Teologia Feminista: construção de uma abordagem Teológica Ecofeminista por Ivone Gebara

De Lorenna Rochinski

Ao longo desta pesquisa, Lorenna Rochinski busca expor de maneira didática sobre a construção de pensamento da teóloga ecofeminista Ivone Gebara através de entrevistas concedidas pela pensadora ao longo dos anos de 2000 a 2018, encontradas na internet e pertencentes a domínio público. Através das entrevistas e também de suas obras, a trajetória e a abordagem teológica ecofeminista de Ivone Gebara é entrelaçada ao contexto histórico de sua trajetória, compondo assim um panorama geral sobre as influências e composições da epistemologia ecofeminista teológica de uma das maiores pensadoras no campo da Teologia feminista e Ecofeminismo na América Latina.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Dialética
• Data de lançamento: 31 de jan. de 2024
• ISBN: 9786527000839

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, ao detentor da minha fé que foi meu suporte em todos os momentos bons e ruins e ao longo de toda minha caminhada. Também a meus pais que sempre estiveram comigo, buscando me incentivar ao máximo em meus estudos e na carreira e a qual escolhi seguir. Juntamente a eles, não poderia deixar de agradecer aos demais familiares e em especial meus avós sempre dedicaram suas orações e pensamentos positivos para que tudo isso se concretizasse, zelando, em todo tempo, com todo carinho e dedicação deste mundo pela neta mais velha.

Em memória, dedico meus agradecimentos a minha avó paterna que me deu seu exemplo de sabedoria e paciência e serviu de espelho e inspiração para eu seguir essa profissão.

A todos os meus professores, mestres e doutores os quais souberam transmitir com carinho e dedicação os ensinamentos que hoje me compõe enquanto professora e historiadora. Em especial, minha orientadora para esta pesquisa, Prof.ª Dr.ª Patrícia Carla Melo Martins, a qual acompanha toda trajetória acadêmica e intelectual de perto, em conjunto com a Prof.ª. Dr.ª Angela Ribeiro Ferreira. Ambas, aceitaram o desafio de comigo, compor pesquisas relacionadas à Teologia Feminista e Ecofeminismo e embarcaram, como eu, na jornada de conhecer mais sobre Ivone Gebara, objeto intelectual de minhas pesquisas.

Minha banca de qualificação composta pelo Prof. Dr. Antonio Paulo Benatte e pela Prof.ª Dr.ª Angela Ribeiro Ferreira, professores a quem escolhi desde o primeiro momento com muito carinho. A dedicação, paciência e zelo de vocês para com meu trabalho fizeram este projeto ainda mais especial.

Mormente, agradeço também a Prof.ª Dr.ª Rosangela Maria Silva Petuba, com a qual realizei minha iniciação científica durante o segundo e terceiro ano da faculdade. Sem seu carinho e paciência, muito aprendizado seria deixado para trás e com certeza não teria chegado aonde cheguei.

Amigos, colegas, parentes e familiares. Todos aqueles que comigo estiveram e me incentivaram de distintas maneiras...meus mais sinceros agradecimentos!

Toda jornada é feita de degraus e vocês com toda certeza foram meus escalões!

PREFÁCIO

Trazer o feminismo para o contexto cristão latino-americano e unir seus ideais aos da Teologia da Libertação, fazendo surgir daí a Teologia Feminista, foi, sem dúvida, o maior legado que ela nos proporcionou. Revelar uma perspectiva feminina da vivência do sagrado, pensar a fé em conformidade com os corpos femininos e estimular uma visão maternal de Deus foram verdadeiras revoluções que permitiram que as mulheres se vejam no Cristianismo, percebendo que elas também são contempladas pelo amor divino

(Isabela Garrido)¹

Orientar um trabalho de conclusão de curso nos coloca diante das sutilezas da formação discente. O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), como resultado da trajetória de estudos engajada na grade curricular e atividades de pesquisa provenientes dos programas e bolsas de fomento, exige primeiro um olhar atento sobretudo que esse aluno conseguiu reunir até o início dessa relação marcando uma trajetória de descobertas e de angústias em torno do tema e do objeto de análise. A área de pesquisa do orientador é testada e adentramos nos afetos que constelam as relações do corpo docente com o discente, durante o processo de orientação. Ficamos todos vulneráveis e, mesmo assim, temos que seguir construindo com o discente um percurso de ideias que nos toque e faça sentido aos interessados da área.

