    Capítulo 36

    Capítulo 37

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    Océu estava claro, sem nuvens esparsas, o vento corria solto, trazendo consigo uma sensação de liberdade e aventura. Pássaros voavam graciosamente, seguindo o seu trajeto em direção ao lago Negro, cujas águas, certamente ainda deveriam estar gélidas.

    O cais estava a todo vapor, com carregadores apressados indo e vindo do majestoso Dom Marú. Esse navio mercante ora era abastecido com especiarias ora desabastecido com presentes vindos dos quatro cantos de Arcádia. Sacas e mais sacas de pimenta do reino, coentro, gengibre, anis-estrelado e canela eram cuidadosamente descarregadas. Essas preciosidades aromáticas, cultivadas nas proximidades do reino de SanMora, encontravam-se ali, prontas para serem distribuídas  para muitos reinos.

    Embora SanMora já tivesse a sua própria moeda, a Dráquea, cunhada com esmero no castelo e utilizada desde a 12ª Dinastia para as transações comerciais, ainda prevalecia a prática do escambo. Muitos acreditavam que as moedas, verdadeiras relíquias, jamais deveriam ser utilizadas em transações comuns, pois carregavam um valor muito além do seu peso físico. Eram consideradas tesouros a serem guardados, itens para colecionadores. Para as transações diárias, o escambo se fazia presente, permitindo a troca direta de mercadorias por outras, mantendo viva a tradição comercial da região.

    O Dom Marú, mesmo depois de tanto tempo como navio mercante, conserva seus canhões imponentes em um total de 120. É uma embarcação à vela, de alto bordo, com seis andares e três mastros. Possui uma estrutura sólida e está equipado de forma que, se necessário, facilmente se transforma novamente em um navio de guerra, integrando a linha de batalha. Essa tática é amplamente utilizada na marinha, pois quanto maior é o poder de fogo, menores são as baixas entre seus tripulantes. Uma vez que os combates no mar se desenrolam quando duas linhas de navios adversários manobram para utilizar seus canhões e afundar uns aos outros.

    Num instante fugaz, em meio ao frenesi agitado do cais, foi possível avistar 23 barris passando.  Pela cor da madeira, só poderiam conter bebidas de citronela e bergamota, pensou Ptah, enquanto observava toda aquela movimentação.  O que ele não imaginava era que 20 daqueles barris eram presentes destinados ao Rei de Moabe, cortesia vinda de SanMora, enquanto os demais seriam entregues à Capitã Anne Bonny.

    Quando chegou perto viu um dos Ráchinins dando ordem aos carregadores enquanto conversava com outro. O garoto ainda admirava o Dom Marú, até que seus olhos se fixaram numa inscrição logo abaixo da cabine da capitã: Se você tivesse lutado como um homem, não teria que morrer feito um cão.  Um sorriso se formou em seus lábios ao concluir a leitura, gesto que capturou a atenção de uma jovem de olhos verdes claros. Ela se aproximou, observando a armadura de Ptah, e disse:

    — Se a guerra que você está se preparando para enfrentar for tão terrível quanto parece, acredito que será uma batalha feroz.

    Ptah, ao dirigir seu olhar na direção de onde a voz provinha, respondeu emocionado:

    — O seguro morreu de velho, estou sempre preparado.

    Por um breve momento, desviou o olhar ao notar a aproximação de outra figura, que lhe perguntou:

    — Está bem distante de casa, não é, Draconiano?

    Ptah sorriu para aquela criaturinha peluda e o respondeu:

    — Um pouco, Senhor Toe! Temos que conversar.

    Enquanto o Ráchinim desviava o olhar para um dos carregadores que acidentalmente deixou um dos caixotes cair, disse:

    — Mais tarde!

    Ptah sorriu, com seus pensamentos vagando: Sempre tão ocupado.

    — Senhor Toe é sempre ocupado assim?

    Ao olhar para ela, responde: — Desde que o conheço. — Desviando o olhar para a embarcação, fala:

    — Bonito navio!

    Ela, ao olhar também para a embarcação, completou: —Esse é o Dom Marú. Passei meus melhores momentos com ele.

    Sorrindo com um olhar vibrante, disse:

    — Muitas foram as tempestades, furacões e ventos.

