Vamos Ler!: Um Cânone para o Leitor Relutante
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Sobre este e-book
Eugénio Lisboa
Nasceu em Moçambique (Lourenço Marques), em 1930, fez aí o liceu e licenciou-se em Engenharia Electrotécnica no Instituto Superior Técnico, em Lisboa. Regressando a Lourenço Marques em 1955, aí trabalhou como engenheiro, na Câmara Municipal da Beira, tendo antes feito o cálculo da rede de iluminação pública da cidade de Lourenço Marques. A partir de 1958 e até 1976, passou a trabalhar na indústria petrolífera (TOTAL, SONAP e SONAREP). Simultaneamente a esta actividade profissional, dedicou-se a uma intensa actividade cultural, em jornais, rádio e cineclube. Ensinou Análise da Narrativa e Literatura Portuguesa nas universidades de Lourenço Marques e Pretória (UNISA). Entre 1976 e 1995, ensinou na Universidade de Estocolmo e foi conselheiro cultural na embaixada de Portugal em Londres (17 anos). Foi presidente da Comissão Nacional da UNESCO (1995- -1998) e professor catedrático visitante da Universidade de Aveiro. Tem uma vasta obra ensaística, três livros de poesia, seis volumes de memórias e três de diários. Teve prémios literários na poesia, no ensaísmo e no memorialismo. É doutor honoris causa pelas universidades de Nottingham e de Aveiro.
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Vamos Ler! - Eugénio Lisboa
Vamos ler!
Título: Vamos Ler! – Um Cânone para o Leitor Relutante
Autor: Eugénio Lisboa
© Autor e Guerra e Paz, Editores, Lda, 2021
Reservados todos os direitos
A presente edição não segue a grafia do novo acordo ortográfico.
Revisão:
Inês Figueiras
Design: Ilídio J.B. Vasco
Isbn: 978-989-702-625-6
Guerra e Paz, Editores, Lda
R. Conde de Redondo, 8–5.º Esq.
1150-105 Lisboa
Tel.: 213 144 488 / Fax: 213 144 489
E-mail: guerraepaz@guerraepaz.pt
www.guerraepaz.pt
A Isabel Ponce de Leão,
boa e dedicada Amiga
À Paula Santa-Rita, boa Amiga
e conterrânea
Ao Luís Amorim de Sousa e à Mary,
velhos Amigos, com diáspora dentro
À Ana Madureira, boa Amiga
em Londres e em Lisboa
E, last but not least,
a Maria José Vieira de Sousa,
boa e dedicada Amiga, que
tanto me tem apoiado e promovido
Nunca conheci uma aflição que uma hora de leitura não tenha aliviado.
Montesquieu
O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.
Mário Quintana
AGRADECIMENTOS
Para ter chegado a este livro, tenho muito que agradecer. E, se calhar, vou deixar de fora quem não devia.
Em suma, agradeço a tudo e a todos os que me deram a oportunidade de ler e me transmitiram, sem dor, o gosto da leitura – a começar por duas excelentes professoras da classe infantil (ainda havia) em Lourenço Marques (hoje, Maputo). Ignorando a palavra «castigo» e conhecendo muito bem a palavra «ternura», as inesquecíveis D. Ernestina Machado e Senhora (viúva) Chaves Maia inocularam-me, muito novo, a brincar e com maternal carinho, o prazer da leitura. Quando entrei para a primária, já sabia ler!
Agradeço também a alguns excepcionais professores do liceu, homens de grande cultura e formidável entusiasmo – Duarte Marques, Domingos Reis Costa, Jaime Rebelo e Maria Luísa Soares –, o vício impune da leitura com que, abençoadamente, me contaminaram.
Agradeço igualmente à revista brasileira Vamos ler! o ter-me proporcionado leituras e aventuras inesquecíveis, desvendando-me escritores que, depois, nunca mais abandonei, numa altura em que não tinha muitos livros a que recorresse.
Agradeço a um generoso colega do meu Pai – Abel Menano – que, possuindo uma enorme biblioteca, me chamou um dia a sua casa e, a pretexto de começar a não ter espaço, me ofereceu um importante acervo de cerca de cem livros e uma estante para os acomodar. Com os livros que já possuía, fiquei assim a ter, a um canto do meu quarto, a minha primeira «biblioteca», com gente variada e excitante, desde os clássicos gregos e romanos, até aos grandes nomes dos séculos xix e xx, oriundos de todo o mundo: portugueses, franceses, ingleses, russos, espanhóis, romenos, indianos… «Afinal, a generosidade existe!», poderia eu dizer, imitando Montherlant, que, já perto do fim da sua vida, descobriu, com assombro, que a bondade existe!
