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Gerusa
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Sobre este e-book
GERUSA é uma geração literária contínua, um jornal íntimo ou jornal literário tentado pelo autor várias vezes, à moda Hardi Filho (O DEDO DO HOMEM), que, por sua vez, espelhara-se no Jornal de Ascendino Leite (Os Dias Duvidosos, 1962, 1966; Passado Indefinido ou Durações, 1963, 1966, 1983; O Lucro de Deus, 1963, 1966; A Velha Chama, 1974; As Coisa Feitas, 1968, 1980; Visões de Cabo Branco, 1969, 1981; O Vigia da Tarde, 1970, 1982; Um Ano no Outono, 1972, 1983; Os Dias Esquecidos, 1974; O Jogo das Ilusões, 1980, 1985; Os Dias Memoráveis, 1982, 1987; Sol a Sol Nordestino, 1987; Sementes no Espaço, vol. I e II, 1938 – 1988; O Velho do Leblon ou Novo Retrato do Artista Quando Velho, 1988; Momentos Intemporais, 1997; Os Pecados Finais, 1997; Aforismos para o Povo Instruído, 1998; Visão da Prata, 2001; Vulgata, 2001; Caracóis na Praia, 2001; O Princípio das Penas, 2003; As Pessoas, 2004;). Ascendino Leite é o grande mestre nessa maneira de praticar a Literatura e o Jornalismo, ao mesmo tempo. Vários outros escritores, a quase totalidade, também se utilizaram desse meio de comunicação íntima. Muitos desses escritos certamente se perderam; outros, transformaram-se, tomando outras formas literárias, poemas, contos, romances, peças teatrais. Esta é uma forma de dizer que o escritor não está só, nem jamais estará impedido de exercer a liberdade e o poder. Jorge Amado, exemplo mais eloquente dessa afirmação, depois de encerrar a sua gloriosa carreira literária, publicou o Jornal Literário encartado no livro Navegação de Cabotagem, com o subtítulo: APONTAMENTOS PARA UM LIVRO DE MEMÓRIAS QUE JAMAIS ESCREVEREI. No entanto, o título é uma excelente metáfora das memórias de um escritor. Cabotagem é a navegação que se faz na costa entre portos de um mesmo país, numa viagem ininterrupta retornando aos mesmos portos, dentro das águas costeiras. É ver a nossa vida interior, pois o homem interior, indo onde quer que seja o lugar, não ultrapassará jamais os limites do próprio ser. Haverá avanços e retrocessos; idas e vindas, mas jamais uma fuga de si próprio ou o libertar-se definitivo da memória e das sombras. João Porfírio de Lima Cordão arranjou uma maneira de dizer essa metáfora do Jornal Literário aplicada ao seu autor, no caso o poeta Hardi Filho no livro O DEDO DO HOMEM, por ele prefaciado: “lembra uma pessoa que excursiona durante um ano, sem parar em nenhuma das cidades visitadas, contudo, com tempo suficiente para em todas adquirir, desde pequenas bijuterias a verdadeiras joias, raras e preciosas, e tudo aquilo que ia comprando ia depositando em sua mala de viagem e ao chegar em casa começou a distribuir os presentes com os familiares e amigos”. É outro aspecto da mesma metáfora, mas, em qualquer hipótese, essa viagem de fato é uma excelente definição de Jornal Literário ou Jornal Íntimo. O Jornal Literário é irmão de muitos outros gêneros, como as memórias, as confissões, a autobiografia, o diário íntimo... Gêneros cuja distinção torna-se quase imperceptível, principalmente para quem se dispõe a produzi-lo. Das memórias, possui o passado com suas cadeias de lembranças, conquanto dispersas, assistemáticas, fragmentárias, caóticas mesmas e, sobretudo, desobedientes ao rigor cronometrado do tempo, ao fragor do cronômetro das emoções; das confissões, reserva o instante e o lugar como referenciais do abismo em que o escritor se mira, buscando a si ou a outrem, que pode ser Deus (lembre-se de um Santo Agostinho); da autobiografia, tem a presença do personagem tricotando as experiências do passado e do presente, o calor da veracidade e a proximidade dos fatos, as sensações e reações face às infinitas surpresas do real; do diário íntimo, guarda a autoanálise e a forma despojada como o escritor observa os outros, do céu ao inferno, num julgamento severo, movido pela força da sinceridade, despido das máscaras sociais. A preexistência desses gêneros, como ensina Massaud Moisés, citando Gustavo Cohen, não obriga a qualquer sujeição a gênero ou a t
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