Uma Jornada Longa Demais Para Não Escrever Nada
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Uma Jornada Longa Demais Para Não Escrever Nada - Ricardo Gonçalves
UMA JORNADA LONGA DEMAIS PARA NÃO ESCREVER NADA
Introdução.................................................................................2 Amor (ou o que sobrou dele)...................................................3 Impressões................................................................................21 Mensagens do infinito.............................................................46
INTRODUÇÃO
Breves versos de uma jornada que é longa e rica o suficiente para ser refletida e registrada – a própria vida. Registro aqui, portanto, algumas impressões dela, colhidas em momentos nos quais a beleza da travessia ou a profundidade do oceano a ser navegado arrancaram algumas palavras de minha consciência. Isto é tudo.
Talvez, algumas destas impressões tenham mesmo tomado forma sozinhas, depois de andarem presas em meu peito por alguns dias, como alguém que se cansa de esperar e vai embora. O autor mesmo não é nada demais – talvez por isto tenha cansado as pobres das impressões, que pediram o auxílio das palavras e se foram.
São simples versos, alguns mais longos que outros, mas todos eles sinceros.
AMOR (OU O QUE RESTA DELE)
1.
Tenho uma coleção de abraços Dados em pedras de mármore frio Que disseram ao calor de meus braços Que se afastassem, sem nenhum brio...
E outra coleção, de tons ardentes Dedicada a quem não se importou De beijos apaixonados e quentes Tanto amor nesses beijos esfriou...
Estendo as mãos no horizonte Tentando tocar esta doce fonte
De inesgotável felicidade
Porém, ela me dá de ombros, fria Como a vida mesma, arredia
Se esconde, talvez por vaidade
2.
Amor é jardim regado a dois
que enegrece e murcha, teimoso, se um dos amores o deixa, depois de se negar a regar, desditoso Mas às vezes também é um felino Bancando o difícil e fugindo
Das mentiras que conta o menino Ou das rodinhas de meninas rindo Às vezes são navios que naufragam Com o peso de todas as palavras Que se escrevem e aí se apagam Sem serem lidas ou até declaradas Há quem diga que deve lutar por ele Como Capuletos e Montecchios Estranha forma de desfrutar dele Um sentimento cheio de obséquios! Que admite em si tanta mansidão Tanta conversa desinteressada Que busca uma tenra compreensão Desta alegria compartilhada... Não vi o amor subir na árvore Mas espero que desça de uma vez
E aqueça este frio mármore
Esta minha eterna insensatez
3.
No céu roxo de verão
Uma andorinha passou Levando meu coração
Para tão longe ela voou...
Voava tão leve quanto o meu amor Naquele fim de tarde tão bonito Sem conhecer o que era dor Abrindo suas asas no infinito
Mas ela passou, tudo deve passar Procurando outro ninho para preencher Não faz ideia de onde pousar
E eu também não tenho nada a temer
4.
A presença... antessala do amor.
As pontas dos dedos carregam a lembrança dos