Agradeço ao meu Pai, que, com um orçamento doméstico muito acanhado e às escondidas da minha Mãe, me ia oferecendo livros que ainda guardo, como, por exemplo, as belíssimas Antologias Universais da Portugália Editora.
Agradeço à minha já falecida e inesquecível companheira de 57 anos, a gentilíssima Maria Antonieta, ter gostado de ler tanto como eu e não ter nunca posto obstáculos às longas horas que sempre consagrei ao «vício impune».
Agradeço à minha amiga e livreira, em Lourenço Marques, D. Ivette Santos, o minucioso cuidado com que sempre «separava» e escondia livros que eu «talvez gostasse de ler», e agradeço a todos os bons amigos que por vezes me alertaram para obras que me tinham escapado.
Agradeço aos meus gatos nunca terem objectado a que eu lesse, muito embora tenham sempre objectado a que eu escrevesse. Sem a envolvente amizade deles, a minha bibliografia seria mais extensa, mas a minha vida, menos interessante.
Agradeço ao meu editor Manuel S. Fonseca ter-me sugerido este livro que gostei de escrever e ele me diz ter gostado de ler.
Agradeço à minha excelente revisora Inês Figueiras todo o minucioso cuidado e profissionalismo que pôs na revisão deste livro.
Por fim, agradeço à extinta PIDE, com a sua boçal e brutal vigilância, ter aguçado e apimentado, em mim, o gosto pelas leituras proibidas.
A ABRIR
Este livrinho foi-me sugerido pelo meu editor Manuel S. Fonseca e confesso que logo o achei uma excelente ideia: congeminar um cânone de leitura que, a esta, pudesse atrair pessoas normalmente arredias do acto de ler.
O livro deveria, desde logo, obedecer a algumas restrições:
Não deveria ser demasiado longo.
Logo, não poderia abranger mais do que um certo número de autores e obras. Fixei 35 autores e 50 obras.
Para atrair o leitor relutante, não deveria incluir autores de acesso menos fácil. Não é com vinagre que se apanham moscas.
Tudo visto, vi-me obrigado a erigir um cânone especial, a pensar no alvo visado: a pessoa arredada da leitura. Tive também muita pena de aqui não inserir outros grandes nomes da literatura universal e, em particular, das literaturas brasileira e africanas de língua portuguesa. Mas é evidente que as dimensões do livro impunham travões ao meu desejo, tendo portanto ficado por autores portugueses. Excluir autores como Machado de Assis, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Erico Veríssimo, Jorge Amado, Edgar Poe, Mark Twain, O. Henry, Hemingway, Tolstói (o de Ressurreição ou de A Morte de Ivan Ilitch), Dostoiévski, Turguénev, Voltaire, Stendhal, Balzac, Martin du Gard, Dickens, Charlotte Brontë, George Eliot, Katherine Mansfield, Oscar Wilde, Aldous Huxley ou Thomas Mann (o de Tonio Kröger) corta-me o coração, porque foram autores que alimentaram prodigiosamente a minha juventude de aluno do liceu e, depois deles, nunca nada foi a mesma coisa.
Seja como for, o meu cânone é um cânone para o leitor relutante e não «o meu cânone»: naquele falta muita coisa que inseriria neste. Mas são ausências deliberadas, a poderem, num futuro que se deseja próximo, uma vez ganho o gosto pela leitura, transformar-se em gratas presenças. De qualquer modo, a alguns destes grandes nomes, faço, por vezes, ao longo do meu livro, um amistoso aceno. Pode ser que os futuros leitores por mim «pescados» se lembrem deste aceno e vão tentar explicá-lo…
O título que escolhi para o livro, fui roubá-lo, com gratidão, à revista brasileira de que adiante falo.
Eugénio Lisboa
VAMOS LER!
Quando eu andava pelos meus 11 ou 12 anos, começara havia pouco o liceu, ouvia os meus colegas mais abastados falar, com muito entusiasmo, de livros de Júlio Verne, Emílio Salgari, do famoso detective Sherlock Holmes, de