Livros: Segundo Volume
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Livros - Alberto Calixto Mattar Filho
Sumário
CAPA
A barca dos amantes, de Antonio Barreto
A literatura de Luiz Gonzaga Lopes
A literatura do nocaute
A morte em Veneza, de Thomas Mann
A peste, de Albert Camus
A terceira margem do rio, de Guimarães Rosa
A última tentação de Cristo, de Nikos Kazantzakis
Algo mais sobre Kafka
Algo mais sobre Machado de Assis
Angústia,de Graciliano Ramos
Arquipélago Gulag, de A. Soljenítsin (I)
Arquipélago Gulag, de A. Soljenítsin (II)
As personagens de Dostoiévski
Batismo de fogo, de Mário Vargas Lhosa
Cartas a um jovem poeta, de Rainer Maria Rilke
Chamem o Dr. Simão Bacamarte
Conselheiro Aires, extraordinário personagem de Machado de Assis
Considerações sobre Tchekhov
Coração das trevas, um clássico de Joseph Conrad
Cyrano de Bergerac, de Edmond Rostand
Dostoiévski sempre
Enclausurado, de McEwan
Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago
Excepcionais memórias de Nelson Rodrigues
Experiência com a literatura de Elena Ferrante
Experiência com Philip Roth
Fausto, de Goethe
Feliz ano velho, de Marcelo Rubens Paiva
Flashes da literatura de Rubem Fonseca
Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa
História da solidão e dos solitários, de Georges Minois
Lavoura arcaica, de Raduan Nassar
Macbeth, de Shakespeare
Memorial do convento, de José Saramago
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida
Memórias literárias sobre Adão Ventura
Negrinha e Baleia, dois contos clássicos
O amante, de Marguerite Duras
O clássico Ana Karênina, de Tolstói
O conto A igreja do diabo, de Machado de Assis
O diário de Anne Frank
O estrangeiro, um clássico de Albert Camus
O extraordinário A montanha mágica, de Thomas Mann
O extraordinário A montanha mágica, notas finais
O leitor, de Bernhard Schlink
O morro dos ventos uivantes, de Emily Brontë
O processo, um clássico de Kafka
O Quinze, um clássico de Rachel de Queiroz
O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde
O último dia de um condenado, de Victor Hugo
Os Buddenbrook, de Thomas Mann
Pais e filhos, de Turguêniev
Resgatando Clarice Lispector
Ressurreição, de Tolstói
Tributo a Gabriel García Márquez
Um copo de cólera, de Raduan Nassar
Um dos contos clássicos de Guimarães Rosa
Um passeio pelos Sermões do Padre Antônio Vieira
Um pouco de Lygia Fagundes Telles
Um tratado sobre a escravidão
SOBRE O AUTOR
SOBRE A OBRA
CONTRACAPA
Livros
Segundo volume
Editora Appris Ltda.
1.ª Edição - Copyright© 2023 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98. Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores. Foi realizado o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nos 10.994, de 14/12/2004, e 12.192, de 14/01/2010.
Catalogação na Fonte
Elaborado por: Josefina A. S. Guedes
Bibliotecária CRB 9/870
Livro de acordo com a normalização técnica da ABNT
Editora e Livraria Appris Ltda.
Av. Manoel Ribas, 2265 – Mercês
Curitiba/PR – CEP: 80810-002
Tel. (41) 3156 - 4731
www.editoraappris.com.br
Printed in Brazil
Impresso no Brasil
Alberto Calixto Mattar Filho
Livros
Segundo volume
Às memórias
de meu pai, Alberto Calixto Mattar,
e de minha mãe, Dulce Seraphim Figueiredo Mattar.
À Maria Lúcia,
Ulysses e Rodrigo.
A todos que consideram a leitura parte essencial da vida.
Apresentação
Temos certas paixões na vida que se transformam em atos necessários. Uma forma de dependência. Como manifestei na primeira edição do meu livro, ler e escrever me movem há décadas. Assim, a experiência com grandes escritores, ao longo dos anos, me provocou o desejo de compartilhar com vocês o máximo do que assimilei em tantas leituras.
Em minha trajetória, o exemplo do meu pai, Alberto Calixto Mattar, foi de extrema importância. Embora homem de formação escolar primária, que se viu obrigado, por circunstâncias de época, a sobreviver e crescer de maneira precoce nos árduos caminhos do trabalho, Beto possuía sensibilidade ímpar, porque tinha seus livros, assinava seu jornal e até escrevia seus diários.
Sempre se diz que os pais devem nortear os filhos não somente por palavras, mas por exemplos. Aqui, reconheço que a inspiração que o velho Beto me trouxe reside sobretudo em suas ações solitárias de ler e escrever. Ainda criança, jamais deixei de observá-las.
