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TDAH e você: Como esse transtorno impacta a sua vida
TDAH e você: Como esse transtorno impacta a sua vida
TDAH e você: Como esse transtorno impacta a sua vida
E-book373 páginas4 horas

TDAH e você: Como esse transtorno impacta a sua vida

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Sobre este e-book

Esta é uma obra inovadora que busca transformar a maneira como percebemos o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Com uma narrativa simples e direta, os coautores apresentam capítulos importantes que quebram paradigmas e oferecem estratégias e ferramentas tecnológicas respaldadas cientificamente.

Diferente de outros livros sobre o assunto, este não se concentra apenas em explicar o que é o TDAH. Em vez disso, seu foco está em preparar as pessoas que convivem com o transtorno, sejam elas portadoras ou familiares, para criar estratégias e desenvolver habilidades que minimizem o sofrimento e os desafios enfrentados no dia a dia. Com um olhar apurado para as demandas do TDAH, o leitor encontrará neste livro tudo o que precisa para encarar o transtorno de frente. Aqui, são apresentados caminhos e possibilidades assertivas, inovadoras e eficientes que visam garantir a produtividade, o bem-estar e a qualidade de vida tanto das pessoas com TDAH quanto de suas famílias. Esteja preparado para uma leitura transformadora que abrirá novas perspectivas e oferecerá soluções práticas para lidar com o TDAH de forma positiva e empoderada.

Dentre os temas e capítulos da obra, estão:

• Como a tecnologia pode transformar a vida da pessoa com TDAH

• A cartilha dos A's para a mente TDAH

• Meu filho tem TDHA, e agora? Dores e soluções a partir do diagnóstico

• O que você não sabe sobre TDAH: o lado positivo, qualidades, talentos e potencialidades

• A influência da família na criança com TDAH

• Neuropsicopedagogia: um estudo dos impactos das disfunções executivas na pessoa com TDAH na situação educacional

• Neurofeedback e o TDAH um romance perfeito

• Arte circense: avanços da terapia ocupacional em benefício do paciente com TDAH

• Pais e filhos: todos convivendo com o TDAH

• Eu, eu mesmo, eu de novo: como o TDAH acompanhou minha vida nos últimos 40 anos

• A maternidade e o TDAH

• TDAH e a nutrição

• Um olhar além dos sintomas: a educação dos estudantes com TDAH e dificuldades de aprendizagem

• A trajetória de uma creator com TDAH

• A compreensão do TDAH como uma maneira diferente de ser e ocupar seu lugar no mundo

• Uma visão sobre o TDAH enquanto uma neurodiversidade

• Para quem convive com TDAH, por uma vida melhor, é preciso conhecer

• TDAH: o olhar do neurologista infantil

• A arte de criar uma rotina eficiente: pais e a arte de construir uma rotina eficiente para as crianças

• TDAH: dicas e dúvidas de consultório

• A importância da avaliação neuropsicológica para os casos de TDAH

• Sofrimento tardio: adultos não diagnosticados com o TDAH

• Hipnose no tratamento do TDAH

• Mas, afinal, o que são óleos essenciais?

• TDAH: rotular não é cuidar

• A importância da parceria entre escola, família e demais profissionais no desempenho escolar do aluno com TDAH

• Neurofeedback: tecnologia a favor do TDAH

• TDAH: caracterização, sintomas e diagnóstico

São autores desta obra: Aline Lima, Ana Lira, Ana Paula Souza, Antonia Santos da Silva, Berenice Edna de Oliveira, Cintia Valéria Assis, Cláudia G. Antello, Denise Alves, Eduardo Ferrari, Emília Gimene Luna, Fernanda Molina, Gislaine Araujo Dantas Tanaka, Giulia Fernandes, Jaira Vanessa, Marcela Lombello, Marcia Barbosa Paduan, Maria Caroline dos Santos, Maria José Maldonaldo, Marilan Barreto Braga, Patrick Castro Alves, Paula Adriana Zanchin, Priscila Viana Kich, Rafael Peixoto, Raquel Barros, Rita de Cássia Antunes Peres, Sibila Malfatti Mozer, Sophia Gomes Figueiró, Talita Polli C. S. Martins, Valéria Barros Zanchin, Viviane Wisnievski e Wilson Candido Braga.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento31 de ago. de 2023
ISBN9786559226368
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    TDAH e você - Sofia Gomez Figueiró

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    © literare books international ltda, 2023.

