Codinome: Encontro de Almas
De MAGOTY
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Codinome - MAGOTY
CAPÍTULO I
O Começo…
Tinha acabado de chegar à empresa. Fui contratada através de uma parceria com a faculdade. Seria estagiária por seis meses, que depois se prolongaram por dois anos e meio. Fui muito bem recebida por todos, assim como a outra estagiária que também teve a mesma oportunidade que eu. Ao todo, éramos quatro: duas acadêmicas e dois adolescentes do Ensino Médio. Nos identificamos de imediato, apesar de cada um ter a sua função e o seu horário de trabalho.
Minha timidez não impediu de me sentir bem naquele ambiente. O Diretor principal parecia ser exigente, carrancudo, mas depois de algum tempo percebi que ele era, sim, sério e responsável, mas também divertido, compreensivo e amigo.
De repente, um olhar me chama a atenção. Sinto um arrepio na coluna e penso: Meu Deus! Na esperança de ele não ter percebido o ocorrido, estendo a mão e, com um sorriso, cumprimento-o. Naquele exato momento, tive a certeza de que meus dias seriam diferentes, algo mudou em mim. É engraçado, pois parecia que já o conhecia de outros tempos, de outros lugares, e isso me deixou feliz.
Os dias se passaram e as tarefas atribuídas a mim eram cumpridas gradativamente. O que me atrapalhava bastante era a timidez, mas até isso, de vez em quando, eu fingia não ter.
As conversas alegres e descontraídas na hora do lanche sempre tinham um pouco de ensinamento e aprendizado. Os laços de amizade com todos os efetivos e contratados da empresa, uma estatal, foram se estreitando, e o respeito com que nos tratavam fez de nós melhores funcionários e pessoas. Tanto que, fugindo à regra, todos ficamos mais tempo do que o determinado, e nosso desempenho foi melhorando cada vez mais.
Eu consegui firmar relações de amizade com todos, mas com ele algo era diferente. Apesar da diferença em nossa idade, e nem era tão grande, nossa afinidade era incrível. Sempre que possível, conversávamos sobre diversos assuntos e descobríamos a cada dia uma afinidade de gostos, e isso me encantava. Ele era naturalmente galanteador, educado, romântico e cada vez mais mexia com a minha libido.
Quantas noites perdi o sono imaginando-me ao seu lado. Apesar de me sentir inebriada com sua presença, com o tempo e a convivência, e, claro, policiando-me, consegui disfarçar os meus desejos. No fundo, eu tinha certeza de que ele tinha consciência do que estava acontecendo, mas seu profissionalismo e educação foram suficientes para que não avançasse o sinal. Seu respeito por mim cativou-me ainda mais. Sobretudo por causa da amizade que acabamos nutrindo um pelo outro, que nos fez ter a liberdade de conversar, de contar segredos, inclusive seus casos extras, fora do casamento.
Casamento. Isso mesmo! Ele era casado. Que pena. E dentro de mim algo dizia que era ele o homem da minha existência. Mas era casado e tinha outros amores
. E isso, por mais que estivesse envolvida e desejando-o junto a mim, fez com que eu freasse meus instintos, jogasse um balde de água fria em meus desejos mais íntimos. Meus valores, minha personalidade e meu desejo de pertencimento não me deixaram ir além dos pensamentos. E, aos poucos, eu ia adormecendo aquilo que era muito forte dentro de mim. Tanto que até doía. Era uma dor tão forte que quando alguém percebia meu sofrimento, eu disfarçava demonstrando estar com alguma enfermidade que logo passaria.
Cada vez que eu preparava a documentação para suas viagens de trabalho ou os relatórios quando retornava, meu coração palpitava de alegria. Por não raras vezes eu desejei que ele não fosse tão educado e respeitador e roubasse-me ao menos um beijo. Eu mesma desejei fazer isso inúmeras vezes quando nos dávamos uma carona ao final do expediente. Sim, quando ele ia embora a pé, porque tinha algo mais a fazer na rua e eu ia em direção à faculdade. Outras vezes ele oferecia carona até minha casa, já que seu trajeto passava por ela.
Apesar do esforço de matar aquele desejo de chamá-lo de meu, quanto mais eu tentava, mais ele crescia dentro de mim. E o pior é que frequentávamos os mesmos barzinhos, alguns eventos e lugares nos eram comuns. A diferença era que eu ia com meus amigos e colegas, e ele com a esposa e com os filhos. Era inevitável não sentir uma pontinha de inveja daquela mulher que o acompanhava e que sempre me tratava bem. Eu tinha que tirá-lo da cabeça e do coração. Mas quem manda no coração? Nossos olhares se cruzavam quase que mágica e automaticamente e com certeza sabíamos que era diferente, não apenas de simples amigos ou colegas de trabalho. Eu chegava a suspirar e ele, de forma sorrateira, como se percebendo o fogo que ascendia dentro de mim, esboçava um disfarçado, porém malicioso, sorriso que me deixava encabulada e aguçava ainda mais minha timidez e medo de ser descoberta.