Já na adolescência, procurei então exercer a escrita em um jornal dos anos 70, O Sudoeste, um bissemanário de Passos-MG, que pertencia a um amigo e vizinho de meu pai, o jornalista José Pelegrino. Ali, por generosidade de Pelegrino, arrisquei, por um certo período, pequenas matérias sobre nosso time de futebol de adolescentes daqueles anos.
Tempos após, com meus 20 e poucos anos, o ato de escrever começou a se tornar realmente imperioso para mim. Era época em que já havia, também em Passos-MG, um diário regional, a Folha da Manhã. Comecei, então, a enviar meus textos para uma coluna da Folha, própria às livres opiniões sobre quaisquer temas.
Dos inúmeros que escrevi, muitos são sobre livros que envolvem nomes consagrados e emergentes na história da literatura. São textos que possuem uma característica essencial: jamais perderão a atualidade ou sofrerão os efeitos dos fatos cotidianos que se diluem ao sabor dos ventos.
A literatura representa, portanto, valor inestimável, e gigantes como Machado de Assis, Dostoiévski, Guimarães Rosa e Thomas Maan, dentre muitos, estão sempre aptos a nos transmitir algo permanente e profundo.
Digo mais: a literatura possui como objeto a própria vida, com seus mistérios, conflitos, dores, prazeres, complexidades. E a imaginação de grandes escritores nos conduz a um vasto panorama da nossa própria existência ao longo dos séculos.
Vocês não estarão diante de teses, estudos, ensaios, mas apenas da simples visão de alguém que ama ler e precisa expandir sua admiração. Ao fim, talvez encontrar parceiros do mesmo amor aos livros.
O autor
A barca dos amantes,
de Antonio Barreto
Muito se tem dito sobre A barca dos amantes, do escritor passense Antonio Barreto. O próprio autor vem sendo convidado para palestras a fim de divulgar a obra, uma vez que esta foi selecionada como uma das que se exigirão no vestibular da UEMG, em 2019.
Recebi-a, com muita honra, do amigo Barreto, quando ele esteve cá em Passos para divulgá-la numa escola local, em dezembro de 2018, e me entreguei, com prazer, à sua leitura.
Desnecessário abordar aqui o vasto currículo de Antonio Barreto, já há anos radicado em Belo Horizonte. Como ele mesmo costuma dizer, após encerrar a carreira em engenharia, passou a se dedicar, exclusivamente, à sua paixão, a literatura.
De qualquer forma, a trajetória de Barreto em campo tão difícil e concorrido como a literatura não deixa de ser um orgulho para Passos. Já com livros e prêmios em sua trajetória, a reedição de A Barca dos Amantes, que foi escrita inicialmente há 35 anos, e a sua inclusão em um importante vestibular, consolidam o reconhecimento que se lhe devota nos meios literários.
Não me cabe fazer nenhuma análise tão profunda da obra. Como dito, tal já vem sendo realizado pelo próprio autor nas referidas palestras de divulgação. Mas posso assegurar a vocês que se trata de uma bela obra, cuja leitura envolve a quem se aventura do início ao fim de suas 175 páginas.
Apesar do inegável valor de análises e opiniões abalizadas para a repercussão de um livro, uma das coisas que se tornam mais importantes para um escritor é atingir o público em geral, mesmo aqueles que não são versados em literatura e não conheçam suficientemente as circunstâncias que envolvem a história contada.
Ao saber contar ou criar a história, o escritor vai ao encontro do público, alarga as dimensões de sua obra e adquire o louvor dos leitores, aspectos sem os quais restarão muitas lacunas a incomodá-lo. Trata-se do eterno binômio escritor/leitor, em que quem escreve precisa de quem penetre as páginas de sua obra.
Nutro, pois, a certeza de que aqueles que gostam de ler, ainda que não conheçam a fundo o que existe de história em A barca dos amantes, serão recompensados, porque estamos perante um ótimo livro. Além de muito bem escrito, estimula o leitor a fazer uma viagem na própria história do Brasil, quando o transporta para a Vila Rica colonial do século XVIII.
Sim, porque o enredo de A barca dos amantes está envolto em fatos que construíram o Brasil em séculos passados, daí ser a obra enquadrada como romance histórico, uma vez que aborda, em meio às circunstâncias políticas do Brasil colônia, o amor entre Tomás Antônio Gonzaga, o Dirceu, e Maria Doroteia Joaquina de Seixas, a Marília. Em suma, o romance entre Marília e Dirceu ou Dirceu e Marília, já tão bem decantado nos versos do próprio poeta arcádico e revolucionário Tomás Antônio Gonzaga, que, no livro, aparece como protagonista.
