Romântico Anônimo

De Jéssica Maria Rasso Crespo

Quando Alisson percebe que está apaixonado por sua melhor amiga, Júlia, ele fica com medo de estragar sua amizade de anos com ela e decide criar o Romântico Anônimo para se declarar sem que ela soubesse que era ele. E assim também poderia ver como ela reagiria aos seus sentimentos por ela. Ele só não esperava que Júlia iria corresponder os sentimentos do rapaz que escreve as cartas e agora terá que decidir entre o amor e a razão. A razão de não dizer nada e continuar sem riscos de estragar a amizade ou decidir pelo amor, se declarar e viver esse amor que teria tudo para ser será épico, bem no estilo do Romântico Anônimo.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 27 de nov. de 2023

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1

2

Sumário  

Prólogo (Júlia)

.......................................................................................

7  

Capítulo 1 - O Românꢀco Anônimo (Alisson)

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11  

Capítulo 2- Amizade Verdadeira (Júlia)

...............................................

16  

Capítulo 3- Um trauma do passado (Júlia)

.........................................

21  

Capítulo 4- Sofrendo de Amor (Alisson)

.............................................

26  

Capítulo 5- Será que é ele

 

? (Alisson)

..............................................

30  

Capítulo 6 – Cinema em casa (Alisson)

...............................................

37  

Capítulo 7 – Vou a um encontro (Júlia)

...............................................

42  

Capítulo 8 – Ela está namorando (Alisson

)

.........................................

48  

Capítulo 9 – Segredo Revelado (Alisson)

............................................

54  

Capítulo 10 – Cineminha (Júlia

)

..........................................................

58  

Capítulo 11 – Conversa de amigos (Júlia)

...........................................

65  

Capítulo 12 – Friendzone (Alisson

)

.....................................................

69  

Capítulo 13 – Desabafos (Alisson)

......................................................

77  

Capítulo 14 – Uma conversa que não terminou bem (Alisson

)

..........

85  

Capítulo 15 – No hospital (Júlia

)

.........................................................

88  

Capítulo 16 – Descobrindo a verdade (Júlia

)

......................................

93  

Capítulo 17 – Decepcionada (Júlia)

....................................................

98  

Capítulo 18 – Cuidando da Júlia (Alisson)

.........................................

105  

Capítulo 19 – Relembrando o passado (Júlia)

..................................

111  

Capítulo 20 – A Volta do Românꢀco Anônimo (Alisson)

..................

119  

Capítulo 21 – Pistas (Júlia)

................................................................

124  

Capítulo 22 – Visita na faculdade (Alisson)

.......................................

129  

3

Capítulo 23 – A festa da Brenda (Alisson)

.........................................

136  

Capítulo 24 – A declaração do Românꢀco Anônimo (Júlia)

..............

143  

Capítulo 25 – Convite para um encontro (Alisson

)

...........................

147  

Capítulo 26 – Primeiro Encontro (Alisson)

........................................

153  

Capítulo 27 – Um dia no parque de diversões (Júlia)

.......................

159  

Capítulo 28 – Pedido de namoro (Alisson)

.......................................

164  

Capítulo 29 – Almoço em família (Júlia)

...........................................

169  

Capítulo 30 – O Aniversário da Francine (Alisson)

............................

174  

Capítulo 31 – Ela precisa de mim (Alisson)

.......................................

179  

Capítulo 32 – A intriga (Alisson)

.......................................................

184  

Capítulo 33 – Me perdoa (Júlia)

........................................................

192  

Capítulo 34 – Comemorando a reconciliação (Alisson

)

....................

199  

Capítulo 35 – Um domingo diferente (Júlia)

.....................................

204  

Capítulo 36 – O início de um pesadelo (Alisson)

..............................

208  

Capítulo 37 – Sequestrados (Alisson)

...............................................

214  

Capítulo 38 – A perseguição (Júlia)

...................................................

220  

Capítulo 39 – Ele acordou (Júlia)

......................................................

226  

Capítulo 40 – O aniversário da Júlia (Alisson)

...................................

231  

Capítulo 41 – Pedido de casamento (Alisson)

..................................

237  

Epilogo (Alisson)

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244  

Agradecimentos

................................................................................