    Todos os direitos desta edição são reservados à Literare Books International Ltda.

    presidente

    Mauricio Sita

    vice-presidente

    Alessandra Ksenhuck

    diretora executiva

    Julyana Rosa

    diretora comercial

    Claudia Pires

    diretora de projetos

    Gleide Santos

    editor

    Enrico Giglio de Oliveira

    editor júnior

    Luis Gustavo da Silva Barboza

    assistente editorial

    Felipe de Camargo Benedito

    revisores

    Margot Cardoso e Ivani Rezende

    capa

    Lucas Yamauchi

    literare books international ltda.

    Rua Alameda dos Guatás, 102

    Vila da Saúde — São Paulo, SP. CEP 04053-040

    +55 11 2659-0968 | www.literarebooks.com.br

    contato@literarebooks.com.br

    Os conteúdos aqui publicados são da inteira responsabilidade de seus autores. A Literare Books International não se responsabiliza por esses conteúdos nem por ações que advenham dos mesmos. As opiniões emitidas pelos autores são de sua total responsabilidade e não representam a opinião da Literare Books International, de seus gestores ou dos coordenadores editoriais da obra.

    Prefácio

    Que bom seria se todos conseguissem entender as coisas com facilidade, ter atenção no que fazem, se concentrar para ler, sustentar o foco e a atenção. Mas sabemos que não é bem assim que as coisas funcionam.

    Muitas pessoas têm, na atenção, um desafio diário, repleto de julgamentos, indecisões e questionamentos. Não sei dizer exatamente quantas pessoas já atendi com dificuldades relacionadas ao TDAH, mas posso afirmar que são inúmeros os desafios para elas, desde não conseguir organizar as próprias coisas, como não conseguir concluir as tarefas que começam ou simplesmente se lembrarem do que estavam indo fazer. Foi assim comigo, com meus filhos e vejo isso no cotidiano do consultório, mas lamentar-se não adianta, temos que criar estratégias, ferramentas e soluções, individuais e especificas. Diante disso, aceitei a ideia de coordenar a publicação deste livro em parceria com a Literare Books International, porque acredito que apenas com informação de qualidade e sem romantizar o assunto conseguiremos contribuir para que pessoas vivam imersas no universo TDAH.

    O diagnóstico correto do TDAH pode permitir que os indivíduos recebam o tratamento adequado para ajudá-los a gerenciar os sintomas e a viver melhor. O TDAH geralmente inclui uma combinação de medicação e terapia comportamental, que pode ajudar a reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida, o diagnóstico precoce pode minimizar as complicações relacionadas, como os desafios na escola, a dificuldade em manter relacionamentos interpessoais, a baixa autoestima e problemas de saúde mental, como a depressão e a ansiedade.

    A empatia pode ser uma ferramenta poderosa para melhorar o dia a dia das pessoas com TDAH, ajudando-as a se sentirem compreendidas, apoiadas e aceitas.

    Pessoas com TDAH, muitas vezes, lutam com sentimentos de isolamento e incompreensão. Ao praticar a empatia, amigos, familiares e colegas de trabalho podem se esforçar para entender os desafios enfrentados pela pessoa com TDAH e oferecer apoio emocional. Pessoas com TDAH podem ter dificuldades em se comunicar de maneira clara e organizada. Prestar atenção à linguagem corporal e às expressões faciais pode ajudar a compreender melhor a mensagem que está se tentando transmitir.

    Quando uma pessoa com TDAH fala com você, tente dar toda a sua presença e ouça atentamente. Faça perguntas de esclarecimento, repita o que eles disseram para confirmar sua compreensão e tente resumir o que foi dito para demonstrar que você entendeu.