    Ele ao olhar para ela sorrindo, respondeu:

    — As tempestades são temidas, mas para os corajosos elas oferecem as melhores condições para se navegar.

    — Isso eu tenho que concordar. Certa vez, quan- do estávamos atravessando o mar do Norte, próximo à costa rochosa e elevada de Chiloango, nos deparamos com ondas excepcionalmente altas. Você precisa entender que essas ondas podem fazer com que navios pequenos e de médio porte desapareçam facilmente atrás delas, mas não o Dom Marú.

    Alguns dos tripulantes gritavam: — Para cima, para cima. — Eu disse: — Não! Vamos navegar, homens. Adiante. E navegamos! Naquele dia o vento devia estar uns 60 a 65 nós. O mar estava completamente branco, a visibilidade seriamente afetada. Eu não conseguia enxergar nada à nossa frente. Outros gritavam: — Vamos morrer! — Eu respondia: — Sim, talvez um dia, mas não hoje!

    — Acho que nem preciso perguntar se você é a capitã do Dom Marú, seu jeito de contar histórias é contagiante.

    — Não é apenas histórias, Draconiano! — O vento sussurra em concordância, como se reconhecesse a profundidade das palavras da Capitã Anne Bonny. Ptah sente seu coração se encher de admiração diante de sua determinação. — É um estilo de vida. — O som das ondas quebrando suavemente no rio Heroon ecoa a calma e a paixão que permeiam suas palavras.

    — Enquanto alguns enraízam-se, outros navegam sem rumo, desbravando os quatro cantos de Arcádia.

    A agitação do cais parece ecoar essa dualidade.

    — Tem uma vaga no Dom Marú. — A voz da capitã é como uma promessa no ar, fazendo Ptah sentir um misto de desejo e fascínio. O vento sopra suavemente, como se convidasse Ptah a embarcar nessa aventura.

    — Se quiser desbravar o mundo comigo, será uma honra tê-lo a bordo. — O brilho nos olhos da capitã é contagiante, e Ptah sente-se atraído por essa proposta tentadora. O vento parece sussurrar palavras de encorajamento.

    — É um convite encantador, mas vou ser obrigado a declinar. — Ptah responde com pesar em sua voz, e o vento parece murmurar em tristeza. — Deixa para próxima! — A decisão é tomada com resignação.

    — Ela deve ser o amor da sua vida! — O vento ainda murmurava enquanto os pássaros voam em uma dança graciosa pelo céu azul. Ptah sente um nó na garganta ao ouvir essas palavras, com seu coração acelerando, pergunta: — Quem? — sua voz trêmula revela a mistura de ansiedade e esperança que toma conta dele.

    — A mulher por quem você está apaixonado. — A agitação do cais parece ecoar a agitação de seus pensamentos, o vai e vem dos carregadores refletindo as dúvidas que o assolam.

    — Por quem eu estou apaixonado? — Ele questiona, desviando o olhar para a embarcação. O Dom Marú parece imponente, como se conhecesse os segredos mais profundos de seu coração.

    — Não finja não entender. — As palavras ecoam no ar, misturando-se ao som das corredeiras quebrando nas rochas próximas. — Um homem só negaria o convite de uma mulher se o coração dele já estivesse completamente preenchido pelo amor de outra.

    Ptah sente um misto de tristeza e culpa. A brisa suave acaricia seu rosto, como se compartilhasse sua melancolia.

    — Sim, ela é especial! — A resposta sai com um suspiro, revelando a intensidade de seus sentimentos. O vento suspira também, como se compreendesse a profundidade daquelas palavras.

    — Estou vendo que sim! — A Capitã Anne Bonny observa Ptah com um olhar perspicaz, enquanto o vento brinca com seus cabelos ruivos.

    — Se mudar de ideia, partimos daqui a três dias. — As palavras dela são carregadas de uma esperança que Ptah sente pulsar em seu peito. O vento parece dançar em torno deles, como se celebrasse essa possibilidade.

    Ao se aproximar, Toe diz a Ptah: — Estou indo para o castelo. Se quiser conversar, é agora.

    O convite é como um chamado do destino, e Ptah sente um misto de ansiedade e determinação ao aceitá-lo. O vento sopra mais forte, como se encorajasse sua decisão.

