Histórias Em Quadrinhos E Arqueologia

De Fábio Ortiz Goulart

Este livro, oriundo da pesquisa do autor, tem como principal objetivo compreender como as histórias em quadrinhos podem ser fontes e objetos de estudo para aqueles que se dedicam à Arqueologia, ciência esta que ainda é compreendida como o estudo do passado e do longínquo, mas que atualmente tem repensado seus olhares para outras materialidades, incluindo aquelas que estão presentes em nosso cotidiano. Assim, o autor toma como estudo de caso a HQ Morte, do escritor britânico Neil Gaiman, para trazer aos leitores outras maneiras de fazer Arqueologia, que não aquela voltada a um passado remoto.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 3 de jan. de 2024

Pré-visualização do livro

Histórias em

Quadrinhos e

Arqueologia

Um estudo de caso com a personagem Morte, de Neil Gaiman

Fábio Ortiz Goulart

Rio Grande, RS.

Náutica

2023

© Fábio Ortiz Goulart, 2023.

Diagramação e editoração: Fábio Ortiz Goulart Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Elaborado pelo editor.

G694h

Goulart, Fábio Ortiz

Histórias em quadrinhos e arqueologia: um estudo de caso com a personagem Morte, de Neil Gaiman /

Fábio Ortiz Goulart. -

Rio Grande, RS : Náutica, 2023.

74 p.

ISBN: 978-65-00-90492-5

1. Histórias em Quadrinhos. 2. Arqueologia. 3.

Subcultura Gótica. 4. Neil Gaiman.

CDU: 741.5:902

Índice para catálogo sistemático

1. Arte: Desenho 741.5

2. Arqueologia 902

ISBN: 978-65-00-90492-5

Para Juarez Alexandre Ortiz Izidoro

(1971-2022), que me ensinou o valor

das Histórias em Quadrinhos e do estudo.

SUMÁRIO

Sobre histórias em quadrinhos e Arqueologia .............. 7

Arqueologia do Contemporâneo ................................... 17

O espaço, os lugares e os sentidos ............................. 27

A narrativa de Sandman ................................................ 37

Uma brevíssima história da subcultura gótica ............ 43

A Morte Gótica: uma breve análise da personagem .... 49

Considerações Finais .................................................... 59

Referências .................................................................... 63

Sobre o autor.................................................................. 73

Sobre histórias em quadrinhos e Arqueologia Aos olhos da grande maioria das pessoas, a Arqueologia é uma ciência forma exótica e fantástica, causando fascínio em quem se aventura a saber um pouco mais sobre esse campo do conhecimento das humanidades.

Entendo o porquê desta relação que as pessoas nutrem com esta ciência, afinal desde o século XIX, viajantes,

desbravadores e outras figuras conhecidas na história do campo arqueológico, foram responsáveis por trazer à Arqueologia esta imagem romântica que costumamos ter deste campo do conhecimento. Figuras como Heinrich Schliemann, Howard Carter, Flinders Petrie, foram à sua época, grandes divulgadores da ciência arqueológica.

Lugares antigos, como a tumba do faraó Tutancâmon, a cidade de Tróia, a cidadela Inca de Machu Picchu, foram alguns dos lugares mais fascinantes descobertos por estes e outros descobridores.

De fato, estes locais são muito fascinantes, a

descoberta de lugares longínquos e exóticos aos nossos olhos ocidentais aguçam a nossa curiosidade e fornecem um pano de fundo para nossa imaginação rolar solta.

Somam-se a essas descobertas, a popularização da ciência arqueológica por meio das mídias de massa que possibilitaram a difusão desta imagem sobre a Arqueologia, das quais as franquias multimídia Indiana Jones e Tomb Rider, são seus principais representantes.

Este trabalho, como seu nome indica, busca traçar um caminho oposto - ou talvez nem tanto -, ao trazer elementos para se pensar uma Arqueologia nas Histórias 7

em Quadrinhos (HQs). Sendo fruto das minhas reflexões1

feitas durante a minha graduação no bacharelado em Arqueologia, realizado na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), este texto traz à discussão a possibilidade de pensar as HQs enquanto objetos e fontes para a pesquisa arqueológica. Antes de iniciarmos a nossa conversa sobre Arqueologia nas HQs, é importante ressaltar porque fazer este trabalho, qual a intencionalidade dele.

Considera-se que as histórias em quadrinhos se originaram no final do século XIX, e que no início do XX

adquiriram a forma como as conhecemos hoje2. Alguns estudiosos do campo dos quadrinhos, como Scott McCloud3,

consideram

que

as

narrativas

gráficas

sequenciais têm origem muito longínqua, colocando pontos estratégicos nessa história, indicando a descoberta por Cortés de um manuscrito que narra uma história em sequência, no início do século XVI; uma tapeçaria francesa, intitulada Bayeux Tapestry, que conta a conquista da Normandia; a tumba de Menna, de um escriba egípcio, também apresentava uma narrativa gráfica em sequência.

Não pretendo me alongar nesta questão, existem livros, como os citados acima que dão um pontapé interessante para se compreender a história das HQs. A nível conceitual, tradicionalmente compreendemos as HQs como uma forma de narrativa caracterizada por elementos 1 Este texto é oriundo da monografia intitulada A Morte gótica: a Arqueologia nas Histórias em Quadrinhos (Goulart, 2021), defendida em 2021 no curso de Arqueologia da FURG, sob orientação da professora Drª Beatriz Valladão Thiesen. Pequenos fragmentos foram alterados, para que fosse possível manter a fluidez do texto e a sua adequação ao formato de livro.

2 Iannone e Iannone, 1994.

3 McCloud, 1995.

8

gráficos e textuais, não como elementos separados, mas como elementos que atuam em