    Enfim, é possível ser eficiente, produtivo e feliz mesmo com TDAH, mas, para isso, informação é essencial e, por isso, este livro foi criado. Esperamos que aproveite a leitura e adquira bastante conhecimento, pois informação assertiva muda a vida das pessoas.

    Sophia Gomes Figueiró

    Como a tecnologia pode transformar a vida da pessoa com TDAH

    1

    Neste capítulo, vamos mergulhar no universo da nossa torre de comando. Falaremos sobre como a tecnologia pode contribuir com uma melhor performance do cérebro e como a neurociência associada à tecnologia pode minimizar o impacto do TDAH e de suas comorbidades em nossas vidas.

    por sophia gomes figueiró

    Como a neuromodulação pode melhorar a qualidade de vida da pessoa com TDAH?

    A neuromodulação é um tipo de terapia que utiliza estímulos elétricos, magnéticos ou medicamentosos em alvos específicos do cérebro e da medula para tratar doenças, sintomas e transtornos, podendo utilizar técnicas invasivas ou não. Uma de suas maiores aplicações é no tratamento de dores crônicas neuropáticas, relacionadas a lesões ou disfunções do sistema nervoso como transtornos e síndromes que impactam no aspecto global do desenvolvimento.

    Há milhares de anos, os seres humanos usavam enguias elétricas com a finalidade de aliviar a dor de diversas causas. Com o conhecimento expandido da eletricidade, dos campos magnéticos e da química, associado ao melhor estudo dos locais do sistema nervoso, houve um grande avanço na indicação e no uso dessa nova ferramenta. Em especial, após a década de 1960, com o lançamento da Teoria da Comporta, a qual mostrava haver uma integração entre a aplicação de diferentes tipos de estímulos sensitivos, consolidando assim a neuromodulação como uma técnica eficiente e assertiva em muitos casos. Essa técnica vem numa crescente ascensão e hoje faz parte do arsenal de tratamento nos melhores centros médicos do mundo, porém ainda pouco difundida no Brasil.

    Nas modalidades não invasivas de neuromodulação, a aplicação dos estímulos é feita na superfície do corpo, não envolvendo cirurgias ou introdução de agulhas, eletrodos etc. As mais comuns das técnicas não invasivas são a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (TDCS) e o neurofeedback. Por outro lado, na neuromodulação invasiva, a aplicação desse estímulo é feita pela introdução de sistemas específicos na proximidade de estruturas nervosas, que promovem seu efeito na estrutura desejada. Aqui, vamos falar apenas da neuromodulação não invasiva.

    O neurofeedback é uma neuromodulação autorregulatória, ou seja, um tratamento de autorregulação das ondas cerebrais para melhor desempenho cognitivo e desenvolvimento de potencialidades. É realizada uma avaliação que captará os 23 pontos cerebrais com o equipamento de eletroencefalografia. Analisados os resultados, é montado um plano de treinamento para o paciente. Eletrodos são colocados no couro cabeludo e – por meio de vídeo, música ou sombra – é realizado o treinamento com o paciente sentado, com visão para uma tela.

    Não é invasivo. É uma técnica eficiente e indolor, na qual captação e estímulo são feitos por adaptação de touca ou eletrodos diretamente no couro cabeludo.

    Entre as técnicas de estimulação cerebral não invasiva, temos também a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (TDCS), que utiliza uma corrente elétrica contínua, de baixa intensidade, aplicada sobre o escalpo intacto de indivíduos conscientes para modular funções cerebrais. Os efeitos da estimulação são dependentes da polaridade, da intensidade e da duração da estimulação e da área estimulada. Na minha prática clínica, venho utilizando essas duas técnicas e obtendo resultados incríveis com meus clientes, especialmente em pessoas com TDAH.

    Vamos entender melhor o neurofeedback

    Distração, impulsividade e hiperatividade são sintomas de TDAH, mas podem também ser expressão de outros transtornos psíquicos, como ansiedade ou TOC, por exemplo.

