As batonetes: uma etnografia de mulheres caminhoneiras no Brasil
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As batonetes - Francine Pereira Rebelo
Ao meu pai, Flávio Juntolli Rebelo
AGRADECIMENTOS
Este livro é parte de bons anos que passei em Florianópolis estudando Ciências Sociais e uma soma de várias pessoas que fizeram diferença na minha trajetória. Agradeço à Universidade Federal de Santa Catarina por me acolher e por permitir e incentivar uma produção científica de qualidade. Obrigada a todos/as professores/as das diversas disciplinas que fiz, sem dúvida, fundamentais para a construção da pesquisa.
Agradeço principalmente à professora Miriam Grossi, que me orientou não só neste trabalho, mas na maior parte da minha graduação, mostrando – com o seu amor à Antropologia – o que é realmente viver essa ciência. Obrigada por, mais de uma década depois da minha defesa, aceitar escrever o prefácio e trazer mais uma vez contribuições tão importantes.
Agradeço aos/às pesquisadores/as do NIGS-UFSC (Núcleo de Identidade de Gênero e Subjetividades) por todas as oportunidades, intensa produção e compartilhamento de reflexões.
Obrigada às professoras participantes da banca de defesa deste trabalho, Edviges Ioris e Carla Cabral. Suas contribuições foram muito importantes para o aprimoramento desta pesquisa e para o meu crescimento profissional.
Agradeço às contribuições de Arthur Fontgaland Gomes, Júlia Stringhetta e Tamires Almeida. Obrigada à minha querida amiga Camila Betoni pela ilustração da capa e por representar de forma tão bonita as mulheres trabalhadoras.
Meu muito obrigada ao meu pai, Flávio Rebelo, e à minha mãe, Fátima de Lourdes Pereira, por sempre me incentivarem. Obrigada à minha irmã Natália Rebelo. Meu sincero agradecimento ao meu tio Alexandre Rebelo, pela paciência em me esclarecer dúvidas sobre caminhão. Obrigada às minhas avós, principalmente à querida Rosa Juntolli Rebelo, por compartilhar histórias sobre a estrada e ser a primeira mulher da família a dirigir caminhão, segundo relatos míticos. Obrigada ao meu avô, Abrão Rebelo (in memoriam), por nos levar em viagens sempre tão lindas no seu Alfa Romeo.
Obrigada, Luiz Antonio Guerra, meu companheiro, pela leitura atenta, paciência, incentivo e amor. Obrigada, meu filho Raul Rebelo Guerra, que todo dia me mostra novos caminhos e torna tudo mais alegre, divertido e colorido.
Meus sinceros agradecimentos a todos/as profissionais do transporte, principalmente às caminhoneiras que aceitaram participar desta pesquisa. Agradeço a vocês por mais um ato de coragem, recebendo alguém que mal conheciam dentro de suas casas
, de maneira sempre amigável. Esse campo, mais que um trabalho, foi uma possibilidade de reafirmar minha admiração por essas mulheres.
APRESENTAÇÃO
Este livro é resultado do meu Trabalho de Conclusão de Curso em Ciências Sociais defendido na Universidade Federal de Santa Catarina em 2011. Nunca é fácil voltar aos próprios escritos tantos anos depois. No entanto, este trabalho continua sendo, de certo modo, referência nos estudos sobre mulheres caminhoneiras. Muita coisa aconteceu nesta década desde sua defesa, entre elas, eu mesma ter me tornado motorista de caminhão, constatando que grande parte das reflexões levantadas é coerente com a realidade das caminhoneiras no Brasil.
Em 2012, este trabalho foi agraciado com menção honrosa no prêmio Lévi-Strauss, na categoria artigo, da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), através do texto Exclusão e formas de resistência: uma etnografia de mulheres caminhoneiras
(2012). O concurso busca estimular e dar visibilidade a produções realizadas por alunos/as de graduação em universidades brasileiras. Ser contemplada por tal prêmio demonstrou a originalidade do tema e qualidade do trabalho.
É importante ressaltar o papel da Dra. Miriam Grossi como orientadora. Miriam não é apenas uma das intelectuais da Antropologia mais reconhecidas do Brasil hoje, mas também uma orientadora dedicada e capaz de proporcionar um mergulho dos/as seus alunos/as na Antropologia. Depois desse mergulho, nunca mais somos os/as mesmos/as.
Realizei meus cursos de bacharelado e licenciatura entre 2006 a 2011, durante os governos Lula e Dilma, com Fernando Haddad como Ministro da Educação (2005-2012), período marcado por expressivos investimentos públicos na Educação Superior. É imprescindível reforçar a importância da realização de um curso de graduação com possibilidades concretas de iniciação científica e iniciação à docência, com bolsas PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica) financiadas pelo CNPq e PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) financiadas pela Capes. As bolsas de pesquisa, além de se constituírem em importante apoio financeiro aos estudantes, possibilitam a participação em pesquisas, com retorno imensurável para a trajetória dos/as pesquisadores/as e para a ciência brasileira.
Este trabalho, ainda que de autoria individual, é resultado de experiências coletivas enquanto bolsista de iniciação científica. Ressalto a relevância da minha participação, entre 2007 e 2009, no Núcleo de Identidade de Gênero e Subjetividades (NIGS) da UFSC, coordenado pela Dra. Miriam Grossi. No âmbito do NIGS, iniciei-me nos estudos de gênero, aos quais dedico minha vida acadêmica até os dias de hoje¹.
Durante o mestrado em Antropologia Social, também na UFSC, dei continuidade à pesquisa com mulheres que ocupam posições predominantemente masculinas. O foco então passou a ser as mulheres indígenas lideranças, as chamadas cacicas. Na dissertação, intitulada "Kunhangue mba’e kua: as trajetórias das mulheres cacicas guarani mbya de Santa Catarina " (2015), segui refletindo sobre as representações de gênero. Hoje, como doutoranda em Antropologia Social na mesma instituição, dou continuidade aos estudos com mulheres indígenas.
Entre agosto de 2015 e maio de 2016, trabalhei como motorista de caminhão, junto com meu companheiro Luiz Antonio Guerra. Como motoristas, viajamos milhares de quilômetros e conhecemos todas as regiões do país. Por não estar sozinha na maioria das minhas viagens, considero que tive vivências um pouco distintas das caminhoneiras protagonistas desta pesquisa, que viajavam sozinhas. Ainda assim, compartilho com minhas informantes – e agora também colegas de profissão – as dificuldades em relação à segurança, situações de machismo e provação profissional.
Deixei as estradas antes do previsto, pois em abril de 2016 descobri que estava grávida. Ainda que não seja impossível ser gestante e trabalhar como motorista, pessoalmente, achei exaustivo conciliar a gestação e o trabalho, visto que, no nosso caso, éramos nós mesmos responsáveis por realizar também o serviço pesado de descarga do caminhão. Além disso, em 2016, vivíamos o auge da epidemia do zika vírus no Brasil. A infecção da doença durante a gravidez pode causar restrição de crescimento, microcefalia e morte fetal. Os focos de zika em alguns estados brasileiros fizeram com que eu restringisse minhas possibilidades de viagem e assim optei por parar de trabalhar como motorista².
Durante o período em que fomos motoristas, eu e meu companheiro mantivemos um blog de viagens, chamado Estrada vamos, estrada somos
³, com fotos, vídeos, relatos, informações e quilômetros percorridos. É com amor e saudade que leio os relatos dos tempos de caminhoneira. Não entrarei profundamente nos relatos do blog – isso daria um outro livro – mas deixo aqui alguns registros fotográficos.
Figura 1- Crachá de motorista
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