250  

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Playlist  

Bruno Mars - Count on Me  

Ed Sheeran - Perfect  

Lou Garcia - Se não fosse tão tarde  

Marcos e Belutti - Romântico Anônimo  

Pharrell Williams - Happy  

James Arthur - Can I Be Him  

We The Kings - Sad Song  

Fernando e Sorocaba - Te cuido em Silêncio  

Marcos e Belutti - Eu Era  

Kell Smith - Era uma vez  

Jorge e Mateus - Aí já era  

Alok - Don't Cry For Me  

Chitãozinho e Xororó com Ana Castela - Sinônimos  

Matheus e Kauan - Nessas Horas  

Biollo -

V

a

i virar rotina  

Convite de Casamento  

Black Eyed Peas - The Time Of My Life  

F.R David - Words Don't Come Easy  

Billy Preston - I'm Never Gonna Say Goodbye  

Cindy Lauper - Girls Just Wanna Have Fun  

The Archies - Sugar Sugar  

Modern Talking - Brother Louie  

Modern Talking - Cherry Cherry Lady  

Modern Talking -

Y

o

u're My Heart,

Y

o

u're My Soul  

Matheus e Kauan - Amor sem medida  

Coldplay - The Scientist  

Shawn Mendes - Never Be Alone  

Ed Sheeran feat. Justin Bieber – I Don’t Care  

Ed Sheeran – Tenerife Sea  

Ed Sheeran – Friends  

Bryan Behr – A vida é boa com você  

Fernando e Sorocaba – Galera do Chapéu  

5

Chitãozinho e Xororó – Evidencias  

Chitãozinho e Xororó – Página de Amigos  

Inquilina de Violeiro  

Almir Sater – Tocando em Frente  

Fernando e Sorocaba – Melhor Lugar  

Pedro Henrique e Matheus – Casa Comigo?  

Hugo Henrique e Marilia Mendonça – Só falta você aceitar  

Eduardo Costa – Amor de Violeiro  

Marcos e Belutti – Mais um ano juntos  

Jason Derulo – Marry Me  

Edson e Hudson – Foi Deus  

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Prólogo (Júlia)  

Quando somos crianças tudo o que queremos é chegar a tão  

sonhada idade de dezoito anos para podermos fazer coisas que  

não podíamos antes como dirigir, ter mais liberdade para sair, ir  

às festas mais legais, se apaixonar..., mas a realidade é bem  

diferente quando realmente chegamos lá. E aí começamos ter a  

vontade de voltar no tempo e aproveitar melhor cada momento de  

uma das melhores fases de nossas vidas que nunca voltará.  

Posso dizer que aproveitei bem cada segundo da minha infância,  

mas como toda criança eu também sonhava com esse dia. E  

sonhava também em conhecer meu grande amor e viver uma linda  

história de amor assim como as princesas das histórias que  

costumava ler. Eu só não sabia ainda que para ter o meu conto de  

fadas primeiro precisaria passar por algumas experiências ruins e  

que meu verdadeiro amor estaria mais perto do que eu poderia  

imaginar.  

O meu conto de fadas começou a mais ou menos uns dez anos,  

quando eu ainda era uma criança. Eu era aquela menina  

branquinha, de cabelos castanhos escuros e olhos cor de mel, que  

estava sentada em um dos bancos da escola em que estudava. E  

eu estava sozinha observando as crianças correndo para todos os  

lados, triste por ver tantas crianças em seus grupinhos e saber que  

não pertencia a nenhum deles. Apesar da minha timidez eu sentia  

falta de ter amigos. O sol batia em meu rosto quando um menino  

mais alto, magro e de pele clara, de olhos e cabelos pretos, se  

aproximou e sentou ao meu lado no banco.  

–

Oi. - Falou ele dando um leve sorriso.  

–

Oi. - Falei direcionando meu olhar para ele e sorri também  

tentando demonstrar minha simpatia.  

7

–

Porque você está aqui sozinha?

–

Perguntou ele, parecendo  

curioso, enquanto observava os grupinhos de amigos por todos os  

lados também.  

–

Eu sou muito tímida então não tenho amigos aqui na escola. -  

Falei e fiz uma carinha triste.

–

As vezes penso em como seria  

bom ter amigos também.  

–

Eu acabei de me mudar para essa cidade.

–

Falou ele, parecendo  

estar com a intenção de tentar me animar de alguma maneira.

–

É  

o meu primeiro dia nesse colégio então também não tenho amigos  

aqui.  

–

Você quer ser meu amigo?