    Para caracterizar um quadro de transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) de maneira segura, é essencial que se saiba que – com os sintomas de dificuldades atencionais, de agitação, inquietude e hiperatividade – é comum que se observe ainda outros dois fatores na atividade neurológica do paciente que, assim, costumam estar presentes:

    1. Rompimentos anômalos de conectividade no sistema frontoparietal, de processamento atencional, no cérebro.

    2. Atividade exacerbada, na faixa de Theta (4-6Hz), na região dorsolateral do lobo frontal direito.

    Atualmente, pela coleta da atividade eletroencefalográfica (EEG) do paciente e de exames de tomografia funcional, é possível determinar diante de que comprometimento se está confirmando ou não diagnósticos anteriormente recebidos.

    Assim, por meio desses exames, é possível:

    1. Detectar objetivamente marcadores característicos do TDAH, que devem necessariamente estar presentes para que essa condição seja caracterizada.

    2. Evitar que outras condições, como dislexia, ansiedade, TOC ou até mesmo depressão acabem sendo diagnosticadas erroneamente como TDAH.

    O mais importante é entender que um diagnóstico errado normalmente leva à perda de tempo (às vezes, anos, pela insistência em um tratamento equivocado), despesas financeiras desnecessárias; sem falar do sofrimento emocional e, muitas vezes, físico, pelo convívio cotidiano com efeitos colaterais de medicamentos envolvidos.

    Alcançar uma certeza diagnóstica permite decidir qual o tratamento mais indicado, o que maximiza as chances de sucesso, minimizando a ocorrência de custos desnecessários.

    A realização de exames neurofuncionais permite o adequado mapeamento desses comprometimentos no cérebro, bem como viabiliza o planejamento e determinação das estratégias terapêuticas a seguir, sempre de acordo com a realidade neurológica, que é única para cada indivíduo. Isto porque, como já foi dito, os sintomas que caracterizam o TDAH também podem estar presentes em outras condições, como depressão, dislexia, ansiedade, TOC e, até mesmo, em quadros de anoxia no parto, por exemplo.

    O neurofeedback é uma técnica de treinamento por recondicionamento da atividade neurológica, por meio de sinalização sonora e visual. Assim, durante uma sessão de neurofeedback, os neurônios das áreas e estruturas cerebrais que apresentem deficiências em seu funcionamento recebem sinalização em tempo real sobre a adequação ou não de sua atividade. Isto permite a modificação progressiva da atividade desses neurônios desregulados rumo a padrões de normalidade, que são, então, definitivamente adotados pelo cérebro em seu funcionamento.

    Mais de duas décadas atrás, Frank H. Duffy, MD, professor e neuropediatra da Harvard Medical School, declarou no periódico Clinical Electroencephalography que a literatura científica já havia sugerido que,

    o neurofeedback deveria desempenhar um papel terapêutico importante em muitas áreas desafiadoras. Em minha opinião, se qualquer medicação tivesse demonstrado tão amplo espectro de eficácia (quanto o faz o neurofeedback), essa medicação seria universalmente aceita e amplamente utilizada.

    FRANK DUFF

    Outra referência na área, Norman Doidge, professor de psiquiatria da Columbia University, em Nova York, Estados Unidos, recentemente afirmou, no primeiro parágrafo do Apêndice 3 de seu livro O cérebro que cura (2016), que:

    O neurofeedback foi reconhecido recentemente pela Academia Americana de Pediatria como um tratamento tão eficaz quanto medicações para combater sintomas de TDA e TDAH. Raramente apresenta efeitos colaterais, pois é uma maneira de treinamento cerebral. Também foi aprovado para tratamento de certos tipos de epilepsia, revelando-se eficaz em muitos outros distúrbios, entre eles certos tipos de ansiedade, estresse pós-traumático, distúrbios de aprendizado, lesões cerebrais, enxaquecas e sensibilidades que afetam o espectro autista. Porém não é mais reconhecido, por ter sido introduzido pioneiramente antes da neuroplasticidade ser amplamente compreendida.

