Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Uma bruxa para amar
Uma bruxa para amar
Uma bruxa para amar
E-book94 páginas1 hora

Uma bruxa para amar

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

A linda história de um rapaz que se apaixona por uma bruxa boa; porém, para que os dois fiquem juntos, eles deverão derrotar a maldade de homens e de monstros.
Um romance de fantasia, humor e uma dose de terror.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de set. de 2017
ISBN9781370772711
Uma bruxa para amar

Relacionado a Uma bruxa para amar

Ebooks relacionados

Romance para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Uma bruxa para amar

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Uma bruxa para amar - Sofia Bastos

    Parte 1

    A fogueira foi acesa para o júbilo da multidão. Naquela noite de sexta-feira treze, mais uma bruxa seria executada pelo tribunal da inquisição. Sobre as madeiras flamejantes, Vera, uma senhora de setenta e sete anos, esperava amarrada ao pau, o seu inevitável, não menos que terrível, fim.

    Sentado em sua cadeira de senhor das leis divinas e terrestres, padre Rodolfo, assistia com deleite ao fogo subindo pelos pés da velha bruxa. Também com deleite se deleitava com um cacho de uvas.

    — Apreciem moradores de Vila Terezinha – bradou o sacerdote – apreciem a justiça divina caindo feito martelo na cabeça desta pobre alma perdida.

    O povo urrava de alegria erguendo suas tochas. A carne de Vera começava a derreter-se, mas antes que as chamas lhe fizessem morrer, proferiu a seguinte maldição para o sacerdote Rodolfo:

    — Antes que se complete o período até a próxima sexta feira treze, uma bruxa virá exterminá-lo. Seu corpo arderá nas chamas do demônio e não morrerás até que seu último fio de cabelo esteja queimado.

    O padre Rodolfo não deu confiança, fez um gesto com a mão de desprezo e gritou para os guardas:

    — Joguem aguardente nesta fogueira, façam as chamas do senhor subirem até os céus para mandar logo essa velha pros quinto.

    As ordens foram cumpridas sem demora.

    Atiraram um barril de aguardente na fogueira, as chamas do senhor subiram até os céus e Vera foi direto pros quintos do inferno.

    Na casa da família Colina, Jorge Henrique lia a bíblia ajoelhado no milho por ter dito a seus pais que a Igreja Católica não seguia os exemplos de Jesus Cristo.

    O castigo foi lhe imposto por seu pai, Moisés Colina, católico fervoroso, que depois de chegar da execução da bruxa Vera juntamente com sua esposa Judite, falaram assim ao jovem de dezoito anos:

    — Meu filho, tu perdestes a maior execução que já teve por estas bandas.

    Padre Rodolfo fez churrasquinho da bruxa – falou o homem rústico gargalhando.

    — Precisava ter visto ela queimando em carne viva, gritando de dor, pagando por seus pecados – derreteu-se Judite fazendo o sinal da cruz – e o cheiro de carne humana queimada... O cheiro da justiça divina... É tão divino.

    A empolgação dos pais não empolgaram Jorge Henrique, que naquele instante saboreava uma sopa de batatas e respondeu:

    — Certa vez, vendo uma adúltera prestes a morrer por apedrejamento, Jesus entrou na frente das pessoas e provocou: aquela que não tiver pecado, que atire a primeira pedra. Será que todos os católicos de Vila Terezinha se esqueceram desta passagem?

    — O que insinuas seu insinuador? – estarreceu Moisés abraçando Judite, que também se estarreceu dizendo:

    — Insinuas que não seguimos a palavras do Nosso Senhor.

    — Nem vocês e nem o padre Rodolfo, igualmente a todos os católicos desta Vila – disparou Jorge Henrique para o desespero de seus desesperados pais.

    — Mas que moleque atrevido – disse o velho erguendo a calça até altura do umbigo – tu vai se ajoelhar amanhã em milho, e lerá a Bíblia desde o cantar do galo até o cair do dia para aprender os ensinamentos do filho de Deus!

    — Quem sabe assim – arrematou Judite – tu comeces a seguir as palavras do Senhor e nunca mais te pense erguer a voz contra padre Rodolfo, santo homem que veio purificar nossa vila dos pecadores.

    O santo homem, Padre Rodolfo, sacerdote belo e ambicioso, cabelos negros, lisos e sedosos, olhos castanhos cor de mel, feições angelicais de anjo, este milagre de homem alisava seu cavanhaque andando preocupado de um lado para o outro em sua sala na casa paroquial.

    — Diga padre, o que lhe tira o sossego? – perguntou Daniel, jovem seminarista de olhos azuis.

    — As palavras daquela bruxa, meu lindo Daniel – respondeu padre Rodolfo parando perto do crucifixo – que Deus me queime nesse momento se eu estiver mentindo, mas sonhei essa noite que eu era queimado vivo numa fogueira.

    — Não! – assustou-se o seminarista.

    — Pois sim Daniel, a maldição daquela bruxa me atormenta. Ela disse que até a próxima sexta feira treze, uma bruxa irá me matar e eu não morrerei antes que o último fio desses meus cabelos de Apolo fique queimado. Ou seja, vou sofrer o diabo até morrer.

    — Deus não permitirá tal sacrilégio meu mestre.

    — E não irá – disse o sacerdote com os olhos faiscantes – antes que a próxima sexta feira treze chegue, queimarei todas as bruxas de Vila Terezinha, não importa a idade, não importa a cor nem a classe social.

    — Benditos seja por tal idéia – suspirou o seminarista caindo aos pés do seu sacerdote.

    — Levanta-te meu anjo querubim – disse o padre levantando Daniel – nada no mundo irá me afastar desses lindos olhos azuis cristalinos – revelando sua paixão, padre Rodolfo beijou a face de Daniel.

    — Agora vá querubim, e mande entrar a senhorita Lurdinha que me aguarda já algum tempo para confessar seus pecados e receber o meu sagrado perdão.

    O seminarista saiu feito borboleta, flutuando pelo ar de paixão, e logo entrou Lurdinha, mocinha recatada e bonita, no limiar de sua mocidade, bochechinhas coradas, cabelos curtos e mãozinhas delicadas.

    — Sua benção padre – disse Lurdinha educadamente beijando o anel do reverendo – vim confessar.

    — Não é por menos minha doce criatura – falou o padre pegando no queixinho dela –esta minha sala transbordou-se de energia negativa quando entrastes por aquela porta, creio que deverei lavar seu corpo dos pecados.

    — Lavar meus pecados padre? – angustiou-se a mocinha.

    — Sim querida, venha comigo.

    Padre Rodolfo a levou para a sala de banho, onde já estava preparada uma banheira com água quente rodeada por velas acesas.

    — Tem certeza que preciso tirar a roupa? – indagou a mocinha assustada depois da ordem do clérigo.

    — Nada temas minha querida, que esta banheira está inundada de água benta, água que irá libertar seu corpo da carga do demônio.

    Lurdinha religiosamente obedeceu, tirou seu vestido, mostrando a saúde de um corpinho enxuto de dezoito aninhos.

    Padre Rodolfo ajudou ela a entrar na banheira, depois, tirou seus paramentos e também entrou nu na banheira, sentando-se atrás da pecadora.

    — Agora minha jovem, conte seus pecados enquanto eu ensaboarei o seu corpo sujo para limpá-lo do pecado com meus beijos. Só então, lhe darei o perdão e a purificarei com o meu cajado.

    E depois dessa confissão, Vila Terezinha perdeu mais uma virgem.

    Parte 2

    Sexta-feira treze cairia dali a

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1