–

Perguntei, de repente, tendo essa  

ideia e com certeza o surpreendi com a pergunta repentina. Eu o  

olhava esperançosa, torcendo para que ele quisesse ser meu  

amigo.  

–

Eu quero sim.

–

Falou ele dando um enorme sorriso e eu sorri  

também.

–

Eu com certeza quero uma amiga.  

–

Então agora eu tenho um amigo?

–

Falei toda empolgada com a  

novidade e alarguei ainda mais o sorriso.

–

Eu não vou ser mais a  

garota estranha que está sempre sozinha pelos cantos da escola?  

–

É isso mesmo. Agora você é minha nova amiga e isso é muito  

legal.

–

Falou ele também sorrindo empolgado com a novidade.

–  

Não acredito que fiz uma amiga no meu primeiro dia de aula. Eu  

estou muito feliz.  

–

Isso é legal demais.

–

Falei.

–

Eu estou feliz demais.  

–

Qual é o seu nome?

–

Perguntou ele percebendo que ainda não  

tinha feito a pergunta principal para se iniciar uma nova amizade.  

E eu tinha ficado tão empolgada que também tinha esquecido  

desse pequeno detalhe que na verdade é super importante.  

–

O meu nome é Júlia.

–

Falei.  

–

Seu nome é muito bonito.

–

Falou ele.  

–

Obrigada. - Falei sorrindo.

–

E o seu nome?  

–

O meu nome é Alisson.

–

Falou ele e começou a mexer em sua  

mochila de onde ele logo tirou o seu lanche. E foi aí que ele  

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percebeu que eu não estava comendo o meu lanche.

–

Porque você  

não está aproveitando o recreio para comer alguma coisa?  

–

É que eu esqueci a minha lancheira em casa.

–

Falei com o  

sorriso sumindo e fazendo uma carinha triste.  

–

Vamos dividir.

–

Falou Alisson e antes que eu pudesse falar  

alguma coisa ele repartiu seu lanche ao meio, me surpreendendo  

com essa atitude.  

–

Não precisa.

–

Falei, afinal não queria que ele ficasse com fome  

para dividir o lanche comigo. Não era justo.  

–

Precisa sim.

–

Insistiu ele.

–

Eu não posso deixar você aí com  

fome. Não quero que fique passando mal.  

–

Tem certeza?

–

Perguntei ainda não convencida a aceitar o  

lanche, mesmo estando com muita fome.  

–

Tenho certeza.

–

Respondeu ele demonstrando o seu grande  

coração e aproximou mais o lanche de mim.  

–

Então ta.

–

Falei e finalmente peguei o lanche da mão dele.

–  

Obrigada Alisson. Você é muito gentil.  

–

De nada Júlia.

–

Falou ele e nós começamos a comer nossas  

metades do sanduíche de presunto e queijo.  

Depois do lanche nós ficamos ali conversando durante todo o  

recreio e no dia seguinte ele me deu um lindo girassol artificial  

me dizendo que era para mim sempre me lembrar dele e de nossa  

amizade.  

A partir desses momentos nós começamos a ficar juntos em todos  

os recreios e finalmente eu fazia parte de um grupo, mesmo que  

nós fossemos, na verdade, uma dupla. Nós inventávamos várias  

brincadeiras e nos divertíamos juntos parecendo até que já nos  

conhecíamos a muitos anos. Era sempre muito bom ter a  

companhia dele por perto.  

O Alisson era sempre muito cuidadoso, como no dia em que  

estávamos brincando de esconder e quando fui correr acabei  

caindo e ralando o joelho.  

–

Júlia.

–

Gritou Alisson correndo até mim que estava sentada no  

chão e ele logo se agachou do meu lado.  

9

–

Está doendo.

–

Falei olhando para o machucado enquanto as  

lágrimas escorriam pelo meu rosto.  

–

Nós vamos cuidar disso.

–

Falou Alisson e começou a procurar  

algo em sua mochila todo apressado.  

–

O que você está procurando?

–

Perguntei com certa curiosidade  

enquanto fazia caretas de dor.  

–

Estou procurando um daqueles curativos adesivos.

–

Falou ele  

e finalmente encontrou o que precisava.

–

Minha mãe sempre  

coloca alguns na minha mochila porque eu sou um pouquinho  

desastrado.  

–

Então somos dois desastrados.

–

Falei desanimada e o Alisson  

colocou o curativo no ralado do meu joelho. Em seguida ele deu  

um beijinho no curativo.  