    São dois legítimos representantes do mainstream no campo da saúde mental – integrantes de dois dos mais renomados centros de ensino e pesquisa no mundo, Harvard e Columbia – atestando a validade do neurofeedback no tratamento de desordens mentais.

    E, junto a eles, um vasto volume de estudos científicos que vêm sendo publicados, fornecendo ampla e sólida fundamentação científica ao campo do neurofeedback, o que justifica seu substancial desenvolvimento, observado em anos recentes, como em poucas áreas do conhecimento se viu.

    Como tudo isso mudou a minha vida

    Sempre fui uma pessoa agitada. Demorei para ser alfabetizada, ir para escola para mim era uma verdadeira tortura. Eu gostava de brincar, correr e fazer coisas que os meninos faziam, como jogar bola – era péssima por sinal. E quando íamos para sala de aula, o sofrimento começava. Eu tenho visão monocular, não enxergo do lado direito, usava óculos e tampão. Sofri muito bullying por isso, mas eu nem ligava, os adultos achavam que minha dificuldade atencional e distração eram em função da visão, mas o buraco era mais embaixo.

    Aprendi a ler, sempre tive muita facilidade em criar histórias imaginárias na minha mente, que defino como um guarda-chuva girando, que sempre tem um pensamento em cada ponta e minha atenção oscila entre uma ponta e outra, em milésimos de segundos.

    Porém, eu encontrei um jeito de aprender o que precisava e seguir minha vida escolar. Nunca fui uma aluna nota dez, mas sempre passava com as recuperações. Não é fácil lidar com isso, creio que herdei essa bênção do meu pai e ele, assim como eu, vagava em seus pensamentos. Tive a sorte de nascer filha de uma professora de ballet, e isso, acredito, foi a minha válvula de escape e minha salvação, pois, no ballet, exercitava o corpo para gastar a energia sem fim que eu tinha. Treinava e condicionava a mente com aulas diárias, com muita disciplina e dedicação. Apesar de ser péssima e completamente descoordenada, eu achava que estava fazendo sucesso. Tudo culpa da falta de motricidade e orientação espacial típicas do TDAH.

    Minha avó paterna meditava muito, e me ensinou desde muito pequena que eu era capaz de dominar a minha mente se eu entendesse como ela funcionava e se eu a treinasse com disciplina e constância. Então, desde os 10 anos, eu pratico mindfulness, mas não sabia que era isso, simplesmente tentava acolher meus pensamentos e sentir o meu corpo. Minha avó dizia que Deus falava com a gente pelo nosso corpo, tínhamos apenas que aprender a ouvi-lo, silenciando a mente. Meu TDAH era tão severo que cheguei a ponto de ir visitar a minha mãe e esquecer meu filho recém-nascido em casa, porque não lembrei que ele existia, simplesmente me arrumei, peguei minha bolsa e sai, deixando o menino no berço dormindo. Quando cheguei na minha mãe, ela perguntou: Cadê meu neto?. E eu surtei, me senti a pior pessoa do mundo, voltei correndo e ele estava lá no berço dormindo.

    Cresci, me formei, dei aulas por muito tempo, me especializei em neuropedagogia, psicopedagogia, entre outras. Fiz o que precisava fazer, mas meu guarda-chuva continuava lá, girando e me levando para o meu universo paralelo. Até que conheci o neurofeedback, fazendo uma pesquisa sobre TDAH.

    Fui para o Rio de Janeiro e fiz a formação. Várias, por sinal. Comprei o equipamento; primeiro, um bem simples de dois canais, e comecei a aplicar em mim. Percebi melhoras surpreendentes. Ia ao mercado e lembrava o que precisava comprar. Uau! Isso era incrível. Fui investindo em equipamentos melhores e formações mais avançadas e hoje sou CEO do INTAC (@intac.br), um instituto de neurociências aplicadas.