    — Claro, senhor Toe. — Ptah responde com um leve tom de nostalgia. A partida iminente é sentida no ar, uma sensação agridoce que envolve seus corações.

    Antes de deixar o local, Ptah olha para a Capitã Anne Bonny com um misto de admiração e respeito, dizendo: — Gostei da frase no navio. — Seus olhos brilham ao mencionar a frase marcante no navio. O vento parece carregar as palavras, transmitindo a emoção contida nelas.

    A resposta da capitã é carregada de tristeza e determinação:

    — Ele era um cachorro e não merecia clemência. — O vento parece se intensificar por um breve momento, como se compartilhasse o sentimento de indignação.

    — Imagino! — Ptah sorri, compreendendo o significado por trás daquelas palavras, enquanto o vento sopra suavemente, como um abraço reconfortante.

    À medida que Ptah e o senhor Toe se afastam, deixam para trás a jovem de cabelos vermelhos, cujo espírito aventureiro e temperamento forte transparecem em cada gesto e palavra. O vento carrega consigo a sensação de despedida, uma melodia triste e esperançosa ao mesmo tempo.

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    Já bem distante do embarcadouro, em um lugar tranquilo entre o bosque e o cais movimentado, os carregadores carregam as caixas com agitação, uma cena que se perde rapidamente no horizonte. Ao longe, a cachoeira murmura sua melodia suave, enquanto as bandeirolas tremulam no topo das torres do castelo, em perfeita harmonia com o vento. Os pássaros entoam uma sinfonia de encanto, enchendo o ar com suas melodias melosas.

    Toe cessa a caminhada, parando próximo à mureta de proteção do Vale das Lágrimas, e olha para Ptah com curiosidade. Sua pergunta ecoa suavemente no ambiente:

    — Por onde você andou?

    Ptah olha para o horizonte, recordando suas jornadas, responde:

    — Pelas veredas do grande sertão. Atravessei terrenos e brejos. Passei de uma margem a outra no rio Orinoco e quase morri.

    Toe responde com sabedoria:

    — A morte é para os que morrem. — Ptah reflete por um momento e retruca com convicção:

    — A gente morre é para provar que viveu. — Um sorriso se forma nos lábios de Toe, estendendo a mão para Ptah em um gesto de reconhecimento. Ele diz, com um brilho no olhar:

    — Que bom que conseguiu fazer a travessia.

    Ptah corresponde ao sorriso, olhando em seus olhos, e completa: — Obrigado por acreditar em mim.

    A conversa continua, agora envolvendo mistério e intriga. Toe pergunta sobre os acontecimentos naquele lugar, e Ptah responde enigmaticamente:

    — Sim, ele foi para Duat, mas não demorou muito. Ela o devorou!

    A compreensão paira no ar enquanto Toe absorve as palavras de Ptah, dizendo em seguida: — Entendo! Por aqui nem sei qual delas é.

    — Ele esconde a vista de todos. Poderia ser qualquer um.

    — É… e para evitar equívocos, tome.

    Toe então entrega algo a Ptah, uma proteção contra os equívocos. Ptah olha para o objeto em suas mãos e pergunta curioso: — O que é isso?

    A natureza ao redor envolve Ptah e Toe em um abraço caloroso, como testemunha silenciosa de sua conversa repleta de mistério e encantamento. O bosque exala uma aura de tranquilidade, enquanto no Vale das Lágrimas, um sentimento de nostalgia paira no ar. Em meio a esse cenário, a conversa continua, com Toe revelando a importância de um dos cinco amuletos Rurat.

    — Esse é um dos cinco amuletos Rurat.

    — O que ele faz?

    — Impede que Gaiacal possa chegar sorrateiramente sem ser visto.

    — É tipo o Amuleto da Revelação.

    — Quase isso, ele apenas vai ter revelar com quem você conversa ao demonstrar o ba.

    — Ah tá, entendi. Se tem ba negro ou não.

    — Isso.

    — Então você já sabia que eu não era Gaiacal, mesmo assim me testou.

    — O seguro morreu de velho.

    — Morreu sim.

    — Outra coisa, você andando com sua armadura está chamando atenção demais, não estamos em nenhuma guerra, sugiro retirar.