Eu queria, desejava imensamente, mas não podia viver aquela paixão desenfreada. Ele era casado e eu não admitia ser mais uma em seu hall de conquistas. Eu seria uma presa fácil se não fosse um pequeno detalhe: tinha medo do que minha família pudesse pensar. Tinha medo de decepcionar meus pais. Naquela época, apesar de já não ser mais tão inocente, eu ainda era imatura, e o medo me atrapalhava a avançar o sinal.
Certo dia, após o encerramento do expediente, seguimos o mesmo trajeto numa caminhada descontraída e sem pressa. Ele ia buscar a filha na casa de uns amigos e eu iria me encontrar com alguns amigos da faculdade. Durante o trajeto, a conversa foi fluindo sobre os mais diferentes assuntos e aquela doce voz, aquele charme, me fazia viajar, voar em pensamentos. Eu ouvia e respondia, e vice-versa. Mas, na realidade, creio que cada palavra ou gesto que saía de mim era automático, pois naquele momento o que mais preenchia meus pensamentos era o seu olhar e o desejo de que ele me pegasse em seus braços e me beijasse ali mesmo, no meio da rua, correndo risco de sermos pegos em flagrante. Tenho certeza de que se ele tivesse feito isso, eu não resistiria. Ainda bem que não o fez…
Passaram-se outros meses e veio a chegada do fim de mais um ano. A Direção da empresa resolveu fazer uma confraternização. Todos se envolveram, se empolgaram, e cada um contribuiu de alguma forma. Tudo muito bem organizado: comidas, bebidas, músicas, brincadeiras. O dia foi maravilhoso.
Voltei para casa na companhia de quem eu mais queria. Como era bom tê-lo tão pertinho. Como o desejei. Como o desejo ainda hoje. Estava chegando perto de casa e começou a chover. Parecia obra do destino. Tivemos que ficar dentro do carro por mais tempo que o esperado e devido; e a conversa fluía agradavelmente. De repente, sem que eu esperasse, mas que ardentemente desejava, ele me propôs que ficássemos juntos, que nos curtíssemos. Ah! Era tudo o que eu mais queria! E como queria! Meu corpo estremecia de desejos!
No entanto, como se tivesse um capetinha e um anjinho jorrando seus conselhos em meus ouvidos, meus pensamentos se dividiam antes de liberar a minha decisão…
— Não. – Essa foi a resposta que saiu quase automática. E por mais que eu desejasse, ou que seus argumentos fossem convincentes, eu lhe disse não, pois não concordaria em ser amante, não me sentiria bem em tal posição. E mesmo que no início fosse atraente e divertido, com o tempo, com certeza viriam as cobranças, como as que ele há pouco estava vivenciando com uma de suas conquistas e que ele mesmo havia me dito estar incomodado. Não. Eu não poderia. Não era justo.
Feliz com aquele ímpeto pedido, e apesar da vontade de dizer sim, eu agradeci pela carona e o carinho, aproveitando que a chuva havia diminuído, desci do carro e entrei em casa. Mas, antes, uma nova troca de olhares…
Tomei um longo banho, me troquei, coloquei uma roupa confortável, fiz e tomei um café. Liguei meu som num volume que enchia o ambiente e meu coração. Deitei na cama, fechei os olhos. Relembrando cada momento daquele dia, chorei compulsivamente querendo ter aquele homem ao meu lado, me acariciando, beijando e tocando-me como jamais havia sido tocada.
Na volta ao trabalho na semana seguinte, apesar de achar que ele ficaria diferente por causa do não que recebeu, tudo transcorreu bem como antes, talvez até melhor. Sua atenção, carinho, respeito por mim continuavam presentes e isso me encantou ainda mais. Que vontade de voltar atrás! Mas não voltei.
Enfim chegou o tempo de não poder mais trabalhar ali. Era hora de partir, buscar novos horizontes. Era hora da despedida. Como foi bom ter tido a oportunidade de conviver com todas aquelas pessoas. Como foi bom tê-lo sempre por perto.
Afastei-me do homem que julguei ser a minha alma gêmea. Afastei-me do homem que mais desejei em minha vida. Mas os sentimentos por ele jamais se findaram. Estavam apenas adormecidos, pois as almas gêmeas sabem o momento ideal de se juntarem de novo. E aquele tempo em que estivemos juntos não era o ideal. Ainda teríamos que viver outras experiências até que chegasse o grande dia!
Afastamo-nos fisicamente, mas jamais deixamos de estar juntos, apesar da distância que nos separava. De longe, eu acompanhava alguns de seus passos, algumas mudanças em sua vida. Um novo amor surgiu, poderia ter sido eu…
Longe dos olhos, perto do coração. Ele ainda tinha um lugar especial dentro de mim. E apesar de não me arrepender do não que havia dito a ele e de ter seguido novos caminhos, jamais deixei de amá-lo e de ter certeza de que eu pertencia a ele para sempre e de que ele me pertencia. Afinal, não é porque se é alma gêmea
que precisa necessariamente estar junto. O nosso momento, o grande encontro, estaria por vir. Eu precisava me preparar para isso. E foi o que aconteceu.
CAPÍTULO II
Vivendo um novo destino
Segui meu caminho. Uma nova cidade, um novo emprego, novos amigos. O despertar de uma paixão. E vivendo-a, o destino me colocou de novo frente a frente com o meu eterno homem
. E, mais uma vez, fomos separados. Nos abraçamos como