    Desde que o neurofeedback entrou na minha vida, pude viver um crescimento pessoal e profissional que eu jamais poderia ter alcançado sem o tratamento. Hoje, tenho clareza mental, consigo identificar meus sentimentos, consigo ter disciplina, constância e foco, desenvolvo pessoas com o meu método de design de vida, consigo fazer planos e segui-los, concluir tarefas e realizar meus sonhos. Coisas tão simples, como arrumar meu guarda-roupa, que antes era um desafio impossível de ser vencido, hoje é fácil de fazer.

    Continuo, é claro, com o meu guarda-chuva, com um pensamento em cada ponta, e essa sou eu, mas, hoje, sou capaz de escolher em que ponta eu quero focar e me dedicar naquele momento. Sou capaz de gerenciar minhas escolhas e uso essa chuva de pensamentos a meu favor pois, com ela, sou capaz de visualizar inúmeras possibilidades, solucionar problemas com muito mais agilidade do que uma pessoa típica, e direciono minha capacidade criativa para fazer dinheiro e impactar positivamente a vida das pessoas. Hoje, posso dizer que o neurofeedback me deu a habilidade de guiar meus pensamentos para a direção que eu quero e a possibilidade de parar de viver apagando incêndios e correndo atrás do prejuízo.

    O TDAH me roubava de mim. Quando eu o olhei de frente e me coloquei no controle, fui capaz de desenvolver minhas habilidades, potencializar as coisas boas de ser quem sou e minimizar os efeitos adversos que o transtorno tinha sobre minha vida. Foi assim, estudando e catalogando as ferramentas e estratégias que usei comigo, que desenvolvi o MSF Design de Vida. Hoje apoio de forma on-line e presencial muitas pessoas com e sem o transtorno, mas que decidiram dar um basta no piloto automático que conduzia sua vida e pegar o volante para guiar a vida para a direção da sua realização integral.

    Sempre me achei burra e incapaz, mas hoje sei que sou extremamente inteligente, pois fui capaz de aprender com os desafios da vida, a olhar para tudo como algo pedagógico, que tem um propósito, que nos eleva e serve para nos aproximar da nossa melhor versão. Por isso agradeço e realmente acredito que minha mente vagante, cheia de informação e agitada é a maior bênção que recebi.

    Parei de me julgar, condenar-me e me culpar pelas coisas que não deram certo ou que saíram diferentes do que eu idealizei. Hoje, escolho viver sabiamente, colhendo os frutos das experiências, fazendo escolhas conscientes e plantando autorresponsabilidade, autocuidado e a certeza de que podemos, sim, sair do caos para a vida leves e felizes, mesmo sendo TDAH.

    Referências

    BELL, A. N.; MOSS, D.; KALLMEYER, R. J. Healing the Neurophysiological Roots of Trauma: A Controlled Study Examining LORETA Z-Score Neurofeedback and HRV Biofeedback for Chronic PTSD. NeuroRegulation, [S. l.], v. 6, n. 2, pp. 54-70, 2019. DOI 10.15540/nr.6.2.54. Disponível em: . Acesso em: 5 jun. de 2023.

    DUFFY, F. H. Editorial: The state of EEG biofeedback therapy (EEG operant conditioning) in 2000: An editor’s opinion. Clinical Electroencephalography, 31(1), v–viii

    KNOTT, J. R.; HENRY, C. E. The conditioning of the blocking of the alpha rhythm of the human electroencephalogram. Journal of Experimental Psychology, [S. l.], v. 28, n. 2, pp. 134–144,1941. DOI 10.1037/h0063280. Disponível em: . Acesso em: 5 jun. de 2023.

    SCHWARTZ, E. L. Computational anatomy and functional architecture of striate cortex: A spatial mapping approach to perceptual coding. Vision Research, [S. l.], v. 20, n. 8, pp. 645-669, 1980. DOI 10.1016/0042-6989(80)90090-5. Disponível em: . Acesso em: 5 jun. de 2023.

    STEINER, N. J. et al. In-School Neurofeedback Training for ADHD: Sustained Improvements From a Randomized Control Tria. Pediatrics, [S. l.], v. 133, n. 3, pp. 483-492, mar. 2014. DOI 10.1542/peds.2013-2059. Disponível em: . Acesso em: 5 jun. de 2023.