    — Lanternim, você ouviu. Bora sair e caminhar por aí.

    — Sua armadura é o  Lanternim?

    — Sim, senhor Toe sou eu. A princesinha sempre acreditou que a magia que ela realizou para dar vida a mim tinha tirado dela a essência necessária para concluir o espectro. No entanto, foi retirada do elmo da armadura de Ptah. E quando nós nos unimos…

    Arloveridae!

    — Isso! Onde a essência encontrou sua forma.

    — Então o castelo ficou sem proteção.

    — Não, Aaron conseguiu pegar o elmo da Zacimba da Nação Gaba, e todos que desceram até o subconsciente de SanMora, inclusive Ptah, conseguiram fragmentos de barro de um encantamento que desperta os guerreiros da nação Gaba a se erguerem e proteger o reino.

    — Hmm, então o elmo era seu? Ou melhor dizendo é seu. Por isso que Lanternim se perde pelo castelo. A essência é sua.

    — Sim, ainda me perco.

    — Algumas coisas nunca mudam.

    — Não, não mudam.

    Lanternim ao retirar o elmo de Ptah o segurou acima da face dele, e ao poucos foi despindo de Ptah. Pouco tempo depois ele já andava tranquilamente próximo a eles. Toe ao ver Lanternim ajeitando a armadura disse olhando para Ptah:

    — Qual a sua missão aqui?

    — Vim proteger Alba e o pequeno Aaron do ataque de um dos generais.

    — E onde vai ser isso?

    — Em Aldergreen.

    — Quando já estiver vivendo com John!

    — Sim!

    — Então você chegou cedo demais! Ela ainda está com 16 anos.

    — O quê? Não pode ser, ela disse que eu deveria a ver antes de sair de SanMora, do contrário não a reconheceria em Aldergreen.

    — É, porém em seu manuscrito, fala que quando ela sai de SanMora ela está com 113 anos e quando acontece o ataque ela tem 142, e só regressa 10 anos depois trazendo Aaron.

    — Então ela errou muito.

    — Talvez não seja um erro, Ptah!

    — Como assim Lanternim?

    — O ataque em Aldergreen aconteceu quatro anos antes de terminar o Rudiak do Carneiro, e ela nos enviou para o sétimo ano do Leão. Não te lembra de nada?

    Toe olha para Ptah com expectativa, esperando por uma resposta carregada de memórias e emoções. A brisa suave acaricia seus rostos enquanto pássaros voam em harmonia pelos céus, trazendo uma sensação de liberdade e encantamento.

    Ptah, com uma expressão pensativa, responde com um tom de tristeza em sua voz: — Sétimo ano do Leão.

    — É!

    — Não, não me lembro de nada.

    — É quando Tatenen perde a sua vida ao protegê-la.

    Ptah, fitando o horizonte, parece buscar respostas dentro de si mesmo. A beleza do Vale das Lágrimas, que se estende além de suas vistas, parece refletir a profundidade de suas emoções, diz em seguida:

    — Esse ano é o ano que morro.

    — Como assim, Ptah?

    — Essa eu explico, senhor Toe. Alba revelou que Ptah e Tatenen são a mesma pessoa. Ptah é a reencarnação de Tatenen.

    Toe fica sem palavras diante dessa revelação impactante. O silêncio é preenchido pelo som das águas da cachoeira, que parecem ecoar as emoções presentes naquele momento. Enquanto as aves voam em um balé celestial e o Vale das Lágrimas testemunha a jornada de Ptah, Toe compreende a profundidade da situação. O peso do destino e a ligação entre Ptah e Tatenen se tornam mais tangíveis, envolvendo-os em um véu de melancolia e mistério.

    O bosque ao redor parece segurar a respiração, como se estivesse atento à conversa entre eles. O cais, antes agitado pelos carregadores que agora não se percebe mais, ganha uma aura de quietude, como se acompanhasse respeitosamente a descoberta que se desenrola.

    Enquanto isso, as bandeirolas com suas cores vibrantes agora dançavam em sintonia com a complexidade dos sentimentos ali presentes. Os pássaros, em seus voos graciosos, parecem ser testemunhas silenciosas dessa revelação extraordinária.