Lorenna chegou até mim com o brilhantismo de um currículo impecável; já havia sido uma aluna exemplar como estudante de algumas disciplinas ministradas por mim e nas relações com os colegas de sala; fez Iniciação Científica sobre o Movimento Sindical de Ponta Grossa – PR, com a professora Rosângela Petuba, onde teve contato com a práxis dos padres da Teologia da Libertação na Pastoral da Terra. Também orientanda do professor Antônio Paulo Benatte, quem lhe sugeriu a pesquisa sobre Ivone Gebara. Lorenna fazia parte de um contexto de estudo marcado pelos estudos de gênero liderado pela professora Georgiane Vasquez e a professora Ângela Ferreira, defensoras do protagonismo feminino no campo histórico e historiográfico.

Não posso negar, todos esses elementos estavam no meu horizonte, quando Lorenna me convidou para estar junto dela no processo da conclusão da redação do seu TCC. Respirei fundo, como procuro fazer antes de responder a uma situação difícil, questionei acerca da sua escolha, mas ela estava convicta de que deveria ser eu a orientadora, por ser mulher e também pesquisadora da intelectualidade católica. Não tinha como negar, ela me convenceu totalmente. Estivemos juntas nesse percurso durante os anos de 2018 e 2019, com reuniões semanais para discutir os textos que ela estava lendo, criar estratégias de escrita, definir e analisar as fontes, criar os cronogramas que levariam ao texto final. Mas, como a vida de uma aluna que está no último ano de graduação não se limita ao TCC, Lorenna foi atravessada pelas dificuldades pessoais na qual também se aloja a pesquisa. As ausências nos horários de orientação também existiram, por um tempo até prolongado, contudo, sempre que a encontrava sentia um salto de ideias, e a presença de alguém percorrendo o caminho das leituras, tocada pela inspiradora vida da cônega agostiniana Ivone Gebara, da sua dedicação em torno dos direitos das mulheres pobres das periferias dos grandes centros urbanos do Brasil. Lorenna e eu ficamos absorvidas pela ação social de uma freira brasileira; esta trazia uma capacidade peculiar de se pronunciar publicamente em defesa da sua compreensão de mundo. A trajetória de Gebara mostrava a irreverência de uma mulher que iniciara sua militância – embora ela própria prefira não adotar esse termo – como estudante de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), na década de 1960, que optara pelo celibato e a vida religiosa ao entrar para a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora, Cônegas de Santo Agostinho, em 1967, após concluir o curso de graduação, cerceada ainda pelo mestrado e doutorado em filosofia na Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo, a docência no Instituto Teológico do Recife, a participação na Associação Ecumênica dos Teólogos do Terceiro Mundo e a formação em Teologia na Bélgica. Gebara demonstra, em seu legado intelectual, a expressão da autocompreensão da Doutrina Social da Igreja Católica, no exercício clerical dos padres e das freiras envolvidos com a Teologia da Libertação Latino Americana. O protagonismo de Ivone Gebara foi descortinando a práxis de uma freira, cuja vida intelectual esteve associada à experiência empírica das mulheres carentes da periferia urbana de Recife e outros grandes centros urbanos, e das mulheres do campo. A partir da sua experiência de vida como mulher, vivendo com outras mulheres vítimas da exclusão social e cultural dentro de uma sociedade composta por instituições masculinas, Gebara trouxe para sua reflexão filosófica e teológica um conjunto de