–

Logo vai sarar.

–

Falou ele sorrindo e secou algumas lágrimas  

do meu rosto com suas mãos.

 

–

Vai ficar tudo bem. Logo esse  

machucado vai sarar e você vai dar risada quando se lembrar  

desse momento aqui.  

–

Obrigada Alisson.

–

Falei dando um sorriso entre as lágrimas.

–  

Eu tenho sorte de ter a sua amizade.  

–

De nada. É para isso que servem os amigos também.

–

Falou ele  

e eu o abracei.

–

Eu sempre vou te ajudar. E eu que tenho sorte de  

ser seu amigo.  

–

Você também pode contar sempre com a minha ajuda Alisson.  

–

Falei e nós sorrimos um para o outro.  

Os anos foram se passando e a nossa amizade foi crescendo cada  

vez mais. Aos dezesseis anos nós éramos melhores amigos e  

confidentes. Sabíamos que sempre poderíamos contar um com o  

outro, nos melhores e piores momentos, e sempre percebíamos  

quando um estava mal e precisava de ajuda.  

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Capítulo 1 - O Romântico Anônimo (Alisson)  

Não sei dizer ao certo quando foi que a minha amizade com a  

Júlia começou a se tornar algo a mais para mim. Não sei dizer ao  

certo quando foi que eu me apaixonei por ela. Seus cabelos pretos  

e lisos, que batiam mais ou menos na altura dos ombros, eram  

perfeitos e macios, seus olhos cor de mel tinham um brilho  

diferente dos demais e seu sorriso me encantava. Eu sabia que  

aquela mulher baixinha e magrinha era linda demais, mas sabia  

também que o que eu estava sentindo por ela ia muito além de  

todas as suas essas suas características físicas. Eu amava também  

o seu interior que era igualmente lindo, preenchido com muita  

bondade e bons sentimentos.  

Talvez tenha sido na primeira vez que eu a ouvi cantar, com sua  

voz encantadora, a música Count On me do Bruno Mars, no meu  

aniversário e me fazer chorar emocionado.  

A minha festa já tinha começado a mais ou menos uma hora e ela  

ainda não tinha chegado. Eu comecei a ficar preocupado  

imaginando se teria acontecido alguma coisa, pois ela não  

deixaria de vir no meu aniversário a não ser que tivesse um bom  

motivo.  

–

Gente agora eu preciso de um pouco da atenção de todos.

–  

Falou Emily batendo palmas em frente a escada da minha casa  

para chamar a atenção de todos os convidados.

–

Nós preparamos  

uma linda surpresa para o nosso aniversariante.  

–

Surpresa para mim? - Perguntei meio sem reação, mas com certa  

curiosidade sobre a surpresa.  

E foi aí que a Júlia começou a descer as escadas da minha casa e  

ela estava maravilhosa naquele vestido vermelho, que ia mais ou  

menos até o joelho, e que contrastava perfeitamente com o tom  

de sua pele. Eu sabia que ela era bonita, mas nunca tinha reparado  

que era tanto assim. Sorri feito bobo quando ela começou a cantar  

uma música especial para mim.  

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Assim que terminou de descer as escadas ela ficou de frente para  

mim e continuou cantando enquanto eu já estava com os olhos  

marejados. Eu sempre fui muito emotivo, ainda mais quando se  

tratava  

dela.  

Logo percebi que a Júlia também estava emocionada, com os  

olhos marejados, e quando terminou de cantar a música ela me  

abraçou bem forte enquanto todos começaram a aplaudir.  

–

Feliz Aniversário.

–

Falou ela no meu ouvido.  

–

Obrigada. - Falei sorrindo muito em meio as lágrimas.

–  

Obrigada também pela surpresa linda.  

–

Você gostou da surpresa?

–

Perguntou ela também sorrindo em  

meio as lágrimas quando terminamos o abraço e nós nos olhamos  

bem nos olhos um do outro.  

–

Eu amei demais.

–

Falei.

–

Você é a melhor amiga que alguém  

poderia ter, em todos os sentidos de amizade. Eu sou muito  

sortudo por ter você comigo.  

–

Eu que tenho sorte de ter você como meu melhor amigo.

–

Falou  

ela e nós ficamos sorrindo um para o outro em meio a tantas  

lágrimas emocionadas.  

–

Assim eu vou acabar chorando junto.