    No entanto, o Ráchinim, com seu olhar carismático, quebra o silêncio e direciona sua atenção a Ptah, trazendo uma nova perspectiva à conversa:

    — Tem andado ocupado, guerreiro!

    Após franzir os lábios, meio que involuntariamente, balançou a cabeça em sinal positivo, respondeu em seguida:

    — E Alba é a reencarnação de Belarosa.

    Toe, intrigado, pergunta como Ptah chegou a essa conclusão: — Como sabe disso?

    — Ela ao se declarar para mim, acabou me revelando isso em meu subconsciente ao dizer uma coisa que só Bela tinha me dito. Foi como uma chave abrindo uma porta, eu pude ver um monte de coisas que ainda é muito estranho para mim.

    Ainda tentando assimilar todas as informações, Toe revela sua teoria intrigante, fazendo com que Ptah olhe para ele com curiosidade e um brilho de compreensão em seus olhos:

    — Então você é a prova viva de que não é a Malha-Tempo que se move, mas sim a  Malha-Mundo.

    Ptah, confuso, pede uma explicação mais clara:

    — Como assim? — e Toe continua a explicação com convicção.

    — Se você é a reencarnação de Tatenen e reencarnou antes mesmo de sua morte neste tempo atual, isso sugere que não é o tempo que está se deslocando, mas sim a Malha-Mundo. É ela que se expande, dando a ilusão de que o tempo está passando.

    As palavras de Toe pairam no ar, ecoando junto à  natureza ao redor, enquanto as gotas d'água caíam em cascata, como lágrimas da natureza, à medida que os raios de sol as atravessavam, criando um espetáculo de cores e reflexos:

    — Ainda não entendi, senhor Toe.

    — Você não está se deslocando pelo tempo, indo para frente ou para trás, mas sim se deslocando pela Malha-Mundo. Por isso temos a impressão de que o tempo está passando. Porque é a Malha-Mundo que se expande.

    O bosque, o cais, a cachoeira, as bandeirolas e até mesmo o Vale das Lágrimas parecem testemunhar o despertar de uma nova compreensão. Nesse momento de conexão profunda com o mundo e seus mistérios, eles se sentem parte de algo maior, transcendendo os limites do tempo e mergulhando no enigma da Malha-Mundo.

    O vento sopra suavemente pelas árvores do bosque, como se sussurrasse segredos antigos e revelações ocultas. Seus corações aceleram, e uma mistura de surpresa, fascinação e compreensão toma conta de suas expressões. Ptah tenta absorver a magnitude das palavras proferidas, enquanto o entorno parece ecoar a complexidade da situação.

    O Draconiano, olhando para Toe com uma mistura de assombro e fascínio, busca compreender as palavras que foram proferidas. O ambiente ao seu redor parece se dissolver, enquanto ele mergulha profundamente na compreensão da Malha-Mundo e sua expansão misteriosa.

    — Isso... Isso faria sentido, senhor Toe. Veja, ele está querendo dizer que se você, Ptah, estivesse em cima de um tapete que se movesse infinitamente para frente, e ambos estivessem debaixo de uma tenda com furos ou desenhos espaçados representando os tempos determinados,  mas que não se move, para permanecer debaixo do mesmo furo seria necessário caminhar pelo tapete. Ou seja, para permanecer no mesmo ponto no tempo, seria necessário caminhar em sincronia com o avanço do tapete, na mesma velocidade em que ele se move.

    Ptah tentava absorver o significado profundo dessas palavras. É como se um véu tivesse sido levantado, revelando a intricada teia que une o tempo e o espaço. Essa metáfora do tapete em movimento e da tenda com furos representa a relação frágil com o fluxo temporal.

    Naquela atmosfera carregada de emoção, o jovem sentia-se pequeno diante da grandiosidade do tempo e da natureza. No entanto, uma chama ardente brilhava em seu peito, impulsionando-o a buscar a compreensão e a sabedoria que o levariam a trilhar seu próprio caminho neste jogo cósmico, mantinha a  atenção em Lanternim que continuava a explicação.