Barreto vai em busca de farta bibliografia para retratar o amor entre ambos. Tomás, como se sabe, era um dos insurgentes da Inconfidência Mineira contra a dominação e exploração de Portugal. Após a descoberta dos planos dos inconfidentes, ele é enviado ao exílio em Moçambique, enquanto, em Vila Rica, no bojo de outras punições, Tiradentes acaba na forca, fato a que se dá destaque, de maneira brilhante, num dos capítulos.
O que se tem, portanto, em A barca dos amantes, é a criação literária para retratar circunstâncias históricas, ou, quem sabe, o proveito de circunstâncias históricas para fazer literatura. Surge, em consequência, uma extraordinária simbiose, em que a história e a literatura, não importa a ordem, interpenetram-se, de modo a despertar não só o senso literário, mas o desejo de melhor conhecer os fatos históricos.
Quanto ao título da obra, refere-se a uma lenda sobre a eternidade do amor, com base em uma simbologia dos mares que remonta a séculos passados, cujo esclarecimento vem entre as páginas 16 e 17, antes do início do romance em si.
No seio dos elogios registrados na orelha da edição por grandes nomes, transcrevo parte das palavras de um consagrado escritor brasileiro, Moacyr Scliar: Trata-se seguramente de um dos romances históricos mais criativos que já foram produzidos no Brasil [...]
A literatura de Luiz Gonzaga Lopes
Ao remexer antigos escritos, dentre textos jornalísticos e correspondências, estas quando o gênero ainda ocorria com muito mais frequência do que hoje — afinal, eram os anos 2003/2004 —, eis que deparo com pequenas cartas datilografadas de Luiz Gonzaga Lopes, um escritor nascido em Campina Grande, na Paraíba, mas radicado em Recife, mais precisamente na grande Recife.
Quem nos pusera em contato foi um amigo em comum, o Toscano, grande parceiro com quem tive o prazer de conviver nos anos em que ele integrou os quadros da Justiça do Trabalho. Toscano, que viveu por mais de oito décadas e sob uma energia ímpar, já nos deixou tempos atrás. Além das tarefas na Justiça, nutríamos a paixão pela literatura.
Sempre que um livro ou artigo jornalístico lhe chamava a atenção, logo corria ao telefone, a me procurar para longas conversas a respeito da obra ou do texto. Era um sujeito divertido, um tanto quanto obsessivo e perfeccionista, mas culto e bem-informado. Por tais motivos, em meio àquele convívio no mundo dos textos, resolveu enviar alguns artigos que eu já escrevia aqui na Folha — no caso, os relativos a obras literárias —, para seu velho amigo, o escritor Luiz Gonzaga Lopes. Toscano também era nordestino.
Desde então, uma vez estabelecida a ponte, Gonzaga Lopes começou a me remeter alguns de seus livros então publicados nos círculos de sua carreira literária, que já dava sinais de fôlego suficiente para progredir. Assim, ele me encaminhou, em diferentes momentos e via Toscano, quatro de suas obras: Competição, Somos iguais, Abençoada maldição e Página de um diário rasgado, todos pela Edições Edificantes.
Além do autógrafo em cada um, no interior das páginas, vinha sempre uma pequena carta datilografada, com dizeres elegantes e a elogiar meus artigos que lhe havia enviado o Toscano. Gonzaga me tratava por jornalista Alberto
e me solicitava, delicadamente, ao final das correspondências, que lhe emitisse, caso possível, uma pequena avaliação dos livros que me remetera.
Cumpri os desígnios. Uma vez terminada a leitura, eu lhe dirigia um e-mail com os agradecimentos de praxe e tecendo considerações positivas sobre as obras.
Não tenho dúvidas de que é maravilhoso o caminho que o universo literário nos propicia. Não tenho dúvidas de que necessitamos nos desenvolver sempre mais no campo da leitura e, em consequência, da expressão verbal, do pensamento, da cultura e da escrita. O Brasil precisa aumentar seus índices de leitores. Passos precisa aumentar seus índices de leitores.
Ao rever agora, anos depois, os brindes de Luiz Gonzaga, percebo novamente o bom conceito que lhe devotavam membros do meio literário, como outros escritores e intelectuais da área educativa. Página rasgada de um diário, a propósito, foi adotado por professores brasileiros que ministravam aulas de Português em uma universidade da Philadelphia, nos Estados Unidos. A professora Leonor Oliveira, um dos membros, se disse encantada.
Em geral, toda a sua obra transita por romances, contos e poemas. No entanto, como muitos, não viveu somente da carreira de escritor. Além de ter trabalhado no Banco do Brasil, desempenhou funções como economista em empresas e atuou também na área pedagógica, ao ensinar a matéria em nível superior.
Apesar das diversas vertentes profissionais, creio que sua devoção pela literatura foi maior. Aliás, quem se entrega mesmo ao ofício