–

Falou Emily, já  

deixando uma lágrima escorrer, e nós rimos.  

–

Abraço conjunto.

–

Falou Rafael e nós quatro nos abraçamos  

bem forte, um abraço cheio de carinho.  

Ou talvez tenha sido naquele show do Ed Sheeran, que ela  

também estava maravilhosa e nós começamos a dançar  

abraçadinhos, sem nenhuma segunda intenção, a música Perfect.  

E tudo estava sendo assim mesmo: o momento perfeito, com a  

pessoa perfeita. É claro que eu sei que ninguém é perfeito, mas  

ainda estou tentando encontrar um defeito nela. Seria esse mais  

um sinal de que eu estava me apaixonando?  

Talvez sim já que rolou um clima e nós quase nos beijamos, mas  

Emily interrompeu o nosso momento.  

Nós estávamos dançando abraçadinhos quando nós nos olhamos  

bem nos olhos e fui aproximando o meu rosto do dela. Eu não  

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conseguia perceber se ela também queria o beijo, mas estava  

torcendo muito para que a resposta fosse sim. Nós ficamos bem  

próximos, podíamos sentir a respiração um do outro, mas nosso  

momento foi interrompido por Emily que esbarrou em nós  

atrapalhando o momento perfeito.  

–

Desculpa gente.

–

Falou ela nos olhando.

–

Foi sem querer. Eu  

tropecei e não deu para evitar. Desculpa.  

–

Está tudo bem.

–

Falei começando a rir.

–

Fica calma.  

–

Essas coisas acontecem.

–

Falou Júlia toda compreensiva.  

Fiquei com medo de que tudo ficasse estranho entre a gente  

depois desse quase beijo, mas Júlia não deixou que isso  

acontecesse. Eu não queria perder a amizade dela e esse é um dos  

motivos de ela não saber até hoje dos meus sentimentos.  

Eu realmente não sei exatamente quando foi que me apaixonei,  

foi algo que foi acontecendo naturalmente e quando percebi já  

estava apaixonado.  

Eu queria poder dizer a ela tudo o que sinto, mas o medo de perder  

a amizade dela, caso não fosse correspondido, ainda me deixava  

muito inseguro. E foi aí que o Romântico Anônimo apareceu.  

Pensei que escrever cartas sobre meus sentimentos e enviar para  

ela sem o remetente seria uma boa maneira de ver como ela  

reagiria aos meus sentimentos por ela, mesmo sem saber que era  

eu. E eu fiquei muito feliz e esperançoso ao perceber que ela  

gostava de tudo o que eu escrevia e também estava amando essa  

história de ter um admirador secreto, bem no estilo das comédias  

românticas que ela amava assistir. E eu só conseguia ficar mais  

esperançoso de que um dia pudéssemos ficar juntos.  

A primeira carta foi deixada em cima da mesa dela na sala de aula,  

antes de todos os alunos entrarem. Quando ela viu o envelope  

vermelho com um coração dourado olhou para ele com certa  

curiosidade.  

–

O que é isso?

–

Perguntou Emily quando viu a Júlia pegando o  

envelope de cima da mesa.  

13  

–

Parece que me mandaram uma carta.

–

Falou a Júlia já abrindo  

o envelope para ver do que se tratava.  

–

Com tantas tecnologias para comunicação ainda tem gente que  

escreve cartas?

–

Perguntou Rafael parecendo surpreso.

–

Isso já  

está ultrapassado.  

–

Parece que tem gente que ainda escreve cartas sim.

–

Respondeu  

Emily e sorriu empolgada com a ideia.  

–

Eu acho fofo e romântico.

–

Falou Júlia fazendo meu coração  

acelerar.

–

E uma carta é algo que podemos guardar para sempre.  

Um e-mail ou mensagem no celular pode acabar se perdendo no  

tempo.  

–

Isso até que faz sentido.

–

Falou Emily pensando um pouco  

sobre o assunto. - E a carta você ainda pode ler e sentir a sua  

textura na mão quando quiser.  

–

Claro que faz sentido.

–

Falou Júlia.

–

As tecnologias estão  

muito avançadas sim, mas não estão livres de ter problemas. E  

com esses problemas podemos perder alguns arquivos e coisas  

importantes.  

–

Vendo por esse lado você tem mesmo razão.