    — À medida que o tapete se move para frente, você teria que caminhar para trás, lutando contra a correnteza temporal. É como se cada passo para trás fosse uma âncora, uma tentativa desesperada de segurar o tempo que escorre sob seus pés. Uma marcha mais ou menos lenta e cadenciada, pois dependeria da sua velocidade ao se deslocar pela malha. Em alguns momentos retardando o tempo e em outros, quase congelando os ponteiros do relógio.

    Ptah sente a magnitude das conexões que transcendem o tempo, como fios invisíveis que se estendem por todo o universo. Caminhar nesse tapete em movimento significa enfrentar a correnteza temporal, lutando para permanecer em sintonia com sua velocidade. Em certos momentos, o Draconiano vislumbra a possibilidade de retardar o tempo, como se sua marcha fosse uma melodia lenta e cadenciada. Em outros, ele quase poderia congelar os ponteiros do relógio, como se cada passo fosse uma eternidade suspensa no espaço. Escuta atentamente o amigo continuar a falar:

    — Cada passo seria uma eternidade, uma dança delicada entre a sua existência e a contagem inexorável dos segundos. Entretanto, se ousar caminhar para a frente, desafiando a lógica desse universo, percebe-se que o tempo passaria mais rápido, uma sinfonia acelerada que se misturaria à sua própria velocidade ao se deslocar pelo tapete. O presente se fundiria ao futuro, e a passagem do tempo se tornaria um borrão fugaz.

    Os pássaros, livres no céu, voavam com uma elegância que encantava o jovem draconiano. Ele os observava com inveja, desejando ter asas para voar além dos limites do tempo, para escapar das amarras que o prendiam a uma realidade fugaz. Entendeu que para permanecer no mesmo ponto no tempo, seria necessário acompanhar o movimento incessante do tapete.

    Uma dança delicada entre avançar e retroceder, como se cada passo para trás fosse uma âncora, uma tentativa desesperada de segurar o tempo que escorre por entre seus dedos trêmulos, ou como no exemplo de Lanternim, sob seus pés.

    Mas há também a tentação de caminhar para a frente, desafiando a lógica e mergulhando na aceleração do tempo. O presente se fundiria com o futuro, tornando-se um borrão fugaz, onde cada momento se dissolveria em meio à velocidade avassaladora. É uma escolha perigosa, que exige coragem e uma compreensão profunda das consequências.

    Enquanto se perdia em seus devaneios, o jovem se questionava sobre seu papel nesse intricado jogo temporal, ao passo que  ainda ouvia seu amigo falar:

    — Essa metáfora, tão enigmática quanto fascinante, revela a fragilidade de nossa relação com o tempo. Cada escolha, cada movimento, tem o poder de distorcer e moldar essa dimensão inescrutável. E eu não estou levando em consideração o peso dos corpos que pode moldar ou distorcer a malha, mas sim falando apenas da movimentação. E agora, diante dessa revelação, questiono-me: qual será o nosso papel nesse intricado jogo temporal? Como poderemos caminhar nesse tapete em movimento, enfrentando a correnteza do tempo, sem nos perder em suas armadilhas?

    As palavras de Lanternim ecoam no ar, envolvendo o ambiente com um senso de maravilha e contemplação. Ptah sente-se imerso em um oceano de emoções, tentando assimilar a profundidade dessa nova compreensão. A natureza ao redor parece se curvar diante desse momento de revelação, como se reconhecesse a grandiosidade e a complexidade que envolve-os nessa jornada através da Malha-Mundo.

    — Ótima explicação, Lanternim. Se a malha-tempo for realmente estática, os ponteiros de SAa-m marcam as coordenadas dela. Porque quando você vai de um tempo para outro não se desloca por ela, mas sim por pontos específicos dentro do entrelaçamento da malha-mundo. Isso explicaria o porquê de você reencarnar antes de morrer.

    Lanternim olhou com entusiasmo:

    — Explicaria também, senhor Toe, porque o mesmo indivíduo pode habitar o mesmo tempo, como aconteceu com Zargon.

    A mente do senhor Toe estava cheia de pensamentos complexos, seus olhos brilhando em um misto de admiração e humildade ao perceber o quão vasto e intricado era o tecido do universo. Cada nova peça do quebra-cabeça trazia consigo uma revelação emocionante, abrindo portas para um conhecimento que ultrapassava os limites da compreensão humana, continuou:

    — Isso, porque embora seja o mesmo indivíduo, são seres diferentes, pois habitam entrelaçamento de malhas diferentes. E não há futuro se não houver entrelaçamento de malhas.