    THATCHER, R. W. EEG Database-Guided Neurotherapy. In: EVANS, James R.; ABARBANEL, A. Introduction to Quantitative EEG and Neurofeedback. [S. l.]: Elsevier Inc., 1999. pp. 29-64. Disponível em: . Acesso em: 5 jun. de 2023.

    THATCHER, R. W. et al. New Advances in Electrical Neuroimaging, Brain Networks and Neurofeedback Protocols. Journal of Neurology and Neurobiology, [S. l.], v. 6, pp. 1-14, 25 maio 2020. DOI 10.16966/2379-7150.168. Disponível em: . Acesso em: 5 jun. de 2023.

    Sobre a autora

    Sophia Gomes Figueiró

    Graduada em Letras pela Universidade Católica Dom Bosco, pós-graduada lato sensu em Neuropedagogia Clínica, Psicopedagogia Clínica e Institucional pelo Instituto Rhema Educação e em Terapia Sistêmica Familiar pela Unyleya. Atualmente cursando o oitavo semestre do curso de Biomedicina na Estácio de Sá. Especialista em metodologias ativas de aprendizagem, hipnose clínica ericksoniana, analista corporal (O Corpo Explica), terapeuta de neuromodulação – neurofeedback e estimulação transcraniana por corrente contínua e diversas terapias integrativas complementares. Cursou Neurociência em Harvard.

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    A cartilha dos A´s para a mente TDAH

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    Ao longo dos anos, na clínica, percebi grande parte dos adultos que buscavam alívio e respostas, chegando a meu consultório exaustos, procurando soluções para suas dificuldades e sintomas e, até ali, completamente perdidos e desorientados. Busquei respostas e soluções em vasto material e em pesquisas científicas, pois eu gosto de resultados e de praticidade. Em minha visão, deveria ser algo orientador, um processo leve e divertido que meus pacientes aderissem de fato; foi quando surgiu a Cartilha dos A’s.

    por aline lima

    O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento, alterações nos processos iniciais do desenvolvimento cerebral já no período gestacional. Fatores biológicos, genéticos, ambientais e socioculturais estão presentes no surgimento do transtorno. O neurodesenvolvimento é um processo, progressivamente habilidades cognitivas, motoras e psicossociais vão sendo formadas, construídas e aperfeiçoadas.

    O indivíduo com TDAH precisa ter conhecimento completo de seu funcionamento, saber o que é o transtorno e como se traduz na forma de lidar com ele mesmo, com os outros e com o mundo; assim como lidar com o futuro. Conhecer possíveis vantagens é essencial para se tornar um agente de mudança eficaz.

    Os três sintomas característicos são impulsividade, desatenção hiperatividade mental e física. O TDAH possui um funcionamento cerebral hiperprodutivo, inquieto e superacelerado. Já imaginou essa máquina superpotente e complexa sem nenhuma gestão? É crucial saber que técnicas e estratégias podem ser usadas e como essa energia pode ser deslocada para ações construtivas, levando ao bem-estar e não ao caos.

    Toda essa velocidade, quando não bem administrada, leva a expressões comuns na clínica e se traduz em sinto um cansaço na alma ou sinto que estou sempre exausta. A frustração recorrente, após tanto esforço, acaba por levar a pessoa a uma desistência de si, acreditando que não tem jeito e, lógico, desenvolvendo outros transtornos como depressão, transtorno de ansiedade generalizada e compulsões.

    É preciso avaliar e conhecer a história do paciente a fundo, seu contexto, suas possibilidades reais, a educação que recebeu, a maneira como foi interpretada e internalizada, entender a formação da personalidade, crenças centrais e gatilhos, considerando a unicidade e subjetividade.

    Em termos gerais, observamos na hiperatividade física: o sacudir incessante das pernas, os rabiscos constantes em papéis aleatórios ao alcance, mexer nos cabelos, roer as unhas, bater a caneta na mesa, ficar batucando nas paredes ou em objetos; é um infinito de tentativas em manter as mãos ocupadas e o corpo em atividade, pois

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