–

Falou Rafael  

pensativo e eu fiquei sorrindo discretamente ao ver o enorme  

sorriso no rosto dela. Ela tinha gostado muito de receber uma  

carta e eu percebi que tinha feito a escolha certa ao não ignorar  

essa ideia.  

–

O que diz a carta?

–

Perguntou Emily com certa curiosidade  

enquanto a Júlia desdobrava a carta.  

–

Vou ler.

–

Falou Júlia e começou a ler a carta em voz alta para  

que os amigos pudessem ouvir.  

Eu sei que sempre tenho você comigo. Mas queria deixar de ser  

somente um grande amigo. Queria arrumar um espacinho no seu  

coração. Para poder te amar de montão. Seu Romântico Anônimo.  

14  

–

Aí que fofo.

–

Falou Emily sorrindo.

–

Ele escreveu um versinho  

apaixonado para você amiga. Que lindo.  

Júlia estava com um enorme sorriso no rosto e eu não conseguia  

parar de sorrir com essa reação dela, não conseguia conter minha  

felicidade, mas sabia que precisava disfarçar por enquanto.  

–

Parece que você tem um admirador secreto.

–

Falei participando  

finalmente da conversa.  

–

Parece que sim.

–

Falou Júlia ainda sorrindo muito.  

–

Você não faz ideia de quem pode ser ele?

–

Perguntou Emily a  

olhando.  

Meu coração começou a bater mais acelerado e fiquei ansioso  

pela resposta dela. Queria muito saber se ela já tinha percebido  

alguma coisa sobre meus sentimentos ou se eu realmente escondia  

muito bem.  

–

Eu não faço a mínima ideia de quem possa ser.

–

Falou ela.

–  

Mas eu sei que amei a surpresa e estou muito curiosa para  

descobrir quem é ele.  

–

Você só vai conseguir saber quem é ele quando ele criar  

coragem de se declarar pessoalmente.

–

Falou Emily.

–

E uma  

hora ele vai precisar criar coragem.  

–

Isso é verdade.

–

Concordou Júlia e sorriu mais uma vez.

–  

Então, enquanto isso, eu vou ficar sonhando com a minha história  

de contos de fada.  

A reação da Júlia me encorajou a continuar escrevendo então o  

Romântico Anônimo enviou várias outras cartas para ela, que  

estava ficando cada dia mais curiosa para saber quem era o rapaz  

que tinha sentimentos tão lindos por ela.  

15  

Capítulo 2- Amizade

V

erdadeira (Júlia)  

Eu tenho muita sorte por ter o Alisson como meu melhor amigo  

da vida toda. Era incrível como nossa amizade só se fortalecia  

cada vez mais com o passar do tempo. Era bom demais saber que  

tinha uma pessoa assim com quem poderia contar em todos os  

momentos da minha vida, sejam eles bons ou ruins.  

Só um amigo de verdade perderia o seu fim de semana todo no  

hospital comigo, cuidando de mim por causa de uma pneumonia  

que eu tive. E quantas vezes ele adormeceu ao meu lado  

segurando a minha mão depois de eu ter tido um pesadelo e  

acordar assustada chorando. Eu sabia que sempre poderia ligar  

para ele depois de um pesadelo que ele viria correndo ou ao  

menos ficaria comigo no telefone conversando para me acalmar  

até que eu adormecesse outra vez ouvindo sua voz calma.  

Ele era uma das poucas pessoas que sabia a causa dos meus  

pesadelos e também sabia exatamente como conseguir me  

acalmar depois de cada um deles. Sempre que tinha uma  

oportunidade ele também tentava me ajudar a superar esse  

trauma.  

Eu estava me arrumando para ir com ele a um karaokê que tinha  

aberto na cidade e estava relembrando de vários outros momentos  

assim que tivemos durante todos esses anos de amizade.  

Acabei me lembrando do dia em que eu estava passando máscara  

preta para espinhas no rosto e ele quis passar também para ver  

como era. Nós tiramos várias fotos e foi muito engraçado ele  

dando gritinhos na hora de tirar a máscara da cara. E mais  

engraçado ainda foi a indignação dele quando percebeu que a tal  

máscara não era muito boa.  

Eu comecei a rir sozinha me lembrando dessa cena e outras  

lembranças já vieram a memória. Fiquei me lembrando das nossas  

risadas vendo filmes de comédia com pipoca, nossos passeios de  

bicicleta, a gente dançando tudo errado e rindo muito jogando