    Ptah ficou boquiaberto, absorvendo cada palavra com uma mistura de assombro e incredulidade. Sua mente estava em um turbilhão, tentando assimilar a profundidade dessas revelações. Era como se estivesse no limite entre dois mundos, em um ponto indefinido onde o tempo e o espaço se entrelaçavam.

    Ele percebeu que estava em um ponto de transição, um lugar entre o que já conhecia e o que estava prestes a descobrir. Era como se estivesse flutuando no vazio, pronto para cruzar fronteiras invisíveis e mergulhar em novas dimensões. A emoção o envolvia, alimentando seu desejo de explorar além dos limites do conhecido, voltou a lucidez ao sussurrar com sua voz cheia de reverência:

    — O Amendukai de Aaron falou isso.

    O Senhor Toe sentiu um arrepio na espinha ao ouvir o termo "Amendukai". O véu do desconhecido estava sendo lentamente levantado, revelando uma realidade além de sua imaginação, perguntou:

    — A essência de Aaron se separou dele?

    — Sim, isso permitiu que ele acessasse níveis fractais mais profundos.

    As palavras ecoavam no ar, enquanto o vento sussurrava segredos pelos galhos das árvores do bosque. Era como se a própria natureza estivesse em sintonia com eles. Os pássaros, em um frenesi de asas e melodias, pareciam acompanhar a intensidade da conversa. Suas canções se misturavam ao som das lágrimas que ecoavam no vale, testemunhas silenciosas do peso do futuro e do passado.

    — É, ele disse um monte de coisas até das Dimensões Temporais.

    — Então se Aaron viu o que há no futuro, Alba também viu, se há alguma coisa no futuro que seja tão horrível para SanMora, entendo o porquê dela ter te enviado para cá.

    — Para quê?

    Antes que o senhor Toe pudesse responder ao questionamento de Ptah, um estranho apareceu do lado de Lanternim respondendo-o:  

    — Para reafirmar uma decisão sua Ptah!

    A energia do lugar parecia pulsar, enquanto Ptah, sobressaltado, pronunciou o nome: — Nilo!

    Sua mão instintivamente buscava a espada, mas o semblante fechado revelava um turbilhão de sentimentos, em seguida completou, deixando escapar uma profunda conexão: — Ou melhor dizendo, Ruytae.

    As emoções se entrelaçaram com a natureza ao redor, criando uma atmosfera carregada de mistério e desafio. Era como se o universo conspirasse para revelar segredos ocultos e desvendar destinos entrelaçados. A grandiosidade da paisagem se mesclava com a grandiosidade das revelações, formando uma sinfonia de sentimentos e descobertas que ecoavam na alma de cada um.

    — Como assim, Ptah?

    — Ele é Ruytae na forma de Nilo.

    — O irmão de Mondor? — Pergunta admirado o Ráchinim.

    — Olá senhor Toe, sou Ruytae.  Não assustem e não tente nada estúpido, Ptah.

    O irmão de Mondor, na forma de Nilo, se apresentava como uma peça fundamental nesse intricado quebra-cabeça do destino. A presença de Ruytae trazia consigo mistérios e respostas, despertando inquietude e curiosidade em Ptah, perguntou:

    — O que você quer aqui?

    — Vim responder essa e mais algumas indagações suas.

    — Por que disse que ele tem que reafirmar uma decisão?

    Entre tantas questões, Ptah ansiava por entender o motivo de Ruytae mencionar que ele precisava reafirmar uma decisão. A tensão pairava no ar, tornando-se quase palpável, enquanto a expectativa fervilhava nos olhares e respirações contidas. E ali, no epicentro desse cenário emocionante, Ruytae emergia como um mensageiro do destino, trazendo consigo respostas e desafios que Ptah mal podia imaginar.

    — Porque tem, porque ele já tomou uma decisão, mas ainda não sabe disso, porque ainda não aconteceu. Por isso que ela te mandou para cá, Ptah. Você tem que afirmar uma ideia que teve ou negá-la.

    A revelação de que Ptah precisava reafirmar

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